Editorial

Maria, Mãe da Igreja

Com o decreto pontifício Ecclesia Mater , publicado em 3 de março de 2018 pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o Papa Francisco instituiu no calendário litúrgico da Igreja Católica a memória da Virgem Maria, Mãe da Igreja, a ser celebrada todos os anos na segunda- -feira após a festa de Pentecostes. 

Trata-se de um título que não é novo para a piedade dos cristãos. O Beato Paulo VI, no discurso de  conclusão da terceira sessão do Concílio Vaticano, em 21 de novembro de 1964, já proclamara solenemente Maria como Mãe da Igreja: “Portanto, para a glória da Virgem e para nosso conforto, proclamamos Maria Santíssima Mãe da Igreja, isto é, de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores, que lhe chamam Mãe amorosíssima; e queremos que, com este título suavíssimo, seja a Virgem doravante honrada e invocada por todo o povo cristão”. 

Foi para “favorecer ainda mais o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos religiosos e fiéis, como também a genuína piedade mariana”, conforme explicita o decreto Ecclesia Mater , que Francisco introduziu essa memória. O texto, assinado pelo Cardeal Robert Sarah, acentua que “esta celebração ajudará a lembrar que a vida cristã, para crescer, deve ser ancorada no mistério da cruz, na oblação de Cristo no convite eucarístico e na Virgem oferente, Mãe do Redentor e dos redimidos”.

Na segunda feira, 21, Francisco, ao celebrar pela primeira vez essa memória, durante a homilia, atribuiu a essa festa um significado original: lembrar que tal como a Virgem Santíssima, a Igreja é feminina e é mãe. Como tal, gera, pelo Batismo, uma humanidade redimida pela Graça. “A Igreja é feminina(...) É mãe, dá à luz. (...) Uma Igreja que é mãe segue o caminho da ternura. Conhece a linguagem da sabedoria, do carinho, do silêncio, do olhar cheio de compaixão. Que tem gosto de silêncio. E, também, uma alma, uma pessoa que vive essa pertença à Igreja, sabendo que também é mãe, deve seguir o mesmo caminho: uma pessoa afável, terna, sorridente e cheia de amor”.

A Igreja deve ser como Maria, que, solícita e prontamente, disse sim à vontade de Deus e, dessa forma, gerou Cristo em seu ventre.  Deve ser amável com seus filhos, procurando sempre lhes mostrar, maternalmente, o caminho da verdade e da vida. Quando seus filhos estão longe, a Igreja deve buscá-los com carinho e mostrar-lhes o rosto misericordioso de Deus. 

Compreende-se, dessa maneira, como a instituição da memória litúrgica da Virgem Maria, Mãe da Igreja, vem ao encontro dos principais pontos enfatizados pelo atual pontificado: a Igreja como fonte de misericórdia, que deve “sair” de seu conforto para resgatar seus filhos. Identificar-se mais completamente com Maria é o que toda Igreja, e, por consequência, todo cristão, deve almejar para ser canal da misericórdia de Deus.

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.