Comportamento

Tempo: como administrar este tesouro?

Quanto mais tecnologia, mais conhecimento, mais informações, maior a sensação de que nos falta tempo. Falta tempo para diversão, falta tempo para conversar, falta tempo para descansar. O trabalho profissional consome todos nós em horário integral, para além do comercial. Quem não verifica e-mails, não responde mensagens, não dá ou recebe orientações fora do horário de trabalho?

Por maior que seja o conhecimento do homem, o dia continua sendo um período de 24 horas, e precisa ser administrado com muita prudência, sabedoria e objetivos claros. É preciso despertar para a realidade de que o tempo a nós concedido para viver tem um fim e, por isso, trata-se de um grande tesouro que precisamos desfrutar e fazer render do melhor modo possível.

Aqui, vou me restringir a algumas reflexões sobre o equilíbrio entre o tempo dedicado ao convívio familiar, especialmente com os filhos, e o dedicado à vida profissional. Podemos dizer que, nesse campo, grandes e sucessivas mudanças vêm acontecendo ao longo das últimas três décadas. As famílias têm cada vez menos tempo de convívio dentro de sua casa, entre os membros do núcleo familiar direto e expandido (avós, tios, sobrinhos). Um ritmo acelerado de compromissos de trabalho impõe a elas uma rotina, muitas vezes, doentia. Estamos perdendo oportunidades riquíssimas de conviver, de criar vínculos mais fortes, de estruturar uma vida familiar assentada em experiências conjuntas, repletas de significado e valor, em nome da realização profissional ou, mesmo, em prol de uma situação financeira mais confortável, pensando em oferecer melhores condições de vida aos filhos.

Precisamos lembrar que, quando escolhemos formar família, estamos optando por “inaugurar uma empresa”, certamente a maior e melhor empresa de nossa vida. Ocorre que nela o trabalho é voluntário, intenso, financeiramente mal remunerado, mas certamente que mais nos completa, traz-nos felicidade e nos faz crescer. Como toda e qualquer empresa, necessita que dediquemos tempo e atenção a cada um dos departamentos, dos produtos, das estratégias de gestão para que cresça e se estabeleça de modo saudável. Não há como deixá-la na mão de terceiros e esperar o mesmo resultado do que quando administrada pelos proprietários, não é mesmo? Somos os únicos responsáveis pelo sucesso de nossa família; e sucesso, no âmbito familiar, significa vínculo conjugal saudável e feliz, filhos equilibrados, bem orientados e formados, valores sólidos, espírito de ajuda entre os membros, segurança, acolhimento e amor. Esse resultado, para ser alcançado, requer dedicação de tempo. Tempo de qualidade, sem dúvida, mas também em certa quantidade, pois, como assegurar qualidade sem uma quantidade mínima suficiente para conhecer bem e tratar das pessoas? Qualquer que seja o trabalho profissional em que estejamos engajados, poderíamos receber o mesmo salário e ter o mesmo cargo se oferecêssemos à empresa uma hora somente de nosso dia, porém com excelente qualidade? Tenho certeza que não. O mesmo acontece com nossa família. Há de haver um equilíbrio maior nessa equação.

É adequado planejar, estabelecer prioridades a cada fase da vida dos filhos, medir as necessidades reais, identificar os supérfluos, ter clareza de objetivos. Refletir: ao fim da vida, o que considero que será uma perda menor? Diante dessas metas e prioridades estabelecidas, é necessário que criemos alternativas e planejemos estratégias para conjugar, com equilíbrio, o trabalho profissional e o convívio familiar. Se nos dedicarmos a isso, encontraremos soluções adequadas que permitam dedicação nos dois campos. Não nos esqueçamos: dentro de uma empresa, por mais importantes que sejamos, nunca somos insubstituíveis. Porém, em nossas famílias, cada um tem importância única e insubstituível.

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é Fonoaudióloga e educadora. Mantém o Blog educandonacao.com.br

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