Liturgia e Vida

O Homem feito para o sábado

Jesus disse que é senhor também do sábado. Por que Jesus é senhor do sábado? O sábado é o dia sagrado do povo de Israel. Protegido por muitas leis, ele deve ser lembrado e guardado. Está escrito no Deuteronômio: “Guarda o dia de sábado”, e no Êxodo (20,8): “Lembra-te do dia de sábado para santificá-lo”. Lembrar e guardar. No belo hino de acolhida do sábado na Sinagoga se canta: “Guarda e lembra-te, Deus nos faz ouvir numa única palavra”. As duas palavras se tornam uma só, porque tudo o que Deus mandou, e que consta da Palavra escrita e da Palavra oral, é bom para o ser humano. No entanto, Jesus está acima do sábado, porque o sábado foi feito para o ser humano e não o contrário. Jesus é senhor do sábado não por ser Deus, mas por ser homem. Consequentemente, todo ser humano está acima do sábado e de qualquer lei, seja ela civil ou religiosa.

As leis são boas, são feitas para a proteção do ser humano, para a boa ordem na vida social. O problema não está nelas. O problema está em quem as interpreta e em quem as elabora e não quer ter o trabalho de agir, sabendo que toda regra tem exceção. Na cura da mão seca de um homem, diz São Marcos que “Jesus olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração”. Aí está o problema que desumaniza as nossas relações: a dureza de coração de quem deve interpretar leis e princípios. O princípio, o mandamento, a lei devem ser lembrados e guardados, não, porém, num coração frio e duro. Por isso, pedimos ao Espírito Santo, que é o amor na Trindade, que venha até nós para aquecer o que é frio. São Mateus relata estas palavras de Jesus sobre o sábado: “Se soubésseis o que significa ‘misericórdia é que eu quero e não sacrifício’, não condenaríeis os que não têm culpa. Pois o Filho do Homem é senhor do sábado” (Mt 12,7-8).

É bem verdade o que diz Paulo aos coríntios: que trazemos um tesouro em vasos de barro. Nós somos vasos de barro e Deus mora em nós com tudo o que Ele tem de bom. É preciso, pois, que a vida de Jesus se manifeste em nossos corpos. Isso significa que nós, seres humanos, que nos comunicamos com nosso corpo, sejamos parecidos com Jesus. O que pensar quando alguém procura um discípulo de Jesus e se depara com um coração duro e frio? Jesus não pode ser o nosso modelo apenas na teoria. Devemos imitá-lo nas decisões que tomamos: “Feliz aquele que não se condena nas decisões que toma”, escreveu Paulo aos romanos (14,22). “Se as feridas do teu irmão não te causam dor, a tua doença é mais grave que a dele”.

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.