Mudar de uma ‘Igreja que visita para uma Igreja que permanece’

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30 de agosto de 2019

O Sínodo dos Bispos para a região da Amazônia tem chamado a atenção da Igreja e do mundo todo. A defesa da casa comum, o cuidado com os povos indígenas e ribeirinhos e os novos caminhos para o ministério sacerdotal estão na ordem do dia. Dom Sebastião Bandeira Coelho é o Bispo de Coroatá, no Estado do Maranhão, no Nordeste do Brasil. Nascido na Amazônia Legal, ele atuou praticamente toda sua vida nessa região. Dom Sebastião esteve na sede internacional da ACN, onde falou das realidades e da esperança do povo com o Sínodo.

QUAIS AS EXPECTATIVAS com o SÍNODO DA AMAZÔNIA?
Embora o Sínodo seja de uma região particular que é a Amazônia, o seu tema e as decisões, com certeza, irão influenciar a Igreja e o mundo todo. O Papa Francisco escolheu o tema “novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”. Então, nós temos que, como Igreja, aproveitar deste momento privilegiado que estamos vivendo com o Papa Francisco, que tem se mostrado muito corajoso e aberto em relação à Igreja dessa região. Nós precisamos buscar novos caminhos para que a evangelização se torne mais firme e mais sólida.

QUAIS EXPECTATIVAS OS RIBEIRINHOS E OS INDÍGENAS TÊM COM O SÍNODO?
Os missionários tiveram um papel muito importante na Igreja na Amazônia. Foram verdadeiros heróis em terras longínquas, buscando o desenvolvimento integral e a evangelização. Também na Amazônia, é expressiva a religiosidade popular trazida pelos nordestinos e que ajudou na  resistência à investida das seitas na região. Por outro lado, sabemos que a Amazônia precisa ter uma Igreja com rosto próprio. E como o documento de preparação do Sínodo afirma, é preciso mudar de uma “Igreja que visita para uma Igreja que permanece”. Essa presença da Igreja só irá acontecer quando tivermos pessoas e ministérios que estejam no dia a dia com o povo.

A IGREJA CONSEGUIRÁ OFERECER UMA EVANGELIZAÇÃO MAIS SÓLIDA PARA ESSES POVOS?
Nossas comunidades estão ameaçadas de desaparecer de muitos lugares, porque não temos pessoas. Muitos missionários estão cansados e desanimados. Então, nós precisamos dar uma resposta para que a Igreja continue viva e atuante na região. O Papa Francisco não deixa de colocar em pauta esses problemas desafiadores, para que possamos encontrar soluções adequadas para a Igreja existir, atuar e continuar a missão de Jesus. Mesmo que a Igreja tenha muitas dificuldades, o mais importante é continuar a sua missão nesse mundo. Nós, pastores, recebemos essa tarefa e não podemos negligenciá-la de forma alguma.

QUAIS INICIATIVAS O SENHOR VISLUMBRA PARA UM NOVO IMPULSO DO EVANGELHO NA AMAZÔNIA?
Primeiro, eu quero expressar o meu profundo agradecimento à ACN, que tem ajudado nossas igrejas, inclusive a Diocese de Coroatá, no Maranhão, agraciada pela instituição com a construção de igrejas, aquisição de veículos e auxílio às religiosas. Para a Amazônia, nada é mais importante do que investirmos na formação das lideranças locais, pois são eles que vão transformar a nossa sociedade. Claro que eu também acredito muito nos meios de comunicação, porque atingem de maneira rápida tantos lugares que nós não podemos alcançar. Na Amazônia, as paróquias são distantes uma das outras, por isso as Diretrizes da Igreja no Brasil são muito iluminadoras quando falam das comunidades eclesiais missionárias. Isto é, formar comunidades que se tornem evangelizadoras e que testemunhem o anúncio de Jesus Cristo com entusiasmo. Por isso, eu estou muito esperançoso. Nunca um Sínodo foi tão ouvido nos últimos tempos como este, durante o processo de preparação. Todos tiveram a oportunidade de falar: as bases, os indígenas, os quilombolas, os jovens, os pescadores e as periferias. Com certeza, muitas coisas vão surgir, porque o Espírito está na Igreja e, quando ela se reúne, sempre é para abrir novos caminhos e responder, à luz da Palavra de Deus, aos novos desafios.

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