Lutero é o primeiro nome que nos vem à cabeça quando pensamos na Reforma Protestante. Esse homem apaixonado e atormentado, enérgico e virulento, imprimiu a tal ponto a sua personalidade ao processo que iniciara, que pode mesmo ser considerado “o” reformador. Ainda assim, o ex-monge alemão também era filho do seu tempo, um tempo herdeiro de questões urgentes para os cristãos, velhas daquele século e já a ponto de explodir...

É por isso que esse livro começa quase quatro séculos antes do fatídico ano de 1517 e das famigeradas 95 teses. Não é possível compreender Lutero e a Reforma sem compreender a questão das investiduras, o Grande Cisma do Ocidente e outras agruras que a Igreja padeceu sob pastores muitas vezes indignos do seu ministério e sob interferências desastrosas das autoridades seculares.

Para podermos refletir e dialogar honestamente sobre essa terrível ruptura no seio do Cristianismo, é preciso deixar de lado as polêmicas estéreis e reconhecer tanto as aspirações legítimas que animavam os reformadores como a tragédia que representa qualquer reforma fora da unidade da Igreja.