Espiritualidade

‘Levantai-vos e não tenhais medo’

Quaresma é tempo de oração, de caridade e de conversão. É tempo de ouvir a voz do Senhor que nos convida a nos deixar reconciliar com Ele. No 2º Domingo da Quaresma, enquanto caminha da Galileia para Jerusalém, no episódio da Transfiguração, Jesus revela aos seus discípulos a sua divindade. É um caminho de dor e sofrimento em direção à cruz, mas é também uma caminhada gloriosa durante a qual os discípulos puderam testemunhar que Jesus era o Messias esperado e agora revelado naquela voz que dizia: “Este é o meu Filho muito amado, no qual eu pus todo o meu agrado. 
Escutai-o” (Mt 17,5). 
Que escutemos o seu Filho amado é o grande desejo do coração de Deus Pai. No entanto, o medo do compromisso, dos sofrimentos e cruzes ao longo do caminho, conse-
quências de uma fé assumida, pode nos derrubar, nos causar medo, muito medo.
Escutar a voz de Jesus, que nos convida a servi-lo no próximo, a gastar a nossa vida por amor, a ver do nosso lado o irmão que sofre e implora por compaixão. Deixar Jesus se transfigurar na nossa vida é o verdadeiro sentido deste tempo quaresmal unido à Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e o lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. É um convite a cuidarmos uns dos outros com atenção especial para com aqueles que mais sofrem, seguindo o exemplo do “Bom Samaritano” (cf. Lc 10,33-34) ou da querida Santa Dulce dos Pobres, o anjo bom do Brasil. 
Jesus, a Palavra eterna do Deus Pai, é o grande modelo para todos nós, seus discípulos, chamados a sairmos em missão na defesa da vida, sem medo do que porventura poderemos encontrar pelo caminho, como rejeição, perseguição e morte. Sair ao encontro, acolher e cuidar com amor de todos quantos sofrem, esta é a vocação nossa de batizados, de cristãos. Vocação a contemplá-lo nos pobres e sofredores, nos doentes e desempregados, naqueles que vivem nas ruas de nossa cidade e nos encarcerados, enfim, no Cristo abandonado e relegado à própria sorte, a sofrer e morrer sozinho. 
Levantar e não ter medo é se unir a Cristo na luta pela defesa da vida enquanto dom de Deus e compromisso nosso de defendê-
-la e cuidar para que a morte não a extermine. Compromisso de todos, sobretudo das autoridades políticas, enquanto aqueles que em primeiro lugar devem cuidar e promover o bem comum de toda a sociedade, independentemente da sua etnia, credo religioso ou classe social, contribuindo com a criação de um mundo novo.

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