Imigrantes bolivianos sofrem impacto da pandemia em São Paulo

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24 de abril de 2020

Maior comunidade de imigrantes de São Paulo, os bolivianos são um dos grupos que mais têm sofrido o impacto da pandemia de COVID-19.

Segundo dados da Polícia Federal e da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), de 2019, mais de 75 mil bolivianos vivem na capital paulista. As condições precárias de moradia, as dificuldades de acesso à informação e à saúde, além da perda de renda devido às medidas de isolamento social tornam essa população uma das mais vulneráveis neste momento.

Como os bolivianos que, em sua maioria, vivem na capital, Jenny Liuca Choque, 25, e sua família trabalham em oficinas de costura que abastecem o mercado da moda. Devido à quarentena, a produção está paralisada e, com isso, falta renda para arcar com as despesas de subsistência.

“Para muitos de nós, a única entra- da econômica é pelo nosso trabalho na costura. Grande parte da comunidade boliviana tem trabalho informal e perdemos as nossas receitas com as quais pagamos nossas despesas básicas, como alimentação, água, eletricidade, gás e outras contas. E o pior de tudo, os aluguéis das casas são muito altos.”

AUXÍLIO EMERGENCIAL

Muitos desses imigrantes se enquadram no grupo dos que têm direito ao auxílio emergencial de R$ 600 do Governo Federal. No entanto, se a população em geral já está tendo dificuldade para receber essa ajuda, alguns bolivianos, além dos obstáculos com o idioma, não estão com a documentação necessária regularizada. Os que conseguem se inscrever no sistema recebem como resposta que o pedido de auxílio está sendo analisado.

Nesse sentido, entidades e organizações que realizam trabalhos voltados para os migrantes têm ajudado essa população a realizar o pedido do auxílio emergencial. Uma delas é a Missão Paz, entidade ligada à Paróquia Nossa Senhora da Paz, no centro da capital, que coloca à disposição um grupo de assistentes sociais que ajuda no cadastramento.

“Essas mesmas assistentes sociais também mapearam as famílias mais necessitadas e distribuíram cestas básicas, produtos de limpeza, higiene pessoal, leite em pó e fraldas”, explicou ao O SÃO PAULO o Padre Paolo Parise, Coordenador da Missão Paz.

ATENDIMENTO A DISTÂNCIA

Para evitar aglomerações e o deslocamento da população, desde o início da pandemia, a entidade disponibilizou alguns canais para os imigrantes e refugiados que precisam entrar em contato, redirecionando as demandas aos vários profissionais, por meio do telefone (11) 3340-6950, e-mail: protecao@missaonspaz.org e Facebook.

Há, ainda, uma psicóloga, uma advogada e uma equipe de saúde que atendem a distância, de suas casas, ajudando a solucionar problemas e tirar dúvidas.

SAÚDE

Além das dificuldades econômicas, a comunidade boliviana sofre com os riscos da própria COVID-19. Nem todas as famílias conseguem seguir por completo as recomendações preventivas de distanciamento social para evitar o contágio.

Muitas famílias moram em pequenos cômodos ou moradias coletivas que funcionam também como oficina de costura, em muitos casos com apenas um banheiro para o uso comum, sendo inevitáveis a aglomeração e o isolamento das pessoas do grupo de risco, o que dificulta os cuidados necessários com a higiene do ambiente.

Outra dificuldade é o acesso à assistência médica, pois a grande maioria depende do sistema público de saúde, que já está à beira da saturação do atendimento. Jenny relatou que muitos de seus compatriotas não sabem exatamente quando devem procurar o atendimento médico e temem se serão atendidos caso desenvolvam a forma grave da doença.

O médico Erwin Cordova Chavez é presidente do grupo Voluntários por Amor, que ajuda a comunidade boliviana com atendimentos médicos, sobretudo os que têm dificuldade em relação ao idioma.

Chavez informou à reportagem que acesso ao serviço de saúde para os imigrantes já era difícil antes da pandemia pelo fato de maioria dos bolivianos não falarem português. “Como a maioria deles se relaciona somente entre si, acabam não aprendendo a língua”, explicou.

O grupo Voluntários por Amor, em parceria com algumas instituições e como Consulado Boliviano em São Paulo, tem arrecadado cestas básicas que são distribuídas em diferentes bairros da capital.

INSEGURANÇA

“Já tenho notícia de pelo menos cinco pessoas da nossa comunidade que foram infectadas. Também sabemos de uma morte em Guarulhos (SP). Sabemos, porém, que há muito mais pessoas doentes, sem contar aquelas que não apresentam os sintomas”, destacou a jovem.

De acordo com a Associação de Residentes Bolivianos (ADRB), há, até o momento, cinco mortes de pessoas da comunidade pela COVID-19, além de algumas pessoas internadas em estado grave.

Inclusive, já há a confirmação de um dos médicos do grupo Voluntários por Amor internado com o novo coronavírus.

Maria Erasma Beserra, 62, está no Brasil há nove anos. Além de fazer par- te do grupo de risco pela idade, tem a saúde debilitada e já enfrentava dificuldades para ter acesso ao tratamento médico. Com a pandemia, ela não está em condições de trabalhar e conta com a ajuda das pessoas para poder se sus- tentar.

“Faltam comida e dinheiro para pagar as contas. É desesperador. Estamos em casa, em quarentena e em oração, na esperança de que tudo isso passe”, relatou Maria Erasma, que mora em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo, com suas duas filhas e uma neta de 2 anos.

Mesmo diante da dificuldade econômica, a idosa reconhece que o isolamento social é fundamental para evitar o agravamento da pandemia. “É importante que as pessoas tomem cuidado e sigam as orientações dos médicos”, afirmou.

SOLIDARIEDADE

A Missão Paz está recebendo doações em alimentos, produtos de limpeza e higiene, como também doações em dinheiro por meio de depósitos, segundo indicação no site missaonspaz.org, na seção “Como ajudar a Missão Paz durante a pandemia de COVID-19”.

“Mais uma vez, a Missão Paz experimenta a grande solidariedade de homens e mulheres de diferentes crenças religiosas, mas unidos na solidariedade com os que mais precisam. Graças às do- ações, no último fim de semana, 18 e 19 de abril, foram distribuí- das 162 cestas básicas”, diz o Padre Paolo.

OUTRAS AJUDAS

Além da Missão paz e dos Voluntários por Amor, há outras organizações que auxiliam a comunidade boliviana:

Associação de Residentes Bolivianos (ADRB)

Recebe doações de alimentos e de dinheiro para comprar cestas básicas para as famílias que ficaram sem renda.

Telefones: (11) 99357-4934; (11) 99945-3372; (11) 98278-8736

Centro da Mulher Imigrante e Refugiada (Cemir)

Recebe doações para comprar cestas básicas e medicamentos para mulheres e famílias que passam necessidade, indicadas por líderes comunitárias.

E-mail: cemir.mulherimigrante@gmail.com 

Telefone: (11) 95845-2979

Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (Cami)

Recebe dinheiro e doações de alimentos. Também informa sobre oficinas de imigrantes que confec- cionam máscaras e aventais para a proteção contra a COVID-19. Telefone: (11) 96729-4238.

 

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Em Roraima, Cardeal Scherer ressalta ‘situação de emergência’ dos imigrantes venezuelanos

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21 de janeiro de 2020

Entre os dias 7 e 13 de janeiro, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, realiza uma visita missionária à Diocese de Roraima (RR).

Acolhido pelo Bispo Diocesano, Dom Mário Antonio da Silva, o Cardeal Scherer está conhecendo o trabalho de acolhida dos milhares de imigrantes venezuelanos que cruzam a fronteira após o agravamento da crise política e humanitária no país vizinho.

Nesta terça-feira, 7, Dom Odilo se reuniu com os membros das organizações eclesiais e civis que atuam na acolhida a apoio aos imigrantes.

“São iniciativas muito bonitas de solidariedade. Cada organização ajuda de alguma maneira e, assim, é um trabalho em rede, um trabalho de 'formiguinha'. Cada um faz alguma coisa e, no fim, muitas coisas para socorrer as situações de necessidade de tantos venezuelanos que aqui estão”, relatou o Cardeal, no programa “Encontro com o Pastor”, da rádio 9 de Julho.

MUITAS NECESSIDADES

O Arcebispo destacou, ainda, que a situação na fronteira é muito mais séria. “A situação é de grande emergência. Há carência de tudo. As pessoas estão com fome, desnutridas, cansadas, procuram trabalho, alguma forma de viver com dignidade, sustentar a família”, disse.

“A multidão é grande e as necessidades são muitas. Por isso, o Brasil todo precisa se envolver na ajuda a essas pessoas”, manifestou o Cardeal, ressaltando que Roraima é um estado pequeno e não consegue absorver a multidão que procura trabalho. “De toda forma, a primeira coisa que se faz é acolher, ver onde podem se abrigar, alimentar”, completou.

Pela manhã, Dom Odilo presidiu uma missa na casa dos Missionários da Consolata, onde, diariamente, é servido café da manhã aos imigrantes. Nós próximos dias, o Cardeal visitará a cidade Caracaraí, na fronteira com com a Venezuela. 

CAMINHOS DA SOLIDARIEDADE

Com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade – gesto concreto da Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – o projeto Caminhos da Solidariedade reúne diversas organizações que atuam em três eixos: articulação conjunta com a Igreja na Venezuela, integração e meios de vida.

Entre as entidades estão a Cáritas Brasileira, o Serviço Pastoral do Migrante (SPM), Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), Serviço Jesuíta para Migrantes e Refugiados (SJMR).

Leia a reportagem completa na próxima edição do jornal O SÃO PAULO.

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Com esperança de vida melhor, venezuelanos chegam a São Paulo

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13 de março de 2019

Depois de cerca de cinco horas de viagem aérea de Boa Vista (RR) a São Paulo (SP), com conexão em Brasília (DF), o grupo de sete imigrantes venezuelanos foi acolhido na casa preparada pela Pastoral do Migrante da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, na Região Episcopal Brasilândia, na sexta-feira, 8.

As primeiras a entrar na casa foram as crianças: Isabella Victoria Lezama Yepez, 9, Samantha Valentina Lezama Yepez, 7, e Juan Pablo Lezama Yepez, 4. Filhos do casal Cruz Angel Lezama Natera, 47, e Yussi Elizabeth Yepez de Lezama, 41, os pequenos fizeram uma festa quando entraram no quarto preparado pelas famílias e viram as camas repletas de brinquedos.

Já os irmãos Marvin Joel Arnal Gomez, 28, e Josué Manases Arnal Gomez, 22, estavam mais tímidos. Somente com a roupa do corpo, portavam apenas uma pasta com os documentos.

Os imigrantes chegaram a São Paulo com o desejo de conseguir emprego e logo ter condições de alugar uma casa e poder prover o seu sustento.

 

SOLIDARIEDADE

A casa foi mobiliada com doações, assim como os alimentos e utensílios domésticos. O aluguel e as despesas com água e energia elétrica serão pagos pelo Serviço Pastoral do Migrante (SPM), enquanto os paroquianos arcarão com as demais despesas do dia a dia.

No almoço oferecido pela comunidade, estavam alguns voluntários acompanhados pelo Pároco, Padre Edemilson Gonzaga. Durante a refeição, os imigrantes compartilharam com a reportagem do O SÃO PAULO o drama vivido em seu país e suas esperanças.

 

CRISE ECONÔMICA

Engenheiro eletrônico, Cruz partiu de sua terra natal para Roraima há um ano e meio. Com um bom cargo na empresa estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), ele se viu obrigado a renunciar ao cargo e deixar o País após o agravamento da crise que desvalorizou enormemente a moeda local. Em 2007, Cruz recebia um salário equivalente a mil dólares. Dez anos depois, seu salário equivalia a 5 dólares. “Com isso, eu não poderia mais sustentar minha família, pagar a escola de minhas filhas, pois o ensino público era muito precário”, relatou.

Em uma de suas férias, Cruz foi com a família a Boa Vista para verificar a possibilidade de residir na cidade. Em seguida, deixou a esposa e os filhos na casa de uma cunhada que já morava lá, e retornou à Venezuela para formalizar seu desligamento da empresa, pagar contas pendentes e deixar de vez o País.

 

FALTA COMIDA

O casal destacou que a logística para conseguir alimentos era muito difícil, por meio de um programa do governo, cujos critérios de seleção dos beneficiários, segundo o relato deles, são mais políticos do que humanitários. “Há pessoas que não comem praticamente nada. Eu conheci famílias que ficam dias sem comer e estão muito debilitadas”, disse Yussi.

A venezuelana chegou a passar a noite nas filas intermináveis para comprar comida e produtos de necessidade básica. “A primeira vez que enfrentei essas filas foi há quase cinco anos, quando Juan Pablo estava prestes a nascer, para comprar fraldas”, lembrou.

Ainda segundo a mãe de família, a classe média praticamente não existe no País. “Ainda há famílias com boas casas, carros, mas sem dinheiro para mantê-los, sem sequer ter condições de comer.” Outro problema relatado é o alto índice de violência desencadeado pela crise. “Tínhamos medo de andar nas ruas. Havia gangues armadas em motos que assaltavam as pessoas”, completou a imigrante.

 

SITUAÇÃO POLÍTICA
 

Na percepção do grupo de imigrantes, a crise no País começou a ser percebida logo após a morte do presidente Hugo Chávez, em 2013. Para eles, o povo depositou uma esperança no líder que depois não se concretizou. “Antes, havia dois grupos políticos muito fortes que se alternavam no poder por décadas. Porém, ambos eram ruins e corruptos. Chávez surgiu com a promessa de ser uma alternativa a essa situação, como um salvador da pátria, sobretudo dos mais pobres. O que vemos hoje é o contrário. Os pobres são os que mais sofrem com a miséria.”

Os imigrantes reconhecem que muitas pessoas estão esperançosas com a ascensão do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó. No entanto, eles ainda estão receosos de que a mudança possa vir por meio de outro “salvador da pátria”.

“O culpado por todos os problemas na Venezuela é o próprio venezuelano, porque não assumiu sua responsabilidade como pessoa, dando poder a alguém que não sabe governar para o bem de todos”, enfatizou Cruz.

 

FUTURO DO PAÍS

Quando perguntado se tem esperança de retornar em breve a seu País, Cruz abaixou a cabeça por um instante e disse que não crê que a situação se resolva tão logo, e que o processo não é simples. “É um problema muito complexo. A Venezuela não vai se reerguer em pouco tempo. Todas as estruturas do País estão corrompidas e debilitadas. Para se superar isso, são necessários recursos financeiros e humanos. A grande maioria dos profissionais com conhecimento técnico foi embora. Eu estou profundamente triste pela situação do meu País”, explicou.

 

EMPREGO

Os jovens irmãos Gomez estavam em Boa Vista havia quatro meses. Deixaram seus pais e irmãos em busca de condições de tirá-los do País.

“Nós queremos trabalhar no que for possível, construção civil, marcenaria, qualquer coisa. Temos esperança de ajudar os nossos familiares a sair da situação que estão vivendo em nosso País”, contou Josué. “A grande dificuldade em Roraima é que não há emprego, nem oportunidades para provermos o próprio sustento e ter uma vida melhor”, acrescentou Marvin.

Foi a falta de emprego em Roraima que também motivou a vinda da família de Cruz para o Sudeste. “Minha expectativa é conseguir um emprego. Eu não vim para pedir, eu vim para dar. Deemme a oportunidade de mostrar que posso ser útil para a sociedade”, afirmou o engenheiro.

“Na Venezuela, temos a nossa casa, mas não temos comida nem escola para nossos filhos. Não era o que desejávamos, deixar nosso lar, nossa vida na nossa terra. Essa situação toda que nos forçou a sair”, completou Yussi.

 

ACOLHIDA

No domingo, 10, os imigrantes foram acolhidos em uma das missas da Paróquia Santa Cruz. Na segunda-feira, 11, os agentes da Pastoral do Migrante começaram a ajudar o grupo a matricular as crianças na escola e no serviço público de saúde, além de ajudar os adultos a procurar emprego. A Paróquia também irá oferecer um curso de Português para eles.

“Que essa iniciativa possa inspirar outras comunidades a abrir seus corações para acolher esses irmãos que vieram para o Brasil em busca de uma vida mais digna”.

 

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‘O País está saturado’

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28 de janeiro de 2019

O presidente libanês, Michel Aoun, afirmou que seu País está saturado de refugiados sírios e palestinos e propôs a criação de um banco árabe para ajudar os Estados árabes a superar a crise e permitir o retorno dos refugiados aos seus lares.

Desde que a guerra civil começou na Síria, em 2011, o Líbano recebeu mais de 1 milhão de refugiados, o que representa mais de 15% da população total, estimada em 6,2 milhões de habitantes, dos quais 40% são cristãos. Ele pediu à comunidade internacional que dobre os esforços para melhorar “as condições para os refugiados retornarem, de acordo com a lei internacional”.

Fontes: Reuters/ Arab News
 

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Cáritas Brasileira lança a campanha #EuMigrante

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18 de janeiro de 2019

A Cáritas Brasileira, em parceria com um conjunto de organizações, lançou, no dia 10, a Campanha #EuMigrante, baseada na ideia de que migrar é um direito humano.

A Campanha, que acontecerá até 30 de junho, tem como objetivo mostrar a situação vivenciada por migrantes, em especial os venezuelanos, que chegam ao Brasil. As ações buscarão sinalizar caminhos para ajudá-los no processo de integração.

A iniciativa faz parte do Programa Pana, desenvolvido pela Igreja no Brasil, por meio da Cáritas Brasileira, com apoio da Cáritas Suíça e do Departamento de Estado dos Estados Unidos. O objetivo é sensibilizar e mobilizar pessoas e recursos para a questão migratória no Brasil, com foco para a crise humanitária vivenciada na fronteira do Brasil com a Venezuela.

É possível verificar no site da campanha as diversas maneiras de ajudar, seja com quantias em dinheiro, seja com doações de móveis, eletrodomésticos, roupas e calçados em bom estado, bem como produtos de limpeza e de higiene pessoal.

Fonte: CNBB
 

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Cáritas do Paraná acolhe migrantes venezuelanos em Curitiba

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02 de outubro de 2018

No início da noite dessa quinta-feira, 25, chegaram ao Aeroporto Afonso Pena, de Curitiba (PR), um grupo de 91 venezuelanos que buscam, devido à crise em seu país, recomeçar suas vidas no Brasil.

Cáritas Regional Paraná, em parceria com a OIM (Organização Internacional para as Migrações), é a responsável pela acolhida e acompanhamento desses migrantes na Casa de Acolhida Dom Oscar Romero, no bairro Fanny, em Curitiba (PR), onde eles permanecerão por um período de três meses. Tempo em que encontrarão todo o apoio para que possam se integrar na sociedade, aprender a língua, conseguir um emprego e, enfim, terem condições dignas para se integrar na sociedade brasileira e recomeçar suas vidas.

Os Venezuelanos partiram de Roraima (RR) em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), e foram acompanhados por uma representante do Ministério do Desenvolvimento Social e por membros do exército até a casa onde irão residir. Na acolhida estavam presentes os membros da Cáritas, o bispo auxiliar da Arquidiocese de Curitiba (PR) e referencial para as Pastorais Sociais, Dom Francisco Cota de Oliveira, representantes da prefeitura de Curitiba e do governo do Estado e vários voluntários.

Após o lanche, antes de conceder a bênção, Dom Francisco proferiu algumas palavras aos migrantes recém-chegados: “A Cáritas, as Pastorais Sociais e os serviços públicos querem ser para vocês aqui entre nós uma mão estendida. Sei que todos aqui vão buscar fazer um caminho de oportunidades e esperamos que elas venham para todos. A Igreja quer participar desse processo vivendo aquilo que o Papa Francisco nos pede: sendo uma Igreja misericordiosa, uma Igreja que participa do drama de quem está vivendo uma situação de sofrimento e dificuldades, ainda que falte muitos outros recursos, que não falte a solidariedade. Queremos ser para vocês uma Igreja que os acolhe com amor e partilha aquilo que tem”.

Em seguida, Amauri Mosmman, secretário executivo da Cáritas Regional Paraná, apresentou a equipe que irá trabalhar com eles diretamente na casa e os representantes públicos e voluntários presentes.

 

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Roraima diz ter garantias de que Venezuela não cortará energia

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13 de setembro de 2018

A governadora de Roraima, Suely Campos, assegurou não haver riscos da estatal energética venezuelana Corpolec suspender o fornecimento de energia elétrica para o estado de Roraima. Ela participou de reunião fechada, em Brasília, nesta terça-feira, 11, com o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco.

A possibilidade de a Corpolec interromper o serviço de abastecimento decorre de uma dívida de cerca de US$ 30 milhões que a Eletronorte admite ter com a estatal venezuelana. Segundo a própria estatal, a dívida não resulta de falta de dinheiro em caixa para pagar a Corpoelec, mas de “dificuldades operacionais” que a empresa vem enfrentando para transferir os US$ 4 milhões pagos mensalmente pelo fornecimento de energia – serviço prestado regularmente desde 2001.

Ainda de acordo com a Eletronorte, as dificuldades de transferência de dólares para o país vizinho por meio do banco em que a Corpoelec tem conta começou após o governo dos Estados Unidos impor uma série de medidas restritivas contra a Venezuela, contra seu presidente, Nicolás Maduro, e altos funcionários do governo venezuelano.

No mês passado, o Ministério de Minas e Energia já tinha informado à Agência Brasil que o governo federal vem se empenhando para encontrar uma solução institucional para o problema. Na ocasião, o ministério minimizou o potencial de prejuízo para a população de Roraima, garantindo que, caso a Corpolec interrompa o fornecimento de energia elétrica para Roraima, a demanda do estado será suprida por usinas termelétricas.

Roraima é a única unidade da federação que não está interligada ao sistema elétrico nacional, sendo totalmente dependente do país vizinho. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), se necessário, as usinas termelétricas de Roraima, de fato, estão preparadas para suprir a demanda do estado, mas isso encarecerá os custos de produção energética, podendo ocasionar uma alta no preço da conta de luz de todos os brasileiros. Isso porque o custo de operação das termelétricas é mais caro e o custo adicional é compartilhado por todo o sistema nacional.

 

Ajuda técnica

Durante o encontro com o ministro Moreira Franco, a governadora de Roraima, Suely Campos, propôs que o Brasil ofereça suporte técnico e operacional à Venezuela, por meio da Eletrobras. A ajuda seria para a manutenção do Linhão de Guri, instalada em território venezuelano. Segundo o governo estadual, a falta de manutenção da rede elétrica do país vizinho tem ocasionado apagões diários em Roraima.

A governadora ainda cobrou uma resolução que permita a construção do chamado Linhão de Tucuruí, linha de transmissão planejada para distribuir a energia elétrica produzida pela Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, para a Região Norte. Licitada em 2011, com previsão de ser inaugurada em 2015, o projeto não saiu do papel porque os órgãos de governo não conseguiram obter o consentimento do povo indígena Waimiri Atroari, cujo território será cortado pelo empreendimento.

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Acolhida a venezuelanos avança no Brasil

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09 de setembro de 2018

O fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil tem se mostrado um desafio constante às autoridades brasileiras. Por dia, entre 600 e 800 pessoas do país vizinho atravessam a fronteira com o Estado de Roraima, onde nem sempre encontram um ambiente acolhedor. Em 18 de agosto, por exemplo, em Pacaraima, venezuelanos foram expulsos pela população local após o suposto envolvimento de alguns deles em um assalto.

O Governo de Roraima já tentou autorização na Justiça para fechar a fronteira, mas o pedido foi negado pelo Supremo Tribunal Federal. No dia 29 de agosto, em uma entrevista de rádio, o presidente Michel Temer (MDB) sinalizou para uma possível política de distribuição de senhas aos imigrantes venezuelanos, mas negou que isso signifique fechar a fronteira.

Um dia antes, Temer assinou um decreto para o emprego das Forças Armadas, com poder de polícia, nas fronteiras e rodovias de Roraima. A medida vale, inicialmente, até 12 de setembro.

Em artigo publicado na agência de notícias EFE, na segunda-feira, 3, o Presidente da República voltou a afirmar que não fechará a fronteira com a Venezuela. Disse, ainda, que o Brasil tem dado suporte humanitário e jurídico para a permanência desses imigrantes e que atua junto a outros países do continente para fazer com que o governo venezuelano retome “o caminho da democracia, da estabilidade e do desenvolvimento. Passo importante foi a suspensão da Venezuela do Mercosul, em aplicação da cláusula democrática”.

 

RESTRINGIR O ACESSO RESOLVERIA?

Na avaliação de José Maria de Souza Júnior, professor de Relações Internacionais nas Faculdades Integradas Rio Branco e Mestre em Integração da América Latina pela USP, a estratégia de distribuir senhas aos imigrantes venezuelanos seria apenas um paliativo diante da falta de estrutura do Brasil para receber o atual contingente de imigrantes.

“Seria uma restrição bastante forte, mas não considero um fechamento de fronteira. É uma tentativa de controle, de amenizar a situação. A coordenação dessa política deveria ser feita via Polícia Federal e os ministérios da Defesa, Relações Exteriores, Gabinete da Presidência, Casa Civil e do Trabalho. Como está, não se consegue coordenar a atuação para outras políticas que seriam necessárias”, opinou ao O SÃO PAULO.

Para o Padre Paolo Parise, Scalabriniano, Coordenador da Missão Paz, que acolhe imigrantes de diferentes partes do mundo em São Paulo, estabelecer limites para a entrada dos venezuelanos no Brasil poderá agravar ainda mais a situação.

“Não funciona a ideia de fechar a fronteira nem a de colocar um limite de entrada. Isso somente incentivaria o gerenciamento por grupos de máfia, os chamados coiotes, que aproveitariam para ganhar dinheiro trazendo os imigrantes de outra forma. Já vimos o que aconteceu com os haitianos: quando o Brasil limitou a emissão de vistos, criouse uma rota via Equador, entrando pelo Acre, que levou à chegada de mais de 50 mil haitianos”, recordou.

 

INTERIORIZAÇÃO

Desde abril, o Governo Federal tem promovido a interiorização dos imigrantes venezuelanos que chegam a Roraima, viabilizado a ida dessas pessoas para outros estados. A ação conta com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), da Agência da ONU para as Migrações, do Fundo de População das Nações Unidas e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Souza Júnior considerou a interiorização como indispensável, mas alertou para possíveis limites desse processo. “O Brasil está em crise. Há no país quase 13 milhões de desempregados. A maior parte dos venezuelanos que chega a Pacaraima é de pessoas sem qualificação, pois os mais qualificados já buscam cidades mais populosas. Não sei em que medida há condições de absorver os venezuelanos no Brasil”, comentou.

Até agora, mais de mil imigrantes venezuelanos foram transferidos para outros estados.

 

MISSÃO PAZ

Um dos locais de acolhida em São Paulo é a Missão Paz, mantida pelos Missionários Scalabrinianos. Atualmente, junto a imigrantes de diferentes países, ali vivem 47 venezuelanos transferidos de Roraima pelo processo de interiorização e outros que chegaram ao local por conta própria.

Segundo o Padre Paolo Parise, desde o início ano, foram acolhidos 2.925 imigrantes de diferentes nacionalidades, 248 dos quais venezuelanos. Muitos destes já melhoram sua condição de vida e deixaram o local.

“Temos aqui um programa de mediação de trabalho para os imigrantes. As empresas vêm contratá-los, de modo que todos os imigrantes venezuelanos que aqui chegaram em abril e maio pela interiorização já estão trabalhando, saíram daqui e alugaram lugares para morar. Dos que vieram em julho, metade já está trabalhando”, garantiu o Sacerdote.

Padre Paolo enfatizou que todo o trabalho é mantido sem aporte financeiro dos governos Federal, Estadual ou Municipal. As verbas provêm da própria Congregação Scalabriniana e de doações individuais, de colégios e paróquias da Arquidiocese.

A Casa do Migrante, que é o serviço de abrigamento da Missão Paz, tem capacidade para acolher até 110 pessoas. Além de um ambiente para dormir, os imigrantes contam com sala de tevê e brinquedoteca, aulas de Português e acompanhamento psicossocial. A Missão Paz também auxilia na regulamentação da documentação e lhes disponibiliza atendimento jurídico, médico, psicológico, encaminhamento para cursos profissionalizantes, palestras interculturais e mediação para ingresso no mercado de trabalho. Também atua na incidência política, na perspectiva da construção de legislações que garantam a dignidade dos imigrantes em todo o Brasil.
Interessados em colaborar com a Missão Paz podem obter outros detalhes pelo telefone (11) 3340-6950 ou pelo site

 

OUTROS PONTOS DE ACOLHIDA EM SÃO PAULO

A Prefeitura de São Paulo também participa do processo de interiorização dos imigrantes venezuelanos.

“Até o momento, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) acolheu 212 venezuelanos, sendo 185 homens e 27 mulheres, entre os Centros Temporários de Acolhimento São Mateus, Butantã e o Centro de Acolhida Especial Penha”, informou a assessoria de imprensa da Prefeitura à reportagem.

A SMADS tem atuado em conjunto com as secretarias de Direitos Humanos e Cidadania, Trabalho e Empreendedorismo, Saúde, Educação e Relações Internacionais. Há também a capacitação de funcionários que atuam diretamente com os imigrantes, além de encaminhamento destes para a regularização da documentação e para cursos voltados ao mercado de trabalho. “Não há um tempo de permanência limite dentro dos serviços de acolhida para os venezuelanos. Alguns, inclusive, conseguiram trabalho e já saíram da rede de atendimento”. Também têm sido ofertadas aulas de Português e já houve “mutirões de atendimento médico e odontológico, estética e massagem e corte de cabelo e barba para todos eles”.

 

(Com informações da Agência Brasil, Planalto e G1)

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Brasil e mais 3 países buscam soluções conjuntas para venezuelanos

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29 de agosto de 2018

A preocupação com os imigrantes venezuelanos que buscam apoio nos países vizinhos é tema de reunião em Bogotá, na Dirección de Migraciones colombiana. Embaixadores do Brasil, da Colômbia, do Equador e do Peru se reúnem nesta terça-feira, 28, na tentativa de buscar soluções diante da crise deflagrada a partir do êxodo dos venezuelanos.

O Brasil é representado pelo embaixador em Bogotá, Júlio Bitelli.

Desde ontem, 27, os diplomatas estão reunidos. Segundo a agenda proposta das autoridades da Colômbia, a reunião consiste na apresentação, por cada país, da situação migratória venezuelana.

Em seguida, os representantes dos quatro países detalham as fórmulas encontradas por seus governos para lidar com os desafios e o que julgam prioritário na recepção dos imigrantes.

A Colômbia propõe a consolidação de uma base de dados única sobre os imigrantes venezuelanos com foco em áreas de atuação específicas, como saúde, educação, trabalho e regularização migratória.

Expectativa

A expectativa é de que, ao final do encontro, as autoridades divulguem uma declaração na qual estarão detalhadas as ações definidas.

Na semana passada, o diretor de Migração da Colômbia, Christian Krüger Sarmiento, disse que "o êxodo de cidadãos venezuelanos” não é um problema específico de um ou outro país, é uma questão regional.

Aproximadamente 35 mil pessoas cruzam, a cada dia, a fronteira com a Colômbia, alguns em busca de alimentos e remédios, outros para deixar definitivamente o país. Pelos dados oficiais, pelo menos 1 milhão de venezuelanos se instalaram definitivamente na Colômbia.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 2,3 milhões fugiram do país.

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FAB leva para Manaus, João Pessoa e São Paulo 187 venezuelanos

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28 de agosto de 2018

Cento e oitenta e sete venezuelanos deixaram hoje, 28, a capital de Roraima, Boa Vista, com destino a Manaus (65), João Pessoa (69) e São Paulo (53) em busca de novas oportunidades.

Esse é o primeiro grupo dessa sexta etapa do processo de interiorização dos migrantes que cruzaram a fronteira do país, fugindo da crise político-econômica da Venezuela.

Ao todo, ao longo da semana, serão 278 pessoas transferidas em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Na próxima quinta-feira, 60 deles serão levados para a cidade paranaense de Goioerê, 25 para o Rio de Janeiro e quatro para Brasília.

Entre abril a julho deste ano, 820 pessoas foram transferidas de Roraima para sete cidades. A maior parte deles (287) foi encaminhada para centros de acolhimento em São Paulo.

A previsão da Casa Civil da Presidência da República, que tem coordenado a ação, é que, somando os meses de agosto e setembro, a interiorização inclua outros mil venezuelanos. De acordo com o órgão, em setembro, cerca de 400 pessoas devem ser transportadas a cada semana.

Alternativa

A transferência para outras cidades acontece de forma voluntária como uma alternativa para os migrantes que estão vivendo em situação de extrema vulnerabilidade.

A partir da manifestação das cidades que disponibilizam espaços para acolher estas pessoas e do perfil desses abrigos, são identificados os que têm interesse em participar do processo.

Todos os venezuelanos que migram para outras cidades recebem vacina e são submetidos a exame de saúde. A situação deles no país também é regularizada e os migrantes passam a ter CPF (Cadastro de Pessoa Física) e carteira de trabalho.

A ação tem sido feita em parceria entre o governo e organismos internacionais ligados às Nações Unidas, como as Agências para Refugiados (Acnur) e para as Migrações (OIM), além do Fundo de População das Nações Unidas (Unfa) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

De acordo com a Casa Civil, ainda antes do embarque dos refugiados, os órgãos envolvidos no processo, as autoridades locais e a coordenação dos abrigos definem estratégias para garantir o atendimento de saúde aos refugiados, a matrícula das crianças em escolas nas cidades, a garantia de um reforço para o ensino da Língua Portuguesa e cursos profissionalizantes.

Outra medida é voltada para o setor privado que têm sido motivado a absorver a mão de obra refugiada.

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