Fé e Cidadania

Maio e Maria

No mês de maio, a liturgia e a devoção popular concedem grande destaque à figura de Maria de Nazaré, mãe de Jesus e nossa mãe. Por toda parte, multiplicam-se os encontros, orações marianas, a reza do Terço e as celebrações a Nossa Senhora.

Maria tem muitos nomes: Aparecida, Fátima, Guadalupe, Imaculada Conceição, Senhora do Perpétuo Socorro, Consoladora dos Aflitos, Rainha da Paz… Os dois primeiros – Aparecida, no Brasil, e Fátima, em Portugal – celebram neste ano o grande jubileu, respectivamente do 300° e do 100° aniversário de aparição.

Duas observações se impõem. Primeiramente, os muitos nomes de Maria refletem, por um lado, o seu poder de intercessão. Se por meio dela chegamos à porta da Santíssima Trindade, comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, por meio dela recebemos infinitas graças para nossa peregrinação por este “vale de lágrimas”.

Por outro lado, os muitos nomes de Maria nos levam a enfatizar a presença das mulheres no interior da Igreja. Desde o relato dos Evangelhos, elas tiveram destaque no anúncio da Boa Nova, como podemos comprovar pelo grupo de mulheres que acompanhavam Jesus: sua própria mãe, Maria Madalena, Marta e sua irmã Maria, e outras que o seguiram até os pés da cruz.

Em segundo lugar, vale o mesmo para a história da Igreja. Já nas primeiras comunidades cristãs, a Mãe de Jesus e muitas outras mulheres se fazem presentes. Basta ver quantos nomes femininos figuram no livro dos Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas, ou nas cartas de Paulo: a mãe de Timóteo e a filósofa Damaria, Susana e Tabita, Priscila e Febe, Trifena e Trofonia, Lídia e Pérside, Júnia e Olimpas. As mulheres ajudam a colocar os alicerces da Igreja Primitiva, inclusive na qualidade de testemunhas e mártires, como Perpétua e Felicidade.

Outros nomes de santas haverão de deixar suas pegadas femininas ao longo de toda trajetória da Igreja: as mártires dos primeiros séculos, depois Tereza d’Avila, Teresinha do Menino Jesus, Madre Paulina, Catarina de Sena, Francesca Cabrini, Rita de Cássia, Rosa de Lima... Entre elas, fundadoras de institutos de vida consagrada, doutoras e missionárias.

E a história continua. Ainda hoje, são as mulheres que mantêm de pé uma série de pastorais, campanhas e atividades na caminhada da Igreja. Prova disso é sua presença majoritária e significativa no dia a dia das Comunidades Eclesiais de Base, bem como nos seus encontros regionais e nacionais. Isso sem falar das religiosas inseridas nos meios populares, entre os mais pobres, das quais Santa Madre Teresa de Calcutá é testemunha perfeita.

 

As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.

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