Liturgia e Vida

Não vos conformeis com o mundo

O culto que prestamos a Deus na Eucaristia e em todos os sacramentos tem um lado exterior visível, feito de objetos e ritos, e tem um lado interior, o culto espiritual, que consiste na oferta de nós mesmos a Deus em sacrifício vivo. É o que lemos hoje na carta aos Romanos.

O Evangelho nos diz que Jesus se entregou em sacrifício para o bem da humanidade. Ele anunciou com antecedência que devia ir a Jerusalém, sofrer muito, ser morto, mas ressuscitar no terceiro dia. Ao morrer na cruz, Ele perdeu sua vida para reencontrá-la em seguida ao ressuscitar. A cruz de Cristo, fixada sobre o mundo, tornou-se ponte de passagem desta terra para o céu. A humanidade toda, erguendo os olhos, pode ver no alto da cruz o rosto sofrido do mais belo dos filhos dos homens. O rosto dos discípulos não pode ser diferente.

Nós somos discípulos de Jesus e queremos segui-lo. Decidimos, então, renunciar à própria vida, se for necessário, para encontrá-la depois. Decidimos deixar o que neste mundo é passageiro para ficar com que permanece na eternidade. Vivendo intensamente a realidade de hoje, olhamos para o fim, para Aquele que vem na glória do Pai para retribuir a cada um segundo a sua conduta.

Muitas vezes, dizemos como o profeta Jeremias que fomos seduzidos por Deus. Decidimos segui-lo e entregar nossa vida totalmente a Ele e o que encontramos foi decepção e zombaria. Jeremias, porém, experimentou um fogo interior que iluminou e aqueceu a sua vida sem tirá-lo da dura realidade da existência.

São Pedro acabara de dizer, por revelação divina, que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo. Em resposta, Jesus o chamou de ‘pedra’ do fundamento de sua Igreja. Hoje, Jesus o chama de pedra de tropeço e de satanás, e que seu pensamento não é divino e sim mundano. Animado pela graça, Pedro pode dizer quem é Jesus. Agora, dominado pelo pensamento do mundo, pensando como seus contemporâneos, Pedro se recusa a aceitar o Messias Sofredor, e mostra sua esperança num Messias forte e poderoso, que faria de Israel a cabeça de todas as nações. Pedro se mostra dominado pela tentação do poder, que Jesus rejeita chamando-o de satanás. Embora a tentação seja constante e perdure em todas as gerações, a Comunidade de Jesus não deve ter a forma do mundo, diz São Paulo. Devemos antes nos transformar, renovando nossa maneira de pensar, para sermos capazes de discernir a vontade de Deus. O fogo sentido por Jeremias pode ser comparado ao Espírito que transforma o nosso espírito, tornando-o capaz de pensar e agir segundo a vontade de Deus.
 

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