Sínodo dos Bispos chega ao fim e propõe maior empatia na relação com os jovens

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01 de novembro de 2018

“Caminhar juntos” é proposta de todo Sínodo dos Bispos, mas este, em especial, foi percorrido na companhia dos jovens. Após consultas em todo o mundo e uma reunião pré-sinodal em Roma, o Sínodo, ocorrido de 3 a 28 de outubro, refletiu sobre o caminhar da Igreja com os jovens. Entre as diversas resoluções está a de “escutar e ver os jovens com empatia”. Na missa de encerramento, o Papa Francisco refletiu sobre três atos que favorecem o crescimento na fé: escutar, fazer-se próximo e testemunhar. 

O documento final do Sínodo, que serve de base para o Papa escrever uma exortação pós-sinodal, fala do desejo da Igreja de alcançar todos os jovens, sem nenhuma exclusão. “A Igreja, no momento em que esse Sínodo escolheu se ocupar dos jovens, fez uma opção bem precisa: considera essa missão uma prioridade pastoral da época, para a qual deve investir tempo, energias e recursos”, diz o número 119. “Desde o início do caminho de preparação, os jovens expressaram o desejo de serem envolvidos, apreciados e de se sentirem protagonistas da vida e da missão da Igreja”.

De acordo com Dom Vilson Basso, Bispo de Imperatriz (MA) e padre sinodal, essa opção pelos jovens ficou clara no documento. “O Sínodo foi experiência de uma Igreja que quer aprender e encontrar caminhos com os jovens. A Igreja jovem. Partindo o pão e ouvindo a Palavra, quer abrir os olhos numa grande saída missionária, a partir da belíssima notícia do Cristo Ressuscitado”, disse ao O SÃO PAULO

Como ele, os outros padres sinodais evitaram criar uma distinção entre jovens e Igreja, falando, em vez disso, de uma “Igreja jovem”. “A participação responsável dos jovens na vida da Igreja não é opcional, mas uma exigência da vida batismal e um elemento indispensável para a vida de toda comunidade. As dificuldades e fragilidades dos jovens nos ajudam a ser melhores, as suas perguntas nos desafiam, as suas dúvidas nos questionam sobre a qualidade da nossa fé”, lê- -se no número 116. 

A imagem bíblica que representa esse caminho é a dos discípulos de Emaús. Conforme o Evangelho de Lucas, eles encontram Jesus ressuscitado, mas não o reconhecem imediatamente. Jesus caminha com eles enquanto se afastam da comunidade cristã de Jerusalém. Porém, ao se revelar aos discípulos, eles voltam e passam a compartilhar a experiência do Cristo Ressuscitado.

 

ESCUTAR, FAZER-SE PRESENTE, TESTEMUNHAR

“Também nós caminhamos juntos, fizemos Sínodo”, disse o Papa Francisco na missa de encerramento no domingo, 28. Referindo-se à passagem do Evangelho de Marcos que narra o “ministério itinerante” de Jesus e a adesão do cego Bartimeu, o Papa refletiu sobre três atos que favorecem o crescimento na fé.

Escutar, disse ele, é o “apostolado do ouvido”. “Gostaria de dizer aos jovens, em nome de todos nós adultos: desculpem se muitas vezes não os escutamos, e se, em vez de abrir o coração, enchemos os seus ouvidos. Como Igreja de Jesus, desejamos nos colocar à escuta com amor”, disse, na homilia. 

“Fazer-se próximo”, explicou, é envolver-se diretamente com as pessoas. “A fé passa pela vida. Quando a fé se concentra puramente sobre as formulações doutrinais, arrisca-se a falar só à cabeça, sem tocar o coração”, afirmou. “E quando se concentra só em fazer, arrisca-se a se tornar moralismo e reduzir-se ao social.”

Por fim, testemunhar é o terceiro passo. “Não é cristão esperar que os irmãos que estão à procura [de respostas] batam à nossa porta. Temos que ir até eles, e não levando nós mesmos, mas Jesus.”

 

AMADURECIMENTO NA FÉ

O jovem Lucas Galhardo, representante brasileiro no Sínodo, avalia que este tenha sido, para ele, uma experiência de amadurecimento na fé. “Foi viver a sinodalidade: caminhar juntos, sentir-se escutado e poder contribuir. É importante continuar esse caminho nas nossas comunidades. Levar essa cultura da escuta, para que a Igreja seja lugar de acolhida e mostre o amor de Jesus a todos”, disse. 

Nesse sentido, Dom Gilson Andrade da Silva, Bispo Coadjutor de Nova Iguaçu (RJ) e padre sinodal, comentou que se sentiu “enviado pelo Santo Padre” ao fim do Sínodo. “Foi uma experiência da universalidade da Igreja, de amizade e colaboração, sobretudo com os jovens. Vamos levar o desejo de estar próximos dos jovens, fomentar esse testemunho no nosso meio, e ajudá-los a se tornar protagonistas desta época”, completou. 

Em 60 páginas, o documento final apresenta uma série de propostas para uma ação pastoral com os jovens – e não só para os jovens. Entre elas, uma maior interação entre os grupos já existentes; a ideia de que toda pastoral juvenil também é vocacional; o acompanhamento pessoal dos jovens e a formação de mais leigos e consagrados nesse ministério; uma maior ênfase nos jovens durante a formação dos seminaristas e religiosos; e uma presença mais ativa no mundo digital, incentivando boas práticas para evitar notícias falsas e discursos de ódio. 

O texto está disponível, em italiano, no site do Vaticano, contudo em breve será traduzido para todas as línguas. “O Espírito Santo nos presenteia esse documento, também a mim, para podermos refletir sobre o que quer dizer a todos nós”, disse o Papa ao fim do Sínodo.
 

 

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Sínodo dos Bispos: "sentimos a força do Espírito Santo"

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26 de outubro de 2018

A esperança é de que o que foi afirmado pelos jovens e bispos sobre as situações de sofrimento e de injustiça presentes em seus países, encontre também um  eco público. "Faço cotos que também exista uma voz forte para dizer ao mundo político-econômico quantas injustiças existem no mundo". Assim expressou-se nesta sexta-feira o cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena e presidente da Conferência Episcopal Austríaca, ao falar se pronunciar no encontro com os jornalistas na sala de Imprensa da santa Sé.

 

Da escuta ao discernimento

"O caminho sinodal - disse o cardeal - é a do discernimento". "No final falará o Papa, como já falou. Mas primeiro vem a escuta". "O Sínodo - sublinhou o arcebispo de Viena - é um grande sinal, por isso faço votos de que seja visto, ouvido e transmitido". Ele recordou, em particular, o que lhe disse um jovem africano proveniente de um país abalado pela guerra civil: "a Igreja é a nossa única esperança, lugar de acolhida e de compreensão,  onde podemos nos sentir em casa."

 

Embaixadores do Sínodo

Para Dom Eamon Martin, arcebispo de Armagh e presidente da Conferência dos Bispos irlandeses, o Sínodo foi “um momento de graça” em que se sentiu “a presença e o poder do Espírito Santo.” Agora – observou - essa força e essa alegria devem ser transferidas para as várias dioceses.

"Quando eu retornar ao meu país - afirmou o prelado - terei que ser um embaixador do Sínodo". "A Igreja - sublinhou o Arcebispo de Armagh - quer dirigir-se a todos os jovens do mundo". "Quer trabalhar com jovens, não somente para os jovens". "Eu volto para casa - concluiu Dom Martin - com a ideia de que serão os jovens os agentes de evangelização ".

 

Uma grande sinfonia

No briefing a voz da África elevou-se graças às reflexões de Dom Anthony Muheria, arcebispo de Nyeri (Quênia): "Esperamos - disse ele - que deste Sínodo possa surgir uma nova chama que entusiasme os jovens". "Nós, bispos - acrescentou - esperamos poder “incendiar" os jovens com o amor de Deus".

Para o prelado, participar do Sínodo foi "como ouvir uma maravilhosa orquestra". "No início, talvez parecia estar um pouco desafinada." "Mas depois -  sublinhou - o Espírito Santo nos guiou em direção a uma grande sinfonia".

 

Será o Espírito Santo a guiar a Igreja

Na mesma linha, o padre Enrique Figaredo Alvargonzalez, prefeito apostólico de Battambang (Camboja): do Sínodo vem "uma nova energia" "Certamente o Sínodo tem no próprio coração os jovens, a vocação, o discernimento e, portanto,  teremos uma nova energia para os jovens entre os jovens "." Esperamos - concluiu - que a Igreja seja rejuvenescida, mas  será o Espírito Santo a nos guiar".

 

Jovens não são espectadores

Erduin Alberto Ortega Leal, jovem auditor e membro da Comunidade de Sant'Egidio (Cuba), sublinhou que na Igreja  "os jovens  não devem ser considerados como espectadores, mas verdadeiros protagonistas". "O mundo – acrescentou ele - é atormentado por tantos  problemas". "Mas este mundo está focado apenas no presente". "Os jovens, pelo contrário,  - observou o jovem cubano - precisam olhar para o futuro": "O Sínodo nos deu a oportunidade de ouvir e ser ouvidos".

 

No sábado, a votação no Documento Final

Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para Comunicação, recordou que no sábado, 27 de outubro, será lido o Documento final. Será votado parágrafo por parágrafo. O texto  - especificou Ruffini  - "necessita de uma maioria qualificada para aprovação".

Para a parte da tarde, um encontro com poemas, espetáculos, danças e músicas. Neste encontro, conforme especificado pelo prefeito, participam padres sinodais e jovens.

No briefing também foram apresentadas as estatísticas gerais sobre o Sínodo e dados sobre as redes sociais, além de dados sobre o L’Osservatore Romano durante o Sínodo.

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Sínodo: o Papa entrega o Docat aos jovens auditores

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25 de outubro de 2018

A 19ª congregação geral do Sínodo dos Bispos dedicada aos jovens, teve início na manhã de quarta-feira, 24, e prosseguiu na parte da tarde com os trabalhos dos Padres para a elaboração do esboço do Documento final. Os participantes tiveram a possibilidade de tomar a palavra e entregar por escrito à Secretaria do Sínodo suas observações. Estas serão colocadas no texto definitivo pelo relator geral, Cardeal Sérgio da Rocha e pelos secretários especiais, os padres Giacomo Costa e Rossano Sala, coadjuvante dos especialistas.

 

 

 

 

Francisco entrega o Docat aos jovens auditores

A Sala do Sínodo teve um particular momento de festa quando o Papa entregou a todos os jovens auditores um exemplar do Docat: o livro que apresenta a Doutrina Social da Igreja numa linguagem jovem e dinâmica. O material foi desenvolvido com base em importantes documentos da Igreja desde Leão XIII até o atual pontificado do Papa Francisco, ele mesmo no prefácio, nos diz que “é um manual de instruções que nos ajuda, com o Evangelho, em primeiro lugar, a transformarmo-nos a nós mesmos, depois a transformarmos o nosso ambiente mais próximo e, por fim, o mundo inteiro”.

O sonho do Papa é que esta mudança aconteça pelas mãos dos jovens. “Eu espero que um milhão de jovens, mais ainda, que uma geração inteira seja, para os seus contemporâneos, uma Doutrina Social em movimento”, diz Francisco.

 

Hoje a peregrinação dos Padres Sinodais na Via Francígena: 300 inscritos

A próxima congregação geral, a 20ª será realizada na tarde de sexta-feira, 26, logo depois da reunião da Comissão para a redação do documento final: os presentes serão chamados para eleger os membros do XV Conselho Ordinário do Sínodo dos Bispos.

No entanto, nesta quinta-feira, 25, os padres Sinodais participarão junto com os auditores do Sínodo e os jovens das paróquias romanas a uma paregrinação de 6 quilômetros até o túmulo de São Pedro, percorrendo a Via Francígena. A peregrinação partirá do Parque de Monte Mario (bairro de Roma) e seguirá até a Basílica do Vaticano, onde será celebrada uma missa junto ao túmulo de Pedro com a presença do Papa, presidida pelo cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do Sínodo dos Bispos.

 

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Jovens casais participam de retiro na Paróquia Santo Alberto Magno

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24 de outubro de 2018

A Comunidade Católica Filhos do Céu, que forma o grupo de jovens da Paróquia Santo Alberto Magno, no bairro do Jardim Bonfiglioli, Setor Pastoral Butantã, realizou nos dias 20 e 21, no salão paroquial, o “Segundo retiro de casais”. 

O encontro reuniu 12 casais que participaram das palestras: “Harmonia conjugal”; “O amor de Deus sustentando a família”; “Perdão, reconciliação e penitência”; “Santa missa o valor da família”; e “A vivência do sacramento do Matrimônio”.

O coordenador do encontro, Júlio Walker, parabenizou os casais participantes, demostrando a união de todos nesse evento. Agradeceu, também, à equipe de apoio e trabalho e ao Pároco, Padre Antonio Francisco Ribeiro, pelo seu incentivo à atividade. O casal Lais Francisco dos Santos e Rafael Alves Santos falou sobre o encontro, em que pôde refletir sobre sua vida conjugal e trocar experiências com outros casais. 

O encontro encerrou-se com a celebração da missa na matriz paroquial.

 

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Dom Eduardo, Sínodo: será entregue ao Papa um material muito rico

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22 de outubro de 2018

Dia de reflexão nos trabalhos da XV Assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos sobre o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Na manhã do último sábado tivemos a 17ª Congregação Geral que teve no centro dos trabalhos, os 14 Relatórios dos Círculos Menores sobre a terceira parte do Instrumentum Laboris. Nesta segunda os padre sinodais têm uma pausa para refletir sobe o conteúdo dos relatório e sobre a proposta do texto final do Sínodo.

Para a Igreja é necessária – lê-se em alguns dos 14 Relatórios dos Círculos Menores - uma conversão pastoral e missionária que não seja um mero exercício técnico, mas uma exigência do seguimento de Cristo; uma conversão voltada à renovação da própria Igreja para aspirar a ser mais, a servir mais. Com efeito, o sonho do Sínodo é uma Igreja mais em conformidade ao Evangelho. E uma contribuição essencial para implementar tal conversão vem precisamente dos jovens: eles - sublinham os Padres Sinodais – não devem ser somente um objeto "receptor" preferencial da ação pastoral, mas também sujeitos protagonistas e participantes ativos nos processos de tomada de decisão, em uma ótica de corresponsabilidade e colegialidade, porque eles têm algo precioso para oferecer, com o qual o Senhor pode operar milagres.

Para o padre sinodal, Dom Eduardo Pinheiro, Bispo de Jaboticabal-SP, os trabalhos têm caminhando muito bem e ele acredita que o material que será entregue ao Papa será um material muito rico por causa da diversidade dos olhares, dos pensamentos e dos sonhos de bispos, de leigos, de jovens.

No entanto, afirma Dom Eduardo, esta será uma semana muito delicada, muito exigente, porque chegamos ao final, e como todo final de uma reflexão, se espera algumas coisas mais de orientação, práticas. Porém não podemos ter uma quantidade muito grande coisas práticas porque cada realidade é uma realidade diferente.

 

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Bispos chineses no Sínodo: aqui há uma única fé da Igreja, somos uma grande família

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15 de outubro de 2018

Em uma entrevista à Rádio Vaticano-Vatican News, os dois bispos da China continental, John Yang Xiaoting e Joseph Guo Jincai, expressaram sua alegria por estarem presentes pela primeira vez em uma assembléia sinodal.

A alegria de pode participar de um Sínodo, pela primeira vez, a recepção calorosa e a consciência de fazer parte de uma grande família, a da Igreja, são alguns dos sentimentos expressos pelos dois bispos da China continental John Baptist Yang Xiaoting e Joseph Guo Jincai em ocasião de uma entrevista concedida em 12 de outubro, à redação chinesa da Rádio Vaticano - Vatican News no Palazzo Pio. Os dois bispos relataram sua experiência sinodal e descreveram a atividade pastoral de suas dioceses.

Excelências, vocês poderiam expressar seus sentimentos por sua presença no Vaticano para este Sínodo sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional?

Dom Joseph Guo JincaiComo bispo chinês, estou feliz em participar do Sínodo pela primeira vez. Sentimos que a Igreja é uma família e recebemos uma recepção calorosa. Juntamente com o Papa, os cardeais e os bispos de todo o mundo, falamos sobre os problemas relativos aos jovens, o discernimento das vocações e como enfrentar os desafios do nosso tempo. Nós sentimos que aqui há a única fé da Igreja e que somos uma grande família. Nós compartilhamos nossas reflexões com outros bispos e discutimos as questões atuais que devemos enfrentar.

Dom John Yang: Concordo com Dom Guo. Eu tenho o mesmo sentimento a esse respeito. Este Sínodo é feito para os jovens de todo o mundo. Para os jovens chineses, este Sínodo é muito atual e os temas que foram discutidos são o que precisamos para a formação vocacional e são como um guia. Para nós este Sínodo é muito significativo, uma boa experiência.

Vocês poderiam nos falar sobre a realidade vocacional dos jovens chineses, o acompanhamento da vocação e da formação?

Dom Joseph Yang: Desde 2002 trabalho com a formação no seminário, ao qual dedico grande parte do meu tempo. Para a formação e o discernimento, penso que os problemas encontrados são semelhantes aos de outros países do mundo. Para o discernimento das vocações, trabalhamos na formação, no catecismo, na importância do conceito de vocação, que não é somente para os consagrados, mas também para os leigos. No discernimento, começamos de um trabalho pastoral, para que os jovens possam olhar para sua própria vocação sob diferentes pontos de vista. Nas dioceses mais preparadas há o Comitê para as Vocações e a Pastoral Juvenil, que oferecem acompanhamento em diversos aspectos da vida.

Falando de vocações religiosas, há projetos para ajudar os jovens a discernir?

Dom John YangComo eu dizia, nas dioceses mais preparadas há o Comitê para as vocações e os jovens são acompanhados por sacerdotes quer na formação como na fé, assim como no crescimento humano. Esses projetos começaram há mais de uma década na Igreja na China. Convocamos os seminários importantes, lançamos projetos e discutimos sobre como lidar com os atuais desafios e desenvolvimentos no futuro.

O casamento também é uma vocação. Para os jovens que pretendem seguir essa vocação, suas dioceses têm projetos de formação ou acompanhamento?

Dom Joseph Guo Jincai: Sob a orientação dos bispos, dioceses e em cada paróquia temos os Departamentos de acompanhamento especialmente para os jovens casados ​​e aqueles que estão se preparando para o casamento, oferecendo-lhes cuidados pastorais. A Exortação "Amoris laetitia" expressou o amor do Papa Francisco pelos jovens e pelas famílias. Creio que isso seja importante para todas as famílias, porque cada família recebe o chamado de Deus. Cada família e a vocação da família estão ligadas ao crescimento da Igreja e ao serviço da sociedade. Portanto, a estabilidade da família trará o bem para toda a sociedade. Devemos rezar pelas famílias e por esta vocação, para que com a fé possam ser guardadas as promessas matrimoniais e continuem a seguir este chamado de Deus, para isso rezamos pelos jovens e pelas famílias.

Dom John YangNas diversas dioceses na China continental são realizadas diversas atividades  em favor do casamento e da família. Cada diocese, de acordo com suas próprias exigências, oferece uma formação pré-matrimonial e durante o casamento. Algumas dioceses, mais preparadas ou que dispõe de recursos, ajudam as paróquias a oferecer cursos para os jovens, sempre sob a orientação do Comitê Pastoral. Algumas dioceses têm seu próprio centro, com cursos regulares ou de curta duração, também têm um treinamento sobre ética matrimonial que ajuda muito os jovens na vida conjugal.

Qual tema do Sínodo você mais impressionou vocês?

Dom Joseph Guo JincaiA palavra que todos nós temos dado importância e que permaneceu em mim: vocação. Mas qual é a vocação? A vocação é o chamado de Deus, Deus chama cada pessoa, porque cada um de nós é criado por Ele. Agora sentimos que a nossa tarefa é ainda mais difícil no tema da vocação dos jovens. Somos chamados a proclamar o Evangelho, a fortalecer nossa fé e a servir nossa sociedade, dando nossa contribuição ao país. Esperamos também que com a vocação possamos levar a paz ao mundo.

Dom John YangO tema deste Sínodo, a fé e o discernimento vocacional, é muito interessante, significativo e atual para a Igreja de hoje. A Igreja fala hoje dos problemas que devemos enfrentar, de como ajudar os jovens a viver a sua fé e encontrar os verdadeiros valores em suas vidas. Esta é uma das discussões mais importantes. Neste tema, temos visto dificuldades e desafios em outros países do mundo. Na realidade, este Sínodo ajuda-nos a compreender como podemos acompanhar os jovens no trabalho pastoral, como ajudá-los a testemunhar a sua fé seguindo a sua vocação.

Neste Sínodo, falou-se muitas vezes de uma palavra chave: "escutar", ou seja, escutar e acompanhar, ouvir a voz dos jovens. Quais são seus pensamentos sobre isso?

Dom Joseph Guo JincaiEu compartilhei minha reflexão no Círculo Menor em francês, junto com cardeais e bispos de diferentes nacionalidades. De fato, quando falamos juntos, isso já é escutar, ou seja, ouvir as vozes dos jovens vindos de diferentes nações, e escutar também significa acompanhar. Escutar permite que os jovens já não se sintam mais sozinhos, já não são mais sem esperança quando têm dificuldades, porque a Igreja sempre será sua família e os acompanhará para sempre.

Dom John YangDesde o início, neste Sínodo, tanto nas Congregações Gerais como nos Círculos Menores, há muitos que falam, também jovens e leigos. E para refletir sobre seus discursos, até mesmo os dos cardeais e bispos, para mim também é escutar. Por isso, a palavra escutar é realmente concretizada neste Sínodo.

O que vocês gostariam de dizer aos jovens e aos católicos chineses?

Dom Joseph Guo JincaiJovens irmãos na fé, o nosso propósito mais sentido neste Sínodo é justamente o de ouvir as vozes dos jovens em diferentes situações, também  a dos jovens chineses. Nós rezamos por vocês e vamos acompanhá-los, ouvindo suas necessidades. Ajudar-vos-emos com o cuidado pastoral, como Jesus ressuscitado escutava e acompanhava os dois jovens no caminho de Emaús. Que Deus cuide de vocês!

Dom John Yang: Acho que neste momento os jovens e os católicos querem saber que inspiração lhes poderia advir deste Sínodo. Eles aguardam uma mensagem alegre. Eu gostaria de compartilhar meu desejo com os jovens na China continental. Este Sínodo é para jovens de todo o mundo e também para jovens chineses. Aqui se fala de acompanhamento, de buscar resolver os problemas dos jovens, da orientação para os jovens na fé. Eu gostaria de dizer a vocês: a Igreja precisa de jovens, a Igreja ama os jovens e, acima de tudo, vê que os jovens são o futuro da Igreja. O Senhor ama os jovens, a Igreja ama os jovens, nós, bispos, amamos os jovens.

 

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‘O Sínodo dos Bispos tem preocupação com todos os jovens’

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11 de outubro de 2018

Até o próximo dia 28, no Vaticano, acontece o Sínodo dos Bispos, com o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. 

Entre os leigos brasileiros que participam do Sínodo está o jornalista Filipe Domingues, 31. Ele é um dos colaboradores dos secretários especiais da assembleia sinodal. 

Doutorando em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, especialista em Ética da Mídia e colaborador do O SÃO PAULO, Filipe concedeu entrevista à rádio 9 de Julho e ao semanário da Arquidiocese de São Paulo, falando sobre sua participação no Sínodo dos Bispos e os principais pontos que deverão ser debatidos na atividade iniciada no último dia 3. 

A seguir, leia a entrevista, cuja íntegra pode ser vista em vídeo no facebook da Rádio 9 de Julho.

 

O SÃO PAULO – QUAIS OS PROPÓSITOS DA IGREJA AO ESCOLHER O TEMA “OS JOVENS, A FÉ E O DISCERNIMENTO VOCACIONAL” PARA ESTE SÍNODO DOS BISPOS?

Filipe Domingues – Trata-se de um tema amplo, porque se deseja falar de alguma forma para toda a Igreja e para quem está fora da Igreja. Na reunião pré-sinodal que estive em março e que me levou a ser convidado a participar agora do Sínodo dos Bispos, havia jovens do mundo inteiro, mais de 300 pessoas e outras 15 mil participaram pelo Facebook. Muitos nem católicos eram. Havia jovens de outras tradições cristãs, religiões e até alguns ateus. Havia quem já tinha passado por realidades difíceis, como o tráfico humano, e vítimas de exploração sexual, de modo que a variedade de experiências das pessoas era muito ampla. O Sínodo é dos Bispos. Os jovens são o tema. O Papa Francisco quis que os jovens fossem escutados. O tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional” leva a várias perguntas que foram apresentadas aos jovens no começo desse processo, e eles as responderam conforme cada realidade. O documento ao final da reunião pré-sinodal foi escrito pelos jovens que estavam ali, com base em tudo que se ouviu na reunião ao longo de uma semana.

 

DESSE DOCUMENTO PRÉ-SINODAL, QUE NÃO DEVE SER CONFUNDIDO COM O INSTRUMENTUM LABORIS , QUE SERIA PUBLICADO APENAS EM JUNHO, O QUE EMERGE SOBRE AS PERCEPÇÕES E A PREOCUPAÇÃO DOS JOVENS COM A IGREJA?

Das muitas coisas que emergem, uma que me marcou muito é que os jovens pedem uma Igreja autêntica. Essa palavra aparece várias vezes no documento da reunião pré-sinodal. Os jovens querem uma Igreja que viva aquilo que ela prega. Os jovens estão um pouco cansados de ouvir discursos bonitos, explicações prontas, nos moldes do “é assim, acredite”. É necessário que haja um processo de caminhar na fé, de entender essas respostas e senti-las também. Os jovens desejam que religiosos, padres e bispos sejam testemunhas daquilo que pregam e reconheçam eventuais erros, porque isso também é ser autêntico: uma Igreja que, quando comete erros, os reconhece e caminha para superá-los.

 

NO EVENTO PRÉ-SINODAL, OS JOVENS DEMONSTRARAM ALGUMA PREOCUPAÇÃO SOBRE O SOFRIMENTO DOS MAIS POBRES EM TODO MUNDO?

Sim. Os jovens demonstram preocupação com a questão migratória, um dos temas mais fortes sobre justiça social na Europa. O tema do trabalho também apareceu. Os jovens nunca tiveram tanta oportunidade como hoje em termos de acesso ao conhecimento e à formação, ainda que essas oportunidades sejam desiguais nos diferentes lugares do mundo. Antes, eles precisavam receber de outros esta formação; hoje, podem ir à internet para isso, mas, ao mesmo tempo, não encontram aquelas respostas que atendiam a geração de seus pais e avós, em termos de trabalho, de objetivo de vida, ou seja, o jovem tem uma capacidade enorme, energia, potencial, meios, mas ao se deparar com o mundo, ele se pergunta: “O que eu faço com isso? Eu sei tudo isso, mas onde eu vou trabalhar? O que eu vou fazer?”. Também a questão da pobreza apareceu nas conversas, algo que a Igreja aqui na América Latina já discutiu bastante. Quando as pessoas estão preocupadas primeiro em ter o que comer, elas, às vezes, não conseguem parar para pensar em Deus, elas precisam atender aquela necessidade material. 

 

E QUAIS FORAM AS BASES PARA A ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTUM LABORIS DESTE SÍNODO DOS BISPOS?

Foram usadas quatro fontes principais para elaborar o Instrumentum laboris : uma foi a reunião pré-sinodal de março; outra, os questionários enviados para as conferências episcopais em todo o mundo; também as considerações das Igrejas orientais, pois não basta olhar a realidade ocidental; por fim, houve um evento que aconteceu antes da reunião pré-sinodal de onde saíram algumas sugestões.
 

OS DESTINATÁRIOS DESTE SÍNODO SÃO APENAS OS JOVENS CATÓLICOS?

O Sínodo dos Bispos tem preocupação com todos os jovens. É uma reflexão sobre o que a Igreja pode fazer para chegar a todos os jovens, inclusive os de outras religiões. No fundo, é um momento em que a Igreja para e pensa como atua. Neste momento, insere-se também a questão do discernimento vocacional. Na reunião pré-sinodal, os jovens manifestaram muito claramente que na Igreja a palavra vocação ainda está muito marcada com a vocação à vida consagrada, ao sacerdócio. Muitos jovens consideram bom que muitas pessoas entrem na vida consagrada, rezam pelas vocações, mas lembram que existem muitas outras vocações, de modo que o sentido de vocação precisa ser pensado de maneira mais ampla, um chamado profundo, de modo que mesmo quem não acredita em Deus ou em alguma religião tem uma vocação, um chamado que sai de dentro, aquela coisa sobre o que eu vou fazer na vida. Assim, os jovens dizem que é preciso pensar na vocação de forma mais ampla.

 

AO ACOMPANHAR AS NOTÍCIAS DO SÍNODO PELA MÍDIA CONVENCIONAL, QUAIS ATENÇÕES AS PESSOAS DEVEM TER?

A mídia secular geralmente enfatiza muito os temas polêmicos, as discussões mais polêmicas e nem sempre reflete aquilo que efetivamente foi discutido na assembleia sinodal. Não que não se deva falar de temas difíceis, mas tem de se apresentar as diferentes partes e de forma correta. Portanto, sugiro que as pessoas fiquem atentas ao que é o centro da discussão, como está descrito no tema: os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Podem surgir questões difíceis como a migração, a sexualidade, questões sobre trabalho, economia e família. Neste último tópico, o Sínodo dos Bispos sobre os jovens é uma continuação do Sínodo sobre a família, pois não há como olhar os jovens fora do contexto familiar. 

 

EM SETEMBRO, O PAPA FRANCISCO PUBLICOU A CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA EPISCOPALIS COMUNIO, SOBRE A FUNÇÃO E ESTRUTURA DO SÍNODO DOS BISPOS. ESSA CONSTITUIÇÃO APONTA PARA A POSSIBILIDADE DE QUE O DOCUMENTO FINAL DE CADA SÍNODO JÁ POSSA SER CONCLUSIVO, SEM QUE HAJA A NECESSIDADE DA PUBLICAÇÃO DE UMA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL. PODE NOS EXPLICAR MELHOR ESSA MUDANÇA?

Ao final do Sínodo, vai ser publicado um documento redigido por seus participantes e caberá ao Papa decidir se simplesmente assina embaixo sobre o conteúdo que ali está, tornando-se esse documento o resultado final e, portanto, Magistério da Igreja, o que dispensaria uma nova redação a ser feita pelo Pontífice; ou o Papa pode decidir por pensar melhor sobre algum tema específico tratado no Sínodo para enfatizar algum aspecto e contextualizá-lo melhor. É uma decisão a ser tomada apenas pelo Papa, e ainda não se sabe como ele irá proceder. 

 

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Primeiros dias no Sínodo tocam na necessidade de ‘escutar os jovens’

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10 de outubro de 2018

“Nós, jovens de hoje, estamos em busca. Em busca do sentido da vida, em busca de trabalho, em busca de nossa estrada ou vocação, em busca de nossa identidade”, disse a Irmã Briana Santiago, 27, na primeira sessão plenária do Sínodo dos Bispos sobre os jovens, no dia 3. Ela é norte-americana e membro da congregação das Apóstolas da Vida Interior.

No mesmo dia, o Papa Francisco declarou aos padres sinodais: “Devemos prestar atenção especial ao risco de falar sobre jovens a partir de categorias e esquemas mentais já ultrapassados. Se soubermos evitar esse perigo, ajudaremos a tornar possível uma aliança entre gerações.” 

Falando-se muito sobre a necessidade de se “escutar os jovens”, abriu-se o diálogo sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, tema da XV Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que vai até dia 28. Como o tema central é bastante amplo, o chamado Instrumentum Laboris, documento de trabalho que guia as atividades do Sínodo, abrange, na verdade, uma série de assuntos paralelos. 

Entre eles, por exemplo, a participação dos jovens nas comunidades paroquiais, a formação para a vida consagrada e o sacerdócio, os desafios da migração, a proposta cristã para a sexualidade, a educação católica e a pastoral universitária, o problema dos abusos sexuais e de poder na Igreja, a complementariedade entre homem e mulher, e o valor da família na transmissão da fé e na iniciação cristã.

Mais do que colocar essas questões em debate, neste momento os padres sinodais procuram fazer um diagnóstico da situação dos jovens de hoje, para chegar, no fim do Sínodo, a algumas novas propostas de linguagem, método e abordagem na evangelização dos jovens. 

São mais de 267 padres sinodais de todo o mundo – inclusive dois bispos chineses, pela primeira vez na história, em virtude de um acordo provisório entre a China e a Santa Sé. Além deles, participam 49 auditores e 23 especialistas em matérias ligadas à Igreja, à pastoral juvenil e às questões sociológicas, morais e antropológicas sobre os jovens.

 

ESCUTAR COM EMPATIA

A consciência dos líderes da Igreja sobre a necessidade de se escutar os jovens já vem de muitos anos – basta lembrar da Jornada Mundial da Juventude, instituída por São João Paulo II. Mas esse ponto apareceu com intensidade na preparação para o Sínodo, tanto nos questionários enviados a diversas partes do mundo quanto na reunião pré-sinodal, na qual estiveram cerca de 300 jovens em Roma, em março deste ano. 

“É muito fácil falar dos jovens ‘por ouvir dizer’, fazer referências a estereótipos, que muitas vezes fazem referências a modelos que já não existem mais”, disse o Cardeal Sergio da Rocha, relator-geral do Sínodo, em seu discurso inaugural. “É preciso que toda intervenção nossa sobre os jovens parta sempre de um realismo contextual, e não de teorias abstratas e distantes do cotidiano”, acrescentou o Arcebispo de Brasília e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo ele, a maior solicitação dos jovens de hoje é de serem “acompanhados”, e isso exige uma Igreja mais “autêntica, relacional e comprometida com a justiça”. 

De acordo com a Irmã Briana, os jovens reconhecem que existem tantas exigências no mundo e tantos temas sobre os quais é necessário refletir e dialogar. “Portanto, somos gratos que, neste momento histórico, a Igreja esteja colocando a atenção sobre nós e a tudo o que se refere a nós”, afirmou. “Nós, jovens, desejamos diálogo, autenticidade, participação”, disse ela.

 

TESTEMUNHOS DE VIDA

O Papa Francisco quis realizar, durante o Sínodo, um grande encontro com jovens no Vaticano, no sábado, 6. Cerca de 6 mil participantes foram à Sala Paulo VI para dar testemunhos de vida e deixar algumas perguntas aos padres sinodais. Entre os jovens que falaram, estavam migrantes, pessoas que foram viciadas em tecnologias, em pornografia, em drogas, e também um ex-presidiário, um jovem profissional de Engenharia, um jovem padre que era ateu, e muitos músicos e dançarinos. Os testemunhos contaram histórias de superação e de motivação. 

Diante deles, o Papa Francisco disse que os jovens de hoje devem “encontrar a si mesmos fazendo coisas”, e não parados diante do espelho. “Olhem sempre adiante, em caminho, façam o bem, e não fiquem sentados no sofá”, afirmou. “Devo fazer um caminho, mas com coerência de vida. E quando vocês veem uma Igreja incoerente, que lê as Bem-aventuranças e depois cai no clericalismo mais principesco e escandaloso, eu entendo, eu entendo”, lamentou o Pontífice. “Mas se você quer ser bom cristão, tome as Bem-aventuranças e coloque-as em prática.”

Francisco alertou os jovens, ainda, para os riscos de radicalização nas ideias que se espalham entre a juventude de hoje. Procurou lembrá-los que um jovem “não tem preço” e, portanto, não deve se tornar escravo de ideologias: “Pensem sempre assim: eu não estou à venda, sou livre! Apaixonem-se por essa liberdade, aquela que só Jesus oferece.”

 

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Jovens participam do 2º Despertar Vocacional

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10 de outubro de 2018

No sábado, 6, o Serviço de Animação Vocacional (SAV) da Região Episcopal Ipiranga realizou o 2º Despertar Vocacional. 

Ao todo, 26 jovens de algumas paróquias da Região participaram. Com o tema “Desperta para a Vida Cristã”, os jovens foram convidados a refletir sobre a vocação de batizados no mundo. Houve momentos de dinâmicas em que eles colocaram suas ideias de maneira criativa. 

O encontro culminou com a missa presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga.

 

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Sínodo dos Bispos: jovens, sismógrafo da realidade e protagonistas da Igreja

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09 de outubro de 2018

Catorze sínteses, seis línguas, e um tema: a escuta. Deste modo articula-se o trabalho dos Círculos Menores sinodais, centrado na primeira parte do Instrumentum Laboris, na quinta Congregação geral do Sínodo, realizada na manhã desta terça-feira (09/10).

A necessidade de uma Igreja empática, em diálogo, que evite auto-referencialidade, preconceitos, e pontos sobre a credibilidade do testemunho. “Os jovens devem ser valorizados”, dizem os Padres Sinodais. “A sua participação ativa na vida eclesial deve ser promovida e relançada, o seu compromisso deve ser bem aproveitado numa perspectiva de verdadeira sinodalidade, para que sejam protagonistas, com responsabilidade, de processos e não de eventos individuais. Deste modo, eles serão evangelizadores de seus coetâneos.

Os jovens, “sismógrafo” da realidade

“Sismógrafo da realidade, os jovens são Igreja”, reitera o Sínodo. É preciso oferecer-lhes com alegria, as razões para viver e esperar, evitando moralismos e mostrando que a vida é a resposta à vocação que Deus dá a cada um de nós. “No fundo, a vida é bonita porque tem sentido. Os jovens são capazes de tomar decisões, mas é preciso ajuda-los a tomar decisões a longo prazo”, afirmam os Padres sinodais.

O risco de “demência digital”

Os Círculos menores se detêm sobre o tema da cultura digital, presente na vida dos jovens, rica de luz, mas também de sombras, como o aumento do sentimento de solidão, o risco de uma atitude compulsiva para com a “cultura da tela”, de uma “demência digital” que implica a incapacidade de concentração e compreensão de textos complexos, de uma “migração virtual” que transporta os jovens para um mundo próprio, às vezes fruto da invenção. Nesse contexto, a presença da Igreja é essencial para acompanhar os jovens, ensinando-lhes que a internet deve ser usada, mas sem que sejam usados. É bom recordar que muitos jovens “não conectados” vivem em áreas rurais sem internet.

Enfrentar o escândalo dos abusos

O tema dos abusos também foi examinado pelos 14 Círculos menores: escândalo que ameaça a credibilidade da Igreja e deve ser abordado de forma profunda, reconquistando a confiança dos fiéis, sem se esquecer o que já foi feito pela Igreja para combater e prevenir esse crime e evitar outras faltas catastróficas. É importante ajudar os sobreviventes dos abusos a encontrar o caminho do perdão e da reconciliação. Os Círculos menores sublinham a necessidade de uma articulação melhor da questão da sexualidade, que deve ser enfrentada com clareza e humanidade, sem negligenciar a linguagem teológica.

Migrantes: defender a sua causa no âmbito internacional

O olhar da Sala Sinodal se dirige ao tema da migração, que também afeta  muitos jovens: a migração é o paradigma do interesse que os jovens dedicam ao compromisso da Igreja no campo da justiça e da política. Por isso, é necessário uma pastoral adequada ao setor e um envolvimento conjunto das Conferências Episcopais afetadas diretamente por esse fenômeno. É necessário defender a causa do migrante internacionalmente, criando canais de legalidade e segurança. É importante promover oportunidade nos países de proveniência e nos de acolhimento. Não devemos esquecer as pessoas deslocadas e os migrantes internos nas nações, assim como os perseguidos e martirizados em muitas áreas do mundo.

Educação seja sólida, interdisciplinar e integral

Os Padres sinodais enfrentam o tema da formação e da educação que deve ser sólida, interdisciplinar e integral. Recordando a importância das escolas e universidades católicas, que devem ser valorizadas, e não instrumentalizadas, para que possam formar os jovens na fé e na vida cristã, se reitera que o ensinamento é uma das tarefas principais da Igreja e que muitas vezes, diante de fenômenos como o fundamentalismo e a intolerância, a resposta melhor está na promoção de uma educação ao respeito e ao diálogo inter-religioso e ecumênico.

Reforçar a família

A questão da formação passa também através do desafio de uma pastoral familiar adequada, que ajude na transmissão da fé entre as várias gerações. “Hoje”, afirmam os participantes do Sínodo, “a família está passando por uma fase de crise, devido à sua desestruturação e ao enfraquecimento da figura paterna”.

Os adultos, em geral, muito jovens e individualistas, não ajudaram a percepção da Boa Nova entre os adolescentes. Em vez disso, é responsabilidade de todo fiel acompanhar os jovens ao encontro pessoal com Jesus, porque a juventude se constrói com base no que recebe na família. Por isso, a Igreja, “família de famílias”, deve oferecer aos jovens uma verdadeira experiência familiar, na qual se sintam acolhidos, amados, cuidados e acompanhados em seu crescimento, em seu desenvolvimento integral e na realização de seus sonhos e esperanças.

A Igreja, escola de ensino

A formação correta também diz respeito aos pastores, afirma o Sínodo: na verdade, é necessário um novo estilo de vida sacerdotal e são necessários bispos que saibam acompanhar de maneira competente os jovens, porque no momento parecem faltar estratégias pastorais eficazes, capazes de se confrontar com o secularismo, e com a globalização, que apresenta oportunidades para conciliar modernidade e tradição. No fundo, a Igreja, mãe e mestra, deve ser uma escola de ensino para cada jovem, superando a falta de sintonia entre ela e os adolescentes.

Proposta uma mensagem para os jovens

Além disso, de vários Círculos surge a proposta de que do Sínodo saia uma mensagem aos jovens e que tenha um estilo narrativo adequado para transmitir-lhes a esperança cristã com palavras proféticas que relatam o olhar de Deus sobre a juventude. Desta ótica, o uso de multimídia também é sugerido, a fim de se dirigir aos jovens não apenas com um texto escrito, mas também com vídeos e imagens.

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