Comportamento

Assédio sexual e gravidez na adolescência

Duas manchetes do noticiário 2018. Enquanto a primeira – assédio sexual -, comandada por atrizes famosas que desfilam nos tapetes vermelhos, envolve o cotidiano feminino em geral; a segunda – gravidez na adolescência – continua comprometendo meninas, principalmente (mas não só) em locais desfavoráveis para toda e qualquer condição de dignidade de vida, onde a prostituição infantil e o relacionamento sexual se tornaram uma atividade sem qualquer compromisso ou orientação. O sentimento é de revolta. As estatísticas revelam o número crescente de vítimas, a que, além daquelas agredidas pessoalmente, soma-se o contingente de abortos, filhos sem pais, e a desagregação familiar. 

O assédio, cada vez mais vinculado a uma sociedade machista que envolve a mulher em situações constrangedoras e numa perversa relação de tirar vantagens para oferecer algo em troca (comum nas narrativas de atrizes e outras profissionais em situação subalterna), passa a exigir mudanças radicais do comportamento masculino. Nunca mais falar com uma moça com porta fechada. Nem pensar em caronas a colegas de trabalho. Almoço, só se for com a turma toda. O beijinho de apresentação está substituído pelo aperto de mãos. Estas já são recomendações oferecidas nas empresas, para vigorar na relação entre funcionários. E muito cuidado se olhar para alguém, pois poderá ser julgado como atrevido.
 

A situação das adolescentes, trágica e dolorosa, que desfigura a imagem da menina antecipando uma “mulher”, que ainda não existe, tem em cada rosto suas próprias lágrimas. Frequentemente, essas adolescentes são filhas de vítimas da mesma condição de abuso, perpetuando a calamidade. Essas “mães-meninas” têm seu futuro totalmente comprometido pelo abandono dos estudos, sobrecarga de trabalho, doenças recorrentes, distúrbios emocionais, quando não o abandono completo a partir da própria família e do pai da criança. É suave demais a pena para estes criminosos. A insistente campanha governamental com proposta de alerta quanto à orientação do uso precoce de anticoncepcionais e preservativos não surte o efeito esperado, de modo particular nas vítimas entre 10 e 14 anos de idade. O projeto de favorecer o aborto não é uma solução, mas é perseverar no erro, acrescentando uma nova vítima: o feto não nascido.   

Seria uma visão muito míope não enxergar a raiz desses problemas e analisá-los independentes como se nada tivessem em comum. Associar ao primeiro uma condição de excesso de dinheiro envolvido na “compra” (com o perdão da palavra) pelo assédio; enquanto na segunda condição a falta de recursos preventivos e de saúde, além de condições dignas de moradia e trabalho, é resumi-los a questões financeiras. A questão fundamental é a educação do comportamento moral. 

Vivemos há muito tempo uma crescente e violenta crise de educação moral, numa sociedade hedonista e sensualizada ao extremo, que sofre as consequências do veneno que vem sendo ingerido com sabor de morango e chocolate, oferecido com recursos midiáticos de liberdade do vale-tudo, de direito a autonomia irresponsável (com verniz de ética), em que o prazer presente e efêmero é o que conta. Dessa forma, vamos “produzindo” monstros, que vivem fora da jaula e ainda comandam o espetáculo, como as passarelas do cinema revelaram; ou “monstros” que não têm jaulas o suficiente, e lá não ficam por serem primários, ou protegidos! 

É imprescindível uma orientação sexual plena, responsável desde a infância, que seja vivida conforme permita a maturidade física e psicológica, com o compromisso de amor envolvido como valor fundamental e duradouro, e não um “sexo ocasional”. Orientação para homens e mulheres, com respeito mútuo, no vestir, no falar, no agir. Abrimos 2018 com a tristeza dessas notícias, não poderemos fechá-lo sem nada ter sido feito. Devemos ouvir com mais atenção as palavras de Cristo: “Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo, que qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, em seu coração, já cometeu adultério com ela.” (Mt 5, 27-28). Uma resposta revolucionária para o problema e sempre atual para a humanidade.
 

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