Liturgia e Vida

A ‘alegria no Senhor’

O 3º Domingo do Advento é chamado Domingo Gaudete, pois a antífona de entrada da Santa Missa começa com as palavras de São Paulo aos Filipenses: “Gaudete in Domino semper: iterum dico, gaudete” - “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos!” (cf. Fl 4,4). Literalmente, é o “Domingo Alegrai-vos”! 

E por que devemos nos alegrar? São Paulo explica no versículo seguinte: “O Senhor está perto” (Fl 4,5)! Dentro de poucos dias, com o nascimento do Menino em Belém, “todos veremos a salvação de Deus” (Lc 3,6). Somente pode possuir profunda e verdadeira alegria quem tem a certeza da presença do Senhor. Isto é confirmado pelo convite entusiasmado de Sofonias:  “Canta de alegria, rejubila, povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração! O rei de Israel é o Senhor, Ele está no meio de ti” (cf. Sf 3,14-15). 

Quando nos damos conta de que o Senhor está presente, a tristeza se dissipa e experimentamos uma alegria diferente, mais profunda e duradoura. Mas, se nos esquecemos de que Ele está conosco, mesmo as coisas que aparentemente trariam “alegria” vão se tornando fonte de tédio e fastio. Por essa razão - retornando à antífona de entrada da Missa - São Paulo, de modo sutil, ensina-nos algo profundo que deve orientar toda a nossa vida: que nossa alegria seja “sempre no Senhor”. 

Encontremos n’Ele a alegria suavíssima da oração, da Comunhão Eucarística, da contemplação dos Evangelhos, da obediência ao mandamento da Confissão, que é o “Sacramento da Alegria”. Mas, além disso, direcionemos para Deus também as alegrias humanas legítimas: a vida em família e matrimonial, as amizades, o descanso, o namoro casto, a comida, as férias, a música… Essas realidades causar-nos-ão mais alegria se forem vividas “no Senhor”, isto é, na Sua amizade, na Sua graça santificante e segundo os Seus Mandamentos. E assim ajudar-nos-ão a nos santificar!  

Há pessoas que buscam alegria nas coisas por si mesmas. É impossível, pois trata-se de algo muito fugaz! Aquilo que ardentemente desejávamos começa rapidamente a entediarnos; precisamos, então, de outras coisas novas e melhores e, no fim das contas, estamos insatisfeitos e talvez mais tristes do que no início. Corremos ainda o risco de tornar-nos cobiçosos e apegados a simples objetos. E, por fim, as coisas estragarão, serão perdidas ou roubadas…

Outros buscam a perfeita alegria nas pessoas. Já é um passo adiante! Porém, sem Deus, as relações tornam-se facilmente pegajosas, egoístas, ciumentas, idolátricas… Perdemos de vista que as pessoas são um presente d’Ele em nossas vidas. E que nenhum ser humano pode “dar sentido” à nossa existência. E, ao fim, as pessoas também morrem. Se nosso amor não for alicerçado “no Senhor”, tudo ficará triste e sem sentido. 

“Alegrai-vos no Senhor”! Ele é a grande Alegria! N’Ele todas as outras alegrias se tornam maiores e duradouras. “Eu repito, alegrai-vos”!
 

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