“Padre Cido, tenho uma sobrinha de 13 anos, filha de pais separados. É batizada. Fez a 1ª Eucaristia, é coroinha, porém anda dizendo que quando vai à igreja e ‘não sente nada’. Incentivada por colegas, diz querer conhecer a igreja evangélica. Já conversei muito com ela. Como devo orientá-la?” 

Quem pergunta é a Maria Aparecida. Pergunta muito oportuna, Maria, porque não é só com sua sobrinha que tem acontecido isso, mas com muitos e muitos jovens católicos que não encontram em suas comunidades motivação para viverem a sua fé. Às vezes, eu penso que nossa amada Igreja Católica, apesar da simplicidade e doçura de nosso Papa, dos exemplos de tantos jovens cristãos que foram elevados à glória dos altares, da beleza de nossa doutrina, desaprendeu a linguagem dos jovens, e se esqueceu o peso do grupo na formação de opinião e no testemunho da fé. Repare que você mesma percebeu que o peso do grupo tem levado sua sobrinha para igrejas evangélicas. Por que não termos a humildade de reconhecer que precisamos aprender a falar ao coração dos jovens, a ouvir o que têm para nos dizer, a fazer nossas as preocupações deles? 

É claro, minha irmã, que eu estaria sendo injusto demais dizendo que nada temos a oferecer, achando que nada está sendo feito. Muitos caminhos de diálogo estão sendo abertos, o Catecismo está sendo reescrito numa linguagem mais apta aos jovens, as mídias sociais estão sendo utilizadas, a Bíblia está sendo traduzida numa linguagem mais atual. É preciso dizer, também, que não faltam movimentos, associações e pastorais. Não faltam comunidades e grupos jovens buscando viver a fé com a cabeça, o coração e as mãos. Chegaremos lá, se Deus quiser.

Convido você, minha irmã, a dizer a sua sobrinha que ela está num caminho lindo servindo ao altar como coroinha. Diga, muito mais, porém, e faça alguma coisa por ela. Apresente-a a bons grupos de jovens que querem viver Jesus em vez de apenas “curti-lo”, que querem partilhar sua experiência de Cristo e com Cristo para outros jovens. Diga, enfim, que não é preciso correr para todo lado ao encontro de Jesus, porque Ele a espera em toda celebração, em todo encontro, em toda experiência de Deus.