Liturgia e Vida

Ensinava com autoridade e não como os escribas

 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM 28 DE JANEIRO DE 2018

No Deuteronômio, Moisés anuncia que Deus fará surgir do meio do povo um profeta semelhante a ele. Esse profeta comunicará o que Deus mandar. Deus vai pedir contas a quem não quiser ouvir as palavras que o profeta dirá em seu nome. Ao longo dos anos, o povo de Israel esperou por esse profeta. Pensou que fosse Jeremias, até que o evangelista São João mostrou que o profeta prometido é Jesus. No Quarto Evangelho, os enviados dos fariseus perguntam a João Batista se ele é o profeta. Não um profeta, mas o profeta. João diz que não (Jo 1,21). Depois da multiplicação dos pães, o povo exclama: “Esse é verdadeiramente o profeta que deve vir ao mundo” (Jo 6,14). O profeta fala com a autoridade do Pai.

No Evangelho, Jesus ensina com autoridade. O texto começa dizendo que Ele “ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas”, e termina com o povo perguntando e respondendo: “O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade”. Entre as duas afirmações sobre a autoridade da palavra de Jesus acontece a expulsão de um demônio. 

Marcos e Lucas (4, 33-37) relatam a expulsão do demônio na sinagoga da Cafarnaum e somente Marcos compara a autoridade de Jesus com a dos escribas. Mateus dirá que Jesus “ensinava com autoridade e não como os seus escribas” no fim do Sermão da Montanha (7,29). Marcos faz a afirmação na cena da expulsão do demônio, que reage, e pergunta, gritando: “Vieste para nos destruir?” O demônio se sente ameaçado porque Jesus mandou que se calasse e saísse do pobre possesso. E os escribas também se sentem ameaçados pelo ensinamento de Jesus feito com autoridade. Se prestarmos atenção, o texto de Marcos identifica os escribas com o demônio. A situação desumana em que se encontra o possesso é consequência do ensinamento dado pelos escribas. O possesso dificilmente pode conviver com outros seres humanos. Para São Marcos, Jesus veio ao nosso mundo enfrentar o poder demoníaco que diminui o ser humano. O demônio não precisa entrar em alguém nem agir diretamente. Ele tem “agentes” próprios, como os escribas. No Apocalipse, o demônio age por meio do imperador de Roma e por meio do falso cristão, que tem aparência de cordeiro e voz de dragão (Ap 13). Nesta primeira cena de Marcos, Jesus enfrenta a ação demoníaca no meio de Israel: era sábado, na sinagoga, numa aldeia judaica. Depois, enfrentará o demônio romano. Jesus veio nos devolver a dignidade que o demônio nos fez perder no paraíso.

A segunda leitura, sem desmerecer a consagração matrimonial, mostra o valor do celibato consagrado.
 

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