Editorial

Quaresma com coronavírus

Todas as grandes festas litúrgicas da Igreja Católica são precedidas de um tempo de preparação. Festas como o dia da  santa ou santo padroeiro de paróquias, ou de santos cuja a devoção é universal – Nossa Senhora, São José – Esposo de Maria, São Judas Tadeu, Santo Antônio de Pádua – ops!!!, ele é de Lisboa também1 –, costumam ser preparadas por novenas ou por tríduos. Festas maiores exigem tempos maiores. Assim é que, antes do Natal, temos as quatro semanas do tempo do Advento, e a Quaresma  em preparação para a Páscoa – a maior festa litúrgica do Cristianismo.
A Quaresma se inspira nos 40 anos em que o Povo de Deus viveu no deserto após ser libertado – por intervenção direta divina – de 400 anos escravidão sofrida no Egito e antes de conquistar a tão sonhada terra prometida; lembra os 40 dias que Moisés permaneceu no Monte Sinai em oração antes de receber de Deus as Tábuas da Lei e, sobretudo, os 40 dias em que Jesus foi conduzido pelo Espirito Santo ao deserto para recolher-se em oração e jejuar, antes de iniciar a sua vida pública.  Ele o fez livremente em obediência à vontade do Pai, oferecendo suas oração por nós, pecadores impenitentes, já que Ele, assim como a Sua Santissima Mãe, nunca conheceu o pecado – e para ser tentado pelo maior inimigo de Deus e, por isso, também o maior inimigo do homem, que é o diabo. No deserto, Jesus reza ao Pai pelos que nuca rezam; jejua pelos que nunca o fazem. Vence as tentações do demônio, subjugando esse grande inimigo de Deus e da humanidade.
Sim, o diabo existe! Ele é, na realidade, um dos três grandes inimigos da fé e da santidade: o demônio com suas seduções; o mundo com as suas vozes, rumores e ideologias que, juntos, fazem a vida cristã parecer aos jovens uma norma de vida ultrapassada, coisa de antigamente, ou então, um ideal impossível de ser vivido; e a carne que é a identificação do sentido da vida com o prazer. Hoje, são tantas as ofertas e ocasiões de vícios que destroem a dignidade humana: a pornografia, as  baladas regadas a álcool, drogas e energéticos; o consumismo e a cultura do descarte; a projeção de um futuro sem transcendência, materialista e sem Deus. Junta-se a tudo isso a proposta mundana de um Cristianismo sem cruz. Sobre isso, Francisco, com frequência, tem avisado: não existe cristão de verdade sem cruz. 
Durante a Quaresma, a Igreja nos convida a buscar o silêncio para estar com Deus. O Papa Francisco expressou esse convite exortando-nos a ler mais a Bíblia e ver menos televisão. Convida-nos também à prática da Penitência como reconhecimento humilde de nossas fraquezas e desejo de reparação. Convida-nos, ainda, a crescer no exercício da caridade, pois não existe verdadeiro amor a Deus se não há amor ao próximo. Oração, penitência e caridade. Sem essas três práticas, a vida cristã nunca é plena. 
Este ano, o risco da difusão do corona vírus nos tem imposto, além do medo,  várias restrições, limitando a mobilidade e, em diversos lugares, o acesso aos sacramentos. Tudo isso pode ser vivenciado com espírito sobrenatural, com sentido de penitência. 
A Igreja tem recomendado que as famílias que estiverem impedidas de ir às missas, que santifiquem o domingo, dia do Senhor, rezando em casa o santo Rosário e/ou, acompanhando as missas por intermédio dos meios de comunicação. Podemos também aproveitar esse tempo de reclusão para ler bons livros, que edifiquem a fé. Santo Inácio, fundador dos jesuítas, se converteu assim: lendo um livro sobre a vida de Jesus Cristo enquanto convalescia. E para quem quiser uma dica de leitura, a nossa é a seguinte: A Vida de Cristo, de J. Pérez de Urbel Editora Quadrante. É possível adiquiri-lo sem sair de casa, pela internet. Ler este livro vale por um retiro bem feito.

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