Editorial

‘Mais Mãe do que Rainha’

“Um sinal grandioso apareceu no céu: uma Mulher vestida de sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas.” (Ap 12,1). Quem é a Mulher vestida de sol? Quem é Ela, que respondeu a Santa Bernadette Soubirous dizendo: “Eu sou a Imaculada Conceição”, e que aos pastorinhos de Fátima disse “Eu sou a Senhora do Rosário”? Pelos pais era chamada de Maria, e os cristãos têm a honra e a graça de chamá-la de Mãe. Maria Santíssima, nascida em Nazaré, cresceu, amou, sofreu e, assunta ao céu de corpo e alma na hora de sua morte, foi coroada por Deus como Rainha do Céu e da Terra.

A vida de Nossa Senhora é, de sua concepção a sua assunção, um dos mistérios de Deus sobre os quais Santo Agostinho falava ao dizer que não são chamados “mistérios” por serem incompreensíveis, mas por serem inesgotáveis: quem os medita é levado de luz em luz, sem nunca contemplá-los por inteiro. Talvez seja por isso que São Gabriel Possenti, no século XIX, escreveu o “Credo di Maria”, em que reuniu muitas luzes e revelações a respeito da Virgem Santíssima.

Em um dos parágrafos, ele diz: “Creio com Santo Agostinho que não há santo tão compassivo como Vós: dais mais do que se vos pede; vais em busca do necessitado, buscais a quem salvar”. Nossa Senhora ama seus filhos antes que eles a amem. Maria toma a iniciativa, busca o aflito para ajudá-lo: o teólogo católico Scott Hahn, ex-pastor protestante, conta como, antes mesmo de crer em Nossa Senhora, sentiu-se atraído pelo Rosário, rezou-o numa intenção impossível – e foi atendido.

São Gabriel escreve no Credo Mariano que “ainda que se reunisse o amor de todas as mães para com seus filhos, dos esposos e esposas entre si, de todos os santos e anjos do céu, seria este amor inferior ao que Vós professais a uma só alma”. Nossa Senhora ama a todos, mas a cada um como filho único. Em toda tribulação, em toda tempestade, Maria encontra-se sempre com o manto aberto para receber seus filhos; seus ouvidos estão sempre atentos às orações dos que a buscam. Nossa Senhora, nas palavras do Santo Padre, o Papa Francisco, “é a arca segura no meio do dilúvio”

O amor de Maria pelos homens é tanto, tamanho, que por nós aceitou entregar seu único Filho, Jesus Cristo, Deus e Homem, e junto a seu Filho padeceu e chorou aos pés da Cruz. É por sua participação única na história da Salvação, cooperando com seu Filho desde o momento em que proferiu o “Faça-se”, que muitos papas a chamaram de corredentora – o que significa que cooperou ativamente, ainda que de forma secundária e dependente da de Cristo, na redenção humana. Já em 1918, por exemplo, o Papa Bento XV, na Carta Apostólica Inter Sodalicia, dizia: “De tal maneira Ela sofreu e quase morreu com seu Filho agonizante, de tal maneira abdicou de seus direitos maternos sobre seu Filho pela salvação do homem e o imolou – como podia – para aplacar a justiça de Deus, que podemos certamente dizer que, junto a Cristo, Ela também redimiu a raça humana”

Santa Teresinha do Menino Jesus dizia que “a Santíssima Virgem é Rainha do Céu e da Terra, mas ela é mais Mãe do que Rainha” – e as palavras do Papa Francisco, ditas na homilia da Solenidade de Santa Maria de 2019, fazem eco às de Teresinha: “Quando nos olha, Ela não vê pecadores, mas filhos. Os olhos de Nossa Senhora sabem iluminar toda a escuridão, reacendem por todo o lado a esperança. O seu olhar, voltado para nós, diz: ‘Queridos filhos, coragem! Estou aqui Eu, a vossa Mãe”’.

 

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