Editorial

Vocação sacerdotal

Desde há algumas décadas, criou-se no Brasil a tradição de dedicar o mês de agosto à oração pelas vocações (do Latim vocatio, chamado). A este respeito, ensina-nos a Igreja, em primeiro lugar, que todo e qualquer fiel cristão compartilha de uma vocação comum à perfeição da caridade: “Todos são chamados à santidade” (Catecismo da Igreja Católica - CIC § 2013). Além dessa vocação universal, porém, Deus dirige a cada filho seu um chamado particular, para servir-lhe por meio de um determinado estado de vida: o Sacerdócio, o Matrimônio, ou a vida celibatária, leiga ou religiosa. 

No domingo último, o primeiro do mês, rezamos pelas vocações sacerdotais, por ocasião da festa de São João Maria Vianney (04/08), o padroeiro dos padres, cuja vida é um luminoso clarão para entendermos a grandeza do sacerdócio católico. 

É que, se as duas mais características obras deste ministério sacerdotal para a salvação das almas são o perdão dos pecados (Jo 20,22-23) e a consagração de pão e vinho em verdadeiros Corpo e Sangue de Jesus Cristo (Jo 6,51-55; Mt 26,26-28), podemos enxergá-las ambas em todo o seu esplendor na vida do Santo Cura d’Ars: nas intermináveis horas de confessionário, nas multidões de peregrinos que afluíam ao pequeno vilarejo para pedir a Deus perdão pelos próprios pecados ou, ainda, no marejado brilho nos olhos daquele padre, ao elevar as espécies consagradas e, contemplando-as fixamente, proclamar, com João Batista, “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).

Por outro lado, se é verdade que Nosso Senhor anunciava claramente sua Paixão e Cruz como caminho para atrair todos a Si (Jo 12,32-33), também na vida do Cura d’Ars essa condição vitimária se fazia presente a cada passo: nos rigorosos jejuns e penitências, nas calúnias não respondidas, na inabalável disponibilidade de visitar e confortar os doentes e os moribundos, mesmo quando o próprio estado de saúde recomendaria o repouso. Não é de admirar que tamanhas turbas tenham-lhe buscado o ministério: o Cura d’Ars foi prova viva de que – como escrevia Fulton Sheen, em “O Sacerdote não se pertence” – “Nenhuma convicção profunda nasce no incrédulo, até ver as mãos feridas e o coração aflito do sacerdote que é vítima com Cristo. “O sacerdote mortificado, o sacerdote desapegado do mundo – estes inspiram, edificam e cristificam as almas”.

E o que podem os cristãos, enfim, fazer pelos sacerdotes? Em primeiro lugar, interceder por eles, oferecendo a Deus orações e méritos, para que lhes robusteça a fé, e lhes dê fortaleza para se fazerem vítimas junto com Cristo na Cruz.

Em segundo lugar, devem nossos jovens rapazes se colocar disponíveis para um eventual chamado de Deus ao sacerdócio. Para isso, há três sinais fundamentais que se costuma apontar, relacionando-os ao Fiat de Nossa Senhora à anunciação do anjo: 1. Ter condições e não possuir impedimentos ao ministério (“Ave, cheia de graça! O Senhor é contigo!”). 2. Estar consciente da grandeza do chamado divino e sentir medo (“Não temas, Maria! Encontraste graça junto a Deus.”). 3. Querer (“Faça-se em mim segundo a tua Palavra.”). E, enfim, possuir uma indispensável vida de oração e frequência aos sacramentos, especialmente a Confissão e a Eucaristia, bem como a direção espiritual frequente de um sacerdote ou pessoa com experiência na vida espiritual.
Rezemos pelas vocações sacerdotais: Mitte, Domine, operarios in messem tuam! – Enviai, Senhor, operários para vossa messe!

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