Editorial

Na hora de votar, razão ou emoção?

O atentado contra a vida do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, atual líder das intenções de votos, após o TSE recusar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, seguindo a Lei da Ficha Limpa, foi um ato de violência deplorável e injustificado.

Quer tenha sido realizado por algum desequilibrado instigado pelas postagens que incentivam a violência nas mídias sociais, quer tenha sido planejado e envolvido mais pessoas, o fato em si revela-se emblemático e serve para ilustrar o verdadeiro clima de guerra que paira no ar nestas eleições. E também de confusão, se pensarmos que o candidato com maior índice de intenção de votos está impedido e encontra-se na cadeia, e o seu principal oponente e atual líder, no hospital.

Na opinião de muitos jornalistas e comentaristas políticos, o atentado a Jair Bolsonaro deve impactar o resultado da eleição. Afinal, o povo brasileiro é emotivo. Mas esse atentado é a materialização da intolerância que se instaurou nos brasileiros divididos entre “nós e eles”, ou melhor, “nós contra eles”. É fruto do radicalismo político irado e que matou Marielle Franco e que, no passado, resultou em tiros contra uma caravana do PT. Revela o clima de paixões exacerbadas, de ira entre compatriotas que se tornaram inimigos porque não pensam da mesma forma. As expressões “extrema direita”, “direita”, “esquerda” e “extrema esquerda” tornaram-se blocos ideológicos hermeticamente fechados e indispostos a qualquer tentativa de diálogo, o que é uma pena, porque, na vida política, é possível que em determinadas situações um projeto proveniente da esquerda pode ser a melhor medida para responder a um problema, assim como a proposta da direita pode ser melhor para outras.

O clima de polarização político-ideológica tranca as portas e janelas para o diálogo, tão necessário em uma democracia.

Em uma democracia madura, formada por cidadãos que acompanham a vida política e econômica de seu país, o voto não é decidido pela emoção, mas pela razão. O eleitor é tão responsável pelo crescimento ou empobrecimento do País quanto o Presidente ou Governador que elegeu em sufrágio. O mesmo se aplica à Assembleia Legislativa: se temos deputados que usam do cargo em benefício próprio ou de grupos minoritários, é porque o eleitor não votou bem.

Na hora de escolher um candidato, o que se tem que levar em conta são as propostas concretas que se colocam na mesa para resolver os principais problemas do País. Que planos e medidas os candidatos têm para a geração de empregos, para a diminuição do déficit primário público, para resolver o problema do analfabetismo e o analfabetismo funcional? Quais medidas pretendem tomar para a melhoria do sistema público de saúde? O que pensa o candidato sobre a proteção da vida desde o início da concepção? E quais são as medidas que pretende tomar no que diz respeito à segurança pública? Como pretende o candidato incentivar a criação de pequenas e médias empresas para estimular a indústria nacional e a economia real, aquela que produz?

Essas são algumas das perguntas que o eleitor deve se propor se quiser votar bem.

 

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