Comportamento

Inteligência Artificial: o novo diretor da humanidade?

Somos hoje absolutamente dependentes das tecnologias em nossas vidas. Escrevo no cumputador, a 10 mil quilômetros de distância, este artigo que atravessará o Atlântico num click e poderá ser publicado. Algo impensável poucas décadas atrás. O banco para se cai o sistema. O comércio entra em colapso. A vida apaga sem a tecnologia. E nós criamos essa dependência estrutural e hoje estamos reféns, colocando-nos totalmente a seu serviço mediante a Inteligência Artificial (IA), ou seja, os “computadores inteligentes”.  Alguns poderão achar que exagero, mas avaliem o comportamento da sociedade com a retirada súbita da tecnologia. 

Recentemente, durante a oportunidade de dar uma palestra num colégio, as mães diziam que seus filhos julgam-se pessoas mais capazes do que elas, pois sabem mexer melhor no celular. Parece que o celular, alta tecnologia, está oferecendo tudo às novas gerações, e as figuras dos pais em termos de orientação, ou socorro, vão ficando para trás (exceto na hora de comprar o aparelho e pagar a conta). A tudo se vai à tecnologia. Ela tornou-se um funcionário eficiente e de custo razoável. Desde estudar a passear, dirigir no trânsito e até pedir conselhos, já fazemos por tecnologia. Há quem diga que a inteligência artificial é a criação feita à imagem e semelhança do homem. E muitos já a admitem como superior a nossa. Isto quer dizer que ela atua mais rápido que a do homem. Tem a capacidade de avaliar e escolher o que será melhor para aquela circunstância, dentro do que foi programada. Contudo, já existem aquelas que começam a ter um certo “juizo próprio” para o veridito final. No fundo, ela, a IA, é ótima em velocidade, porque consegue equacionar tudo dentro de estatísticas sobre o que funcionaria melhor ou seria mais útil, sem perda de tempo. 

Abandonar o ideal utilitarista que norteia a sociedade moderna, como uma máquina de gerar dinheiro - seu objetivo maior -, é uma questão a ser reavaliada com urgência. Fazer com que as crianças e jovens vejam em suas atitudes, única e exclusivamente, um caminho de gerar recursos financeiros para um bem-estar cada vez maior e mais precoce, no planeta que envelhece rapidamente, deveria ser tema de seminários em todas as escolas. Estamos formando gerações para as quais a sua performance para o sucesso significa estar cada vez mais capacitada a lidar com tecnologias e de como isso pode reverter em lucro. Os CEOs (Chief Executive Officer – Diretores Executivos) de grandes empresas mundiais são cada vez mais jovens e usam um vocabulário estritamente matemático na sua linguagem. É tão matemático, que a Inteligência Articial está assumindo as decisões mais importantes, as de maior risco e volume financeiro. De quem será a responsabilidade?

O homem sempre produziu culturalmente instrumentos para as suas necessidades, mas jamais se percebeu refém de seus instrumentos. Estes sempre foram meios para alcançarmos objetivos humanos. Pela primeira vez, estamos sendo meios para a tecnologia funcionar e atingir os objetivos dela. Quero dizer, a partir do momento que estamos em tamanho grau de dependência e confiança, já vivemos para alcançar o que a tecnologia julga ser melhor! 

Se quisermos ter pessoas que possam vislumbrar horizontes diferentes para um mundo mais humano, teremos que iniciar nas suas bases. Não estamos falando de temas tão distintos quando associamos educação infantil e os novos CEOs. E a mudança não será fácil. O homem fugiu da natureza e se fechou num mundo seu. Perdeu a arte de viver, colocando a vida com data de validade de acordo com a sua utilidade. A natureza é a primeira manifestação de arte ao ser humano. Dela nasceu a atitude de filosofar. E desse questionamento surgiu a poderosa ciência, que é o desejo de compreender a natureza. É incrivel o que o conhecimento da natureza fez com a história da humanidade, mas não podemos deixar de levar as crianças a maravilha inicial dessa natureza. Elas precisam saber observar, sem pressa, a beleza de seus quadros, a musicalidade de seus sons, a paz de seu silêncio, e a ver nisto tudo a majestadade de seu Criador. Elas devem saber que não são um download ou um aplicativo, mas filhos de pai e mãe, à semelhança de Deus; e que a vida não é uma questão de utilidade, mas de dignidade. 

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