Editorial

A vitória de Cristo

A Semana Santa, que culmina no Domingo de Páscoa, é o centro da fé católica. Nela, a Igreja acompanha Nosso Senhor em Sua Paixão e Morte, como fizeram, tantos anos atrás, a Virgem Maria e São João; e se alegra com eles no terceiro dia, quando Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscita dos mortos. No domingo, a Igreja corre, com São Pedro e São João, para o sepulcro vazio, vê e crê (cf. Jo 20,4-8). Vê e alegra-se com as provas da Ressurreição: os panos de linho, com os quais o corpo de Jesus fora envolto, caídos pelo chão, e o Santo Sudário, que até hoje conserva a imagem de Jesus, dobrado. Vê e alegra-se com as provas da vitória de Jesus sobre a morte, a carne, o pecado e o mal.

Deus recria, com a Ressurreição, o verso do salmista: “O ímpio faz intrigas contra o justo e contra ele range os dentes; mas o Senhor ri à custa dele, pois vê que seu dia está chegando” (Sl 37,12-13). O Senhor ri à custa dele, pois sabe que o mal não prevalece e que o justo será justificado. É na história da Paixão e Ressurreição de Nosso Senhor que encontramos o exemplo perfeito disso: o ímpio, o Diabo, parecia vitorioso; o povo, que pouco tempo atrás louvava Jesus, vira-se contra Ele, exige sua morte e a consegue; Jesus Cristo, o Verbo Divino que se fez carne, o Filho Unigênito de Deus, é espancado, humilhado, flagelado e morre crucificado, em agonia. O mal parece ter vencido – é, verdadeiramente, a “hora do poder das trevas” (Lc 22,53).

Não de verdade, no entanto. Três dias depois, Jesus Cristo ressuscita dos mortos. Toda a dor, todo o santo sofrimento, tinha um propósito: Jesus recebeu sobre Si todos os pecados do mundo, passados e futuros, e em sua Paixão e Morte na Cruz redimiu-os todos, livrando os homens do mal, da morte e da escravidão do pecado. Quando pensamos bem, quando imaginamos o momento da Ressurreição, é quase possível ouvir o riso divino, amoroso e satisfeito, que ecoou pelo céu, com todos os anjos a abraçar toda a criação: Deus transformou o que parecia ser a grande vitória do mal numa derrota definitiva: “A morte foi absorvida na vitória. Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão?” (1Cor 15,55).

É isto que comemoramos na Páscoa: a vitória de Cristo, a derrota do mal, do demônio e da morte, a libertação de todos os homens do pecado. Pelos méritos da Paixão de Nosso Senhor, Deus nos tornou, pela primeira vez desde o pecado original, plenamente livres e plenamente participantes de Sua gloriosa alegria. Jesus morreu por todos nós – e, ao fazê-lo, virando do avesso todo o mal, todo o sofrimento, todos os planos dos ímpios, mostrou a Verdade: o bem vence o mal, e não há certeza mais doce.

Deus alegra-se com a Ressurreição de seu Filho amado – e a Igreja, o corpo místico de Jesus, alegra-se com Ele. A alegria pascal, com a qual nos encontramos depois de acompanhar Jesus em Sua Paixão na Semana Santa, é a alegria serena e grata daqueles que foram salvos – mas é, também, a alegria vibrante daqueles que exultam, pois sabem que, dentro de si, carregam o riso satisfeito de Deus, que transborda do céu para os seus corações.

 

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