Liturgia e Vida

‘Um dia Ele nos ressuscitará’ (2Mac 7,14)

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 10 de novembro de 2019

Os saduceus não acreditavam na ressurreição dos mortos. Pensavam, semelhantemente a muitos incrédulos de hoje, que após esta vida cairemos no vazio, em um grande “nada”. Para eles, o homem seria desprovido de uma alma imortal. 
Esta compreensão, além de ser falsa, faz grande mal ao indivíduo e à sociedade. Priva o homem do desejo de ver a Deus, que é o fim para o qual fomos criados. Inclina-o a uma existência materialista, em que se vive e trabalha somente em vista das necessidades corporais. A existência perde cor, profundidade, alegria e sentido. Acreditando que não será julgado no Último Dia por alguém maior, o homem vai se colocando como critério último de todas as coisas. Além disso, quem não crê na ressurreição dificilmente compreende ensinamentos fundamentais de Jesus, como o martírio, a pobreza voluntária e o celibato. 
A esperança na vida eterna foi o que deu aos macabeus e aos cristãos a certeza de que, antes de rejeitar o Senhor, “é preferível ser morto pelos homens, tendo em vista a esperança dada por Deus, que um dia nos ressuscitará” (2Mac 7,14). O martírio é um ato de amor a Ele e ao próximo, proporcionado pela certeza da ressurreição. Frequentemente, os mártires rezam por seus algozes antes de morrer – como Jesus – pois a esperança converte a morte injusta em instrumento de salvação para si e para os outros. 
Homens e mulheres que poderiam ter uma vida confortável escolhem para si a austeridade, a penitência e, por vezes, mesmo a privação. Apoiam-se nas palavras: “Vende tudo o que tens, reparte o dinheiro entre os pobres e ganharás um tesouro nos Céus” (Lc 18,22). A perspectiva da ressurreição nos faz ser generosos com os outros e ver que a vida não se reduz à saúde e aos bens materiais. Buscamos algo maior, que ladrão algum roubará, que a traça e o tempo não destruirão! 
Muitos sacrificam a Cristo o desejo legítimo de se casar e ter filhos, pois “todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna” (Mt 19,29). Imitam a Jesus – que viveu o celibato – e, de algum modo, antecipam a vida futura, pois “os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos não se casarão nem se darão em casamento, mas serão como os Anjos” (Lc 20,35-36). São os que, conforme o próprio Senhor, “não se casam por amor ao Reino dos Céus” (Mt 19,12).
O fato de que haverá ressurreição não é um simples “conforto” para a alma, é antes uma chamada à responsabilidade e à generosidade! Afinal, o nosso destino eterno dependerá do que fizermos neste mundo com única vida que temos para oferecer a Deus e aos irmãos. E, embora a ressurreição ocorrerá para todos, sabemos que “uns ressuscitarão para a vida eterna, outros para a vergonha, para o horror eterno” (Dn 12,2).  
A esperança é uma virtude sobrenatural, peçamo-la a Deus! E que Nossa Senhora nos ensine a aguardar a ressurreição com fé, esperança e amor.

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