Papa Francisco: glória e cruz sejam inseparáveis

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29 de junho de 2018

O Santo Padre presidiu na manhã desta sexta-feira, 29, na Praça de São Pedro, à solene celebração Eucarística por ocasião da Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo.

Durante a cerimônia, o Papa entregou os Pálios sagrados aos 30 Arcebispos Metropolitanos nomeados durante o último ano, entre os quais um brasileiro: Dom Airton José dos Santos, arcebispo de Mariana (MG).

 

Tu és o Messias

Em sua homilia, Francisco retomou a Tradição Apostólica, perene e sempre nova, que acende e revigora a alegria do Evangelho. E precisamente sobre o Evangelho de hoje, pôs em realce a pergunta que Jesus fez aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Tomando a palavra, Pedro respondeu: “Tu és o Messias”, o Ungido, o Consagrado de Deus. E o Papa disse:

“Muito me apraz saber que foi o Pai a inspirar esta resposta a Pedro, que via como Jesus “ungia” seu povo. Jesus, o Ungido que caminha, de aldeia em aldeia, com o único desejo de salvar e aliviar quem estava perdido: ungia os mortos, os enfermos, as feridas, o penitente. Unge a esperança! Assim, todo pecador, derrotado, doente, pagão se sentiam membros amados da família de Deus”.

 

Ir a todos os cantos

Como Pedro, disse o Papa, também nós podemos confessar, com os nossos lábios e o coração, não só o que ouvimos, mas também a nossa experiência concreta de termos sido ressuscitados, socorridos, renovados, cumulados de esperança pela unção do Santo. E acrescentou:

“O Ungido de Deus leva o amor e a misericórdia do Pai até às extremas consequências. Este amor misericordioso exige ir a todos os cantos da vida e chegar a todos, ainda que pudesse colocar em perigo o próprio “nome”, as comodidades, a posição, o martírio”.

 

Tentação à espreita

Perante este anúncio tão inesperado, Pedro reage a ponto de se tornar pedra de tropeço no caminho do Messias e até ser chamado “Satanás”. Contemplar a vida de Pedro e a sua confissão, afirmou o Papa, significa reconhecer as tentações que acompanham a vida do discípulo. Como Pedro, como Igreja, seremos sempre tentados pelos “sussurros” do maligno, que poderão ser pedra de tropeço para a nossa missão:

“Quantas vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor! Jesus toca a miséria humana; convida-nos a estar com Ele e a tocar os sofrimentos dos outros. Confessar a fé, com a boca e o coração, exige identificar os “sussurros” do maligno; discernir e descobrir as “coberturas” pessoais e comunitárias, que nos mantêm à distância do drama humano real, impedindo-nos de entrar em contato com a sua existência concreta”.

 

Não separar a glória da cruz

Jesus, frisou Francisco, sem separar a cruz da glória, quer resgatar seus discípulos e a sua Igreja dos triunfalismos vazios de amor, de serviço, de compaixão e de povo. Contemplar e seguir a Cristo exige deixar o nosso coração abrir-se ao Pai e a todos com quem Ele se identificou: Ele jamais abandona o seu povo! O Papa concluiu sua homilia, com a exortação:

“Confessemos com os nossos lábios e com o nosso coração que Jesus Cristo é o Senhor! Este é o nosso canto, que somos convidados a entoar todos os dias. Com a simplicidade, a certeza e a alegria de saber que a Igreja não brilha com luz própria, mas com a de Cristo: 'Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim'.”

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Papa: o cristão reza pelo seu inimigo e o ama

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19 de junho de 2018

O perdão, a oração e o amor por que quem nos quer destruir, pelo nosso inimigo. Assim foi a homilia do Papa Francisco na missa celebrada na capela da Casa Santa Marta esta terça-feira, 19.

Comentando o trecho proposto pela Leitura do dia, extraído do Evangelho de Mateus, o Papa admitiu a dificuldade humana em seguir o modelo do nosso Pai celeste e propôs novamente o desafio do cristão, isto é, de pedir ao Senhor a “graça” de saber “abençoar os nossos inimigos” e nos comprometer a amá-los.

 

Perdoar para ser perdoados

“Nós sabemos que devemos perdoar os nossos inimigos”, afirmou o Papa, nós dizemos isso todos os dias no Pai-Nosso. Pedimos perdão assim como nós perdoamos: é uma condição…", embora não seja fácil. Assim como “rezar pelos outros”, por aqueles que nos dão problemas, que nos colocam à prova: também isto é difícil, mas o fazemos. Ou pelo menos muitas vezes conseguimos fazê-lo ":

Mas rezar por aqueles que querem me destruir, os inimigos, para que Deus os abençoe: isso é realmente difícil de entender. Pensemos no século passado, os pobres cristãos russos que somente pelo fato de serem cristãos eram enviados para a Sibéria para morrer de frio: e eles deveriam rezar pelo governante carrasco que os enviava ali? Mas como é possível? E muitos o fizeram: rezaram. Pensemos em Auschwitz e em outros campos de concentração: eles deveriam rezar por este ditador que queria a raça pura e matava sem escrúpulo, e rezar para que Deus os abençoasse! E muitos fizeram isso.

 

Aprender com a lógica de Jesus e dos mártires

É a difícil lógica de Jesus, que no Evangelho está contida na oração e na justificação daqueles que “o mataram” na cruz: “perdoa-os Pai, porque não sabem o que fazem”. Jesus pede perdão para eles, recordou o Papa, assim como fez como Santo Estevão no momento do martírio:

Mas quanta distância, uma infinita distância entre nós que muitas vezes não perdoamos pequenas coisas, e isso que nos pede o Senhor e de qual sempre nos deu exemplo: perdoar aqueles que tentam nos destruir. Nas famílias, às vezes, é muito difícil perdoarem-se os cônjuges depois de alguma briga, ou perdoar a sogra também: não é fácil. O filho pedir perdão ao pai é difícil. Mas perdoar os que o estão matando, que querem eliminá-lo … Não somente perdoar: rezar por eles, para que Deus os proteja! E mais: amá-los. Somente a palavra de Jesus pode explicar isso. Eu não consigo ir além.

 

Pedir a graça de ser perfeito como o Pai

Portanto, destacou Francisco, é a graça de pedir para entender algo deste mistério cristão e ser perfeitos como o Pai, que dá todos os seus bens aos bons e aos maus. O Papa concluiu afirmando que nos fará bem pensar nos nossos inimigos, pois todos nós temos algum:

Hoje, nos fará bem pensar num inimigo – creio que todos nós temos um -, alguém que nos fez mal ou que nos quer fazer mal ou tenta nos prejudicar: pensar nesta pessoa. A oração mafiosa é: “Você me paga”. A oração cristã é: “Senhor, dê-lhe a sua bênção e ensine-me a amá-lo”. Pensemos num inimigo: todos temos um. Pensemos nele. Rezemos por ele. Peçamos ao Senhor a graça de amá-lo.

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Papa: as ditaduras começam com a comunicação caluniosa

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18 de junho de 2018

Para destruir instituições ou pessoas, se começa a falar mal. A esta “comunicação caluniosa”, o Papa Francisco dedicou a homilia de segunda-feira, 18, na missa na Casa Santa Marta.

A sua reflexão parte da história de Nabot narrada na Primeira Leitura, no Livro dos Reis. O rei Acab deseja a vinha de Nabot e lhe oferece dinheiro. Aquele terreno, porém, faz parte da herança dos seus pais e, portanto, rejeita a proposta. Então Acab fica aborrecido “como fazem as crianças quando não obtêm o que querem: chora.

A sua esposa cruel, Jezabel, aconselha o rei a acusar Nabot de falsidade, a matá-lo e assim tomar posse de sua vinha. Nabot – notou o Papa – é portanto um “mártir da fidelidade à herança” que tinha recebido de seus pais: uma herança que ia além da vinha, “uma herança do coração”.

 

Os mártires condenados com as calúnias

Para Francisco, a história de Nabot é paradigmática da história de Jesus, de Santo Estevão e de todos os mártires que foram condenados usando um cenário de calúnias. Mas é também paradigmática do modo de proceder de tantas pessoas de “tantos chefes de Estado ou de governo”. Começa com uma mentira e, “depois de destruir seja uma pessoa, seja uma situação com aquela calúnia”, se julga e se condena.

 

Como as ditaduras adulteram a comunicação

“Também hoje, em muitos países, se usa este método: destruir a livre comunicação”.

Por exemplo, pensemos: há uma lei da mídia, da comunicação, se cancela aquela lei; se concede todo o aparato da comunicação a uma empresa, a uma sociedade que faz calúnia, diz falsidades, enfraquece a vida democrática. Depois vêm os juízes a julgar essas instituições enfraquecidas, essas pessoas destruídas, condenam e assim vai avante uma ditadura. As ditaduras, todas, começaram assim, adulterando a comunicação, para colocar a comunicação nas mãos de uma pessoa sem escrúpulo, de um governo sem escrúpulo.

 

A sedução dos escândalos

“Também na vida cotidiana é assim”, destacou o Papa: se quero destruir uma pessoa, “começo com a comunicação: falar mal, caluniar, dizer escândalos”:

E comunicar escândalos é um fato que tem uma enorme sedução, uma grande sedução. Seduz-se com os escândalos. As boas notícias não são sedutoras: “Sim, mas que belo o que fez!” E passa… Mas um escândalo: “Mas você viu! Viu isso! Você viu o que aquele lá fez? Esta situação… Mas não pode, não se pode ir avante assim!” E assim a comunicação cresce, e aquela pessoa, aquela instituição, aquele país acaba na ruína. No final, não se julgam as pessoas. Julgam-se as ruínas das pessoas ou das instituições, porque não se podem defender.

 

A perseguição dos judeus

“A sedução do escândalo na comunicação leva justamente ao ângulo, isto é “destrói” assim como aconteceu a Nabot, que queria somente “ser fiel à herança dos seus antepassados” e não vendê-la. Neste sentido, também é exemplar a história de Santo Estevão, que faz um longo discurso para se defender, mas aqueles que o acusavam preferem lapidá-lo ao invés de ouvir a verdade. “Este é o drama da avidez humana”, afirma o Papa. Tantas pessoas são, de fato, destruídas por uma comunicação malvada:

Muitas pessoas, muitos países destruídos por ditaduras malvadas e caluniosas. Pensemos por exemplo nas ditaduras do século passado. Pensemos na perseguição aos judeus, por exemplo. Uma comunicação caluniosa, contra os judeus; e acabavam em Auschwitz porque não mereciam viver. Oh… é um horror, mas um horror que acontece hoje: nas pequenas sociedades, nas pessoas e em muitos países. O primeiro passo é se apropriar da comunicação, e depois da destruição, o juízo e a morte.

 

Reler a história de Nabot

O Apóstolo Tiago fala precisamente da "capacidade destrutiva da comunicação malvada". Em conclusão, o Papa exorta a reler a história de Nabot no capítulo 21 do Primeiro Livro dos Reis e a pensar em "tantas pessoas destruídas, em tantos países destruídos, em tantas ditaduras com 'luvas brancas'" que destruíram países.

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Papa: explorar as mulheres é pecado contra Deus

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15 de junho de 2018

Uma oração "pelas mulheres descartadas, pelas mulheres usadas, pelas jovens que têm que vender a própria dignidade para ter um emprego". Esta é a exortação do Papa na missa celebrada na manhã desta sexta-feira, 15, na Casa Santa Marta, quando refletiu sobre o Evangelho de hoje de Mateus e as palavras de Cristo: "Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério” e "todo aquele que repudiar sua mulher, a expõe ao adultério."

 

Jesus muda a história

Francisco recorda como as mulheres são "o que falta a todos os homens para serem imagem e semelhança de Deus": Jesus pronuncia palavras fortes, radicais, que "mudam a história", porque até aquele momento a mulher "era de segunda classe", dizendo com um eufemismo, "era escrava", "não gozava sequer de plena liberdade", observa o Papa.

E a doutrina de Jesus sobre a mulher muda a história. Uma coisa é a mulher antes de Jesus, outra coisa é a mulher depois de Jesus. Jesus dignifica a mulher e a coloca no mesmo nível do homem, porque utiliza aquela primeira palavra do Criador, ambos são "imagem e semelhança de Deus ", os dois; não primeiro o homem  e depois, um pouquinho mais em baixo, a mulher. Não, os dois. E o homem sem a mulher ao lado - tanto como mãe, como irmã, como esposa, como companheira de trabalho, como  amiga -  este homem sozinho não é imagem de Deus.

 

Até hoje, as mulheres são objeto de desejo

Francisco se concentra em particular no "desejar" uma mulher, evocada na passagem do Evangelho. "Nos programas de televisão, nas revistas, nos jornais - diz - mostram as mulheres como objeto de desejo, de uso", como em um "supermercado".

A mulher, talvez para vender uma certa qualidade de "tomates", torna-se um objeto, "humilhada, sem roupas", fazendo com que caia o ensinamento de Jesus que a "dignificou”.

E – acrescenta - não é preciso ir "tão longe": isso acontece também "aqui, onde vivemos", nos "escritórios", nas "empresas", as mulheres "objeto da filosofia usa e joga fora", como material de descarte", em que nem parecem ser "pessoas":

Isto é um pecado contra Deus Criador, rejeitar a mulher, porque sem ela nós homens não podemos ser imagem e semelhança de Deus. Há uma fúria contra a mulher, uma fúria feia. Mesmo sem dizer isso ... Mas quantas vezes as jovens precisam se vender para ter um emprego, como objeto usa e joga fora? Quantas vezes? "Sim, padre eu ouvi naquele país ...". Aqui em Roma. Não ir longe.

 

Olhe ao nosso redor para ver a exploração

O Papa se pergunta o que veríamos se fizéssemos uma "peregrinação noturna" em certos lugares da cidade, onde "muitas mulheres, muitos migrantes, muitos não-migrantes" são explorados "como em um mercado": os homens se aproximam destas mulheres não para dizer “boa-noite”, mas “quanto custa?", recorda Francisco. E para aqueles que lavam "a consciência" chamando-as de "prostitutas", o Pontífice diz:

"Você fez dela uma prostituta, como Jesus diz: quem a repudia a expõe ao adultério, porque você não trata bem a mulher, a mulher acaba assim, também explorada, escrava, tantas vezes."

Portanto, será bom olhar para essas mulheres e pensar que, diante da nossa liberdade, elas são "escravas desse pensamento de descarte":

Tudo isso acontece aqui, em Roma, acontece em todas as cidades, as mulheres anônimas, as mulheres - podemos dizer - "sem um olhar" porque a vergonha cobre o olhar, as mulheres que não sabem rir e muitas delas que não sabem, não conhecem a alegria de amamentar e de ouvirem ser chamadas de mãe. Mas, mesmo na vida cotidiana, sem ir a esses lugares, esse pensamento feio de rejeitar a mulher, é um objeto de "segunda classe". Devemos refletir melhor. E fazendo isto ou dizendo isto, entrando neste pensamento desprezamos a imagem de Deus, que fez o homem e a mulher juntos à sua imagem e semelhança. Esta passagem do Evangelho nos ajuda a pensar no mercado de mulheres, no mercado, sim, tráfico, exploração, que vemos; também no mercado invisível, que se faz e não se vê. A mulher é pisoteada porque é mulher.

 

Com ternura, Cristo restitui dignidade

Jesus, lembra o Papa, "teve uma mãe", teve "muitas amigas que o seguiram para ajudá-lo em seu ministério" e para apoiá-lo. E encontrou "tantas mulheres desprezadas, marginalizadas e descartadas", que ele ajudou com tanta "ternura", restituindo a elas dignidade.

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Papa: ser sal e luz é o testemunho diário do cristão

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12 de junho de 2018

Ser sal e luz para os outros, sem se atribuir méritos. Este é o simples testemunho cotidiano ao qual o cristão é chamado: palavras pronunciadas pelo Papa Francisco na homilia da missa celebrada na terça-feira, 12, na capela da Casa Santa Marta.

 

O simples testemunho habitual

O maior testemunho do cristão é dar a vida como fez Jesus, isto é, o martírio. Mas há também outro testemunho, de todos os dias, que começa pela manhã quando se acorda, e termina à noite, quando se vai dormir: “o simples testemunho habitual”.

 

Sal e luz

“Parece pouco”, mas o Senhor “com pouco faz milagres, faz maravilhas”, afirmou Francisco. Portanto, é preciso ter uma atitude de “humildade”, que consiste em tentar ser somente sal e luz:

Sal para os outros, luz para os outros, porque o sal não dá sabor a si mesmo, sempre a serviço. A luz não ilumina si mesma, sempre a serviço. Sal para os outros. Pouco sal que ajuda nas refeições, mas pouco. No supermercado, o sal não é vendido em toneladas, não… Pequenos pacotes; é suficiente. E depois, o sal não se orgulha de si mesmo porque não está a serviço de si mesmo. Está sempre ali para ajudar os outros: ajudar a preservar as coisas, a dar sabor às coisas. Simples testemunho.

 

Nenhum mérito

Portanto, reiterou o Papa, ser cristão de todos os dias significa ser luz “para as pessoas, para ajudar nas horas de escuridão”:

O Senhor nos diz assim: “Você é sal, você é luz”- “Ah, verdade! Senhor, é assim. Vou atrair tantas pessoas para a igreja e farei…” – “Não, você vai fazer de modo que os outros vejam e glorifiquem o Pai. E não será atribuído a você nenhum mérito. Quando comemos não dizemos: “Ah, bom o sal!”, Não!: “Bom o macarrão, boa a carne, boa …”. Não dizemos: “Que bom o sal”. À noite, quando vamos para casa, não dizemos: “Que boa a luz”, não. Ignoramos a luz, mas vivemos com aquela luz que ilumina. Esta é uma dimensão que faz com que nós cristãos sejamos anônimos na vida.

“Não somos protagonistas dos nossos méritos”, destacou ainda o Papa, reiterando que não é preciso fazer como o fariseu, que agradece ao Senhor pensando ser santo:

E uma bela oração para todos nós, no final do dia, seria se perguntar: “Fui sal hoje? Fui luz hoje?”. Esta é a santidade de todos os dias. Que o Senhor nos ajude a entender isso.

(Vatican News)

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Que os evangelizadores não sejam carreiristas

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11 de junho de 2018

A evangelização tem três dimensões fundamentais: o anúncio, o serviço e a gratuidade. Foi o que sublinhou o Papa Francisco na homilia da Missa celebrada na manhã desta segunda-feira, 11, na capela da Casa Santa Marta.

 

Escolhas que não transformam o coração 

Inspirando-se nas leituras do dia, o Pontífice esclarece que o Espírito Santo é o “protagonista” do anúncio, que não apresenta uma simples “pregação” ou a “transmissão” de algumas ideias, mas é um movimento dinâmico capaz de “transformar os corações”, graças à ação do Espírito.

“Vimos planos pastorais bem feitos, perfeitos – precisa Francisco – mas que não eram instrumento de evangelização”, simplesmente porque eram finalizados em si mesmos, “incapazes de transformar os corações”:

"Não é uma atitude empresarial que Jesus nos manda ter, com uma atitude empresarial, não. É com o Espírito Santo. Isso é coragem. A verdadeira coragem da evangelização não é uma teimosia humana, assim... Não. É o Espírito Santo que nos dá coragem e leva você em frente".

 

Na Igreja é preciso servir

A segunda dimensão da evangelização destacada pelo Papa, é a do serviço, oferecido também “nas pequenas coisas”.

Equivocada, de fato, é a presunção de querer ser servido depois de ter feito carreira, na Igreja ou na sociedade: “o subir na Igreja – acrescenta – é um sinal que não se sabe o que é a evangelização”: “aquele que manda, deve ser como aquele que serve”:

“Nós podemos anunciar coisas boas, mas sem serviço não é anúncio, parece, mas não é. Porque o Espírito não somente leva você me frente para proclamar as verdades do Senhor e a vida do Senhor, mas leva você também aos irmãos, irmãs, para servi-los. Também nas coisas pequenas. É feio quando nos deparamos com evangelizadores que se fazem servir e vivem para serem servidos. É feio. São como príncipes da evangelização”.

 

Gratuidade da evangelização

Por fim, a gratuidade, porque ninguém pode redimir-se pelos próprios méritos. “Gratuitamente recebestes – nos recorda o Senhor - gratuitamente deveis dar”:

Todos nós fomos salvos gratuitamente por Jesus Cristo e portanto devemos dar gratuitamente. Os agentes pastorais da evangelização devem aprender isto, a vida deles deve ser gratuita, a serviço, ao anúncio, conduzidos pelo Espírito. A própria pobreza os impele a abrirem-se ao Espírito”.

 

(Por: Vatican News)

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Sagrado Coração: hoje é a festa do amor de Deus

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08 de junho de 2018

No dia em que a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o Papa Francisco iniciou a sua homilia na Casa Santa Marta afirmando que se poderia dizer que hoje é a festa do amor de Deus.

“Não somos nós que amamos Deus, mas é Ele que “nos amou por primeiro, Ele é o primeiro a amar”, disse o Papa. Uma verdade que os profetas explicavam com o símbolo da flor de amêndoa, o primeiro a florescer na primavera. “Deus é assim: sempre por primeiro. Ele nos espera por primeiro, nos ama por primeiro, nos ajuda por primeiro”.

Mas não é fácil entender o amor de Deus. De fato, Paulo, na segunda Leitura do dia, fala de ‘impenetráveis riquezas de Cristo’, de um mistério escondido.

É um amor que não se pode entender. Um amor de Cristo que supera todo conhecimento. Supera tudo. Tão grande é o amor de Deus. E um poeta dizia que era como “o mar, sem margens, sem fundo …”: mas um mar sem limites. E este é o amor que nós devemos entender, o amor que nós recebemos.

Na história da salvação, o Senhor nos revelou o seu amor, “foi um grande pedagogo”, disse o Papa e, relendo as palavras do profeta Oséias, explica que não o revelou através da potência: “Não. Vamos ouvir: ‘Eu ensinei meu povo a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, eu cuidava dele’. Tomar nos braços, próximo: como um pai”.

Deus, como manifesta o amor? Com as grandes coisas? Não: se rebaixa, se rebaixa, se rebaixa com esses gestos de ternura, de bondade. Faz-se pequeno. Aproxima-Se. E com esta proximidade, com este rebaixamento, Ele nos faz entender a grandeza do amor. O grande deve ser entendido por meio do pequeno.

Por último, Deus envia o seu Filho, mas “o envia em carne” e o Filho “humilhou a si mesmo” até a morte. Este é o mistério do amor de Deus: a grandeza maior expressa na menor das pequenezas. Para Francisco, assim se pode entender também o percurso cristão.

Quando Jesus nos quer ensinar como deve ser a atitude cristã, nos diz poucas coisas, nos faz ver aquele famoso protocolo sobre o qual todos nós seremos julgados (Mateus 25). E o que diz? Não diz: “Eu creio que Deus seja assim. Entendi o amor de Deus”. Não, não… Eu fiz o amor de Deus em pequenas coisas. Dei de comer ao faminto, dei de beber ao sedento, visitei o doente, o detento. As obras de misericórdia são justamente a estrada do amor que Jesus nos ensina em continuidade com este amor de Deus, grande! Com este amor sem limites, que se aniquilou, se humilhou em Jesus Cristo; e nós devemos expressá-lo assim.

Portanto, concluiu o Papa, não são necessários grandes discursos sobre o amor, mas homens e mulheres “que saibam fazer essas pequenas coisas por Jesus, para o Pai”. As obras de misericórdia “são a continuidade deste amor, que se rebaixa, chega a nós e nós o levamos avante”.

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Papa: os cristãos “sem memória” perdem o sal da vida

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07 de junho de 2018

A memória cristã é o sal da vida, voltar para ir para frente: devemos recordar e contemplar os primeiros momentos nos quais encontramos Jesus. Palavras do Papa Francisco na missa celebrada na manhã de quinta-feira, 07, na capela da Casa Santa Marta. A sua homilia foi inspirada na exortação de São Paulo a Timóteo, na Primeira Leitura: “Lembra-te de Jesus Cristo”.

 

Sal da vida

Trata-se de voltar com a memória para encontrar Cristo, explicou o Papa, “para encontrar forças e poder caminhar para frente. A memória cristã é sempre um encontro com Jesus Cristo”.

A memória cristã é como o sal da vida. Sem memória não podemos ir para frente. Quando encontramos cristãos “desmemorados”, logo vemos que perderam o sabor da vida cristã e acabaram como pessoas que cumprem os mandamentos, mas sem a mística, sem encontrar Jesus Cristo. E Jesus Cristo devemos encontrá-lo na vida.

 

Encontros, antepassados e lei

Francisco acrescentou que são três as situações em que podemos encontrar Jesus Cristo: "nos primeiros momentos, nos nossos antepassados e na lei”. A Carta aos Hebreus nos indica como fazer:

“Evoquem na memória aqueles primeiros tempos, depois da conversão, em que eram tão fervorosos …" “Cada um de nós tem momentos de encontro com Jesus”. Na nossa vida, prosseguiu o Papa, houve “um, dois, três momentos em que Jesus se aproximou, se manifestou. Não esqueçam esses momentos: devemos ir para trás e retomá-los porque são momentos de inspiração, onde nós encontramos Jesus Cristo”.

Cada um de nós tem momentos assim: quando encontrou Jesus Cristo, quando mudou de vida, quando o Senhor lhe fez ver a própria vocação, quando o Senhor o visitou num momento difícil… Nós no coração temos esses momentos. Busquemo-los. Contemplemos esses momentos. Memória daqueles momentos nos quais eu encontrei Jesus Cristo. Memória daqueles momentos nos quais Jesus Cristo encontrou a mim. São a fonte do caminho cristão, a fonte que me dará as forças.

“Eu recordo esses momentos?", perguntou Francisco. "Momentos de encontro com Jesus quando a minha vida mudou, quando me prometeu algo?” "Se nós não lembramos, vamos procurá-los. Cada um de nós tem os seus."

 

Não recebemos a fé por correio

O segundo encontro com Jesus, disse ainda o Papa, acontece através da memória dos antepassados, que a Carta aos Hebreus chama “os seus chefes, que lhes ensinaram a fé”. Também Paulo, sempre na segunda carta a Timóteo, o exorta assim: “Lembre-se de sua mãe e de sua avó que lhe transmitiram a fé”. “Não recebemos a fé por correio”, afirmou o Papa, mas “homens e mulheres nos transmitiram a fé” e diz a Carta aos Hebreus: “Olhem para eles que são uma multidão de testemunhas e se fortaleçam neles, eles que sofreram o martírio”.

Sempre quando a água da vida se torna um pouco turva, destacou Francisco, “é importante ir à fonte e encontrar nela a força para ir avante. Podemos nos perguntar: eu evoco os meus antepassados? Eu sou um homem, uma mulher com raízes? Ou me tornei desarraigado? Somente vivo no presente? Se é assim, é preciso imediatamente pedir a graça de voltar às raízes”, àquelas pessoas que nos transmitiram a fé.

 

A lei do coração

Por fim, a lei, que Jesus nos faz recordar no Evangelho de Marcos. O primeiro mandamento é: “Escutai, Israel, o Senhor nosso Deus”.

A memória da lei. A lei é um gesto de amor que o Senhor fez conosco porque nos indicou o caminho, nos disse: por esta estrada não vai errar. Evocar na memória a lei. Não a lei fria, que parece simplesmente jurídica. Não. A lei do amor, a lei que o Senhor inseriu no nosso coração.

“Eu sou fiel à lei, lembro da lei, respeito a lei?", questionaou ainda o Papa. Algumas vezes, nós cristãos, inclusive consagrados, temos dificuldade de dizer de cor os mandamentos: ‘Sim, sim, eu lembro, mas depois a um certo ponto erro, não lembro”.

 

Memória e esperança

Lembrar-se de Jesus Cristo, concluiu o Papa, significa ter “o olhar fixo no Senhor” nos momentos da minha vida nos quais eu O encontrei, momentos de provação, nos meus antepassados e na lei. E a memória “não é somente um ir para trás”. É ir para trás para ir para frente. Memória e esperança vão juntas. São complementares, se completam. “Lembre-se de Jesus Cristo, o Senhor que veio, pagou por mim e que virá. O Senhor da memória, o Senhor da esperança”.

O convite final do Papa é que cada um de nós hoje pegue um minuto para se perguntar como está a memória dos momentos nos quais encontrei o Senhor, a memória dos meus antepassados e a memória da lei. Depois, como vai a minha esperança, naquilo que espero. “Que o Senhor nos ajude neste trabalho de memória e de esperança.”

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Papa: sem liberdade não se pode ser santos

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29 de mai de 2018

Nos momentos de provação não voltar aos esquemas do mundo, que tiram a liberdade. É preciso, pelo contrário, permanecer no caminho para a santidade. Foi o que afirmou o Papa Francisco na Missa celebrada na manhã desta terça-feira, 29, na Casa Santa Marta, inspirando-se na primeira leitura (1Pd 1,10-16) do dia, na qual Pedro exorta a caminhar para a santidade:

E o chamado à santidade, que é o chamado normal, é o chamado a viver como cristão, isto é, viver como cristão é o mesmo que dizer “viver como santo”. Tantas vezes nós pensamos na santidade como algo extraordinário, como ter visões ou orações elevadíssimas… ou alguns pensam que ser santo significa ter uma cara de santinho. Não! Ser santos é outra coisa. É caminhar no que o Senhor nos diz sobre a santidade. E, o que é caminhar na santidade? E Pedro diz: “ponde toda a vossa esperança na graça que vos será oferecida na revelação de Jesus Cristo”.

 

Caminhar para a luz

“Caminhar para a santidade” consiste portanto no caminhar para aquela graça que vem ao encontro, caminhar para a esperança, estar em tensão rumo ao encontro com Jesus Cristo.

É como quando se caminha em direção à luz: tantas vezes não se vê bem o caminho porque a luz nos ofusca. “Mas não erramos – observa o Papa – porque vemos a luz e conhecemos o caminho”.

Quando, ao invés disso, se caminha com a luz nas costas, se vê bem a estrada, mas na realidade, porém, diante de nós existe a sombra, não luz.

 

Não voltar aos esquemas do mundo

Para caminhar para a santidade, depois, é necessário “ser livres e sentir-se livres”. O Papa adverte porém que existem tantas coisas que escravizam. Por isso Pedro exorta a não conformar-se aos desejos “do tempo da vossa ignorância.” Também Paulo na Primeira leitura aos Romanos diz: “não conformai-vos”, que significa “não entrem nos esquemas”:

“Esta é a tradução correta destes conselhos - não entrem nos esquemas do mundo, não entrem nos esquemas, no modo de pensar mundano, no modo de pensar e de julgar que o mundo oferece a você, porque isso tira sua liberdade". E para andar na santidade, devemos ser livres: a liberdade de andar olhando a luz, de seguir em frente. E quando voltamos, como diz aqui, ao modo de viver que tínhamos antes do encontro com Jesus Cristo ou quando nós voltamos aos padrões do mundo, perdemos a liberdade.

 

Sem liberdade não se pode ser santos

No livro do Êxodo vemos, de fato, como tantas vezes o povo de Deus não quis olhar para frente, para a salvação, mas voltar atrás. Lamentavam-se e "imaginavam a bela vida que passavam no Egito", onde comiam cebolas e carne, destaca Francisco.

"Nos momentos de dificuldade, o povo volta atrás", "perde a liberdade": é verdade que comiam coisas boas, mas na "mesa da escravidão":

Nos momentos de provação, sempre temos a tentação de olhar para trás, de olhar para os esquemas do mundo, para os padrões que tínhamos antes de iniciar o caminho da salvação: sem liberdade. E sem liberdade não se pode ser santos. A liberdade é a condição para poder caminhar olhando a luz à frente. Não entrar nos esquemas da mundanidade: caminhar em frente, olhando para a luz que é a promessa, na esperança; essa é a promessa como o povo de Deus no deserto: quando olhavam para frente, iam bem; quando vinha a nostalgia porque não podiam comer as coisas boas que lhes davam lá, erravam e esqueciam que lá não tinham liberdade.

 

Esquemas mundanos prometem tudo e não dão nada

O Senhor, portanto, chama à santidade de todos os dias. E há dois parâmetros para saber se estamos no caminho para a santidade: antes de tudo, se olhamos para a luz do Senhor na esperança de encontrá-lo e, depois se, quando chegam as provações, olhamos em frente e não perdemos a liberdade, refugiando-nos nos esquemas mundanos que "prometem tudo e não te dão nada".

"Sejam santos porque eu sou santo", é o mandamento do Senhor. Francisco recorda isso ao concluir, exortando a pedir a graça de entender bem o que é o caminho da santidade: "um caminho de liberdade, mas em tensão de esperança rumo ao encontro com Jesus". E entender bem também o que é ir em direção aos "esquemas mundanos que todos nós tínhamos antes do encontro com Jesus".

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Papa: a paz é a verdadeira alegria do cristão, não a "dolce vita"

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28 de mai de 2018

A alegria “é o respiro do cristão”, uma alegria feita de verdadeira paz e não falsa como aquela que a cultura de hoje oferece, que “inventa tantas coisas para nos divertir”, inúmeros “momentos de dolce vita”. Na Missa celebrada na manhã de segunda-feira (28/05) na capela da Casa Santa Marta, o Papa voltou a falar de uma das características do cristão: a alegria, não obstante as provações e as dificuldades.

 

O respiro do cristão

Na homilia, comentando um trecho da primeira carta de São Pedro apóstolo e do Evangelho de São Marcos, em que se fala de um jovem rico que não consegue renunciar aos próprios interesses, o Pontífice destaca que um verdadeiro cristão não pode ser “tenebroso” ou “triste”. “Ser homem e mulher de alegria”, insiste, significa “ser homem e mulher de paz, significa ser homem e mulher de consolação”.

“A alegria cristã é o respiro do cristão, um cristão que não é alegre no coração não é um bom cristão. É o respiro, o modo de se expressar do cristão, a alegria. Não é algo que se compra ou que faço com esforço, não: é um fruto do Espírito Santo. Quem faz a alegria no coração é o Espírito Santo”.

 

O primeiro passo da alegria é a paz

A rocha sólida sobre a qual se apoia a alegria cristã é a memória: nã podemos de fato esquecer “aquilo que o Senhor fez por nós”, “regenerando-nos” a uma nova vida; assim como a esperança daquilo que nos aguarda, o encontro com o Filho de Deus. Memória e esperança são os dois elementos que permitem aos cristão viver na alegria, não uma alegria vazia, mas uma alegria cujo “primeiro grau” é a paz.

“A alegria não é viver de risada em risada. Não, não é isso. A alegria não è ser engraçado. Não, não é isso. É outra coisa. A alegria cristã é a paz. A paz que está nas raízes, a paz do coração, a paz que somente Deus pode nos dar. Esta é a alegria cristã. Não é fácil preservar esta alegria”.

 

A cultura dos “momentos de dolce vita”

No mundo contemporâneo, prossegue o Papa, infelizmente nos contentamos de uma “cultura pouco alegre”, “uma cultura onde inventam tantas coisas para nos divertir”, tantos “momentos de dolce vita”, mas que não satisfazem plenamente. A alegria, de fato, “não é algo que se compra no mercado”, “é um dom do Espírito” e vibra também no “momento do turbamento, no momento da provação”.

“Há uma inquietação positiva, mas outra que não é positiva, a de buscar as seguranças em qualquer lugar, de buscar o prazer em qualquer lugar. O jovem do Evangelho tinha medo de que se abandonasse as riquezas não poderia ser feliz. A alegria, a consolação: o nosso respiro de cristãos”.

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