Opinião

Brasil: 52% dos jovens sem futuro

Analistas têm dito que o Brasil pode estar passando por um processo descivilizatório (regredindo em termos de civilização), o que já é bastante grave; e mais recentemente o relatório do Banco Mundial “Competência e Emprego: Uma Agenda para a Juventude” revelou que 52% dos jovens, ou seja, mais da metade dos jovens entre 19 e 25 anos, não têm futuro profissional adequado e caminham em direção à pobreza. 

Quem são eles? 11 milhões são “nem – nem”, ou seja, não trabalham nem estudam, e os outros estão nas seguintes condições: frequentam a escola, mas estão muito atrasados na formação, ou trabalham na informalidade fazendo bicos. O Relatório afirma ainda que a baixa competitividade das empresas brasileiras gera uma não demanda por profissionais bem qualificados e estáveis, pois muitas empresas não têm similar que as obriga a melhorar a qualidade dos seus produtos e, por isso, vendem produtos de má qualidade e não precisam de funcionários muito especializados ou com boa competência. Assim, muitas empresas contratam com salários baixos e de forma temporária ou informal. Isso gera um círculo vicioso, com jovens sem formação adequada e sem oferta de empregos que exijam uma boa formação para eles.

Essa situação coloca não só em risco a vida dos jovens, o seu futuro, a possibilidade de cada um ser independente financeiramente, ou de sustentar e cuidar adequadamente de uma família, mas, também, o futuro do país que dependerá deles para se sustentar economicamente e crescer. 

O Relatório afirma também que o principal fator negativo é a baixa qualidade da educação básica. E é aqui que reside a grande oportunidade para a Igreja: incrementar e ajudar a criação de mais pré-escolas e escolas católicas de boa qualidade. 

Tradicionalmente, as escolas surgem no Brasil a partir das ordens religiosas como os jesuítas e os beneditinos e, mais recentemente, por inciativa de muitas congregações religiosas que chegaram ao Brasil a partir do século XIX. O número dessas escolas, porém, vem caindo nas últimas décadas, por falta de alunos pagantes e também por falta de uma experiência religiosa viva e contagiante para os jovens e seus pais. Essa crise das escolas católicas não é só brasileira e acompanha a crise das congregações religiosas, sobretudo femininas de vida ativa, no mundo. 

Há, porém, um outro fenômeno que graças ao Espírito Santo tornou- -se, como disse São João Paulo II, a “primavera da Igreja” e que pode juntar-se às escolas e pré-escolas católicas que já existem e auxiliar na educação dos jovens brasileiros; assim como na criação de empresas que realmente visem o bem comum e produzam produtos competitivos e de boa qualidade, não tendo o lucro máximo em curto período de tempo, como único fator para o seu trabalho. Essa nova realidade da Igreja está sendo formada por um número crescente de comunidades de leigos e novas comunidades, ligadas ou não a paróquias, e que precisam do auxílio cada vez mais paternal e carinhoso de seus pastores; quer na formação da fé como no consequente incentivo para viverem conforme os costumes cristãos e a orientação da Doutrina Social da Igreja. 

Há muitas experiências em outros países que podem servir de exemplo para a criação de pré-escolas e escolas geridas por grupos de leigos católicos. Há, por exemplo, cooperativas de famílias que, compartilhando de um mesmo ideal e preocupadas com a boa formação de seus filhos, reúnem-se e formam escolas-cooperativas de boa qualidade. Ainda existem países onde a legislação permite uma combinação de duas fontes para a sustentabilidade da escola: mensalidades pagas pelos pais com subsídio do governo, estadual e municipal. Isso é bom para o governo, que gasta muito menos do que com a gestão direta da escola, e bom para as famílias, que podem gerenciar melhor a qualidade da educação dos filhos. A pressão política para a criação de mecanismos legais, nesse último caso, seria extremamente importante e, ao mesmo tempo, viável!

Arte: Sergio Ricciuto Conte
 

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