Liturgia e Vida

'Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros' (cf. Mc 6,7)

15° DOMINGO DO TEMPO COMUM

O demônio pode, em certos casos, agir sobre os homens por meio de possessões. Para remediá-las, Jesus deu aos seus Apóstolos autoridade para fazer exorcismos. Ele próprio realizava com frequência a expulsão de demônios, como um sinal que confirmava a presença do Reino de Deus (cf. Lc 11,20).

Porém, o Senhor bem sabia que maior ameaça que o inimigo oferece não é possuir-nos, mas sim confundir-nos e tentar-nos. Por isso, enviou os discípulos em primeiro lugar para pregar! Quando se ensina corretamente a Palavra de Deus, a ação do diabo é neutralizada. Os demônios pouco podem fazer contra homens e mulheres bem instruídos na fé e obedientes a Deus. A estes é verdadeiramente dado “poder sobre os espíritos impuros” (Mc 6,7); estes são os que podem “pegar em serpentes e se beberem veneno não se lhes fará mal algum” (cf. Mc 16,18).

Além disso, como diz São Gregório Magno, os demônios, não possuindo nada neste mundo, combatem “nus” contra nós. Por isso, devemos comparecer para a luta espiritual também despojados. O excesso de bens se torna uma pesada “veste” pela qual o adversário nos agarra e subjuga. Por essa razão, o Senhor “recomendou-lhes que não levassem nada pelo caminho” (Mc 6,8). Sem muitos bens, sem vaidades, sem apego à própria imagem, à própria vontade ou comodidade, os Apóstolos deveriam se lembrar que, como diz o salmo, “a nossa proteção está no Nome do Senhor” (Sl 124,8), e não nos recursos materiais.

Embora necessários para a vida, os haveres podem constituir uma enganosa segurança e causar a queda dos filhos de Deus. Por causa deles, Judas se tornou ladrão e traidor. Por causa da avareza, do roubo, da cobiça e do medo de perder bens materiais, muitos cristãos foram privados da paz neste mundo e da felicidade eterna. Famílias se destruíram; amizades se desfizeram; pessoas perderam a fé; vocações (como a do “Jovem Rico”) foram desperdiçadas… São Paulo já dizia que “o apego aos bens é a raiz de todos os males” (1Tm 6,10). Afinal, devemos amar ao Senhor acima de todas as coisas, porém como é fácil amar as criaturas em lugar do Criador!

Procuremos nos instruir constantemente na fé católica! Evitemos possuir coisas por capricho, luxo, vaidade ou desnecessária comodidade! Cresçamos a cada dia na vida de oração! E somente assim, conhecendo a Deus e com o coração livre, cumpriremos também nós, como os apóstolos, a missão que o Senhor nos deu neste mundo. Não nascemos para uma vida cômoda, mas para o Céu.

Um católico bem instruído, sóbrio e que reza é um raio de luz na escuridão. É verdadeiramente “filho da luz” (1Ts 5,5), que iluminará o caminho dos demais. Contra ele, nada pode o inimigo de Deus e dos homens.

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