Na Romênia, Francisco faz apelo por unidade e fraternidade

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11 de junho de 2019

“Caminhemos juntos” foi o lema da 30ª Viagem Apostólica Internacional do Papa Francisco, que teve como destino a Romênia, entre os dias 31 de maio e 2 de junho. 
Durante os três dias de viagem ao País do Leste Europeu, o Pontífice teve uma intensa programação, passando por Bucareste, Sumuleu Ciuc, Iasi e Blaj. Ele encontrou-se com autoridades civis e religiosas e visitou diferentes comunidades católicas, que representam 7% da população do País de maioria cristã ortodoxa (86%).

A SERVIÇO DO BEM COMUM 
Logo após sua chegada à capital, Bucareste, na sexta-feira, 31 de maio, o Santo Padre foi recebido pelo presidente romeno, Klaus Werner Iohannis, no Palácio Presidencial. Em seu primeiro discurso, Francisco recordou a visita de São João Paulo II ao País, há 20 anos, e afirmou que a Igreja Católica quer se colocar a serviço da dignidade e do bem comum. 
O Pontífice relembrou os 30 anos da libertação da Romênia do regime comunista, que oprimia a liberdade civil e religiosa, e elogiou a reconstrução do País e o trabalho feito por meio “do pluralismo das forças políticas e sociais e do seu diálogo mútuo por meio do reconhecimento fundamental da liberdade religiosa e da plena integração do País no mais amplo cenário internacional”.
“É necessário caminhar juntos e que todos se comprometam, convictamente, a não renunciar à vocação mais nobre a que deve aspirar um Estado: ocupar-se do bem comum do seu povo”, afirmou o Papa. 

HERANÇA COMUM
O Papa Francisco foi recebido pelo Patriarca Ortodoxo Daniel Ciobotea, com o qual teve uma reunião privada, seguida de encontro com os membros do Sínodo Permanente da Igreja Ortodoxa Romena. 
Após a saudação de boas-vindas do Patriarca, o Pontífice fez um discurso, no qual recordou que os vínculos de fé que unem as duas Igrejas remontam aos apóstolos e “lembram-nos que existe uma fraternidade do sangue que nos antecede e que, ao longo dos séculos, como uma silenciosa corrente vivificante, nunca cessou de irrigar e sustentar o nosso caminho”. 
O Papa também disse que os sofrimentos e martírios sofridos por todos “é uma herança comum, que nos chama a não nos distanciarmos do irmão que a partilha”. 

SANTUÁRIO MARIANO
No sábado, dia 1º, o Papa presidiu missa no Santuário de Șumuleu Ciuc com a participação de cerca de 100 mil pessoas. Francisco ressaltou que “se, em Caná da Galileia, Maria intercedeu a Jesus para que realizasse o primeiro milagre, em cada santuário vela e intercede não só diante do seu Filho, mas também diante de cada um de nós, para não deixarmos que nos seja roubada a fraternidade pelas vozes e feridas que alimentam a divisão e a fragmentação”.

BEATIFICAÇÃO DE MÁRTIRES
No domingo, 2, o Santo Padre beatificou sete bispos greco-católicos mártires romenos, durante a Divina Liturgia, celebrada no Campo da Liberdade, em Blaj.
Os bispos Vasile Aftenie, Valeriu Traian Frenţiu, Ioan Suciu, Tit Liviu Chinezu, Ioan Bălan, Alexandru Rosu e Iuliu Hossu derramaram sangue por resistirem à perseguição do regime comunista nas décadas de 1950 e 1960. 
Na homilia, o Pontífice sublinhou que os mártires demonstraram uma fé e um amor exemplares pelo seu povo ao suportar “a feroz opressão do regime”. “Esses pastores, mártires da fé, recuperaram e deixaram ao povo romeno uma herança preciosa que podemos resumir em duas palavras: liberdade e misericórdia”, afirmou. 

COM OS CIGANOS
O último compromisso do Papa Francisco na Romênia foi o encontro com a comunidade cigana em Blaj.
“Em nome da Igreja, peço perdão, ao Senhor e a vocês, por todas as vezes que, ao longo da história, os discriminamos, maltratamos ou os consideramos de forma errada, com o olhar de Caim em vez do de Abel, e não fomos capazes de reconhecê-los, apreciá-los e defendê-los na sua peculiaridade”, manifestou o Papa. 

PRECE PELA EUROPA 
Na coletiva com os jornalistas a bordo do voo de volta para Roma, no domingo, o Papa fez um apelo pela unidade da Europa. O Pontífice ressaltou que os políticos que fazem apologia ao medo estão ameaçando a existência da União Europeia e fazendo com que o continente perca “o objetivo de trabalhar em conjunto”.
“Estamos vendo fronteiras na Europa, e isso não é bom. É verdade que cada país tem a sua própria identidade e deve preservá-la, mas, por favor, que a Europa não se deixe vencer pelo pessimismo e pelas ideologias”, completou.

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Na Audiência Geral, Papa Francisco relembra viagem a países bálticos

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27 de setembro de 2018

O Papa retornou na noite de terça-feira (25/09) de uma viagem aos três países europeus da região báltica e esta missão apostólica foi o tema da catequese aos peregrinos na audiência geral desta primeira quarta-feira de outono.

Lituânia, Letônia e Estônia passaram metade do último século sofrendo a ocupação de nazistas e soviéticos, e a viagem de Francisco teve precisamente a missão de anunciar àqueles povos a alegria do Evangelho e a revolução da misericórdia e da ternura, porque a liberdade (conquistada pelos três países há 100 anos com a independência) não é suficiente para dar sentido e plenitude a uma vida sem amor, pois este provém de Deus.

 

Ecumenismo, jovens, idosos e a esperança

A Lituânia é o único dos três países com maioria católica, enquanto na Letônia e Estônia prevalecem luteranos e ortodoxos e o ateísmo é bastante comum. De fato, a dimensão ecumênica foi intrínseca à viagem. O desafio era reforçar a comunhão entre os cristãos de tal modo que o Evangelho pudesse se confirmar como força libertadora no tempo de opressão, luz que ilumina o caminho no tempo da liberdade, e sal que preserva a vida da corrupção do egoísmo e da mediocridade.

Aos fiéis na Praça São Pedro, o Papa explicou o sentido de sua mensagem aos povos bálticos: encorajá-los na contribuição em valores humanos e sociais que oferecem à Europa, no diálogo entre as gerações, e no conúbio entre liberdade, solidariedade e acolhimento.

Lembrando cada etapa principal, ressaltou os encontros com os jovens e idosos em Vilnius e Riga, com a esperança e a paciência como temas principais: 

“ O desafio de quem envelhece é não se endurecer dentro, mas permanecer aberto e doce, na mente e no coração. E isto é possível com a seiva do Espírito Santo, na oração e na escuta da Palavra. ”

A esperança também foi o fulcro do evento com os sacerdotes, consagrados e seminaristas da Lituânia: “Que grande testemunho deram e ainda dão tantos padres, religiosos e religiosas idosos, que sofreram calúnias, prisões e deportações... mas permaneceram firmes na fé! Eu os exortei a não se esquecerem, mas a guardarem seus mártires na memória e seguirem seus exemplos”.

 

A recordação mais dolorosa

Em Vilnius Francisco também homenageou as vítimas do genocídio, quando dezenas de milhares de judeus foram eliminados, e visitou o Museu das Ocupações e Lutas pela Liberdade, detendo-se em oração nas salas em que eram presos, torturados e mortos os opositores do regime.

“ É comovente ver até que ponto chega a crueldade humana. Pensemos nisso. ”

Passados os anos, passados os regimes, mas – lembrou o Papa – sobre a Porta da Aurora, na capital lituana, Maria, Mãe da Misericórdia, continua a zelar por seu povo em sinal de segura esperança e consolação. “E mesmo em lugares onde a secularização é mais forte, Deus fala com a linguagem do amor, do cuidado, do serviço gratuito a quem necessita. E aí, os corações se abrem e acontecem milagres: nos desertos, germina vida nova”.

Sobre as três celebrações eucarísticas presididas, uma em cada país, o Papa disse que o santo Povo fiel de Deus renovou o seu ‘sim’ a Cristo, nossa esperança; e o renovou com Maria, sempre Mãe, especialmente dos que mais sofrem, como povo escolhido, sacerdotal e santo, em cujo coração desperta a graça do Batismo.

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Papa aos estonianos: vocês conhecem as lutas pela liberdade

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25 de setembro de 2018

O Papa Francisco celebrou a missa, na tarde desta terça-feira, 25, na Praça da Liberdade, em Tallinn, na Estônia.

Em sua homilia, Francisco ressaltou que “pensando na chegada ao Monte Sinai do povo judeu, já livre da escravidão do Egito, é impossível não pensar” na Estônia “como povo; é impossível não pensar na nação inteira da Estônia e todos os países bálticos. Vocês conhecem as lutas pela liberdade, podem se identificar com aquele povo. Nos fará bem escutar aquilo que Deus diz a Moisés, para compreender o que Ele nos diz como povo”, frisou o Pontífice.

Segundo o Papa, “o povo, que chega ao Sinai, é um povo que já viu o amor de seu Deus manifestar-se em milagres e prodígios; é um povo que decide estabelecer um pacto de amor, porque Deus já o amou primeiro e manifestou-lhe este amor. Quando dizemos que somos cristãos, quando abraçamos um estilo de vida, o fazemos sem pressões, sem que isso seja uma troca na qual nós fazemos algo se Deus nos fizer qualquer coisa”.

 

A proposta de Deus não nos tira nada

“Mas sobretudo sabemos que a proposta de Deus não nos tira nada; pelo contrário, leva à plenitude, potencializa todas as aspirações do ser humano. Alguns consideram-se livres, quando vivem sem Deus ou separados d’Ele. Não se dão conta de que, assim, percorrem esta vida como órfãos, sem um lar para onde voltar. «Deixam de ser peregrinos para se transformarem em errantes, que giram indefinidamente ao redor de si mesmos, sem chegar a lugar nenhum».”

O Papa sublinhou que “cabe a nós, como ao povo que saiu do Egito, ouvir e buscar. Às vezes, alguns pensam que hoje a força dum povo se mede por outros parâmetros. Há quem fale com um tom mais alto e, quando fala, parece mais seguro, sem cedências nem hesitações; há quem junte, aos gritos, ameaças de armas, envio de tropas, estratégias... Esta é a pessoa que parece mais «firme». Mas isto não é «buscar» a vontade de Deus, mas um acumular para se impor com base no ter."

“ Esta atitude esconde em si uma rejeição da ética e, com ela, de Deus; porque a ética nos coloca em relação com Deus que espera de nós uma resposta livre e comprometida com os outros e com o nosso meio ambiente; uma resposta que está fora das categorias do mercado. ”

"Vocês não conquistaram a sua liberdade para terminar escravos do consumo, do individualismo ou da sede de poder e domínio”.

A fé nos leva a ver que Deus “está vivo e nos ama; que não nos abandona e, por isso, é capaz de intervir misteriosamente na nossa história; tira o bem do mal com o seu poder e a sua infinita criatividade”.

 

Orgulho de ser estoniano

No deserto, o povo de Israel caiu na tentação de buscar outros deuses, adorando o bezerro de ouro e confiando em suas próprias forças. “Mas Deus não cessa de o atrair sempre de novo; e ele se lembrará do que escutou e viu na montanha. Como aquele povo, também nós sabemos que somos um povo eleito, sacerdotal e santo. É o Espírito que nos recorda todas estas coisas.”

O Papa exortou os estonianos a deixarem transparecer na sua história, “o orgulho de ser estoniano. «Sou estoniano, permanecerei estoniano, estoniano é uma realidade bonita, somos estonianos».”

“Como é bom sentir-se parte de um povo! Como é bom ser independentes e livres! Subamos à montanha sagrada e peçamos ao Senhor, como diz o lema desta visita, que desperte os nossos corações e nos conceda o dom do Espírito para discernirmos, em cada momento da história, o modo como ser livres, como abraçar o bem e sentir-se eleitos, como deixar que Deus faça crescer, aqui na Estônia e no mundo inteiro, a sua nação santa, o seu povo sacerdotal”, concluiu Francisco.

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Papa: onde existem crianças e jovens há futuro, alegria e esperança

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25 de setembro de 2018

Na tarde desta terça-feira, 25, o Papa Francisco encontrou-se com as pessoas assistidas pelas obras caritativas da Igreja, na Catedral dos Santos Pedro e Paulo, em Tallinn, na Estônia.

O Pontífice foi acolhido pelo administrador apostólico de Tallinn, pelo pároco da catedral, pela madre superiora das Missionárias da Caridade e por uma família com nove filhos ajudada pelas religiosas de Madre Teresa de Calcutá.

Francisco agradeceu a todos pelo acolhimento e a Marina e a Vladimir por terem partilhado o que trazem em seus corações.

 

 

 

Calor de estar em família

“Antes de mais nada, quero congratular-me com você, Marina, e com seu marido pelo belíssimo testemunho que nos deram. Vocês foram abençoados com nove filhos, com todo o sacrifício que isso implica como vocês nos fizeram notar. Onde existem crianças e jovens, há muito sacrifício, mas sobretudo há futuro, alegria e esperança. Por isso, é reconfortante ouvi-los dizer: «Damos graças ao Senhor pela comunhão e o amor que reina em nossa casa».”

“Nesta terra, onde os invernos são duros, não lhes falta o calor mais importante: o da casa, o que nasce de estar em família. Com discussões e problemas? Sim, mas com o desejo de prosseguir juntos. Não se trata de palavras bonitas, mas de um exemplo claro."

"Obrigado por terem partilhado também o testemunho dessas Irmãs que não tiveram medo de sair e ir aonde vocês se encontravam, para serem sinal da proximidade e da mão estendida do nosso Deus”, disse ainda o Pontífice.

 

Fé missionária

Segundo Francisco, “quando a fé não tem medo de deixar as comodidades, de se envolver e tem a coragem de sair, consegue manifestar as palavras mais bonitas do Mestre: amem-se uns aos outros assim como eu amei vocês. Amor que rompe as cadeias que nos isolam e separam, construindo pontes; amor que nos permite construir uma grande família onde todos nos podemos sentir em casa, como nesta casa. Amor que é capaz de compaixão e dignidade”.

“A fé missionária vai, como essas Irmãs, pelas estradas de nossas cidades, de nossos bairros, de nossas comunidades, dizendo com gestos muito concretos: você faz parte da nossa família, da grande família de Deus onde todos nós temos um lugar. Não fique fora”, sublinhou.

 

Despertar o coração

O testemunho de Vladimir foi definido pelo Papa como um “milagre”.

“Você encontrou irmãos e irmãs que lhe deram a possibilidade de despertar o coração e ver que, a todo o momento, o Senhor o  procurava incansavelmente para vesti-lo de festa e celebrar porque cada um de nós é o seu filho predileto. A maior alegria do Senhor é nos ver renascer, por isso nunca se cansa de nos conceder uma nova oportunidade. Por este motivo, são importantes os laços, sentir que pertencemos uns aos outros, que toda a vida tem valor e que estamos prontos a gastá-la para a fazer valer.”

 

Prosseguir criando laços

O Papa os “convidou a continuar criando laços, a sair pelos bairros dizendo a todos que encontrar: você também faz parte da nossa família. Jesus chamou os discípulos; e ainda hoje chama cada um de vocês, queridos irmãos, para continuarem semeando e transmitindo o seu reino. Ele conta com a sua história, a sua vida, as suas mãos para percorrer a cidade e partilhar a mesma realidade que vocês viveram. Ele pode contar com vocês?”

Francisco abençoou todos os presentes a fim de que “o Senhor continue fazendo milagres através de suas mãos”.

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A oração do Papa Francisco diante da Virgem Negra, na Lituânia

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22 de setembro de 2018

Na parte da tarde, Francisco visitou o Santuário da Mãe da Misericórdia, situado ao lado da “Porta Aurora”, onde os fiéis veneram a imagem da Virgem Negra, chamada “Mãe da Misericórdia”, por cuja intercessão, ao longo dos séculos, ocorreram numerosos prodígios.

Diante da Capelinha da Virgem Negra, o Santo Padre rezou com presentes o terceiro Mistério Gozoso do terço, sobre o nascimento de Jesus na gruta em Belém, fazendo a seguir, um breve pronunciamento:

“ Encontramo-nos diante da Porta da Aurora, que resta das muralhas desta cidade, que serviam para defender o povo dos perigos e provocações. Nesta Porta, que permaneceu em pé depois da invasão do exército, em 1799, já se encontrava a imagem da Virgem da Misericórdia, a Santíssima Mãe de Deus, que sempre nos socorre e vem em nosso auxílio. ”

 

Caminhar fraternalmente

Desde então - recordou o Papa –, ela nos ensina que se pode proteger sem atacar, que é possível ser prudentes sem a necessidade doentia de desconfiar. Esta Mãe, sem o Menino nos braços, toda dourada, é a Mãe de todos. No passado, foram construídas diversas fortalezas, mas, hoje, sentimos a necessidade de nos olharmos de frente, como irmãos, e caminhar juntos fraternalmente.

E Francisco afirmou:

“Todos os dias, uma multidão de pessoas vesantuariom rezar diante da imagem da Mãe da Misericórdia: lituanos, poloneses, bielorrussos e russos, católicos e ortodoxos. Tudo isso, graças à liberdade de circulação entre os países. Que bom se conseguíssemos também construir pontes de encontro e solidariedade entre todos. Como uma boa mãe, a Mãe da Misericórdia busca reunir famílias e crianças, que, com seus sofrimentos e obscuridades, anseiam pela nossa caridade, a chave que abre as portas do Céu”.

 

Construir pontes, não muros!

O Santo Padre concluiu seu pronunciamento, pedindo a proteção da Virgem Negra sobre comunidade lituana, para que possa anunciar Jesus Cristo, nossa Esperança, manter uma pátria acolhedora, paciente e solidária, e construir pontes, não muros!

Após a oração mariana, o Papa ofereceu um Terço de ouro em homenagem à Santíssima Virgem Maria. Depois, dirigiu-se à janela do Santuário da Mãe da Misericórdia, para abençoar a multidão presente.

Por fim, Francisco deslocou-se de papamóvel para a Catedral de Vilnius, dedicada aos Santos Estanislau e Ladislau, diante da qual manteve um encontro com a Juventude da Lituânia.

 

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Papa aos jovens: seguir Jesus é uma aventura apaixonante

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22 de setembro de 2018

O encontro com os jovens na Praça da Catedral de Vilnius concluiu o primeiro dia da viagem apostólica do Papa Francisco aos países bálticos.

Em seu discurso, o Pontífice insistiu em dois conceitos: no sentimento de pertença e no fato de que não estamos sós.

 

Não somos pessoas sem raízes

Antes de se dirigir aos jovens, o Papa ouviu a experiência de vida de Mônica, marcada pela condição e morte do pai, e Jonas, que viveu o drama de uma doença.

“Não permitam que o mundo os faça crer que é melhor caminhar sozinhos”, disse Francisco, exortando os jovens a caminharem contracorrente diante do individualismo que isola, torna egocêntricos e vaidosos.

“A nossa verdadeira identidade pressupõe a pertença a um povo. Não existem identidades ‘de laboratório’. Cada um de nós conhece a beleza mas também a fadiga e, muitas vezes, a tribulação de pertencer a um povo. Aqui está enraizada a nossa identidade; não somos pessoas sem raízes.”

 

Jesus e eu, maioria absoluta

Além do povo, a oração também nos oferece esse sentimento de pertença.

“Sem a oração, como faríamos para não pensar que tudo depende de nós, que estamos sozinhos numa luta corpo a corpo com a adversidade? ‘Jesus e eu, maioria absoluta’”, disse Francisco, citando uma frase do Santo Alberto Hurtado.

A experiência de ajudar os outros também é fundamental, lembrou o Papa. “Ver a fragilidade dos outros situa-nos na realidade, impede-nos de viver debruçados sobre as nossas feridas.”

 

Seguir Jesus é uma aventura apaixonante

Por isso, exortou Francisco, sejam corajosos.

“Seguir Jesus é uma aventura apaixonante que enche de significado a nossa vida, faz-nos sentir parte de uma comunidade que nos encoraja e acompanha, compromete-nos no serviço. Queridos jovens, vale a pena seguir Cristo, não tenhamos medo de participar na revolução a que Ele nos convida: a revolução da ternura.”

 

Caminho sim, labirinto não

A vida é sempre uma caminhar, disse por fim o Pontífice.

O perigo maior é confundir o caminho com um labirinto: girar sem sentido pela vida, girar sobre si mesmo, sem tomar a estrada que faz avançar.

“Não sejam jovens de labirinto, de onde é difícil sair, mas jovens a caminho”, foi a recomendação final de Francisco.

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Papa Francisco despede-se da Irlanda

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27 de agosto de 2018

No final da tarde deste domingo, 26, o Papa Francisco despediu-se da Irlanda, concluindo a 24ª Viagem Apostólica de seu Pontificado. O voo A321 da Aer Lingus (St Aidan) decolou do Aeroporto Internacional de Dublin às 18h46, para aterrissar no Aeroporto Ciampino, em Roma, às 23 horas, horário italiano. Não houve discursos ou cerimônias oficiais no aeroporto, estando presente, no entanto, o primeiro ministro irlandês Leo Varadkar e seu companheiro, além de autoridades religiosas.

O último compromisso de Francisco foi o encontro com o episcopado irlandês no Convento das Irmãs Dominicanas, após presidir a Missa conclusiva do IX Encontro Mundial das Famílias no Phoenix Park, quando foi anunciado o local do próximo encontro: Roma, em 2021.

O Papa chegou à Irlanda na manhã de sábado, sendo o segundo Pontífice a visitar a “Ilha de Esmeralda”. O último foi São João Paulo II em 1979. Francisco fez cinco discursos, em uma viagem marcada pela complexidade da questão dos abusos cometidos no país contra menores por sacerdotes e religiosos em décadas passadas, assim como a trágica questão da  separação dos filhos das jovens mães, internas em institutos religiosos.

Estes temas delicados e dolorosos foram abordados por Francisco em praticamente todos os pronunciamentos. Não faltaram pedidos de perdão e a garantia do compromisso em não medir esforços para curar as feridas e evitar que estes males nunca mais ocorram.

Os irlandeses apreciaram a sinceridade e a clareza do Papa, sobretudo a sua vontade e disponibilidade em encontrar um grupo de vítimas na Nunciatura Apostólica em Dublin.

O Santo Padre, por outro lado, lançou uma mensagem de esperança, encorajando o clero e os leigos irlandeses a comprometerem-se na renovação da sua fé e no compromisso com o Evangelho.

Durante o voo de volta, o Papa encontra os jornalistas para a tradicional coletiva de imprensa.

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Papa aponta para o ecumenismo: caminhar, rezar e trabalhar juntos

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21 de junho de 2018

O Papa Francisco deixou o Vaticano na manhã desta quinta-feira, 21,  para uma peregrinação ecumênica a Genebra.

Depois de uma hora e 40 minutos de voo, o Pontífice chegou à cidade suíça por volta das 10h, onde foi recebido pelo Presidente da Confederação Helvécia, Alain Berset, no aeroporto internacional da cidade para uma breve cerimônia de boas-vindas e um encontro privado.

Na sequência, o Papa se transferiu de carro até o Centro Ecumênico do Conselho Mundial de Igrejas, pois justamente este é o motivo dessa peregrinação: celebrar os 70 anos desta instituição, criada depois da II Guerra Mundial.

 

Mais de 500 milhões de fiéis

O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) é a maior organização mundial do movimento ecuménico, com o mais alto número de membros: são 345 comunidades cristãs de mais de 110 países, com exceção da Igreja Católica, e compreende reformados, luteranos, anglicanos metodistas, batistas, ortodoxos e outras Igrejas. Representa mais de 500 milhões de fiéis em todo o mundo, cuja sede é Genebra.

No Centro Ecumênico do CMI, realizou-se uma oração comum, com a participação de cerca de 230 pessoas – ocasião em que o Pontífice pronunciou o primeiro discurso do dia.

 

Caminhar segundo o Espírito

Inspirado na leitura extraída da Carta aos Gálatas, Francisco propôs uma reflexão sobre a expressão “Caminhar segundo o Espírito” .

“Caminhar segundo o Espírito é rejeitar o mundanismo. É escolher a lógica do serviço e avançar no perdão. É inserir-se na história com o passo de Deus: não com o passo ribombante da prevaricação, mas com o passo cadenciado por «uma única palavra: Ama o teu próximo como a ti mesmo» (Gal 5, 14).”

No decurso da história, afirmou o Papa, as divisões entre cristãos deram-se porque na raiz, na vida das comunidades, se infiltrou uma mentalidade mundana: primeiro cultivavam-se os próprios interesses e só depois os de Jesus Cristo. A direção seguida era a da carne, não a do Espírito.

“Mas o movimento ecumênico, para o qual tanto contribuiu o Conselho Ecumênico das Igrejas, surgiu por graça do Espírito Santo”, recordou o Papa.

 

Ser do Senhor

É preciso escolher ser de Jesus antes que de Apolo ou de Cefas, antepor o ser de Cristo ao fato de ser «judeu ou grego», ser do Senhor antes que de direita ou de esquerda, escolher em nome do Evangelho o irmão antes que a si mesmo.

A resposta aos passos vacilantes, prosseguiu o Papa, é sempre a mesma: caminhar segundo o Espírito, purificando o coração do mal, escolhendo com obstinação o caminho do Evangelho e recusando os atalhos do mundo.

“Depois de tantos anos de empenho ecumênico, neste septuagésimo aniversário do Conselho, peçamos ao Espírito que revigore o nosso passo. (…) Que as distâncias não sejam desculpas! É possível, já agora, caminhar segundo o Espírito. Rezar, evangelizar, servir juntos: isto é possível. Caminhar juntos, rezar juntos, trabalhar juntos: eis a nossa estrada-mestra.”

 

Unidade

Esta estrada tem uma meta concreta: a unidade. A estrada oposta, a da divisão, leva a guerras e destruições. “O Senhor pede-nos unidade; o mundo, dilacerado por demasiadas divisões que afetam sobretudo os mais fracos, invoca unidade.”

Francisco conclui seu discurso definindo-se um “peregrino em busca de unidade e de paz”. “Agradeço a Deus porque aqui encontrei irmãos e irmãs já a caminho. Que a Cruz nos sirva de orientação, porque lá, em Jesus, foram abatidos os muros de separação e foi vencida toda a inimizade: lá compreendemos que, apesar de todas as nossas fraquezas, nada poderá jamais separar-nos do seu amor.

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O Amor está no ar

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26 de janeiro de 2018

Um casamento foi celebrado pelo Papa Francisco em pleno voo de Santiago do Chile para Iquique, no Peru. O casal de comissários de bordo Paula Podest e Carlos Ciuffardi pediram uma bênção a Francisco. Eles estavam unidos civilmente desde 2010, quando pensavam também casar-se na Igreja, mas a cerimônia fora cancelada por causa de um terremoto. Paula e Carlos seguiram a vida e tiveram duas filhas, Rafaela e Isabela, mas nunca chegaram realizar o sacramento do Matrimônio. 

“Querem que eu os case agora?”, perguntou o Pontífice, segundo relatos dos jornalistas que estavam no avião papal da Latam. Os dois comissários ficaram de boca aberta, mas aceitaram. Francisco perguntou se havia amor verdadeiro na união e se a relação ia bem. “Vocês têm mesmo certeza?”, verificou. E o casal respondeu que sim. Eles já haviam feito o curso de noivos e sabiam estar em situação irregular. Mas queriam repará-la. O Presidente da Latam, Ignacio Cueto, que estava no voo, e o Monsenhor Rueda Belz, Oficial do Vaticano, serviram de testemunhas. Uma ata simples do casamento foi redigida à mão e todos a assinaram, inclusive Francisco. 

“Digam aos párocos que o Papa os interrogou bem. Julguei que estavam preparados”, revelou, na coletiva de imprensa durante o voo com jornalistas. Segundo Carlos, a proposta foi irrecusável. “Apaixonamonos em voo e agora nos tornamos marido e mulher diante da Igreja em voo”, contou à imprensa. 

 

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No Peru, 1,3 milhão de pessoas participam de missa final

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26 de janeiro de 2018

A última missa do Papa Francisco no Peru foi um nítido exemplo da expressão “banho de multidão”, muito usada pelos italianos. Celebrada no domingo, 21, na base aérea de Las Palmas, em Lima, a cerimônia reuniu 1,3 milhão de pessoas, de acordo com a organização. “Encontrei um povo que crê, que passa e passou por muitas dificuldades, mas que tem uma fé que me impressiona”, avaliou Francisco, na coletiva de imprensa durante o voo de retorno a Roma.

“São o povo latino-americano que tem mais santos. Do Peru, levo a impressão de alegria e de fé, de esperança e, sobretudo, de muitas crianças”, disse, lembrando também que, na Colômbia e nas Filipinas, os pais saíram às ruas com os filhos para encontrar o Papa. “Isso diz futuro, diz esperança. A única coisa que peço é que cuidemos dessa riqueza”, afirmou.

Tanto no Chile quanto no Peru, como de praxe, ele também se encontrou com autoridades políticas e da Igreja, entre bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas e seminaristas.

Em sua saudação final, após a missa, Papa Francisco reforçou esse pedido. “Irmãos peruanos, vocês têm tantos motivos para esperar, eu vi e toquei isso, nestes dias. Por favor, cuidem da esperança, para que não a roubem. Não há melhor maneira do que permanecer unidos, para que todos esses motivos que a sustentam cresçam cada dia mais.” E concluiu citando São Paulo, na carta aos Romanos, que diz: “A esperança não engana.” 

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