Papa Francisco reza com o Oriente Médio

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10 de julho de 2018

No último sábado, 07, o Papa Francisco visitou a cidade italiana de Bari. A cidade que abraça uma devoção à São Nicolau reuniu os líderes das Igrejas e das comunidades Cristãs do Oriente para que, pela intercessão do padroeiro, a paz, a conciliação, o perdão e a misericórdia fossem difundidos ao Oriente Médio. O encontro ecumênico de oração não alcança somente aos fiéis católicos, mas todas as pessoas assoladas por situações adversas, situação de sofrimento e condições de escassez e fragilidade.

O gesto do Pontífice reconheceu a generosidade e prontidão dos líderes religiosos, mas sobretudo quando fala de proximidade quer justamente apontar para uma cultura do encontro. São Nicolau, bispo do Oriente, viveu um grande testemunho ao mostrar, com sua vida, o caminho do Sol Nascente, onde brotou a fé e nasceu Jesus Cristo.

A Doutrina Social da Igreja toma forma com as incontáveis obras pastorais ao redor do mundo. Outros Papas dispuseram-se a um ardor missionário indo ao encontro do Médio Oriente: o ecumenismo é a ponte entre o conflituoso mundo oriental e a Paz como vocação da humanidade. O Papa Francisco, portanto, no gesto de reunir os representantes em um claro apelo à Paz, põe-se a serviço desta Paz; O discurso e a ação unidos para atender ao apelo oriundo do berço do Catolicismo Romano.

A Comunidade Internacional espera um posicionamento da Igreja, que não apenas se mobiliza em palavras – essenciais, por sua vez – mas envia seu líder a peregrinar pela Paz. Logo no primeiro ano de Pontificado (2013), evidenciou-se a preocupação do Santo Padre com uma agenda central para o Oriente Médio: o reconhecimento da Palestina como Estado.

 

Para ti haja Paz!

A importância de atos concretos não significa apenas uma proximidade com causas humanitárias, mas o coração da Igreja se volta à “terra de gente que deixa a própria terra” como afirmou o Santo Padre na ocasião em Bari. A crise dos refugiados, as guerras que se multiplicam, recursos vitais e estratégicos ameaçados, são algumas das conjunturas enfrentadas na região. O contexto geopolítico revela, se o ser humano for melhor observado, a urgência de anunciar a Paz seguindo o apelo de Deus e da humanidade.

A peregrinação do Papa Francisco contou com dois momentos extremamente significativos representando essa condição; A vela de chama única foi acessa mostrando que o cristão é chamado a ser sal da terra e luz do mundo,

“ nos momentos escuros da história não se resignam com a escuridão que tudo envolve, e alimentam o pavio da esperança com o azeite da oração e do Amor [...] e quando se estende a mão para o irmão sem buscar o interesse, arde e resplandece o fogo do Espírito[...] Disse o Santo Padre. ”

A segunda ação soube fortalecer a centelha da esperança sob o clamor do mundo de tantos sofrimentos; jovens voluntários uniram-se para acender velas e entregar a cada um dos líderes religiosos presente durante a ocasião, confiando eles a missão de protagonistas no anúncio da Paz.

Em 2017 quando questionado pelo Sociólogo Dominique Wolton sobre qual seria o principal obstáculo à Paz na atualidade, o Papa Francisco foi taxativo em sua resposta : “o dinheiro”. Os interesses econômicos exacerbados alicerçados no interesse próprio formam um triste silêncio agravado pela desigualdade. A Igreja responde a um chamado de Deus, e da mesma maneira o Senhor responde ao chamado dos homens, cada vez mais necessitados no Oriente Médio, mas profundamente marcados pela fé viva e vivencial.

É evidente a centralidade da Paz nas principais buscas da humanidade, e se a Paz é o próprio Jesus Cristo, a visita do Papa Francisco a Bari mostra ainda mais responsabilidades cristãs nas relações internacionais. O Pontífice ainda atentou para o risco que os cristãos correm na região, seja por perseguições, ameaças ou discordâncias, no entanto superando as barreias o Papa afirma que “a indiferença mata, queremos ser voz que contrasta com o homicídio da indiferença, queremos dar voz a quem não tem voz [...] hoje o Oriente médio chora e emudece”, as palavras do Santo Padre estão voltadas ao Ocidente, que muitas vezes suprime o grito do Oriente enquanto o “espezinham à procura de poder e riquezas”.

 

A Comunidade Internacional

O Papa Francisco protagoniza o interesse da Igreja Católica frente aos territórios por onde está todo o povo de Deus. Enfrentar com coragem e perseverança, com atos concretos, os desafios da humanidade mostram uma exortação em seu testemunho, mas uma ação de Política Externa firmada no evangelho.

A ênfase criticando interesses econômicos, intransigências políticas, escândalos humanitários quer – com firmeza – mobilizar uma verdadeira mudança indiferente do país atingido pelas declarações. Não houve uma responsabilização sobre as condições do Oriente Médio, mas o coração da Igreja se volta em oração, em atenção, caridade e misericórdia para atender os principais anseios daqueles que mais sofrem e colaborar com a Paz verdadeiramente.

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Audiência: a paz é para ser doada. A fofoca não é obra do Espírito Santo

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06 de junho de 2018

A paz que recebemos do Espírito é para dar aos outros, não devemos destruí-la com as fofocas! Na Audiência Geral desta quarta-feira, 06, o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Sacramento da Crisma, falando dos efeitos que o dom do Espírito Santo faz amadurecer na vida dos crismados.

O Pontífice reforçou que o Espírito Santo é um dom e as graças que recebemos devemos dar aos outros, e não para armazená-las. “As graças são recebidas para dar aos demais. Isso faz o cristão.”

 

A Igreja somos nós

O Espírito nos descentraliza do nosso “eu” para nos abrir ao “nós” da comunidade cristã, como também ao bem da sociedade em que vivemos.

“Algumas pessoas pensam que a Igreja tem dono: o papa, os bispos, os sacerdotes e os operários, que são os demais. Não! A Igreja somos todos nós e todos temos a responsabilidade de santificar uns aos outros, cuidar dos outros. A Igreja somos nós. Cada um tem o seu trabalho, mas a Igreja somos todos nós.”

Assim, a Confirmação une mais fortemente como membro vivo ao corpo místico da Igreja, vinculando à Igreja universal e fortalecendo o compromisso com a vida da Igreja particular, em união com o Bispo. Este, enquanto sucessor dos Apóstolos, é o ministro originário deste sacramento.

Na conclusão do rito da Crisma, explicou ainda o Papa, o Bispo diz a cada crismando: “A paz esteja contigo”, recordando a saudação de Cristo aos discípulos.

 

A fofoca não é obra do Espírito

Improvisando, o Papa pediu que pensemos na nossa própria comunidade paroquial. O Bispo dá a paz ao crismando e depois a damos entre nós. “Isso significa paz”, disse o Papa. O problema é o que acontece depois ao sairmos da Igreja.

“Começam as fofocas e as fofocas são guerras. Isso não está bem. Se recebemos o sinal da paz do Espírito Santo, devemos ser homens e mulheres de paz e não destruir a paz do Espírito. Pobre do Espírito Santo com o trabalho que ele tem conosco, com o hábito de fofocar. Pensem bem, a fofoca não é obra do Espírito Santo, não é obra de unidade da Igreja. A fofoca destrói aquilo que Deus faz. Por favor, vamos parar de fofocar!”

 

Semente que deve ser cultivada

Outra característica da Crisma é que este sacramento se recebe uma só vez, mas o seu dinamismo espiritual perdura ao longo do tempo. Além do mais, ninguém recebe a Confirmação somente para si mesmo, mas para cooperar para o crescimento espiritual dos outros.

Aquilo que recebemos de Deus como dom deve ser de fato doado para que seja fecundo e não, ao invés, sepultado por temores egoístas.

“ Quando temos a semente em mãos não é para colocá-la no armário, é para semear. Toda a vida deve ser semente para que dê fruto. ”

O Papa então concluiu:

“Exorto os crismandos a não ‘enjaular’ o Espírito Santo, a não opor resistência ao Vento que sopra para impulsioná-los em liberdade, a não sufocar o fogo ardente da caridade, que leva a viver a vida por Deus e pelos irmãos. Que o Espírito Santo conceda a todos nós a coragem apostólica de comunicar o Evangelho com as obras e as palavras aos que se encontram no nosso caminho. Mas as palavras boas, aquelas que edificam, não as palavras de fofocas. Por favor, quando saírem da Igreja, pensem que a paz recebida é para dar aos outros e não para destruí-la com a fofoca. Não se esqueçam.”

 

Rezar pelos sacerdotes

Ao final da catequese, o Papa recordou que na próxima sexta-feira celebra-se a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Francisco então convidou a rezar durante todo o mês de junho ao Coração de Jesus e a apoiar com a proximidade e o afeto os sacerdotes, para que sejam imagem daquele Coração repleto de amor misericordioso.

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ONU recebe candidaturas de organizações para evento de alto nível sobre paz sustentável

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06 de março de 2018

O presidente da Assembleia Geral convocou uma reunião de alto nível de dois dias, nos dias 24 a 25 de abril, na sede das Nações Unidas em Nova York, com o objetivo de discutir maneiras de apoiar a paz na prática.

O formato da reunião consiste em um segmento de abertura, um debate em plenário de alto nível, quatro diálogos interativos e um segmento de encerramento.

A pedido do escritório do presidente da Assembleia Geral, o Serviço da ONU para as ONGs (UN-NGLS) e o Escritório de Apoio à Construção da Paz das Nações Unidas estão facilitando um processo para identificar partes interessadas para falar durante os diálogos interativos e as partes interessadas que desejam se inscrever para assistir ao evento como observadores.

Todos os interessados devem estar dentro dos critérios de participação: representar uma organização que teve um foco programático de longo prazo na construção da paz e na sustentação da paz; demonstrar capacidade de se envolver construtivamente com uma variedade de parceiros; está disponível para estar em Nova York de 24 a 25 de abril; ter um visto para viajar para Nova York, ou ser capaz de obter um para viajar para Nova York sem a assistência da ONU.

O prazo para envio de oradores é 18 de março; já o prazo para se candidatar para participar como observador é 31 de março. Detalhes: clique aqui.

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Paz: dom e sonho de Deus

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29 de janeiro de 2018

Frei Francesco Patton, Custódio da Terra Santa, presidiu no domingo, 28, a missa na Catedral da Sé, acolhido pelo padre Eduardo Baronto e pelo padre Helmo Faccioli.

Em sua homilia, o franciscano invocou o dom da paz, assim como Jesus fez a seus discípulos reunidos no Santo Cenáculo, em Jerusalém; ressaltando a urgência deste gesto nos tempos de hoje, não apenas para o Oriente Médio:

“Creio que nunca, como hoje, necessitamos desta saudação e de que este desejo de que paz se realize. E acredito também que não somente nas terras do Médio Oriente haja essa necessidade de que se realize esse dom e este sonho de Deus que é a paz, mas sim em todo o Mundo. Por isso desejamos a paz para essa bela nação brasileira, para todas pessoas em dificuldades, para esta cidade de São Paulo.”

Resaltou, que o sonho da paz se realiza quando há um profundo movimento de conversão. Que parte de uma mudança de mentalidade da parte de cada um; isto é, mudança e conversão dos nossos esquemas e preconceitos.

Outra ressalva feita pelo Custódio são os 800 anos de presença franciscana da Terra Santa.

O religioso de origem italiana manifestou também a alegria em poder celebrar no Brasil e em São Paulo, terra de missão onde viveu e morreu, a também italiana, Santa Paulina.

Frei Francesco Patton ainda pediu aos brasileiros que rezem pela missão na Terra Santa para que sejam suscitadas novas vocações.

Ao final da celebração, em sinal de gratidão pela presença, o Cura da Catedral da Sé, padre Eduardo Baronto, presentou o Custodio com uma réplica da Catedral da Sé em miniatura e uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.  Em agradecimento pela acolhida e unidade com a missão na Terra Santa, frei Francesco ofereceu a medalha comemorativa dos 800 anos de presença franciscana na Terra Santa e uma cruz com uma relíquia da Pedra do calvário com a madeira do Gethesemani.

Frei Patton iniciou sua visita ao Brasil no dia 24 de janeiro, acompanhado do frei Bruno Varriano, reitor e guardião da Basílica da Anunciação, em Nazaré.

(Colaboração de Cleide Barbosa)

 

 

 

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Ato inter-religioso no Dia Internacional contra a Corrupção

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15 de dezembro de 2017

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), junto à Arquidiocese de São Paulo, organizou o “Ato Inter-religioso no Dia Internacional contra a Corrupção - em favor da Ética, do bem comum, da Justiça e da Paz”, que aconteceu na Catedral da Sé, no sábado, 9, às 10h30. 

Entidades da sociedade civil, organizações não governamentais e representantes de diferentes religiões uniram suas vozes para demonstrar o descontentamento diante dos sucessivos atos de corrupção que são noticiados a cada dia. 

O Coro da Igreja Batista em Perdizes preparou os cantos para o evento, no qual representantes da Igreja Católica Apostólica Romana, da Sinagoga do Centro Cultural Judeu, da Mesquita Islâmica de Santo Amaro, do Templo Zen Budista da Tradição Soto Shu, da Religião Afro-brasileira da Umbanda, da Igreja Batista em Perdizes e da Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, além dos Indígenas do Povo Guarani, participaram com preces e manifestações.

Na ocasião, foi lançado um manifesto pela ética e um movimento cívico, que pretende assumir o protagonismo na luta contra a corrupção e por mudanças no País. A data de 9 de dezembro foi escolhida, pois foi neste dia, em 2003, que o Brasil e mais 101 países assinaram a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. 

“A ideia é conscientizar as pessoas sobre o que podem e devem fazer na luta contra a corrupção. A sociedade civil tem papel fundamental na transformação do país”, resumiu Marcos da Costa, presidente da OAB- SP. “O dia é o marco do início de um movimento que terá frutos e fará com que esse período nefasto em que vivemos seja afastado e possamos viver numa sociedade melhor”, disse ele durante o evento na Catedral. 

Em sua fala, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, ressaltou que o agir corrupto é falso e desonesto: “Esse agir desonesto tem consequências pessoais e sociais. Naturalmente, quem assim age tem que se acertar com a sociedade, mas tem que se acertar também com Deus. Não creio que quem age de forma corrupta possa estar tranquilo na sua própria consciência.” 

O Cardeal disse, ainda, que quando se desvia dinheiro, há prejuízo em áreas como a saúde e a educação. “Socialmente, a corrupção é uma grave injustiça. Injustiça em relação ao próximo, ao bem comum e à sociedade. A corrupção está marcada pela injustiça e a falta de solidariedade social. Quem pratica corrupção não pensa nos outros, não pensa nas consequências de sua ação na sociedade”, continuou. 

“Temos a responsabilidade de combater a corrupção e mudar a cultura da tolerância à corrupção, que provoca a desigualdade, pela qual muitos sofrem para que poucos se beneficiem”, afirmou Luciano Santos, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (Mcce).

 

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CF 2018: caminhos que abrem horizontes de construção da paz e de superação da violência

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08 de dezembro de 2017

“Eu sempre penso que a violência é uma coisa aprendida. E se é aprendida, também pode ser desaprendida”. Desta forma padre Vilson Groh, 62 anos, sintetiza a compreensão que orienta sua atuação nas periferias da grande Florianópolis (SC), há 35 anos, num reconhecido trabalho que chegou a chamar a atenção do papa Francisco.

O padre que busca “agarrar” a esperança que se esconde por traz dos olhos da população empobrecida, especialmente dos jovens negros, público prioritário do seu trabalho, só acredita ser possível construir um caminho de paz por meio da atuação em redes de projetos, que envolvam governos e sociedade civil na criação de novos espaços públicos não estatais e de controle social, num grande pacto de luta contra a violência.

O religioso tira conclusões da própria experiência. Ele chegou a Florianópolis (SC) aos 22 anos, após cursar filosofia na Fundação Educacional de Brusque, sua terra natal. Na capital do estado começou a fazer Teologia. Em 1983, no último ano do curso, iniciou um trabalho no morro Mocotó, uma das áreas mais pobres da cidade. Foi aí que iniciou a luta pela regularização fundiária, urbanização do local e acolhimento de crianças, jovens e adultos, trabalho que se expandiu para outros territórios. Neste período, segundo ele, foram regularizadas e urbanizadas mais de 64 áreas de terra na grande Florianópolis.

Há cinco anos, o padre criou o Instituto Vilson Groh (IVG), organização que articula uma série de projetos e entidades e que, só nos primeiros dois meses de 2017, atendeu mais de 5 mil crianças, adolescentes e jovens por meio de seus diferentes projetos. Em 2016, foram 16 mil.

Tendo a educação como prioridade, o IVG apresenta um horizonte palpável de esperança às crianças, adolescentes e jovens, com os quais desenvolve um projeto pedagógico e de vida que vai dos 6 anos ao ingresso na Universidade. Foi este trabalho que despertou a atenção do papa Francisco que o convidou para uma audiência no Vaticano, em fevereiro deste ano.

A capacidade de mobilização do padre Vilson Groh vem mudando não apenas o acesso à moradia, mas também o colorido das paisagens por onde passa. Por meio do projeto Mocotó Cor e do trabalho voluntário, um exemplo de intervenção nos bairros onde atua, ele vem dando um colorido especial às fachadas das casas.

“Só por meio da nossa capacidade de fazer uma opção pelas periferias geográficas, como diz o papa Francisco, e se deixar tocar por essas realidades; Por meio da compreensão de uma Igreja em saída, entrando nestas ‘galileias’ empobrecidas e voltando ao método de Jesus, o método do encontro”, o religioso que vem transformado territórios e pessoas, acredita ser possível superar a violência e construir um caminho de paz.

As ideias do padre foram tomando forma na década de 80 primeiro por meio da Associação de Amigos da Casa da Criança do Adolescente do Mocotó, que hoje faz parte do Instituto Vilson Groh. Hoje a rede IVG abrange o Centro de Educação Popular, o Centro Cultural Escrava Anastácia, o Centro Social Elisabeth Sarkamp, o Centro Cultural Marista São José, a Associação João Paulo II e o Centro Educacional Marista Lúcia Mayvorne. O IVG oferece ainda cursinho pré-vestibular gratuito para os jovens da periferia.

 

As periferias geográficas de que fala o papa Francisco coincidem com a reflexão proposta pela Campanha da Fraternidade 2018 que, encarando o tema da violência, fala em seu texto-base da existência de territórios marcados pela extrema violência. No próximo ano, a Igreja no Brasil vai refletir sobre o tema e suas diferentes formas de manifestação direta, indireta e institucional na perspectiva da sua superação e da construção de uma cultura da paz.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a violência pelo uso intencional da força contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo de pessoas, de modo a resultar em dano físico, sexual, psicológico ou morte.

Segundo o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sergio da Rocha, há um clamor pela superação da violência, nas suas variadas formas, que tanto sofrimento tem trazido ao povo brasileiro. “Com a CF 2018, esperamos poder envolver as comunidades e a todos, estimulando a reflexão e a busca de soluções para a sua superação”, diz.

Guerra letal e silenciosa – O tema que está no centro das preocupações dos brasileiros figura nas pesquisas que apontam o Brasil como um dos países mais violentos do mundo. A nota técnica do Atlas da Violência, de março de 2016, fruto da parceria do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, demonstra que apesar de possuir menos de 3% da população mundial, o país responde por quase 13% dos assassinatos no planeta. Em 2014, o Brasil chegou ao topo do ranking, considerado o número absoluto de homicídios. Foram 59.627 mortes segundo o Ipea.

Os números apontados pelo Mapa da Violência 2016, organizado pela Flacso, mostram que, no Brasil, cinco pessoas são mortas por arma de fogo a cada hora. A cada único dia são 123 pessoas assassinadas dessa forma. Essas cifras revelam que, no Brasil, ocorrem mais mortes por arma de fogo do que nas chacinas e atentados que acontecem em todo o mundo. Contam-se mais homicídios aqui do que em diversas das guerras recentes.

O especialista em segurança pública Robson Sávio Reis Souz, professor da PUC Minas, chama a atenção para o fato do Brasil ser o décimo país mais desigual, apesar de ser a oitava maior economia do mundo, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2016. A desigualdade social, segundo ele, é um dos principais fatores do crescimento da violência no país.

Com o aumento da criminalidade a partir da década de 80, consolidou-se um contexto de impunidade que, somado à maior procura por drogas ilícitas e a maior disponibilidade de armas de fogo, formou o ambiente no qual se deu o crescimento dos homicídios e de outros crimes contra a pessoa e contra o patrimônio, explica o professor que integra o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Autor do livro Quem comanda a segurança pública no Brasil: atores, crenças e coalizões que dominam a política nacional de segurança pública, da editora Letramento, diz que a violência no Brasil tem um caráter seletivo. “A maioria das vítimas da violência são pobres, negros, jovens e moradores da periferia. É uma violência seletiva. Não atinge a todos. No Brasil, há locais mais seguros que a Europa e mais violentos que a Síria”, disse.

Um dado que exemplifica o caráter seletivo da violência citado pelo professor é o que aponta que entre jovens de 15 a 24 anos, os homicídios são a principal causa de morte. Dados referentes ao ano de 2011 mostram a gravidade da tragédia. Naquele ano houve, em todo o país, mais de 52 mil mortos por homicídio. Desse total, mais da metade das vítimas eram jovens (52,63%). Dentre tais jovens vitimados, a imensa maioria era composta por negros (71,44%), majoritariamente do sexo masculino (93,03%).

Entre 2001 e 2011, os homicídios de mulheres cresceram 17,2%. Somente no ano de 2013, houve 4,8 homicídios por 100 mil mulheres, segundo o Mapa da Violência publicado em 2015. Tendo registrado naquele ano 4.762 homicídios de mulheres – 13 homicídios diários, em média –, o Brasil ocupa a quinta colocação, numa lista de 83 países. Ocorrem aqui 2,4 vezes mais homicídios de mulheres do que a média internacional.

O presidente da CNBB, cardeal dom Sergio Rocha, reforça que a superação da violência necessita da ação efetiva dos três poderes, especialmente da implantação de políticas públicas. “Os caminhos de superação passam sempre pelo diálogo, pela misericórdia, pela justiça social e pela educação para a paz”, afirma. O arcebispo lembra que nas campanhas da fraternidade, a palavra de Deus sempre ilumina e orienta o caminhar da Igreja. Na CF 2018, reforça o cardeal, o lema “Em Cristo, somos todos irmãos”, motiva a construir a fraternidade como caminho para alcançar a paz.

Matéria publicada na edição nº 21 da Revista Bote Fé da Edições da CNBB

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Igreja trabalha pela reconciliação entre as duas Coreias

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16 de novembro de 2017

De volta ao Brasil após participar do Fórum Internacional para a Partilha sobre a Paz, promovido entre os dias 3 e 7, pela Arquidiocese de Seul, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, concedeu entrevista ao O SÃO PAULO a respeito dos propósitos do evento e sobre a realidade da Igreja na Península da Coreia. Leia a seguir a íntegra da entrevista. 

 

O SÃO PAULO - O FÓRUM PARA A PARTILHA SOBRE A PAZ FOI PROMOVIDO PELA ARQUIDIOCESE DE SEUL, NA COREIA DO SUL, DE 3 A 7 DE NOVEMBRO. QUAIS OS MOTIVOS PRINCIPAIS PARA ESSA INICIATIVA?

Cardeal Odilo Pedro Scherer - A iniciativa visou a partilha de experiências sobre a edificação da cultura da paz. Vários convidados, cardeais, bispos e leigos da América Latina falaram sobre a maneira como a Igreja contribuiu, e ainda contribui, para a superação dos conflitos nos diversos países. Dessa maneira, a Arquidiocese de Seul quis promover uma reflexão sobre o papel daquela Igreja local para a superação do conflito entre as duas Coreias e das tensões internacionais presentes naquela parte da Ásia. De fato, existe no povo a percepção do grave risco para a paz, não apenas para a Coreia, mas de um conflito perigoso e destruidor, que poderia envolver vários outros países da região, como o Japão, a China e a Rússia, além dos Estados Unidos. Portanto, a Igreja de Seul, ao tomar essa iniciativa, deseja fomentar a cultura da paz e da reconciliação entre as duas Coreias.

 

O SENHOR PARTICIPOU DESSE FÓRUM E, INCLUSIVE, PROFERIU UMA CONFERÊNCIA. QUAL FOI O MOTIVO DESSE CONVITE E O TEMA DA CONFERÊNCIA?

A cada ano, na promoção do Fórum, são convidados bispos e outras personalidades de um continente diverso para a partilha de iniciativas de paz em seus países. Dessa vez, foram convidadas pessoas da América Latina. Além de mim, estiveram o Cardeal de São Salvador, em El Salvador, Dom Gregorio Rosa Chávez; o Arcebispo de Morelia, no México, Dom Carlos Garfias Merlos; o Ex-Embaixador argentino no Brasil e na Santa Sé, Dr. Vicente Espeche Gil; e o jurista e professor colombiano, Dr. José Gregorio Hernández Galindo. Também participaram dos debates e mesas-redondas vários estudiosos e personalidades públicas locais. Foi um evento muito rico de abordagens e de experiências sobre a contribuição das Igrejas locais para fomentar a paz. Na minha exposição, apresentei, primeiramente, alguns pressupostos que orientam a ação da Igreja em favor da paz, como o próprio conceito bíblico e cristão de paz, a verdade, a justiça, o respeito à dignidade da pessoa e aos direitos humanos, além do perdão e da “purificação da memória”. E partilhei a experiência da Igreja no Brasil na superação do regime militar, do empenho da CNBB e, de maneira especial, do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns e de Dom Helder Câmara. O motivo do convite, provavelmente, foi o fato de o Cardeal de Seul e eu participarmos de reuniões na Santa Sé, onde nos conhecemos. Era importante que também a ação da Igreja no Brasil fosse partilhada no Fórum.

 

QUE OUTROS TEMAS FORAM ABORDADOS?

Cada um dos demais convidados partilhou as iniciativas em favor da paz em seus países. O Cardeal de El Salvador falou do testemunho de Dom Oscar Romero; o Arcebispo de Morelia tratou da ação da Igreja na superação da violência decorrente do tráfico de drogas, sobretudo na área fronteiriça com os Estados Unidos; o Ex-Embaixador da Argentina falou do empenho diplomático da Igreja, sobretudo na superação do litígio da Argentina com o Chile sobre a área do Canal de Beagle e da Terra do Fogo; mas falou, também, do êxito favorável no diálogo entre Argentina e Brasil em relação aos projetos nucleares de ambos os países, depois da superação dos respectivos regimes militares. Nas mesas-redondas, com a participação de personalidades locais da Coreia, tratou-se de tirar as consequências das exposições feitas para a situação da própria Coreia. Houve vários momentos de entrevistas para a repercussão do Fórum na opinião pública local.

 

QUEM PARTICIPOU DO FÓRUM E QUAIS FORAM OUTROS MOMENTOS RELEVANTES? 

Além dos convidados para falar e participar dos debates, estiveram presentes bispos, padres, religiosos e diáconos, embaixadores de vários países, estudantes da Faculdade de Teologia, jornalistas e outros interessados. O Fórum possui um comitê permanente, que promove estudos e divulgações sobre os temas ligados ao Fórum. Houve, também, o envolvimento do povo de várias paróquias, onde os cardeais e bispos celebraram. O povo se interessou também em várias iniciativas para se envolver de maneira constante e permanente na cultura da paz e da reconciliação. A Igreja coreana tem a consciência de que, além da esperada superação da divisão, é preciso preparar a sociedade para a acolhida, o diálogo, o perdão e a efetiva consolidação da fraternidade e da paz, que não pode contar com vencidos e vencedores, mas com reconciliados. 

 

TRATOU-SE DE UMA INICIATIVA ISOLADA OU O FÓRUM ESTÁ RELACIONADO COM OUTRAS ATIVIDADES OU INICIATIVAS QUE SE PROPÕEM AO MESMO OBJETIVO?

Não foi uma iniciativa isolada, mas há um comitê permanente, que promove diversas iniciativas ao longo do ano, para o estudo de problemas e para fomentar a cultura da paz. Além disso, na Coreia do Sul, a Igreja promove iniciativas de apoio aos pouquíssimos católicos remanescentes no Norte, que estão sempre em perigo de perseguição e até de martírio; mas também de acolhida e de inserção social daqueles que conseguiram sair do Norte – cristãos ou não. E promove a oração e a penitência em favor da reconciliação e da paz.

 

QUE FRUTOS SÃO ESPERADOS DO FÓRUM?

Naturalmente, espera-se que a Coreia volte a ser um único país; percebe-se que, em geral, custa aos coreanos falar de “duas” Coreias, porque entendem que são um único povo e uma mesma cultura. Sabem que o processo pode ser difícil e longo, mas também têm a certeza de que essa situação não poderá durar para sempre. A maior parte do povo coreano deseja a reunificação, a paz e, sobretudo, a superação do comunismo fechado e desumano do Norte, onde o povo vive sem liberdade e reduzido a massa de manobra do regime totalitário.

 

A IGREJA NA COREIA AINDA É BASTANTE JOVEM, UMA VEZ QUE A FÉ CRISTÃ CHEGOU ÀQUELE PAÍS APENAS EM MEADOS DO SÉCULO XIX. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA IGREJA CATÓLICA NA COREIA?

A Igreja na Coreia possui uma história bonita, mas também trágica. O início do Cristianismo na Península Coreana se deveu a alguns leigos estudiosos, que levaram da China a Bíblia e alguns livros sobre a fé cristã para seu País. O estudo e a leitura os levaram à fé cristã e a pedir o Batismo. Chegaram, então, os primeiros missionários, sobretudo franceses. Durante cem anos, os cristãos foram perseguidos e martirizados violentamente. Os mártires das perseguições são mais de 20 mil. Durante os primeiros cem anos, o império coreano e a cultura marcada pelo Confucionismo não aceitaram o fato de os cristãos se negarem a ver no imperador a encarnação da divindade. Portanto, a fé cristã era tida como subversiva e perigosa para a cultura e o sistema social e político. Os cristãos eram perseguidos, presos e torturados e, se permanecessem fieis à sua fé, eram decapitados. Finalmente, com a conversão cristã do último herdeiro do trono, chegou também a liberdade religiosa. Mas, logo viriam novas perseguições, sob o domínio colonial japonês, nos primeiros 50 anos do século XX. Com a implantação do Comunismo na Coreia do Norte, em 1957, as perseguições voltaram e o sangue dos mártires tornou a correr com abundância. Há centenas de causas de beatificação e de canonização em andamento. Outras centenas já foram celebradas, incluindo o primeiro sacerdote coreano – Padre André Kim, junto com seus numerosos companheiros mártires. Hoje, a Igreja Católica na Coreia conta com um pouco mais de 10% da população, algo em torno de 8 milhões de fiéis. Os evangélicos, que chegaram após a 2ª guerra mundial, somam o dobro de fiéis, divididos em numerosos grupos de “Igrejas livres”, de estilo neopentecostal. A Igreja Católica na Coreia do Sul possui 16 dioceses. Há várias dioceses no Norte, mas sem bispo, sem sacerdotes e sem povo, à espera de dias melhores e de liberdade religiosa. Até as igrejas foram destruídas, na sua maioria. A Igreja na Coreia do Sul é fervorosa, rica de vocações e muito ligada aos seus pastores e ao Papa. Nas missas dominicais, a frequência é de cerca de 30% dos fiéis. Numerosos são os missionários já enviados para outros países. Há muitas conversões e batismos de adultos. O Seminário Maior de Seul, que reúne seminaristas de três dioceses, conta com 240 seminaristas e 46 deles já são diáconos.

 

QUAIS SÃO AS MARCAS DEIXADAS POR TANTOS MÁRTIRES DA FÉ NA COREIA?

O testemunho dos mártires está por toda parte e o povo lhes tem grande veneração. Impressiona como, apesar das violentas perseguições e dos martírios, o povo perseverou na fé. Os sacerdotes e bispos tiveram que servir o povo às escondidas, geralmente à noite. Hoje, há numerosos santuários que lembram o lugar do nascimento ou do martírio deles e o povo os frequenta e venera, vindo também de outras partes da Ásia. 

 

DESDE OS PRIMEIROS TEMPOS DO CRISTIANISMO, OS CRISTÃOS ENFRENTAM O MARTÍRIO. TERTULIANO, CÉLEBRE TEÓLOGO DO SÉCULO IV, JÁ DIZIA QUE “O SANGUE DOS MÁRTIRES É SEMENTE DE NOVOS CRISTÃOS”. ISSO SE CONFIRMA MAIS UMA VEZ NA COREIA?

Sim, isso continua se confirmando também naquele País. A esperança é que também a Igreja–mártir da Coreia do Norte possa ressurgir e florescer. Essa esperança está presente nas comunidades do Sul. Em outros países da Ásia, isso também acontece. No Vietnã, sob o regime Comunista fechado, a Igreja foi violentamente perseguida, com numerosos mártires. Hoje, há um grande florescimento da fé, com muitas vocações, apesar de a liberdade religiosa ainda ser restrita.
 


 

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Cardeal Scherer participa de fórum sobre a paz na Península da Coreia

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08 de novembro de 2017

Há sete décadas, como saldo da Guerra da Coreia, a península coreana, no continente asiático, está dividida em duas nações: Coreia do Sul e Coreia do Norte. A situação, que historicamente desagrada a maior parte da população, tornouse ainda mais tensa nos últimos anos por conta da ampliação do programa nuclear norte-coreano. 

Preocupado com a manutenção da paz na península, o Comitê Nacional de Reconciliação da Arquidiocese de Seul, na Coreia do Sul, promoveu entre os dias 3 e 7, na Universidade Católica da Coreia, um fórum internacional para discutir caminhos que levem à superação da divisão dos países e à promoção da paz entre a população local. 

Na carta convite aos participantes do evento, o Cardeal Andrew Yeom Soojung, Arcebispo de Seul, afirmou estar convencido de que a pacificação das Coreias só será possível com a colaboração da Igreja em nível global e que, por isso, foram convidadas para o evento pessoas de outros países para compartilharem práticas na busca da verdade, amor, justiça, paz e reconciliação em diferentes circunstâncias. “Nesse sentido, este ano, o fórum pretende focar no compartilhamento de experiências da Igreja na América Latina e explorar caminhos para a pacificação e reconciliação no mundo, bem como na Península da Coreia”, comenta Dom Andrew.

Nesse contexto, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, e outros bispos de dioceses em países latino-americanos também participaram do fórum internacional. Dom Odilo falou aos participantes no sábado, 4, na mesa temática “Way of Life: Reconciliation and Healing” – “Modo de viver: Reconciliação e cura”, em tradução livre – junto com o Cardeal Gregorio Rosa Chávez, Bispo de San Salvador, em El Salvador; e Dom Carlos Garfias Merlos, Arcebispo de Morélia, no México.

“Há, pois, fortes motivos para que a Igreja na Coreia do Sul se preocupe com a reconciliação e a paz entre as duas Coreias. Ela procura fomentar um clima propício à paz e à reconciliação, mesmo sabendo que cerca de 15% da população é contrária à reunificação. Porém, a missão da Igreja é 
anunciar o Evangelho da paz e da reconciliação, abater muros e estabelecer pontes para o diálogo e o encontro. Por isso, além de envolver intelectuais, formadores da opinião pública e personalidades da cultura, a iniciativa também está voltada para o povo, de maneira a preparar um campo propício para o florescimento da paz no País”, afirma o Cardeal Scherer sobre o evento, na coluna “Encontro com o Pastor”, publicada nesta edição do O SÃO PAULO

Além da fala no evento, em sua passagem pela Península da Coreia, Dom Odilo concelebrou missas e se encontrou com fiéis leigos nas paróquias. Em Seul, ele entregou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida ao Cardeal Andrew Yeom Soo-jung. Também esteve com Dom Lazarus You Heung-sik, Bispo de Darjeon, diocese de origem dos padres que atuam na Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun, na Arquidiocese de São Paulo. Naquela Diocese, encontrou-se ainda com fiéis leigos e visitou escolas e paróquias.  

 

A Igreja nas Coreias

O catolicismo chegou à Península da Coreia no final do século XVIII, por meio de livros católicos que foram traduzidos para o chinês. A primeira comunidade católica da região foi formada por leigos coreanos que pediram para receber o Batismo após lerem essas obras. 

A Coreia do Sul tem hoje cerca de 50 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 5 milhões são católicos (10,7% da população). Existem 16 circunscrições eclesiásticas, 1.673 paróquias, 35 Bispos, 4.261 sacerdotes, 516 religiosos e 9.016 religiosas, 123 missionários leigos e 14.195 catequistas. Os seminaristas menores são 395 e os maiores 1.489. 

Por outro lado, na Coreia do Norte, a Igreja Católica é proibida de atuar livremente. Só podem exercer culto público os que fazem parte da Associação Católica da Coreia do Norte, instituição controlada pelo governo de Kim Jong-un. Os demais católicos vivem a fé clandestinamente. Segundo essa associação nacional, existem 3 mil católicos inscritos no País, mas estima-se que o número real não passe de 800, sendo a maioria idosos batizados antes da Guerra da Coreia. 

Embora vacantes, as três dioceses católicas da Coreia do Norte continuam instituídas a espera de um dia poderem ser retomadas. Até 2012, o Anuário Pontifício indicava como Bispo de Pyongyang Dom Francis Hoong-ho, desaparecido desde 1949 após ser capturado pelo governo norte-coreano. Em 2013, a Santa Sé recebeu a confirmação de sua morte e seu nome foi incluído na lista de 81 mártires coreanos, cuja causa de beatificação foi aberta em 22 de fevereiro.

 

(Com informações de Asia News e a ACI Digital)
 

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