Diálogos de Fé com os internautas

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29 de abril de 2020

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, realizou no domingo, 26, mais uma transmissão ao vivo (live) em sua página oficial no Facebook. A iniciativa, que tem acontecido há algumas semanas, passou a ser transmitida também pela rádio 9 de Julho (AM 1600 kHz), no programa “Diálogos de Fé”, às 12h30.

Dom Odilo iniciou reforçando a importância de as pessoas respeitarem as orientações das autoridades de saúde, até que o vírus esteja controlado ou haja uma vacina ou remédio eficaz contra a COVID-19.

“Muitos estão com saudade de ir à Igreja e receber a Eucaristia, de se encontrar com o povo e sair de casa. Isso é muito compreensível, pois estamos há mais de um mês retidos em casa, sendo que alguns saem só para aquilo que é mais necessário. Enquanto isso, porém, temos que continuar cuidando da saúde e não antecipar a saída, para que a quarentena tenha seu êxito de conter o contágio, para que fique no menor patamar possível, pois a estrutura de saúde do Brasil está quase no limite.”

COMUNICAÇÃO NA IGREJA

O Arcebispo de São Paulo recordou a importância de todos se manterem unidos nesse período por meio da internet. Ele salientou que as paróquias, comunidades e organizações pastorais devem utilizar cada vez mais esses recursos para a evangelização. “Estamos aprendendo a nos relacionar de forma virtual, o que já vinha sendo pedido havia muito tempo na Igreja. A comunicação não é um instrumento para ser usado apenas por profissionais. O mundo da internet é um ambiente que é uma grande praça, onde todo mundo está e podemos nos falar, nos relacionar e estabelecer contatos para a evangelização.”

DIÁLOGO E COLABORAÇÃO

Dom Odilo disse, também, estar acompanhando a situação política do País. Ele lembrou que a Constituição e as leis são para todos e, por isso, as instituições que são a estrutura sólida do Estado democrático de direito – como os poderes Diálogos de Fé com os internautas Flavio Rogério Lopes osaopaulo@uol.com.br Executivo, Legislativo e Judiciário – e as que representam a sociedade, devem ser firmes e respeitadas. “Respeitando a Constituição e as leis, nós vamos superar isso, pois neste tempo devemos superar também aquela polarização, que coloca o bem contra o mal, dizendo que o bem está todo de um lado e o mal está todo do outro. As ideologias que lutam na base do ódio, uns contra os outros, precisam parar, pois é só com diálogo e colaboração que nós vamos conseguir caminhar e melhorar o Brasil.”

ABERTURA DAS IGREJAS

Como de costume, Dom Odilo respondeu a perguntas diversas dos internautas que estavam acompanhando a live. Uma das questões foi a do Leandro do Santos, que questionou sobre a possibilidade do retorno das missas com a presença do povo, seguindo algumas restrições. “Neste caso, devemos estar atentos ao que as autoridades públicas dizem sobre a aglomeração de pessoas. Depende também dos diálogos locais entre representantes da Igreja e as autoridades. Todos nós desejamos o retorno desse momento de poder acolher o povo nas igrejas, com ou sem restrições. Que as igrejas possam abrir e as celebrações serem feitas, mas isso deve ocorrer apenas quando tivermos superado o risco maior de contágio.”

GRANDES DESAFIOS

Um internauta perguntou quais os maiores desafios do Cardeal, frente à Arquidiocese de São Paulo. Dom Odilo respondeu que um deles é estar presente em todos os lugares, porém sente que não está sozinho: “Deus habita esta cidade, somos suas testemunhas”. “Os desafios são muitos: com cerca de 7 milhões de habitantes, temos mais de 300 paróquias, numerosas comunidades religiosas e instituições da Igreja de todo o tipo: culturais, acadêmicas, de benefícios sociais e pastorais, que requerem acompanhamento. Claro, não estamos sozinhos, temos um grande time, os seis bispos auxiliares, muitos colaboradores, padres, religiosos, religiosas e leigos empenhados de muitas maneiras”, concluiu

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‘A Igreja na África não é do futuro, é já do presente’

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16 de outubro de 2019

Foram mais de oito anos de missão em Moçambique, no continente africano, até que, em 2013, Dom Luís Fernando Lisboa fosse nomeado pelo Papa Francisco como Bispo da Diocese de Pemba, no norte do país africano.


Na última semana, o Bispo brasileiro recebeu em Pemba a visita missionária do Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, acompanhado de uma comitiva do Regional Sul 1 da CNBB. O País já aguarda a chegada do Papa Francisco, que, na primeira etapa de sua 31ª viagem apostólica, visitará Moçambique entre os dias 4 e 6 de setembro, antes de ir a Madagascar e Maurício, também no continente africano. Em terras moçambicanas, o Pontífice ficará na Capital, Maputo, onde estão previstos os encontros com as autoridades, os jovens e membros da Igreja local. 
Em entrevista ao jornal O SÃO PAULO e à rádio 9 de Julho, Dom Luís Fernando fala dos desafios e das esperanças da Igreja em Moçambique. Leia a íntegra a seguir.

O SÃO PAULO - O senhor pode dar uma dimensão sobre a presença da Igreja Católica em Moçambique?


Dom Luís Fernando Lisboa – A Igreja Católica é muito presente em Moçambique. Estamos em todas as 11 províncias (estados) que correspondem praticamente a uma diocese, com exceção de duas províncias, em que há duas dioceses. A Diocese de Pemba abrange toda a Província de Cabo Delgado. A presença da Igreja é forte, principalmente na área da educação, na assistência social e na evangelização, que é o principal papel e trabalho da Igreja. Nós acreditamos que 30% dos moçambicanos sejam católicos, mas a Igreja tem crescido nos últimos anos, não só em Moçambique, mas na África em geral, como um todo. 

 

Como se dá o diálogo e a convivência entre as religiões numa sociedade tão diversificada?  
Em Moçambique, há uma boa convivência entre as religiões, um bom relacionamento entre católicos, muçulmanos e evangélicos. A Igreja Católica, sobretudo, faz esse trabalho de aproximação das outras religiões na base: nos bairros e nas aldeias. Esse relacionamento também acontece entre os encarregados das mesquitas, entre os padres e religiosos. Há um fenômeno interessante: os bispos frequentam as comunidades, algumas mais no interior, para crismar ou para uma visita pastoral, e nessas celebrações sempre estão presentes as autoridades muçulmanas das aldeias. Eles ficam com respeito, participam da missa, depois alguns são convidados para almoçar junto com o Bispo. Há um relacionamento muito respeitoso entre as religiões.  

 

Quais são os impactos efetivos de projetos missionários como o do Regional Sul 1 na Diocese de Pemba?
O trabalho dos missionários e missionárias é fundamental. Nós temos neste momento a presença de vários missionários e missionárias de diferentes regiões do mundo e de várias nacionalidades. Há uma música que diz: “uma comunidade onde há um padre é mais feliz”. Eu ampliaria o ditado dizendo que numa comunidade em que há um missionário ou uma missionária, o povo é mais feliz, porque tem ali a presença de Deus, e o povo pede isso. O Regional Sul 1, que abrange todas as dioceses do Estado de São Paulo, assumiu aqui na Diocese três paróquias. Isso já é uma ajuda muito significativa e importante. Nesse momento, são nove os missionários enviados pelo Regional, e agora chegou mais um casal. Além de estar em três paróquias, eles estão também em uma nova paróquia que estamos abrindo em Mazeze, no Distrito de Chiúre, em Nangade – onde está a Fraternidade O Caminho – e estão na Paróquia de Metoro, que fica no centro da Diocese, onde está o Centro de Formação. Além disso, há um jovem missionário na Missão de Mangololo. Na própria sede da Diocese, temos uma missionária da Diocese de Guarulhos (SP), uma senhora viúva que atua como governanta da Casa do Bispo, porque essa casa é um lugar de acolhida de todos os missionários quando vêm à cidade. O Regional Sul 1 tem feito uma grande diferença na nossa Diocese com esse apoio, com essa parceria que realizamos.  

A violência também é um desafio aos missionários que renovam cotidianamente seu sim à missão?  
A nossa Província tem sofrido muito com os ataques de homens armados. Isso começou em outubro de 2017. São ataques a postos policiais e aldeias, que matam pessoas, queimando casas. Temos milhares de pessoas deslocadas dentro da Província que fugiram ou que tiveram suas casas queimadas por causa da violência dentro de suas aldeias. Nosso povo tem sofrido muito com essa violência, que não é generalizada em toda a Província, mas em cinco distritos, onde os missionários também estão presentes, passando por dificuldades, vivendo essa insegurança, o medo junto com o povo. A presença dos missionários é importante para ser esse alívio e ponto de apoio para o nosso povo. 

 

Qual a expectativa pela visita a ser feita pelo Papa Francisco? 
A presença do Papa Francisco no início de setembro, em Maputo, Capital de Moçambique, tem motivado todo o País, todo o povo moçambicano, não só os católicos, como uma presença de paz. Foi assinado recentemente um acordo de paz entre o governo e o principal líder da oposição. Assim, agora, nós esperamos a reconciliação, já que as forças antagônicas usavam de violência. Temos muita esperança nessa paz. Que haja também paz na nossa Província, que é um outro caso de ataques por homens armados. Nós esperamos que a palavra do Papa venha trazer mais esperança. Esse é justamente o tema da visita do Pontífice: “Esperança, paz e reconciliação”. Da Diocese de Pemba, nós vamos em caravana com mais de cem pessoas para acolher o Papa e participar de alguns encontros. Será um momento de comunhão com toda a Igreja, e a palavra de Pedro, como Papa, daquele que reúne os irmãos na fé e cuida do rebanho, é muito importante. 

 

O continente africano tem sido visto como território de missão, mas, por outro lado, o que tem a ensinar à Igreja que ainda não é tão difundido?  
O continente africano é terra de missão, temos muitas necessidades. Mas é verdade, também, que nos últimos anos o catolicismo na África tem crescido muito. Aliás, Ásia e África são os continentes onde mais cresce o catolicismo. A África já começa a enviar missionários. Na própria Europa, já são muitas as paróquias assumidas pelos africanos.  Várias congregações religiosas por causa da presença massiva de africanos já têm seus superiores gerais africanos. Então, a Igreja na África já está contribuindo muito com a Igreja. Não é uma Igreja do futuro, é uma Igreja já do presente. O apelo da missão, do Papa Francisco, de sermos uma “Igreja em saída”, missionária, tem surtido um efeito muito forte na nossa Igreja africana. Aqui mesmo na nossa Diocese, nós instituímos o Ano Missionário, e temos a intenção de enviar missionários. Eu sonho, num futuro bem próximo, talvez já no próximo ano, quando poderemos enviar algum leigo em missão, numa missão ad gentes para colaborar com outras igrejas: dar e receber. A missão não é tarefa de alguns nem privilégio para alguns. A missão é algo que caracteriza o cristão. Todo cristão, para ser cristão verdadeiro, se quer honrar o seu Batismo, é missionário de alguma forma. Que cada um possa assumir na sua comunidade, na medida das suas potencialidades, a sua missão. Que Deus abençoe a todos.

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Os desafios da pastoral urbana são tema de aprofundamento para o clero de São Paulo

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09 de agosto de 2019

Os desafios da evangelização em meio à liquidez de valores, à diversidade cultural, à quebra de paradigma e ao mal-estar da pastoral diante do descompasso entre mudanças de época foram alguns dos assuntos apresentados por Dom Joel Portella, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e Secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na 17ª edição do Curso de Aprofundamento Teológico e Pastoral do Clero da Arquidiocese de São Paulo. 


Participaram do curso, entre os dias 5 e 8, no Mosteiro de Itaici, no município paulista de Indaiatuba, cerca de 220 presbíteros do clero da Arquidiocese de São Paulo, que estudam os conceitos de sinodalidade, missionariedade e urbanidade.


Dom Joel foi escolhido como assessor do curso pelo seu vasto currículo sobre o tema abordado. Cursou Teologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde também fez mestrado e doutorado em Teologia Pastoral, com ênfase em “Antropologia Teológica e Teologia Pastoral”, realizando seus estudos principalmente nos seguintes temas: evangelização, inculturação, pastoral urbana, teologia e urbanização. Em 2013, foi Secretário-executivo da Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro. Integrou a comissão de elaboração das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil da CNBB. Ainda, Dom Joel foi nomeado, em 6 de outubro de 2018, como consultor para o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, do Vaticano.


A atividade teve início com uma palestra do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Segundo Dom Odilo, “o curso tem não só um caráter teológico, de aprofundamento num tema, mas possui também um caráter pastoral, em sintonia com o nosso sínodo arquidiocesano e com as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, da CNBB, que têm como foco a ‘Igreja na cidade’”.

Sínodo arquidiocesano
Tema de profunda relevância no contexto atual de caminho sinodal na Arquidiocese, o conceito de “sinodalidade” é entendido como “a ‘comunhão e participação’ que o episcopado latino-americano vem pregando desde o Documento de Puebla”, destacou Dom Odilo. Mais ainda, afirmou que “a obra da evangelização não é missão de alguns poucos, mas algo que todo batizado deve realizar, pois recebeu o dom de Deus, justamente para transmiti-lo”.


Nesse sentido, animou os sacerdotes a aprofundar no acolhimento e na participação do sínodo arquidiocesano, não só em suas assembleias sinodais, mas, principalmente na interpretação do levantamento socioeconômico-religioso, realizado em meados de 2018, e que serve como principal instrumento de trabalho para analisar a realidade da presença da Igreja na cidade de São Paulo. Segundo Padre José Arnaldo Juliano, Teólogo-Perito do sínodo, “temos uma riqueza em mãos, fruto do primeiro ano do caminho sinodal da Arquidiocese, que nos proporcionará um ‘diagnóstico’ detalhado da vida religiosa em nossa metrópole”.


Para auxiliar a reflexão acerca dos resultados da pesquisa de campo, Padre José Arnaldo conduziu uma discussão de grupos sobre a relevância de cada bloco do questionário, a fim de que cada presbítero pudesse analisar, a partir de sua própria realidade, a relevância dos dados obtidos.

Mês Missionário Extraordinário
Comentando as dificuldades da pastoral urbana, Dom Joel Portella afirmou que a resposta da Igreja frente às mudanças de paradigmas encontradas na sociedade vai se dar a partir de uma nova contextualização da mensagem da Igreja, enfrentando tais mudanças com um espírito aberto, todavia fiel ao Magistério, de um modo diverso da forma como se vinha fazendo.


Chama a atenção, assim, a proposta do Papa Francisco em realizar, em outubro próximo, um Mês Missionário Extraordinário, que visa, de forma principal, fomentar uma cultura missionária permanente no seio da Igreja.


Durante o curso, em resposta ao pedido do Pontífice, foi apresentado o projeto missionário para a Arquidiocese de São Paulo, buscando mudar o modo de pensar e atuar da Igreja em São Paulo. “A Igreja é missionária de maneira permanente e em tudo o que ela faz; ela existe para a missão, e essa Igreja somos nós!”, pontuou o Cardeal.

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Aos 25 anos, Comunidade Sagrada Família tem estatuto aprovado

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05 de julho de 2019

A Comunidade Católica Sagrada Família participou de missa em ação de graças pelos seus 25 anos de fundação, no sábado, 29 de junho. A celebração eucarística foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, na Capela Sagrada Família e Santa Paulina, no Ipiranga, zona Sul da Capital. 
Na ocasião, os membros da Comunidade foram surpreendidos com a notícia dada por Dom Odilo a respeito da aprovação do estatuto da associação de fiéis ad experimentum por um período de cinco anos. 

EVANGELIZAR E RESGATAR
Fundada em 24 de junho de 1994, na Arquidiocese de São Paulo, a Comunidade Sagrada Família tem como carisma evangelizar e resgatar as famílias, inspirada no versículo bíblico “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua família” (At 16,31). Ela é formada por adultos e jovens, casados, solteiros, celibatários e vocacionados ao sacerdócio. 
“Nossa comunidade nasceu no Ipiranga, no âmbito da espiritualidade da Renovação Carismática Católica. Começamos a nos reunir com alguns casais para rezar, partilhar, fazer uma escuta. Com o tempo, percebemos que Deus queria algo mais de nós. Dessa pequena célula de casais, nasceu uma nova comunidade”, explicou ao O SÃO PAULO o fundador da Comunidade, Italo Juliani Passanezi Fasanella. 
Casado há 35 anos com Rosana Millan Fasanella e pai de seis filhos, Italo destacou que a Sagrada Família é uma “comunidade de famílias para famílias”.

MISSÃO
Para realizar essa missão, a Sagrada Família promove grupos de oração para jovens, adultos e crianças, retiros, seminários de vida no Espírito, encontros querigmáticos, ministério de aconselhamento e orientação familiar, além de uma editora que publica livros voltados ao carisma da Comunidade.
 “Também temos um projeto chamado Igreja Doméstica, por meio do qual vamos até as casas das famílias para rezar o Terço, meditar o Evangelho e fazer uma consagração da família à Sagrada Família, com a intercessão dos Santos Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus”, acrescentou o Fundador. 
Além de São Paulo, a Comunidade Sagrada Família tem missões constituídas nas cidades paulistas de Campinas, Santos, Assis e São José do Rio Preto. Há, ainda, membros da comunidade que vivem em Vitória (ES) e Paudalho (PE). 

DESAFIOS
Ao falar dos desafios enfrentados pelas famílias na atualidade, Italo ressaltou o isolamento, sobretudo nas grandes cidades. “Hoje, as famílias estão muito isoladas e, sozinhas, não conseguem caminhar e viver fielmente o projeto de Deus para elas. Portanto, é fundamental compreender essa dimensão da Igreja como família de famílias”, disse. 
O Fundador também lembrou a definição dada por São João Paulo II: “A família é uma íntima comunidade de vida e de amor. É uma comunidade de pessoas que se amam”. 
Italo também mencionou, entre os desafios enfrentados pelas famílias hoje, a falta de consciência do significado da vocação matrimonial. “Certa vez, o Cardeal José Freire Falcão [Arcebispo Emérito de Brasília] nos disse que a maioria dos que se casam não sabem o que estão fazendo, não têm consciência do sacramento do Matrimônio, da responsabilidade, do sagrado que eles mesmos ministraram. Então, ele nos pediu: ‘Ajudem as famílias a compreender a grandeza, a santidade e a beleza do Matrimônio’”, relatou. 

TESTEMUNHO
Victor Foganholi Ribeiro, 25, e Maria Carolina Santana Ribeiro, 24, casados há dois anos, têm um filho de 7 meses chamado Davi e são membros da Comunidade. Victor não era católico e se aproximou da Igreja quando começou a namorar com Maria, que já participava da Comunidade havia dez anos. 
Para o casal, a Sagrada Família os ajuda a viver em profundidade a vocação matrimonial. “A Comunidade é uma via de santificação, ajuda-nos na vida espiritual, conjugal, na educação dos filhos”, enfatizou Maria. “É um sustento para a nossa vida”, acrescentou Victor. 
Os jovens também ressaltaram que o fato de terem outras famílias por perto, que vivem a mesma busca de santidade, os encoraja e motiva a enfrentar os desafios. “São muitos os obstáculos em uma sociedade que prega o oposto do projeto de Deus para a família”, disse Maria. “Uma família não pode viver para si, deve testemunhar a alegria do amor de Deus para outras famílias que necessitam tanto dessa experiência”, completou Victor.

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‘A educação é uma questão urgente no País’

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04 de dezembro de 2018

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o professor Antonio Carlos Caruso Ronca falou sobre os desafios da educação básica no Brasil. Atual coordenador do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação na PUC-SP, Ronca já foi reitor dessa universidade, presidente do Conselho Nacional de Educação e assessor do Ministério da Educação. Para ele, a educação precisa ser considerada como um único processo, independentemente da sua esfera de competência. Leia a íntega a seguir. 

 

O SÃO PAULO - QUAL É A ATUAL SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL?

Professor Antonio Carlos Caruso Ronca - Antes, eu preciso fazer algumas observações preliminares. A primeira é que, ao contrário do que se tem dito, a educação tem melhorado no Brasil e alguns números mostram essa evolução. No entanto, o conjunto de problemas é tão grande que ainda resta muito por fazer. Só que também temos evoluído em alguns aspectos, sendo que um deles é a taxa de atendimento escolar. Segundo dados do Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), em 2017, nós atingimos 96,4% de atendimento escolar. O primeiro ano do Ensino Fundamental chega a atingir 98%, porém o número vai caindo nos anos seguintes. No entanto, precisamos considerar que, em 1970, essa taxa era de 40%.  Então, o índice de acesso está muito melhor , o que mostra que a educação tem jeito. 

Há, ainda, a questão da desigualdade, ou seja, a diferença entre a educação pública e a privada, que é brutal. Nós temos uma educação pública que apresenta problemas muito graves. A meu ver, a educação privada deve existir. A Constituição Federal acerta quando diz que a educação privada é uma opção das famílias, mas respeitando-se essa opção das famílias, o Estado tem por obrigação oferecer a todas as famílias, crianças e jovens a possibilidade de ter um educação pública de qualidade e universal. 

 

QUAIS OUTROS ASPECTOS O SENHOR DESTACA?

Olhando para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, há uma questão grave e que muitas vezes não é considerada com a devida importância. Trata-se da ineficiência dos sistemas estaduais e municipais para aprovar o aluno na idade certa. Essa é uma verdadeira chaga na educação, pois, uma vez reprovado, esse aluno vai repetir o ano, ficando defasado e, muitas vezes, a escola não está preparada pedagogicamente para lidar com essa situação, o que gera o abandono e a evasão escolar. Hoje, há alguns estados com um índice de distorção entre idade e série de 25% a 30%. Isso acarreta atraso, gasto financeiro, problemas para os professores e para as próprias escolas. Essa distorção tem repercussão no Ensino Fundamental que, geralmente, é de competência do governo estadual, que nem sempre dialoga com o município. A repercussão será maior nas últimas etapas do Ensino Fundamental que, por sua vez, repercutirá no Ensino Médio. Há estados em que o índice de reprovação no 3º ano chega a 10%, é alto!

 

E COMO EVITAR O ALTO ÍNDICE DE REPROVAÇÃO?

A escola não foi feita para reprovar. Se acontecer, deve ser uma exceção. Só que, em muitos casos, por diversas situações, como a ausência de um trabalho pedagógico coletivo, muito professores têm a reprovação como único recurso. É absolutamente importante que haja um trabalho de coordenação pedagógica, que corrige os problemas no desempenho do aluno no decorrer do processo. No entanto, isso exige um trabalho coletivo na escola. Por outro lado, aprovar automaticamente também não é a solução. Eu sou contra uma reprovação precipitada e generalizada, assim como sou contra uma aprovação indiferente, automática. Educação é um fenômeno complexo e precisa ser considerado como um único processo, independentemente da sua esfera de competência. 

 

EM QUAIS ETAPAS OS NÚMEROS SÃO MAIS PREOCUPANTES?

Os quatro anos finais do Ensino Fundamental mereceriam maior atenção da nossa parte. Segundo dados do Inep, 1,7 milhão de estudantes dos últimos anos Ensino Fundamental foram reprovados ou abandonaram a escola em 2017. Esse dado é três vezes maior que nos primeiros anos do Ensino Fundamental, o que já exigiria que o poder público chamasse os secretários de educação e organizasse alguma ação coletiva para identificar o que está acontecendo. Outro dado da mesma pesquisa: em 2017, 40% dos jovens com 19 anos não concluíram o Ensino Médio. Isso é alarmante para qualquer governante. Esses 40% não podem seguir adiante nos estudos. Na região Sudeste, o índice de conclusão escolar é de 70%; já no Nordeste o número cai para 50%. Há estados do Nordeste em que metade dos jovens de 14 anos nem sequer frequenta o Ensino Médio.

 

E QUANTO À QUALIDADE DA EDUCAÇÃO DOS QUE PERMANECERAM NA ESCOLA?

De fato, além da questão do acesso e permanência, há a questão grave da baixa qualidade. Se tomarmos a faixa etária de 18 a 24 anos, 17% estão na universidade. É um contingente baixo e que também é fraco do ponto de vista da qualidade. Há dados que mostram que o conhecimento sobre Língua Portuguesa e Matemática, Ciências etc., que são básicos, é muito reduzido, o que dificulta a frequência à universidade. Sem contar que muitos desses nem sempre concluem o Ensino Superior. 

 

QUAL A OPINIÃO DO SENHOR SOBRE A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR QUE ESTÁ EM DISCUSSÃO?

Acredito que a existência de uma Base Nacional Comum Curricular é importante. No entanto, não sei se eu, como dirigente, começaria por ela. Penso que há alguns problemas que vão além dessa dimensão, como mencionei anteriormente. Creio que, uma vez aprovada a Base Curricular, ela dê uma organicidade para a educação. No entanto, o aluno tem a necessidade de uma educação integral, que envolva formação de valores, em ética, em atitudes. Se a escola fica preocupada apenas em transmitir conteúdos, isso será arriscado. 

 

NESSE SENTIDO, A ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL AJUDA?

Sim, desde que haja um projeto político-pedagógico da escola e não seja mais do mesmo, simplesmente aumentando a carga horária. Não sou favorável que a criança permaneça mais de 8 horas na escola. Outro cuidado com essa questão é não criar ilhas de excelência, em que apenas poucas escolas em determinado local ofereçam ensino em tempo integral, porque isso vai aumentar a desigualdade. Se é para implantar o ensino integral, deve ser um direito para todos, com uma proposta curricular específica para essa modalidade.

 

A POUCA VALORIZAÇÃO DOS PROFESSORES TAMBÉM CONTRIBUI PARA OS PROBLEMAS DA EDUCAÇÃO?

Essa situação me angustia muito. Há, na verdade, uma desvalorização dos professores. Primeiro, a profissão do professor não é mais um objeto de desejo das pessoas. Temos um bom número de instituições de Ensino Superior responsáveis por uma formação de professores de baixa qualidade. Esse professor, por sua vez, ganha pouco, não é valorizado no contexto em que trabalha. Por outro lado, há professores com medo, pois são ameaçados por alunos e também por pais, chegando a sofrer violências.

 

APESAR DE TUDO ISSO, HÁ ESPERANÇAS PARA A EDUCAÇÃO?

Com certeza. Estou na educação há 50 anos. Penso que estamos vivendo um momento crítico no Brasil. Nós conseguimos solução para alguns dos graves problemas, mas o caminho está sendo lento e precisa ser mais rápido. As nossas crianças não podem esperar esse ritmo de decisão que os governantes têm. A educação é uma questão urgente no País, não dá para esperar. Esse é um problema de toda a sociedade. Os governantes falam que educação é prioridade, mas isso não é levado à prática. Não digam que faltam recursos. Claro que há! Nós não temos uma prioridade. Educação tem de ser agora! 

 

LEIA TAMBÉM: A família e a escola unidas no processo educativo

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Desafio do próximo presidente é melhorar qualidade do ensino no país

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06 de setembro de 2018

Os números da educação brasileira são tão grandes quanto o desafio do próximo presidente da República para impulsionar a educação no país. Para assegurar a melhoria da qualidade, serão necessários investimentos em áreas distintas: garantir um ensino médio mais inclusivo e atrativo, ampliar o acesso e o financiamento ao ensino superior e melhorar a formação de docentes.

Na primeira matéria da série sobre desafios da educação, a Agência Brasil aponta os principais problemas do ensino médio, o maior gargalo da educação básica.

A reportagem também apresenta experiências educacionais inovadoras na rede pública. Em parceria com institutos e entidades privadas, essas escolas são exemplos de como a rede pública pode atender com excelência, priorizar currículos que preparem para o mercado de trabalho, além de se preocupar com a diversidade e o desenvolvimento socioemocional de jovens.

 

Educação básica

Na educação básica, atualmente 48,6 milhões de estudantes de 4 a 17 anos estão matriculados em 184,1 mil escolas públicas e privadas, mas cerca de 2,5 milhões não frequentam as salas de aula.

Isso significa que as redes pública e privada atendem 96,4% das crianças e adolescentes brasileiros. Em 1970, esse índice era de 48%, o que mostra a evolução do acesso à educação nos últimos anos no Brasil. O nível de aprendizagem, porém não acompanhou a universalização do acesso.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador de qualidade da educação do país, que mede tanto a aprovação dos estudantes quanto o nível de aprendizagem dos estudantes em português e matemática, mostra que o país cumpre as metas estipuladas apenas até o 5º ano do ensino fundamental. No ensino médio, a meta não é cumprida desde 2013.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), quando saem da escola, ao final do ensino médio, sete a cada 10 estudantes não aprendem o básico em português. O mesmo número tem aprendizado insuficiente em matemática. Na outra ponta, apenas 4,5% dos estudantes alcançaram um nível de aprendizagem considerada adequada pelo MEC em matemática e 1,6% em língua portuguesa.

 

Graduação

No ensino superior, o desafio ainda é a ampliação de matrículas. Pelo Plano Nacional de Educação (PNE), lei em vigor desde 2014, a taxa bruta de matrículas, ou seja, o número total de estudantes matriculados, independente da idade, dividido pela população de 18 a 24 anos, deve chegar a 50% até 2024 - atualmente é 34,6%. Esse número tem caído nos últimos anos, tanto no setor público quanto no setor privado. Políticas como o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) reduziram o número de beneficiados.

Nas universidades públicas, o orçamento não acompanhou, de acordo com os reitores, o aumento das matrículas e a expansão das instituições que ocorreu nos últimos anos. Os recursos previstos para investimentos em 2018 caíram para quase um quarto do que eram em 2013.

Além disso, sem a ampliação do número de bolsas permanência e outros auxílios - ofertados pelas instituições para estudantes de baixa renda - muitos estudantes que precisariam dos recursos acabam abandonando os estudos.

 

Formação de professores

Os próximos governantes também terão que voltar a atenção a quem trabalha diariamente em sala de aula. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostram que muitos professores não têm formação nas disciplinas que lecionam.  Em 2016, na educação infantil, 53,4% não tinham formação superior adequada à área. No ensino fundamental, o percentual chegava a 49,1% nos anos finais (do 6º ao 9º ano) e 41% nos anos iniciais (do 1º ao 5º ano). No ensino médio, 39,6% não tinham formação adequada.

Há ainda o desafio de valorizar esses profissionais. Atualmente, professores de escolas públicas ganham, em média, 74,8% do que ganham profissionais assalariados de outras áreas, ou seja, cerca de 25% a menos.

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O desafio da educação segundo Papa Francisco

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31 de agosto de 2018

“O desafio da educação sempre ocupou um lugar central no pensamento do atual Pontífice”. Assim inicia uma longa matéria do padre Antonio Spadaro na última edição da revista dos jesuítas Civiltà Cattolica intitulada: “Sete pilares da educação segundo Jorge Mario Bergoglio”. Padre Spadaro escreve sobre o pensamento e a ação educadora do Pontífice na época que morava na Argentina como pastor e bispo em Buenos Aires. Os sete elementos fundamentais identificados pelo jesuíta são: 1) educar é integrar 2) acolher e respeitar as diversidades 3) enfrentar a mudança antropológica 4) a importância da inquietação como motor educativo 5) a pedagogia da pergunta 6) conhecer os próprios limites 7) viver uma fecundidade generativa e familiar.

A ação educacional amplia os horizontes

Ao lado destes sete pontos, o diretor da Civiltà Cattolica encontra também “palavras chave” que caracterizam a educação: “escolha, exigência e paixão”. Porém para o jesuíta há “uma expressão extremamente sintética que Bergoglio escreveu aos educadores para relançar a ação educacional: “Educar é uma das artes mais apaixonantes da existência e requer incessantemente que se ampliem os horizontes”. Na matéria, também é recordado que “a educação não é um fato exclusivamente individual, mas popular” e que “Bergoglio sempre considerou a escola como um importante meio de integração social”.

Educadores audaciosos e criativos

Para o Papa Francisco é também importante “o acolhimento da diversidade” e que as diferenças devem ser consideradas como “desafios, mas desafios positivos, não problemas”. O desafio educativo, segundo Bergoglio, está ligado “ao desafio antroplógico”. Por isso, escreve Spadaro, “não se pode fingir que não se vê”. Outro tema presente nos pilares educativos de Bergoglio é “a inquietação entendida como motor de educação”. Por isso “o apelo aos educadores para que sejam audaciosos e criativos” e para que nunca se tornem “funcionários fundamentalistas ligados à rigidez de planificações”. Enfim, anota Antonio Spadaro, para Francisco “a educação não é uma técnica, mas uma fecundidade generativa”, “a educação é um fato familiar que implica a relação entre as gerações e a narração de uma experiência”.

 

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Educar é uma tarefa que tem começo e não tem fim para os pais

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22 de agosto de 2018

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o professor Luiz Marins falou sobre os desafios na educação dos filhos no contexto atual, tema da palestra “Filhos: Educar, Delegar ou Abdicar?”, ministrada por ele Colégio Catamarã, em São Paulo, na quarta-feira, 22. Luiz Marins é professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ex-professor da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC-SP) e Professor Convidado em cursos de PósGraduação em Universidades no Brasil e no exterior. É Presidente da Fundação Luiz Almeida Marins Filho, que realiza projetos comunitários tendo como foco ensinar a aprender, e já tem mais de 25 mil crianças em escolas públicas.
 

O SÃO PAULO – QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO PROCESSO EDUCATIVO DOS FILHOS ATUALMENTE?

Luiz Marins – A sociedade atual é espantosamente dinâmica, instável e evolutiva. A velocidade e a universalidade das informações fazem com que seja um desafio educar os filhos a terem domínio da vontade, a escolher e focar nas coisas essenciais e não nas acidentais e saber selecionar, sintetizar, discernir e distinguir.

Para isso, temos de saber o que queremos para nós próprios como pais, e, em seguida, para nossos filhos, e transmitir a eles, pelo diálogo permanente e principalmente pelo nosso exemplo e coerência de vida, uma educação alicerçada em valores permanentes e não transitórios, com base em princípios elevados de ética e civilidade.

 

SUA PALESTRA NO COLÉGIO CATAMARÃ (22/8) TEM O TÍTULO ‘FILHOS: EDUCAR, DELEGAR OU ABDICAR?’ COMO VOCÊ ABORDA ESSE TEMA?

Educar tem sua origem etimológica em ex-ducere que significa extrair do educando seu potencial de líder. Essa é uma tarefa que tem começo e que não tem fim para os pais. Os pais podem e devem delegar parte desse processo para a escola, para a empresa, para a sociedade, mas jamais poderão abdicar. Delegação exige total participação daquele que delega para garantir que os objetivos sejam atingidos. Abdicar significa desistir, entregar totalmente a outro uma tarefa. Vejo hoje que muitos pais confundem delegar com abdicar. Muitos pais querem terceirizar a educação de seus filhos de forma totalmente abdicada e quem abdicar o indelegável sempre pagará muito caro por seu erro.

 

NESSE CONTEXTO, COMO SER UM MELHOR PAI, UMA MELHOR MÃE?

Participar, ativamente. Dar exemplo de coerência de vida. Ser pai ou mãe não é tarefa de meio período, de meia responsabilidade. Com a aceleração da informação e do processo de mudança científica e tecnológica, os pais devem proporcionar aos filhos ferramentas que os farão ter sucesso em qualquer profissão, em qualquer lugar do mundo e em qualquer cultura ou nacionalidade. Por isso, a educação alicerçada em valores permanentes, moral e eticamente construída, é essencial. Os pais devem ter em mente que sua missão é formar uma pessoa para ter sucesso, mas lembrar que “sucesso” não é ser uma pessoa rica e famosa, mas, sim, uma pessoa de bem.

 

QUAIS SÃO OS MÉTODOS MAIS ADEQUADOS E EFICAZES PARA COLOCAR LIMITE NOS FILHOS?

O exemplo. O que os filhos mais odeiam é a incoerência entre o discurso e a prática dos pais. Primeiro, os pais precisam decidir qual é o seu próprio conjunto de crenças e valores e viver isso no cotidiano, no dia a dia, sem falsidade e discursos vãos. 

Depois, o diálogo franco, aberto, afetivo e com autoridade (que vem de augere = fazer crescer) fará o resto.

 

MUITO SE TEM FALADO DOS MILLENNIALS (GERAÇÃO Y). COMO OS PAIS PODEM ENTENDER MAIS O JEITO DE SER E A CABEÇA DOS FILHOS?

Essa é a “Geração C” (conectada). Por ter sido superprotegida pelos pais, apesar de trabalharem bem com novas tecnologias, é uma geração muito insegura e com medo. Esses jovens foram “vacinados” pelos pais contra problemas e dificuldades e, portanto, não desenvolveram a resiliência. Têm medo do trabalho, do casamento, das relações permanentes e duradouras. Querem viajar, experimentar e acreditam poder viver como eternos adolescentes, o que no fundo sabem ser impossível. 

Os pais erraram ao superproteger os filhos, foram sempre muito permissivos e, hoje, os jovens os criticam por sentiremse despreparados e inseguros para enfrentar o mundo fora de casa, a vida real.

 

O QUE SE PODE FAZER PARA QUE O USO DE SMARTPHONES, VÍDEO GAMES E OUTROS RECURSOS DIGITAIS NÃO PREJUDIQUEM A CONVIVÊNCIA ENTRE PAIS E FILHOS?

Esses produtos da tecnologia não são ruins ou bons em si. São como uma faca, que posso usar para descascar uma laranja ou ferir outra pessoa.

Pais que dialogam, que educam verdadeiramente e não abdicam da educação, saberão usar as tecnologias de forma positiva na educação de seus filhos, pois são ferramentas espetaculares para a formação, aprendizagem, diálogo e autoconhecimento. O que assisto são tentativas inúteis de proibir e querer que os filhos pensem e ajam como adultos no uso dessas tecnologias. 

Esses jovens são “nativos digitais” – já nasceram com um mouse na mão –, e os pais são “imigrantes digitais” com um horrível “sotaque” ao usar novas tecnologias porque nasceram no tempo da televisão, das revistas e jornais impressos. Como é uma geração conectada, que vive e trabalha em rede, se os pais não entenderem isso, estarão falando para as paredes e o gap geracional aumentará todos os dias.

 

COMO TORNAR O ALUNO “CONECTADO” EM UM ALIADO NO APRENDIZADO DA MATÉRIA E NÃO APENAS LIMITÁ-LO NO USO DO CELULAR DENTRO DA SALA DE AULA?

O professor e a escola não têm mais o monopólio do saber, menos ainda da informação. Escola, professores e alunos devem, juntos, buscar o conhecimento, discutir, aprender a pensar, a desenvolver uma consciência crítica sobre a informação e, principalmente, alicerçar o conhecimento e a própria vida em valores permanentes que farão com que aquela criança e aquele jovem possam ser pessoas que contribuam para a construção de um mundo melhor, mais ético, mais humano, menos injusto.

 

NO BRASIL E EM OUTROS PAÍSES O NÚMERO DE ADOLESCENTES COM DEPRESSÃO CRESCE. COMO ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO E MOTIVAÇÃO, VOCÊ ACREDITA QUE EXISTE ALGUMA RELAÇÃO DESSE AUMENTO DA DEPRESSÃO COM A EDUCAÇÃO DOS FILHOS?

Claro que sim. O problema é que esses jovens não veem sentido na vida. A família não é mais um lugar de alegria, felicidade e paz. Pais e mães, exaustos de tanto trabalhar, mais discutem e competem do que formam um lar alegre. Os pais dizem lutar para que os filhos tenham sucesso. Mas sucesso para eles é que os filhos sejam “bem-sucedidos” materialmente. 

A depressão e o suicídio entre jovens são falta de um propósito para viver. Para eles não vale a pena viver a vida de seus pais, isso sem contar a corrupção, as mazelas da sociedade, as mentiras por toda a parte etc. Vale a pena? É esse o questionamento que fazem. Essa nova geração não quer a vida de seus pais. Ela quer uma vida com sentimento de missão e propósito. E nós não temos sido capazes de oferecer isso a ela.
 

COMO VOCÊ ENXERGA A RELAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS NOS PRÓXIMOS 10 ANOS? COMO DEVEMOS NOS PREPARAR PARA ESSA NOVA REALIDADE?

A educação irá retornar às suas origens filosóficas. Os pais compreenderão que precisam exercer, sem medo, a sua autoridade, para construir pessoas de bem e não só efemeramente felizes. 

Pessoas que sejam livres pela autodisciplina, pela clareza de propósitos, pelo servir, pela ética, pela coerência entre o que pensam, o que dizem e o que fazem. Pessoas que façam bom uso dos bens materiais sem serem escravizados por eles e que consigam ver que a verdadeira felicidade está realmente no amor cristão, livre e consciente e que, portanto, equilibradas mental e emocionalmente, sejam roteiristas de sua própria história. 


 



 

 

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Leigos, juventude e superação da violência são destaques da igreja em 2018

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11 de janeiro de 2018

Na Solenidade da Epifania do Senhor, que no Brasil foi celebrada no domingo, 7, existe a antiga tradição do anúncio das solenidades móveis do ano que se inicia.

A data mais importante do ano litúrgico é o Tríduo Pascal, que culminará no Domingo de Páscoa, este ano em 1º de abril. É do mistério pascal que derivam todas as celebrações do ano, tais como a Quarta-feira de Cinzas, em 14 de fevereiro; a Ascensão do Senhor, em 13 de maio; Pentecostes, em 20 de maio; e o 1º Domingo do Advento, em 2 de dezembro. 

Além das celebrações litúrgicas, o ano de 2018 na Igreja será marcado por uma série de eventos. A seguir, confira os principais. 

 

CAMPANHA DA FRATERNIDADE

Com o tema “Fraternidade e superação da violência”, a Campanha da Fraternidade (CF) 2018 será aberta em todo Brasil na Quarta-feira de Cinzas. Além de mapear a violência, a CF também colocará em evidência as iniciativas que existem para superá-la, e buscará despertar novas propostas com esse objetivo. 

“A Igreja no Brasil escolheu o tema da superação da violência devido ao crescimento dos índices de violência no Brasil. Esse tema já foi discutido na década de 80, quando o País vivia a recessão militar e dentro desse contexto foi possível mapear diversas formas de violência”, explicou o Padre Luís Fernando da Silva, Secretário-Executivo das Campanhas da CNBB, durante a apresentação do cartaz da CF 2018, em outubro de 2017.  

Para ajudar na vivência da Campanha nas paróquias, comunidades, organismos eclesiais e famílias, a CNBB disponibilizou subsídios e materiais para que se vivencie o propósito da Campanha. Padre Luís Fernando destacou, ainda, que o principal subsídio é o texto-base, que apresenta uma reflexão do tema a partir do método “ver-julgar- agir”. Além disso, haverá subsídios para alunos do ensino fundamental, médio e grupos juvenis. Já para ajudar na oração quaresmal, uma vez que a CF é lançada durante esse período, acontecerão celebrações em família, via-sacra, vigília eucarística, celebração da misericórdia e celebração ecumênica.

 

ANO NACIONAL DO LAICATO

No Brasil, o maior destaque é o Ano Nacional do Laicato, aberto no dia 26 de novembro de 2017 e que segue até 25 de novembro. Com o tema “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino” e o lema “Sal da Terra e Luz do Mundo” (Mt 5, 13-14), o Ano Nacional do Laicato tem como objetivo celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos no Brasil; aprofundar a sua identidade, vocação, espiritualidade e missão; e testemunhar Jesus Cristo e seu Reino na sociedade. 

Segundo Dom Severino Clasen, Bispo de Caçador (SC) e Presidente da Comissão Episcopal Especial para o Ano do Laicato, da CNBB, espera-se que este Ano traga um legado para a Igreja missionária autêntica, com maior entusiasmo dos cristãos leigos e leigas na vida eclesial e também na busca da transformação da sociedade. “Eu acredito que se conseguirmos estimular a participação e presença efetiva dos cristãos leigos na sociedade, provocando que aconteça a justiça e a paz, será um grande legado”, disse o Bispo ao apresentar o Ano Nacional do Laicato ao Conselho Permanente da CNBB, em junho de 2017. 

Ao longo do Ano, ocorrerão eventos, seminários temáticos nos regionais da CNBB e celebrações. Também foram produzidos subsídios que auxiliam no estudo e aprofundamento desses documentos.

 

14º INTERECLESIAL DAS CEBS

O primeiro evento de destaque nacional em 2018 será o 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que acontecerá de 23 a 27 de janeiro, em Londrina (PR), com o tema “CEBs e os Desafios do Mundo Urbano”.

Segundo Dom Giovane Pereira de Melo, Bispo de Tocantinópolis (TO) e Referencial das CEBs pela CNBB, o evento será “um voltar da Igreja por meio das Comunidades Eclesiais de Base sobre toda a realidade, os desafios de evangelizar e ser presença profética no mundo urbano”.

De acordo com a organização, o evento contará com a participação de 3,3 mil pessoas. Serão delegações dos Regionais do Brasil, uma delegação com dez pessoas do Cone Sul e uma da Europa, com um grupo da França e outro da Itália. Mais de 35 assessores já foram confirmados para ajudar na reflexão dos temas e nas plenárias. As reflexões serão desenvolvidas dentro da metodologia “ver-julgar-agir”.

Para isso, foram constituídas 25 equipes de trabalho.  A programação e outras informações do 14º Intereclesial estão disponíveis no site da CNBs

 

SÍNODO ARQUIDIOCESANO

Em 2018, a Igreja em São Paulo dá o seu primeiro passo concreto na realização do sínodo arquidiocesano, convocado pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, em junho de 2017. No dia 24 de fevereiro, no Colégio São Luís, no bairro Cerqueira César, acontecerá a celebração de abertura oficial do sínodo e o envio missionário dos representantes de todas as paróquias da Arquidiocese, que realizarão os trabalhos do sínodo nas bases. 

“Nesta etapa, a Igreja, por meio de suas paróquias e comunidades que nascem dentro da vida paroquial, pode dar um olhar sobre si mesma, observar as suas realidades mais contundentes. O que corresponde às necessidades da evangelização numa cidade como São Paulo, aquilo que é feito hoje para evangelizar, mas que no momento não corresponde aos anseios do que a evangelização realmente precisa para a circunstância de uma cidade dinâmica em tempos de transformação”, explicou o Padre Tarcísio Marques Mesquita, Secretário-Executivo do sínodo arquidiocesano. O Padre ressaltou, ainda, que o caminho sinodal acontecerá sem perder de vista a implementação do 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral.

 

SÍNODO DA JUVENTUDE

A Igreja em todo mundo aguarda com expectativa a realização XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que acontecerá de 3 a 28 de outubro, no Vaticano, com o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Os trabalhos sinodais já começaram com a publicação do documento preparatório e o lançamento do questionário enviado às dioceses de todo mundo e disponibilizado na internet. 

Segundo o Secretário-Geral do Sínodo, Cardeal Lorenzo Baldisseri, o site do Sínodo dos Bispos teve quase 300 mil contatos de jovens de todo o mundo. As contribuições dessas consultas ajudarão na formulação do Instrumento de Trabalho do Sínodo, que será elaborado para a Assembleia Sinodal. 

Antes da Assembleia Geral, será realizada uma reunião pré-sinodal de jovens, convocada pelo Papa Francisco para o período de 19 a 24 de março de 2018. Além dos que serão convidados para o encontro, foi aprovada a proposta de permitir a participação de outros jovens por meio das redes sociais.
 

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Família, violência de desmatamento preocupam Igreja nos regionais Centro Oeste e Oeste 2

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12 de janeiro de 2018

As dioceses localizadas no Estado de Goiás e no Distrito Federal fazem parte do Regional Centro Oeste da CNBB, atualmente presidido por Dom Messias dos Reis Silveira.

Em entrevista à rádio 9 de Julho, Dom Messias, Bispo da Diocese de Uruaçu, em Goiás, falou dos principais estímulos para o ano que se inicia. Ele enfatizou a necessidade de preencher com a fé “o coração do Brasil”.  

No Regional Centro Oeste, será realizado em 2018 um trabalho com as famílias em função do Ano Nacional do Laicato.

Outro ponto destacado é a mobilização pelo fim da violência. Para o Bispo, a Igreja deve agir na contribuição da cultura de paz, e deve estar atenta aos problemas e cuidado com o cerrado: “O cerrado está ameaçado. Precisamos trabalhar, protegê-lo, ajudar na recuperação das nascentes, porque nos últimos tempos muitos rios secaram”.

A catequese com inspiração catecumenal será mais aprofundada em 2018. Segundo Dom Messias, a expansão dessa metodologia é o fio condutor para a formação de discípulos. “Não queremos formar para receber o sacramento, mas queremos formar discípulos que são fortalecidos pelo sacramento. Discípulos que sentem necessidade do sacramento para poder viver a fidelidade de Jesus”.

O Regional Oeste 2 da CNBB, composto por nove dioceses, é presidido por Dom Neri José, Bispo da Diocese de Juína, no Mato Grosso.

Em entrevista à rádio 9 de Julho, Dom Neri destacou o desafio de superação da violência e do desmatamento ilegal. “Vivemos aqui um Brasil que ainda não chegou – vivemos nesta região um descaso, um abandono, um esquecimento”.

Mesmo diante da difícil realidade, o Bispo afirmou que tais dificuldades devem emancipar o Regional, sobretudo em nome da fé, de maneira pacifica e democrática.

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