Fé e Cidadania

Migrantes e refugiados, a paz é vosso direito!

Quando lançou, em abril de 1963, a celebrada Pacem in Terris , São João XXIII estabeleceu os critérios, verdadeiros valores, que devem nortear a busca deste bem supremo para a humanidade, que é a paz. 

A propósito do tema e diante da insistência com que o assunto volta a nos preocupar, a Doutrina Social da Igreja resolveu repensar tais critérios nas distintas Mensagens de Paz que, desde 1968, são emitidas pelos distintos papas, desde o Beato Paulo VI. O Papa Francisco acaba de endereçar a mensagem para 2018 a todo o orbe terrestre. 

E o tema não poderia ser mais oportuno: cuidar dos migrantes e refugiados. São eles, hoje em dia, as principais vítimas das guerras permanentes que a humanidade quase que em moto contínuo não cessa de fomentar e alimentar. Guerras que, entre outras causas e explicações, têm por detrás de si a poderosa indústria de armamentos que move trilhões de dólares e que tudo faz para que elas jamais cessem. 

O primeiro critério cunhado por João XXIII é o da verdade. O Senhor Jesus afirma: “Eu sou a verdade”. A verdade manifesta é que o número impressionante de migrantes e refugiados decorre de “uma sequência infinda e horrenda de guerras, conflitos, genocídios, ‘limpezas étnicas’ e outras causas”, como assinalam São João Paulo II e o Papa Francisco nessa atual mensagem. 

O segundo critério é o da justiça. É justo que muitos povos se recusem a admitir migrantes e refugiados, à vista do fato cabal de que o mundo universo pertence a todos, e que as fronteiras não existem a não ser como expressões de força ou como resultados de guerras de conquista? Evidentemente que não. Portanto, devemos erguer nossas vozes para que a acolhida dessas pessoas seja reconhecida como direito humano fundamental.

O terceiro critério é o amor ( caritas ). E, decerto, essa é a mola propulsora do acolhimento devido a migrantes e refugiados. O Papa Francisco sublinha: o que se exige – em nome da caridade – é uma estratégia que combine quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar.

Por fim, o quarto critério é o da liberdade. Esse bem do homem deve ser assegurado ao migrante e ao refugiado para que, adentrando a novas culturas nas quais e com as quais terá que viver e conviver, seja livre para manter seus próprios costumes, valores e crenças. 

Eis como devemos refletir sobre o Dia Mundial da Paz de 2018. Que seja esse dia e todo esse tempo o de acolhida de tantos quantos, em impressionante êxodo, querem tão somente um lugar para habitar. 

 


As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.
 

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