Papa Francisco: o matrimônio é a beleza cristã

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25 de mai de 2018

A beleza do matrimônio foi o tema homilia do Papa Francisco na missa celebrada na manhã de sexta-feira, 25, na capela da Casa Santa Marta. Entre os fiéis, havia sete casais que celebravam 50 e 25 anos de casamento.

O trecho do Evangelho segundo São Marcos fala da intenção dos fariseus de colocar Jesus à prova fazendo-lhe uma pergunta que o Papa define “casística”, isto é, quando se reduz a fé a “um sim ou um não”. E explica:

Não o grande "sim" ou o grande "não" dos quais ouvimos falar, que é Deus. Não: se pode ou não se pode. E a vida cristã, a vida segundo Deus, segundo essas pessoas, está sempre no ‘se pode’ e ‘não se pode’.

A pergunta diz respeito ao matrimônio, querem saber se é lícito ou não que um marido repudie a própria mulher. Mas, afirma Francisco, Jesus vai além, eleva o nível e “chega até a Criação e fala do matrimônio que é talvez a coisa mais bela” que o Senhor criou naqueles sete dias.

 

A desgraça da separação

‘Desde o início da criação [Deus] os fez homem e mulher; o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e os dois se tornarão uma só carne’. “É forte o que diz o Senhor”, comenta o Papa, fala de “uma carne” que não se pode dividir. Jesus “deixa o problema da divisão e vai à beleza do casal que deve caminhar como um só”. Francisco destaca que o homem e a mulher devem abandonar aquilo que eram antes “para começar uma nova estrada, um novo caminho”. E depois toda a vida realizam este caminho de “ir avante juntos: não dois, um”. O Papa então recomenda: “Não devemos nos deter, como esses doutores, num ‘se pode’ ou ‘não se pode’ dividir um matrimônio. Às vezes, acontece a desgraça de não funcionar e é melhor se separar para evitar uma guerra mundial, mas isso é uma desgraça. Devemos ver o positivo”.

Francisco citou um casal que festejava 60 anos de casamento e, diante da pergunta se eram felizes, os dois se olharam nos olhos, que ficaram repletos de lágrimas pela comoção, e responderam: "Somos apaixonados!”.

É verdade que existem dificuldades, que existem problemas dos filhos ou do próprio matrimônio, do próprio casal, discussões, brigas... mas o importante é que a carne permaneça uma e superam, superam, superam isso. E este não é somente um sacramento para eles, mas também para a Igreja, como se fosse um sacramento que chama a atenção, que atrai a atenção: “Mas olhem que o amor é possível!”. E o amor é capaz de fazer viver apaixonados toda uma vida: na alegria e na dor, com o problema dos filhos e os próprios problemas... mas ir sempre avante. Na saúde e na doença, mas ir sempre avante. Esta é a beleza.

 

O matrimônio feliz não é notícia

O homem e a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus e o próprio matrimônio se torna assim Sua imagem. E é por isso, afirma o Papa, que é tão bonito: “O matrimônio é uma pregação silenciosa a todos os outros, uma pregação de todos os dias”.

É doloroso quando isso não faz notícia: os jornais, os telejornais não veem isso como notícia. Aquele casal tantos anos juntos.. não é notícia. Sim, a notícia é o escândalo, o divórcio ou que se separam – às vezes se devem separar, como disse, para evitar um mal maior... Mas a imagem de Deus não é notícia. E esta é a beleza do matrimônio. São a imagem e a semelhança de Deus. E esta é a nossa notícia, a notícia cristã.

Francisco repete que a vida matrimonial e familiar não é fácil, e cita a Primeira Leitura extraída da carta de São Tiago Apóstolo, que fala da paciência. Diz que talvez seja a virtude mais importante no casal – seja do homem, seja da mulher – e conclui com uma oração ao Senhor “para que dê à Igreja e à sociedade uma consciência mais profunda, mais bela do matrimônio, que todos nós possamos entender e contemplar que no matrimônio há a imagem e a semelhança de Deus”.

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Papa: explorar o trabalhador é pecado mortal

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24 de mai de 2018

Tomar distância das riquezas, porque estas nos foram oferecidas por Deus para doá-las aos outros. A este tema o Papa Francisco dedicou a missa celebrada na manhã de quinta-feira, 24, na Casa Santa Marta.

Na memória de Nossa Senhora Auxiliadora, o Pontífice celebrou a missa na intenção do “nobre povo chinês”, que festeja a Virgem de Sheshan em Xangai.

 

Riqueza apodrecida

O Papa se inspirou Leitura de São Tiago apóstolo, que fala do salário não pago aos trabalhadores e o seu clamor que chega aos ouvidos do Senhor. Francisco destaca que Tiago usa expressões contundentes para falar aos ricos, sem meias palavras, condenando a “riqueza apodrecida”, como fez Jesus:

“Ai de vós ricos!”, é o primeiro ataque depois das Bem-aventuranças na versão de Lucas. “Ai de vós ricos!”. Se alguém fizer uma pregação assim, no dia seguinte nos jornais aparece: “Aquele padre é comunista!”. Mas a pobreza está no centro do Evangelho. A pregação sobre a pobreza está no centro da pregação de Jesus: “Bem-aventurados os pobres” é a primeira das Bem-aventuranças. E a carteira de identidade com a qual Jesus se apresenta quando volta ao seu vilarejo, a Nazaré, na sinagoga, é: “O Espírito está sobre mim, fui enviado para anunciar o Evangelho, a Boa Nova aos pobres, o alegre anúncio aos pobres”. Mas na história sempre tivemos esta fraqueza de tentar tirar esta pregação sobre a pobreza, acreditando se tratar de algo social, político. Não! É Evangelho puro, é Evangelho puro.

 

Dois senhores

Francisco convidou a refletir sobre o porquê de uma pregação assim “tão dura”. A razão está no fato de que “as riquezas são uma idolatria”, são capazes de “seduzir”. O próprio Jesus, explicou o Papa, disse que “não se pode servir a dois senhores: ou você serve a Deus ou às riquezas”: dá, portanto, uma “categoria de ‘senhor’ às riquezas, isto é, a riqueza “o pega e não o larga e vai contra o primeiro mandamento”, amar a Deus com todo o coração.

As riquezas vão também contra o segundo mandamento, porque destroem a relação harmoniosa “entre nós homens”, “estragamos a vida”, “estragamos a alma”. O Papa recordou a Parábola do rico - que pensava na “boa vida”, nas festas, nas roupas luxuosas – e do mendicante Lázaro, “que não tinha nada”.

 

Tiago sindicalista

As riquezas, reiterou, “nos levam embora a harmonia com os irmãos, o amor ao próximo, nos fazem egoístas”. Tiago reivindica o salário dos trabalhadores que cultivaram a terra dos ricos e não foram pagos: “alguém poderia confundir o apóstolo Tiago com um sindicalista”, afirmou Francisco. E na verdade, acrescentou, o apóstolo “fala sob a inspiração do Espírito Santo”. Parece uma coisa dos nossos dias, disse o Papa:

Também aqui, na Itália, para salvar os grandes capitais deixam as pessoas sem trabalho. Vai contra o segundo mandamento e quem faz isto: “Ai de vós!”. Não eu, Jesus. Ai de vocês que exploram as pessoas, que exploram o trabalho, que pagam de maneira informal, que não pagam a contribuição para a aposentadoria, que não dão férias. Ai de vós! Fazer “economias”, fraudar o que se deve pagar, o salário, é pecado, é pecado. “Não, padre, eu vou à missa todos os domingos e participo daquela associação católica e sou muito católico e faço a novena disso…”. Mas você não paga? Essa injustiça é pecado mortal. Você não está nas graças de Deus. Não sou eu que estou dizendo, é Jesus, é o apóstolo Tiago. Por isso as riquezas nos afastam do segundo mandamento, do amor ao próximo.

 

Rezar pelos ricos

As riquezas, portanto, têm uma capacidade que nos tornar “escravos”: por isso Francisco exorta a “fazer um pouco mais de oração e um pouco mais de penitência” não pelos pobres, mas pelos ricos.

Você não é livre diante das riquezas. Você para ser livre diante das riquezas deve tomar distância e rezar para o Senhor. Se o Senhor lhe deu riquezas é para distribui-las aos outros, para fazer em seu nome tantas coisas boas para os outros. Mas as riquezas têm esta capacidade de nos seduzir e nesta sedução nós caímos, somos escravos das riquezas.

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Papa: a Igreja é mulher e mãe, como Maria

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21 de mai de 2018

“A Igreja é feminina”, “é mãe” e quando falta esta identidade ela se torna “uma associação beneficente ou um time de futebol”; quando “é uma Igreja masculina”, infelizmente se torna “uma Igreja de solteirões”, “incapaz de amor, incapaz de fecundidade”.

Foi o que disse o Papa Francisco na missa celebrada nesta segunda-feira (21/05), na capela da Casa Santa Marta, dia em que a Igreja recorda a Beata Virgem Maria, Mãe da Igreja. Esta memória é celebrada pela primeira vez, este ano, após a publicação em 3 de março passado, do decreto “Ecclesia Mater” da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

O Papa Francisco quis que esta memória fosse celebrada na segunda-feira depois de Pentecostes para “favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos religiosos e fiéis, como também a genuína piedade mariana”.

 

A Igreja é feminina

Na homilia, o Santo Padre ressaltou que nos Evangelhos, Maria sempre é indicada como “Mãe de Jesus”, não “a Senhora” ou “a viúva de José”: a sua maternidade percorre toda a Sagrada Escritura, desde a Anunciação até o fim. Uma especificidade que os Padres da Igreja entenderam rapidamente, bem que alcança e cinge a Igreja.

“A Igreja é feminina, porque é igreja, esposa: é feminina. É mãe, dá à luz. Esposa e mãe. E os Padres vão além e dizem: ‘A sua alma também é esposa de Cristo e mãe’. Nessa atitude de Maria, que é Mãe da Igreja, neste comportamento podemos entender essa dimensão feminina da Igreja que, quando não existe, a Igreja perde a verdadeira identidade e se torna uma associação beneficente ou um time de futebol ou qualquer outra coisa, mas não a Igreja.”

Somente uma Igreja feminina poderá ter “comportamentos de fecundidade”, segundo as intenções de Deus, que “quis nascer de uma mulher para nos ensinar este caminho de mulher”.

 

Não a uma Igreja de solteirões

“O importante é que a Igreja seja mulher, que tenha esta atitude de esposa e mãe. Quando nos esquecemos disso, é uma Igreja masculina, sem esta dimensão, e se torna tristemente uma Igreja de solteirões, que vivem no isolamento, incapazes de amor, incapazes de fecundidade. Sem a mulher, a Igreja não vai adiante, porque ela é mulher. Esta atitude de mulher vem de Maria, porque Jesus quis assim.”

 

A ternura de uma mãe

Uma das virtudes que mais distingue uma mulher, observou o Papa Francisco, é a ternura, como Maria que “deu à luz seu filho primogênito, o enfaixou e o colocou numa manjedoura”: cuidar, com mansidão e humildade são as qualidades fortes das mães”.

“Uma Igreja que é mãe segue o caminho da ternura. Conhece a linguagem da sabedoria do carinho, do silêncio, do olhar cheio de compaixão, que tem gosto de silêncio. E, também, uma alma, uma pessoa que vive essa pertença à Igreja, sabendo que também é mãe, deve seguir o mesmo caminho: uma pessoa afável, terna, sorridente e cheia de amor”.

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Papa: evitar a intriga para caminhar na verdadeira unidade

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17 de mai de 2018

Na missa celebrada esta quinta-feira, 17, na Casa Santa Marta, o Papa Francisco dedicou a sua homilia ao tema da unidade, inspirando-se na Liturgia da Palavra.

Existem dois tipos de unidade, comentou o Pontífice. A primeira é a verdadeira unidade de que fala Jesus no Evangelho, a unidade que Ele tem com o Pai e que quer trazer também a nós. Trata-se de uma “unidade de salvação”, “que faz a Igreja”, uma unidade que vai rumo à eternidade. “Quando nós na vida, na Igreja ou na sociedade civil trabalhamos pela unidade, estamos no caminho que Jesus traçou”, disse Francisco.

 

A falsa unidade divide

Porém, há uma “falsa unidade”, como aquela dos acusadores de São Paulo na Primeira Leitura. Inicialmente, eles se apresentam como um bloco único para acusá-lo. Mas Paulo, que era “sagaz”, isto é, tinha uma sabedoria humana e também a sabedoria do Espírito Santo, lança a “pedra da divisão”, dizendo estar sendo julgado pela esperança na ressurreição dos mortos”.

Uma parte desta falsa unidade, de fato, era composta por saduceus, que diziam não existir “ressurreição nem anjo nem espírito”, enquanto os fariseus professavam esses conceitos. Paulo então consegue destruir esta falsa unidade porque eclode um conflito e a assembleia que o acusava se divide.

 

De povo a massa anônima

Em outras perseguições sofridas por São Paulo, se vê que o povo grita sem nem mesmo saber o que está dizendo, e são “os dirigentes” que sugerem o que gritar:

Esta instrumentalização do povo é também um desprezo pelo povo, porque o transforma em massa. É um elemento que se repete com frequência, desde os primeiros tempos até hoje. Pensemos nisso. O Domingo de Ramos é: todos ali aclamam “Bendito o que vem em nome do Senhor”. Na sexta-feira sucessiva, as mesmas pessoas gritam: “Crucifiquem-no”. O que aconteceu? Fizeram uma lavagem cerebral e mudaram as coisas. E transformaram o povo em massa, que destrói.

 

Intrigar: um método usado também hoje

“Criam-se condições obscuras” para condenar a pessoa, explicou o Papa, e depois a unidade se desfaz. Um método com o qual perseguiram Jesus, Paulo, Estevão e todos os mártires e muito usado ainda hoje. E Francisco citou como exemplo “a vida civil, a vida política, quando se quer fazer um golpe de Estado”: “a mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas”. Depois chega a justiça, “as condena e, no final, se faz um golpe de Estado”. Uma perseguição que se vê também quando as pessoas no circo gritavam para ver a luta entre os mártires ou os gladiadores.

 

A fofoca é uma atitude assassina

O elo da corrente para se chegar a esta condenação é um “ambiente de falsa unidade”, destacou Francisco.

Numa medida mais restrita, acontece o mesmo também nas nossas comunidades paroquiais, por exemplo, quando dois ou três começam a criticar o outro. E começam a falar mal daquele outro… E fazem uma falsa unidade para condená-lo; sentem-se seguros e o condenam. O condenam mentalmente, como atitude; depois se separam e falam mal um contra o outro, porque estão divididos. Por isso a fofoca é uma atitude assassina, porque mata, exclui as pessoas, destrói a “reputação” das pessoas.

 

Caminhar na estrada da verdadeira unidade

“A intriga” foi usada contra Jesus para desacreditá-lo e, uma vez desacreditado, eliminá-lo:

Pensemos na grande vocação à qual fomos chamados: a unidade com Jesus, o Pai. E este caminho devemos seguir, homens e mulheres que se unem e buscam sempre prosseguir no caminho da unidade. E não as falsas unidades, que não têm substância, e servem somente para dar um passo a mais e condenar as pessoas, e levar avante interesses que não são os nossos: interesses do príncipe deste mundo, que é a destruição. Que o Senhor nos dê a graça de caminhar sempre na estrada da verdadeira unidade.

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Papa: não dialogar com o diabo, é um grande mentiroso

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08 de mai de 2018

Não devemos nos aproximar do diabo nem dialogar com ele: é “um derrotado”, mas perigoso porque seduz e, como um cão raivoso encoleirado, morde se é acariciado. Esta é a advertência do Papa Francisco na homilia da Missa na Casa Santa Marta.

Toda a sua reflexão foi inspirada na figura do diabo que não morreu, mas “já foi condenado”, como diz o Evangelho da Liturgia do dia extraído de João (Jo 16,5-11). “Podemos dizer que é moribundo”- disse o Papa –, mas é em todo caso um “derrotado”.
Porém, não é fácil nos convencer, porque “o diabo é um sedutor”, “sabe quais palavras usar”, e “nós gostamos de ser seduzidos”, explicou Francisco:

E ele tem esta capacidade; esta capacidade de seduzir. Por isso é muito difícil entender que é um derrotado, porque ele se apresenta com grande poder, promete tantas coisas, traz presentes – bonitos, bem embrulhados– “Oh, que lindo!” – mas você não sabe o que tem dentro – “Mas o papel fora é bonito”. Ele nos seduz com o embrulho sem nos mostrar o que tem dentro. Sabe apresentar as suas propostas para a nossa vaidade, a nossa curiosidade.

 

Mentiroso

Os caçadores, de fato, dizem para não se aproximar do crocodilo que está para morrer porque com a cauda ele inda pode matar. “É perigosíssimo”: apresenta-se com todo o seu poder, “as suas propostas são mentiras” e “nós, tolos, acreditamos”.

O diabo, de fato, “é um grande mentiroso, o pai da mentira”. “Sabe falar bem”, “é capaz de cantar para enganar”: “é um derrotado, mas se move como um vencedor”. A sua luz é radiante “como fogos de artifício”, mas não dura, desaparece, enquanto a luz do Senhor é “tênue, mas permanente”.

 

Sedutor

O diabo – reiterou Francisco – “nos seduz, sabe tocar a nossa vaidade, a curiosidade e nós compramos tudo”, isto é, “caímos na tentação”. Portanto, é “um derrotado perigoso”. “Devemos estar atentos ao diabo”, exorta então o Papa, convidando, como diz Jesus, a vigiar, rezar e jejuar. Assim se vence a tentação. Depois, é fundamental “não se aproximar dele” porque, como dizia um Pai da Igreja, é como um cão “bravo”, “raivoso”, preso na corrente, mas que não se deve acariciar porque morde: 

Se eu sei que espiritualmente me aproximando daquele pensamento, daquele desejo, se vou daquele lado ou de outro, estou me aproximando do cão nervoso e encoleirado. Por favor, não faça. “Tenho uma grande ferida...” – “Quem fez isso?” – “O cão” – “Mas ele estava preso?” – “Eh, sim, aproximei-me para lhe fazer um carinho” – “Então você procurou”. É assim: jamais se aproximar, porque está preso. Deixe-o preso ali.

 

Recorrer à mãe

Por fim, devemos estar atentos a não dialogar com o diabo como fez, ao invés, Eva: “ela acreditou ser a grande teóloga e caiu”. Jesus não o faz: no deserto, responde com a Palavra de Deus. Expulsa os demônios, algumas vezes pergunta o nome, mas não dialoga com eles. A exortação do Papa, portanto, é muito clara: “Com o diabo não se dialoga, porque ele nos vence, é mais inteligente do que nós”. Ele se fantasia de anjo da luz, mas é “um anjo de sombra, um anjo de morte”:

É um condenado, é um derrotado, é um encoleirado que está para morrer, mas é capaz de fazer estragos. E nós devemos rezar, fazer penitência, não nos aproximar, não dialogar com ele. E no final, procurar a mãe, como as crianças. Quando as crianças têm medo, procuram a mãe: “Mãe, mãe… estou com medo!”, quando sonham... procuram a mãe. Procurar Nossa Senhora; ela nos protege. E os Pais da Igreja, sobretudo os místicos russos, dizem: nos tempos de turbamentos espirituais, refugiar-se sob o manto da grande Mãe de Deus. Procurar a Mãe. Que Ela nos ajude nesta luta contra o derrotado, contra o cão encoleirado para vencê-lo.

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Papa Francisco em Tor de’ Schiavi: amar é cuidar das pessoas

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07 de mai de 2018

O Papa Francisco visitou, na tarde deste domingo, 06, a Paróquia do Santíssimo Sacramento, situada no bairro Tor de’ Schiavi, em Roma, onde inaugurou a “Casa da Alegria” para pessoas especiais.

Francisco foi acolhido pelo vigário do Papa para a Diocese de Roma, Dom Angelo De Donatis, pelo cardeal titular José Gregório Rosa Chávez, pelo Presidente da Caritas Internacional, Cardeal Luís Antônio Tagle, pelo pároco Pe. Maurizio Mirilli, alguns colaboradores e fiéis da paróquia.

Após as boas-vindas, o Papa encontrou-se com as pessoas especiais, seus familiares e abençoou os ambientes da “Casa da Alegria”.

A seguir, no oratório, respondeu quatro perguntas feitas por um pai, uma jovem, uma adolescente e uma criança.

Depois, presidiu a celebração eucarística durante a qual conferiu o Sacramento da Crisma a uma menina da paróquia, que sofre de uma doença mitocondrial, e sua mãe.

Em sua homilia, Francisco ressaltou que Jesus no Evangelho de hoje dá um forte conselho aos discípulos e também a nós: “Permaneçam no meu amor”.

“Cada um de nós pode se perguntar: permaneço no amor do Senhor ou vou buscar outros caminhos, outras condutas de vida? Permanecer no amor significa servir aos outros, estar a serviço dos outros. Não é como ver um filme de amor. O amor é outra coisa. O amor é cuidar dos outros. O amor não é soar um violino. Tudo romântico! O amor é trabalho. Vocês que são mães lembram de seus filhos pequenos e sabem que foi um trabalho, limpar, passar, amamentar. O amor se vê nas obras e não nas palavras. O amor é concreto.”

O Papa convidou cada um a “pensar no amor pela família, pelo trabalho, pelo bairro, no amor pelos outros”.

“Fui à “Casa da Alegria” que para mim deveria se chamar Casa do Amor, pois essa paróquia cuida de muitas pessoas que precisam ser curadas. Isso é amor e o amor é trabalho em prol dos outros. O amor se manifesta com mais força nas obras.”

“O que você faz pelos enfermos do bairro? Se eu amo, o que faço pelos outros? Alguém pode perguntar: Padre, onde aprendemos isso? De Jesus.”

O Papa sublinhou que na Segunda Leitura tem uma frase que pode abrir os nossos olhos:“Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados.”

“Ele ama sempre por primeiro e nos espera com amor. Devo me perguntar: espero os outros com amor? A fofoca é amor? O falar mal dos outros é amor? Não, isso não é amor. Posso fazer cinco novena por mês, mas se falo mal dos outros, isso não é amor.”

Francisco disse que “o amor é gratuito e que o termômetro para saber a temperatura do amor é a língua. Antes de me confessar, faço um exame de consciência e penso como a minha língua se comportou. Faça o esforço para não falar mal dos outros. Para isso existe um remédio: morder a língua”.

O Papa concluiu a sua homilia, convidando os fiéis a pedirem ao Senhor a graça de “permanecer no amor e entender que o amor é serviço, é cuidar das pessoas”.

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Proteger e vigiar: a missão do bispo, afirma o Papa

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04 de mai de 2018

O bispo e a sua missão: a este tema o Papa dedicou a sua homilia da missa matutina na Casa Santa Marta.

Francisco se inspirou na Primeira Leitura extraída dos Atos dos Apóstolos, que descreve um momento difícil dentro da comunidade de Antioquia.

“Ficamos sabendo que alguns dos nossos causaram perturbações com palavras que transtornaram vosso espírito”, escrevem Pedro e os apóstolos àqueles cristãos, dizendo, com o Espírito Santo, de reagir para restabelecer a paz.

Portanto, através de uma carta, enviam Barnabé e Paulo e outros homens de confiança até Antioquia. A carta causou alegria aos cristãos “pelo encorajamento que infundia”, narra ainda a Primeira Leitura.

Os que se apresentaram para defender as pessoas como “ortodoxos da verdadeira doutrina”, disse o Papa, “acreditando ser os verdadeiros teólogos do cristianismo”, tinham desorientado o povo: e os apóstolos, os bispos de hoje, o confirmam na fé.

 

Sentinela

“O bispo – afirmou Francisco – é aquele que supervisiona, que controla, é a sentinela, “que sabe guardar para defender o rebanho dos lobos que se aproximam”. A vida do bispo “está envolvida com a vida do rebanho”.

Mas o bispo faz algo a mais – prosseguiu Francisco. Assim como o pastor, vigia. “Uma bela palavra para descrever a vocação do bispo”:

Fazer a vigília significa envolver-se na vida do rebanho: Jesus distingue bem o verdadeiro pastor do empregado, daquele que recebe um salário e não se importa se o lobo vem e come uma ovelha: ele não se importa. Ao invés, o verdadeiro pastor que vigia, que está envolvido na vida do rebanho, defende não só todas [as ovelhas], defende cada uma, confirma cada uma e se uma vai embora ou se perde, ele vai atrás para trazê-la de volta. Está tão envolvido que não deixa que nenhuma se perca.

 

Proximidade

O verdadeiro bispo, portanto, conhece o nome de cada ovelha e isso, afirmou o Papa, nos faz compreender como Jesus concebeu o bispo: próximo. E o Espírito Santo deu ao povo cristão o faro, a capacidade de entender onde existe um verdadeiro bispo:

Quantas vezes ouvimos: “Ah, esse bispo! Sim, é bom, mas não cuida muito de nós, está sempre atarefado”, ou “este bispo se mistura nos negócios, é um pouco comerciante e isso não é bom”, ou “este bispo se ocupa de coisas que não tem a ver com a sua missão”, ou “este bispo está sempre com a mala pronta, sempre viajando, em todos os lugares”, ou “violão na mão”… O povo de Deus sabe quando o pastor é pastor, quando o pastor é próximo, quando o pastor sabe vigiar e dá a própria vida por eles. A proximidade.

 

Vigília

Assim deve ser a vida de um bispo, e assim a sua morte, concluiu o Papa, citando o exemplo de São Turíbio de Mogrovejo, que morreu num pequeno vilarejo indígena circundando pelos seus cristãos que tocavam a chirimía (um instrumento musical de sopro) para que morresse em paz:

Peçamos ao Senhor que nos dê sempre bons pastores, que não falte à Igreja a proteção dos pastores: não podemos ir avante sem isso. Que sejam homens assim, trabalhadores, de oração, próximos, próximos ao povo de Deus... digamos em um só palavra: homens que saibam vigiar.

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Papa: a fé se transmite com amor e testemunho

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03 de mai de 2018

“Transmitir a fé” não quer dizer “fazer proselitismo”, “buscar pessoas que torçam por um time de futebol” o um “centro cultural”, mas testemunhar com amor. Foi o que disse o Papa na homilia da Missa celebrada na Casa Santa Marta.

Partindo de um trecho da Carta de São Paulo aos Coríntios, o Pontífice afirmou que ser cristão não é aprender mecanicamente um livreto ou algumas noções, mas significa ser “fecundo na transmissão da fé”, assim como a Igreja, que é “mãe” e dá à luz “filhos na fé”.

“Transmitir a fé não é dar informações, mas fundar um coração, fundar um coração na fé em Jesus Cristo. Não se pode transmitir a fé mecanicamente: ‘Mas pegue este livreto, estude e depois o batizo’. Não. O caminho para transmitir a fé é outro: transmitir aquilo que nós recebemos. E este é o desafio de um cristão: ser fecundo na transmissão da fé. E também é o desafio da Igreja: ser mãe fecunda, dar à luz filhos na fé”.

 

Transmitir a fé com carinho

O Pontífice insistiu na transmissão da fé que atravessa gerações, da avó à mãe, numa atmosfera que perfuma de amor. O próprio credo è feito não só de palavras, mas de “carícias”, com a “ternura”, até mesmo “em dialeto”. O Papa citou as babás, que são quase uma segunda mãe. São sempre mais comuns os casos em que são elas a transmitir a fé com atenção, ajudando a crescer.

 

A Igreja cresce por atração

Portanto, a primeira atitude na transmissão da fé é certamente o amor; enquanto a segunda é o testemunho.

“Transmitir a fé não é fazer proselitismo, é outra coisa, é ainda maior. Não é buscar pessoas que torçam por um time de futebol, um clube, um centro cultural; isso pode ser, mas a fé não se propaga com proselitismo. Bento XVI disse bem: ‘A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração’. A fé se transmite, mas por atração, isto é, por testemunho”.

 

O testemunho gera curiosidade

Testemunhar na vida de todos os dias aquilo em que se acredita nos torna justos “aos olhos de Deus”, suscitando curiosidade em quem nos circunda.

“E o testemunho provoca curiosidade no coração do outro e aquela curiosidade o Espírito Santo a pega e trabalha a partir de dentro. A Igreja cresce por atração, atração. E a transmissão da fé se dá com o testemunho, até o martírio. Quando se vê esta coerência de vida com aquilo que nós dizemos, sempre vem a curiosidade: ‘Mas por que esta pessoa vive assim? Por que leva uma vida de serviço aos outros?’. E aquela curiosidade é a semente que pega o Espírito Santo e a leva avante. E a transmissão da fé nos faz justos, nos justifica. A fé nos justifica e na transmissão nós damos a verdadeira justiça aos outros”.

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Papa Francisco: o céu não é abstrato, mas o encontro com Jesus

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27 de abril de 2018

O Papa Francisco celebrou na manhã desta sexta-feira, 27, a missa na capela da Casa Santa Marta e dedicou sua homilia à Primeira Leitura. Trata-se do trecho dos Atos dos apóstolos, com o discurso de Paulo na sinagoga de Antioquia.

Os habitantes de Jerusalém, e os seus chefes, diz o Apóstolo, não reconheceram Jesus, mas Ele ressuscitou depois de morto. E assim conclui: “Nós vos anunciamos que a promessa que Deus fez aos antepassados, ele a cumpriu para nós, seus filhos, quando ressuscitou Jesus”.

 

Fidelidade de Deus

Tendo no coração esta promessa de Deus, prosseguiu o Papa, o povo se colocou em caminho com a segurança de saber que era o “povo eleito”. O povo, com frequência infiel, “confiava na promessa, porque sabia que Deus é fiel”. Por isso ia avante, confiante na fidelidade de Deus.

Também nós estamos em caminho: nós estamos em caminho. Estamos em caminho… e quando fazemos esta pergunta – “Sim, em caminho: mas em caminho para onde?” – “Sim, para o céu!” – “E o que é o céu?”. E ali começamos a escorregar nas respostas, não sabemos bem como dizer “o que é o céu”. E muitas vezes pensamos num céu abstrato, um céu distante, um céu… sim, ali se está bem. Alguns pensam: “Mas será um pouco entediante estar ali toda a eternidade?”. Não: o céu não é isso. Nós caminhamos rumo a um encontro: o encontro definitivo com Jesus. O céu é o encontro com Jesus.

Um encontro que nos fará alegrar para sempre, afirmou Francisco, “Jesus, Deus e homem; Jesus, em corpo e alma, nos espera”.

 

Tende fé em mim também

Para Francisco, devemos pensar nisto: “Eu estou caminhando na vida para encontrar Jesus. E o que faz Jesus enquanto isso? Ele não está sentando me esperando, mas, como diz o Evangelho, trabalha para nós. Ele mesmo diz: ‘Tende fé em mim também’, ‘Vou preparar um lugar para vós’”.

“E qual é o trabalho de Jesus? A intercessão. A oração de intercessão”, explicou o Papa.

Jesus reza por mim, por cada um de nós. Mas isso devemos repeti-lo para nos convencer: Ele é fiel e Ele reza por mim. Neste momento.

Francisco recordou as palavras de Jesus na Última Ceia, quando promete a Pedro: “Eu rezarei por ti”. “O que ele disse a Pedro diz a todos nós: ‘Eu rezo por ti’”.

E cada um de nós deve dizer: “Jesus está rezando por mim”, está trabalhando, está preparando aquele lugar. E Ele é fiel; Ele é fiel: o fará porque prometeu. O céu será este encontro, um encontro com o Senhor que foi ali preparar o lugar, o encontro com cada um de nós. E isso nos dá confiança, faz crescer a confiança.

Jesus é o sacerdote intercessor até o final do mundo, lembrou o Papa, que concluiu: “Que o Senhor nos dê esta consciência de estar em caminho com esta promessa. O Senhor nos dê esta graça: de olhar para o alto e pensar: ‘O Senhor está rezando por mim’ ”.

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Papa: sem amor e serviço, a Igreja não vai para frente

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26 de abril de 2018

Jesus nos ensina o amor com a Eucaristia; nos ensina o serviço com o lava-pés; e nos diz que um servo jamais está acima do seu senhor. Estes três elementos são o fundamento da Igreja. Foi o que disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã de quinta-feira, 26, na capela da Casa Santa Marta. O Pontífice comentou o Evangelho do dia, no qual João refere as palavras de Jesus depois do lava-pés.

Na Última Ceia, explicou o Papa, Jesus se despede dos discípulos com um discurso longo e belo e “faz dois gestos que são instituições”. Dois gestos para os discípulos e para a Igreja que virá, “que são o fundamento, por assim dizer, da sua doutrina”. Jesus “dá de comer o seu corpo e de beber o seu sangue”, isto é, institui a Eucaristia, e faz o lava-pés. “Desses gestos nascem os dois mandamentos – explicou Francisco – que farão crescer a Igreja se formos fiéis”.

 

Amor sem limites

O primeiro é o mandamento do amor: não somente “amar o próximo como a si mesmo”, mas um passo a mais: “amar o próximo como eu os amei”.

“ O amor sem limites. Sem isto, a Igreja não vai para frente, a Igreja não respira. Sem o amor, não cresce, se transforma numa instituição vazia, de aparências, de gestos sem fecundidade. Ir ao seu corpo: Jesus diz como devemos amar, até o fim. ”

Depois, o segundo novo mandamento, que nasce do lava-pés: “servir uns aos outros”, lavar os pés uns aos outros, como eu os lavei. Dois novos mandamentos e uma única advertência: “vocês podem servir, mas enviados por mim. Não estão acima de mim.

 

Humildade simples e verdadeira

De fato, Jesus esclarece: o servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o enviou”. Assim é a humildade simples e verdadeira, não a humildade fingida.

A consciência de que Ele é maior do que todos nós, e nós somos servos, e não podemos ultrapassar Jesus, não podemos usar Jesus. Ele é o Senhor, não nós. Este é o testamento do Senhor. Ele se dá de comer e beber e nos diz: amem-se assim. Lava os pés e nos diz: sirvam assim, mas estejam atentos, um servo jamais é maior que aquele que o enviou, do senhor. São palavras e gestos contundentes: é o fundamento da Igreja. Se formos avante com essas três coisas, nunca vamos errar.

Os mártires e os muitos santos, prosseguiu o Papa, foram avante assim: “com esta consciência de ser servos”.

 

Subordinação

E depois Jesus insere outra advertência: “Eu conheço aqueles que escolhi” e diz: “Mas sei que um de vocês me trairá”. Por isso, Francisco conclui convidando todos, num momento de silêncio, a deixar-se olhar pelo Senhor:

“ É deixar que o olhar de Jesus entre em mim. Sentiremos tantas coisas: sentiremos amor, sentiremos talvez nada... ficaremos bloqueados ali, sentiremos vergonha. Mas deixar sempre que o olhar de Jesus venha. O mesmo olhar com o qual olhava, naquela noite, os seus na ceia. Senhor conhece, sabe tudo. ”

Amor até o fim, finalizou o Papa, serviço, e “vamos usar uma palavra um pouco militar, mas que é útil: subordinação, isto é, Ele é o maior, eu sou servo, ninguém pode passar na sua frente”.

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