Papa: todos são admitidos no caminho do Senhor, ninguém deve sentir-se um intruso

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02 de julho de 2018

Dois milagres, em duas histórias interligadas que tem um único centro, a fé, mostram Jesus como fonte de vida, “como aquele que devolve a vida àqueles que confiam n'Ele plenamente”.

Inspirando-se nas curas da filha de Jairo e da hemorroísa, narradas no Evangelho de Marcos proposto pela liturgia do dia nesse domingo, 01, o Papa Francisco falou aos 20 mil fiéis e turistas reunidos na Praça São Pedro sobre a fé e a vida nova trazidas por Jesus, ressaltando que a única morte que devemos temer é a do coração endurecido pelo mal, mumificado.

“O Evangelho deste domingo apresenta dois prodígios realizados por Jesus, descrevendo-os quase como uma espécie de marcha triunfal para a vida”, disse Francisco ao começar sua alocução, para então descrever o que aconteceu na casa de Jairo naquele dia.

Ao saber da notícia de que a filha dele havia morrido, Jesus lhe disse apenas: "Não tenha medo, apenas tenha fé!" E ao chegar na casa, mandou sair a multidão que lamentava e dirigiu-se ao quarto da menina, dizendo: “Levanta-te”. “E imediatamente a menina levantou-se, como se despertasse de um sono profundo”.

Francisco passa então ao segundo milagre narrado por Marcos, a cura da hemorroísa, destacando o fato de que “a fé dessa mulher atrai, e me vem o desejo de dizer “rouba”, precisou Francisco - o poder salvador divino que existe em Cristo, que, sentindo que uma força que "saiu dele", tenta entender quem tenha sido. E quando a mulher, com tanta vergonha, se aproxima e confessa tudo, Ele diz a ela: "Filha, a tua fé te salvou":

“ Trata-se de duas histórias interligadas, com um único centro: a fé, e mostram Jesus como fonte de vida, como aquele que devolve a vida àqueles que confiam nele plenamente ”

O pai da menina e a mulher doente – explicou o Papa - não são discípulos de Jesus e ainda assim ficam tocados pela sua fé. Têm fé naquele homem:

A partir disso entendemos que todos são admitidos no caminho do Senhor: ninguém deve se sentir como um intruso, uma pessoa abusiva ou alguém que não tem direito. Para ter acesso ao seu coração, ao coração de Jesus, há apenas um requisito: sentir necessidade de cura e confiar n’Ele”.

E o Santo Padre questiona os presentes:

Eu pergunto a vocês: cada um de nós se sente necessitado de alguma cura? De qualquer coisa, de qualquer pecado, de qualquer problema? E se sente isto, tem fé em Jesus? São dois os requisitos para ser curado, para ter acesso ao seu coração: sentir-se necessitado de cura e confiar n’Ele”.

O Papa sabiamente observa que Jesus descobre essas pessoas em meio à multidão, “e as tira do anonimato, libertando-as do medo de viver e ousar”, e explica como Ele faz isto:

Ele faz isso com um olhar e com uma palavra que as coloca em caminho depois de tantos sofrimentos e humilhações".

“ Nós também somos chamados a aprender e a imitar essas palavras que libertam e esses olhares que restituem àqueles que são privados disto, o desejo de viver ”

Nesta página do Evangelho – explicou - os temas da fé e da nova vida que Jesus veio oferecer a todos se entrelaçam. “Jesus é o Senhor e, diante dele, a morte física é como um sono: não há motivo para desesperar-se. Outra é a morte da qual devemos ter medo: a do coração endurecido pelo mal!”:

“Ah, dela sim devemos ter medo! Quando nós sentimos ter o coração endurecido, o coração que se endurece e me permito a palavra: o coração mumificado. Devemos ter medo disto. Esta é a morte do coração. Mas mesmo o pecado, mesmo o coração mumificado, para Jesus nunca é a última palavra, porque Ele nos trouxe a infinita misericórdia do Pai. E mesmo que caíssemos, a sua voz suave e forte nos alcança: "Eu te digo: levanta-te!"”

É belo ouvir aquela palavra de Jesus dirigida a cada um de nós: “Eu te digo: levanta-te. Vai. Levanta-te, coragem. Levanta-te”. E Jesus restitui a vida à menina e restitui a vida à mulher curada: vida e fé às duas”.

Ao concluir o Papa pede para invocarmos a intercessão materna da Virgem Maria, “por nossos irmãos que sofrem no corpo e espírito”.

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Viver a Quaresma sem idolatrias, sem fazer da alma um comércio

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05 de março de 2018

Não fazer da nossa alma e da casa de Deus um comércio": foi a advertência que o Papa Francisco fez antes de rezar com os fiéis e peregrinos na Praça S. Pedro a oração mariana do Angelus (04/03). 

Neste III domingo da Quaresma, o Pontífice comentou o episódio do Evangelho de João em que Jesus expulsa os mercantes do templo de Jerusalém. Um gesto feito com firmeza, com a ajuda de um chicote de cordas para derrubar as mesas. Nesta atitude aparentemente violenta, Jesus diz: « Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!» 

 

Abusos e excessos

A ação de Cristo foi interpretada como típica dos profetas, explicou o Papa, os quais com frequência denunciavam, em nome de Deus, abusos e excessos. A questão que se colocou foi a da autoridade. De fato, os judeus perguntaram a Ele: «Que sinal nos mostras para agir assim?».

Os seus discípulos, por sua vez, se serviram de um texto bíblico extraído do Salmo 69 para interpretar esta atitude: «O zelo por tua casa me consumirá». "O zelo pelo Pai e por sua casa levará Jesus até a cruz: o seu é o zelo do amor que leva ao sacrifício de si, não aquele falso que pensa de servir Deus mediante a violência", disse Francisco.

De fato, o “sinal” que Jesus dará como prova da sua autoridade será justamente a sua morte e ressurreição: «Destruí este templo – diz – e em três dias eu o levantarei ». Com a Páscoa de Jesus, acrescentou o Papa, "tem início um novo culto, o culto do amor, e um novo templo que é Ele próprio".

Para Francisco, a atitude de Jesus nos exorta a viver a nossa vida não em busca de vantagens e interesses, mas pela glória de Deus .

“ Somos chamados a ter sempre presentes aquelas palavras fortes de Jesus « Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!» É muito feio quando a Igreja escorrega nesta atitude de fazer da casa de Deus um mercado. Essas palavras nos ajudam a refutar o perigo de fazer da nossa alma, que é morada de Deus, um lugar de comércio, vivendo na busca contínua da nossa recompensa. ”

O Pontífice recorda que este ensinamento de Jesus é sempre atual, não somente para as comunidades eclesiais, mas também para os indivíduos, para as comunidades civis e para toda a sociedade.

 

Não instrumentalizar Deus

De fato, disse ainda o Papa, é comum a tentação de aproveitar de atividades benéficas, às vezes obrigatórias, para cultivar interesses privados, quando não até mesmo ilícitos "É um grave perigo, especialmente quando instrumentaliza o próprio Deus e o culto a Ele devido ou o serviço ao homem", afirmou Francisco, que concluiu:

"Que a Virgem Maria nos ampare no esforço de fazer da Quaresma uma boa ocasião para reconhecer Deus como único Senhor da nossa vida, tirando de nosso coração e de nossas obras toda forma de idolatria."

 

Vatican News

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Papa no Angelus: o coração não se pode "photoshopear"

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22 de janeiro de 2018

O Papa Francisco rezou neste domingo a tradicional oração do Angelus com os jovens na Praça das Armas, em Lima. Do balcão do Arcebispado diante de uma praça repleta de jovens Francisco expressou sua alegria por poder se encontrar com eles afirmando que esses encontros são sempre muito importantes, mas mais ainda neste ano em que “nos preparamos para o Sínodo sobre os jovens”.

“Os seus rostos, as suas aspirações, a sua vida são importantes para a Igreja: devemos dar-lhes a importância que merecem e ter a coragem que demonstraram muitos jovens desta terra que não tiveram medo de amar e apostar em Jesus”.

Em seguida recordou os muitos exemplos como o de São Martinho de Porres que nada impediu a ele de realizar os seus sonhos, gastar a sua vida pelos outros e de amar, “porque  - disse Francisco -, tinha experimentado que o Senhor o amara primeiro”.

Recordou que ele mulato com muitas privações, aos olhos humanos soube fazer algo que se tornaria o segredo da sua vida: ter confiança. Teve confiança no Senhor que o amava.

Há momentos em que vocês podem pensar que não poderão realizar os desejos de sua vida, seus sonhos, continuou o Papa. Todos passamos por situações como estas.

“Queridos amigos, nesses momentos em que parece apagar-se a fé, não se esqueçam que Jesus está ao seu lado. Não se deixem vencer, não percam a esperança! Não se esqueçam dos Santos, que nos acompanham do céu; recorram a eles, rezem e não se cansem de pedir a sua intercessão. Os Santos de ontem, mas também os de hoje”.

Francisco disse ainda aos jovens que busquem ajuda e conselho de pessoas que vocês sabem serem boas para lhes aconselhar, porque os seus rostos manifestam alegria e paz. Deixem-se acompanhar por elas e, assim, avancem pelo caminho da vida.

“ Jesus – disse o Papa - quer ver você em movimento; quer ver você levar adiante os seus ideais e que você se decida a seguir as suas instruções. ”

"Jesus conta com você, como fez, há muito tempo, com Santa Rosa de Lima, São Toríbio, São João Macías, São Francisco Solano e muitos outros. Você está disposto a segui-Lo? Está disposto a deixar-se impelir pelo seu Espírito, para tornar presente o seu Reino de justiça e amor?"

Jesus disse ainda Francisco olha para vocês com esperança, nunca desanima a nosso respeito. Mas nós talvez sim, talvez possamos desanimar de nós mesmos ou dos outros.

O Pontífice em seguida afirmou que é muito belo ver fotos retocadas digitalmente, mas isso serve só para as fotografias, não podemos fazer o «photoshop» aos outros, à realidade, a nós próprios. Os filtros coloridos e a alta definição funcionam bem apenas nos vídeos; nunca podemos aplicá-los aos amigos. Há fotos que são muito lindas, mas estão todas maquilhadas; o coração não se pode «photoshopear», porque é nele onde se joga o amor verdadeiro; nele joga-se a felicidade.

Jesus não quer que «maquilhem» o seu coração. Ele ama você assim como você é e tem um sonho para realizar com cada um de vocês. Não se esqueçam: Ele não desanima de nós.

E se vocês desanimarem, - disse o Santo Padre - convido-os a pegar a Bíblia e recordar os amigos que Deus Se escolheu. Entre eles o Papa recordou Moisés, que era tartamudo; Abraão, um idoso; Jeremias, muito jovem; Zaqueu, de baixa estatura; Pedro renegou-O... e poderíamos continuar a lista. Que desculpa queremos encontrar?

Quando Jesus nos olha, não pensa quão perfeitos somos, mas em todo o amor que temos no coração para oferecer aos outros e servi-los. Para Ele, o importante é isto e sempre vai insistir no mesmo.

“Não Se fixa na sua altura, se tens dificuldade em falar ou não, se adormeces ao rezar, se você é muito jovem ou uma pessoa idosa. A única pergunta é: você quer seguir-Me e ser meu discípulo? Não perca tempo em mascarar o seu coração; encha a sua vida do Espírito!” Ele não se cansa de esperar para nos dar o seu Espírito.

Queridos jovens! Concluiu o Papa: na minha oração, coloco toso vocês nas mãos de Nossa Senhora. Tenham a certeza de que Ela os acompanhará em todos os momentos de suas vidas, em todas as encruzilhadas dos seus caminhos, sobretudo quando tiverem de tomar decisões importantes. Lá estará Ela, como boa Mãe, encorajando-os, apoiando-os para que vocês não desanimem. Não deixem de rezar, não deixem de pedir, não deixem de ter confiança na sua proteção materna.

Antes de rezar o Angelus o Papa dirigiu o seu pensamento à República Democrática do Congo.

“Notícias preocupantes chegam da “República Democrática do Congo: peço a todos os responsáveis que se empenhem ao máximo para deter toda forma de violência e encontrar uma solução baseada no diálogo”.

 

Silvonei José - Vatican News

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Papa no Angelus: a paz é um direito de todos

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02 de janeiro de 2018

Maria que coloca-se entre seu Filho Jesus e os homens, na realidade das suas privações, indigências e sofrimentos, especialmente os mais fracos e em dificuldades, foi a tônica da reflexão do Papa Francisco no Angelus do primeiro dia do ano, Solenidade da Mãe de Deus e 51º Dia Mundial da Paz.

Ao dirigir-se aos milhares e fiéis e turistas presentes na Praça São Pedro, o Papa recordou que a Igreja coloca na “primeira página do ano novo que o Senhor nos concede”, “uma estupenda miniatura, a solenidade litúrgica de Maria Santíssima Mãe de Deus”.

Desta forma, convida a fixarmos nela o olhar, “para retomar sob sua materna proteção, a longa jornada ao longo dos caminhos do tempo”.

Francisco observa que o Evangelho do dia nos remete à Belém, com a chegada dos pastores à estrabaria, que falam a Maria e José sobre o anúncio que receberam dos anjos, de que o recém nascido é o Salvador. Todos ficaram maravilhados, mas “Maria conservava todas estas coisas em seu coração”.

Assim, “a Virgem nos faz entender como deve ser acolhido o evento do Natal: não superficialmente, mas no coração. Nos indica o verdadeiro modo de receber o dom de Deus: conservá-lo no coração e meditá-lo. É um convite dirigido a cada um de nós para rezar contemplando e saboreando este dom que é o próprio Jesus”.

Além de ser Mãe de Jesus, ela é também a sua “primeira discípula”, desta forma, “dilata” a sua maternidade.

Por meio dela, realiza-se o primeiro “sinal milagroso” em Caná, o que “contribui para suscitar a fé dos discípulos”.

“Com a mesma fé” – disse o papa -  ela está presente “aos pés da cruz e recebe como filho o apóstolo João” e “após a ressurreição, torna-se mãe orante da Igreja sobre a qual desce com poder o Espírito Santo no dia de Pentecostes”:

Como mãe, Maria desempenha uma função muito especial: coloca-se entre seu Filho Jesus e os homens na realidade das suas privações, na realidade de suas indigências e sofrimentos. Maria intercede, consciente de que enquanto mãe pode, aliás, deve apresentar ao Filho as necessidades dos homens, especialmente os mais fracos e em dificuldades

E é a estas pessoas – recorda o Pontífice - que é dedicado o tema do Dia Mundial da Paz hoje celebrado: “Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz”.

Francisco reitera então seu desejo de fazer-se “voz destes nossos irmãos e irmãs que invocam para o seu futuro um horizonte de paz”, uma paz que é direito de todos, e “muitos deles – observa - estão dispostos a arriscar a vida em uma viagem que em grande parte dos casos é longa e perigosa, a enfrentar dificuldades e sofrimentos”:

Não apaguemos a esperança de seus corações; não sufoquemos as suas expectativas de paz! É importante que da parte de todos, instituições civis, realidades educacionais, assistenciais e eclesiais, exista o esforço de assegurar aos refugiados, aos migrantes, a todos, um futuro de paz”.

Que neste ano, pediu o Papa, possamos agir “com generosidade para realizar um mundo mais solidário e acolhedor”, convidando a todos a rezarem nesta intenção, ao mesmo tempo em que confia “a Maria, Mãe de Deus e Mãe nossa, o ano de 2018 recém iniciado”.

Francisco recordou que os antigos monges russos, místicos, diziam que em tempos de tribulação espiritual, era necessário colocar-se sob o manto da Santa Mãe de Deus. Pensando nas tantas tribulações de hoje, mas sobretudo aos migrantes e refugiados, rezemos como eles nos ensinaram a rezar”:

Sob sua proteção buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus: não desprezai as nossas súplicas que passamos por provações, mas livrai-nos de todo perigo, ó Virgem gloriosa e bem-aventurada”.

Após rezar o Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Papa Francisco, no “limiar de 2018”, dirigiu a todos seus  “cordiais votos de todo bem pelo novo ano”.

A seguir agradeceu e retribuiu as felicitações recebidas na noite do dia 31 do presidente da República italiana, Sergio Matarella, desejando ao povo italiano “um ano de serenidade e de paz, iluminado pela constante bênção de Deus”.

O Santo Padre então manifestou o seu apreço “pelas múltiplas iniciativas de oração e de ação pela paz, organizadas em todas as partes do mundo por ocasião do Dia Mundial da Paz”, recordando as diversas organizações e entidades envolvidas, com particular referência à Comunidade de Santo Egídio, responsável pela manifestação “Paz em toda a terra” realizada em Roma e em muitos países.

Ao renovar os votos de “um ano de paz na graça do Senhor e com a proteção materna de Maria, a Santa Mãe de Deus”, o Papa Francisco despediu-se pedindo aos presentes para não esquecerem de rezar por ele.

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"Atenção e vigilância, pressupostos para fidelidade ao Senhor", diz Papa

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04 de dezembro de 2017

“Estar atentos e vigilantes são os pressupostos para não continuar a “vagar afastados dos caminhos do Senhor”, perdidos  em nossos pecados e em nossas infidelidades”.

Na reflexão do Angelus deste I Domingo do Advento, logo após seu retorno da Viagem Apostólica a Mianmar e Bangladesh, o Papa Francisco refletiu sobre as características que uma pessoa atenta, em resposta à exortação contida no Evangelho de Marcos, proposto pelo Evangelho do dia.

“O Advento – explicou o Papa - é o tempo que nos é dado para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar em frente e preparar-nos para o retorno de Cristo”, que vem a nós de diversas maneiras, como na festa de Natal que recorda sua vinda histórica, mas também sempre que estivermos “dispostos a recebê-lo”, e virá de novo no final dos tempos para “julgar os vivos e os mortos”.

“Por isto devemos sempre estar vigilantes e esperar o Senhor com a esperança de encontrá-lo”, frisou.

Francisco então, comentou algumas características de uma pessoa atenta. A primeira delas, é que mesmo em meio ao “barulho do mundo”, não deixa-se tomar pela “distração ou pela superficialidade, mas vive de maneira plena e consciente, com uma preocupação voltada antes de tudo aos outros”:

“Com este comportamento percebemos as lágrimas e as necessidades do próximo e podemos perceber também neles as capacidades e as qualidades humanas e espirituais”.

Mas a pessoa atenta, também se preocupa com o mundo,  “buscando combater a indiferença e a crueldade presente nele”, mas também alegrando-se pelos tesouros de beleza que também existem e devem ser custodiados”:

“Trata-se de ter um olhar de compreensão para reconhecer quer as misérias e as pobrezas dos indivíduos e das sociedades, assim como para reconhecer a riqueza escondida nas pequenas coisas de cada dia, precisamente ali onde nos colocou o Senhor”.

Mas a pessoa vigilante, também acolhe o convite para vigiar, ou seja, “não deixar-se dominar pelo sono do desencorajamento, da falta de esperança, da desilusão”:

“Ao mesmo tempo, rejeita a solicitação de tantas vaidades de que o mundo está cheio e por trás das quais, às vezes, são sacrificados tempo e serenidade pessoal e familiar”.

O Papa recorda a “dolorosa experiência do povo de Israel” - narrada pelo Profeta Isaías – consequência de ter se afastado do caminho do Senhor:

“Também nós nos encontramos muitas vezes nesta situação de infidelidade ao chamado do Senhor: Ele nos indica o bom caminho, o caminho de fé,  o caminho do amor, mas nós buscamos a nossa felicidade em outro lugar”.

Por fim, Francisco sublinha os pressupostos para não vagarmos “afastados dos caminhos do Senhor”:

“Estar atentos e vigilantes são os pressupostos para não continuar a “vagar afastado dos caminhos do Senhor”, perdidos  em nossos pecados e em nossas infidelidades; estar atentos e vigilantes são as condições para permitir a Deus irromper na nossa existência, para restituir a ela significado e valor com a sua presença repleta de bondade e de ternura”.

Ao  concluir, o Pontífice pediu que “Maria Santíssima, modelo na espera do Senhor e ícone da vigilância, nos guie ao encontro de seu filho Jesus, vivificando o nosso amor por Ele”.

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Papa reza junto com a Praça pelas vítimas no Egito

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27 de novembro de 2017

Após a oração do Angelus, domingo, 26, o Papa recordou o ataque ocorrido sexta-feira, 24, em uma mesquita no norte do Sinai, assegurando suas constantes orações “pelas numerosas vítimas, pelos feridos e por toda aquela comunidade duramente atingida”. “Deus nos liberte – acrescentou – destas tragédias e ampare os esforços de todos os que trabalham pela paz”. O Pontífice pediu aos 30 mil que estiveram presentes que rezassem juntos, em silêncio, pelas vítimas.

O Papa mencionou também a tragédia do Holodomor, “a morte por fome provocada pelo regime estalinista que deixou milhões de vítimas” e a Ucrânia, “que possa curar as feridas do passado e promover caminhos de paz, com a ajuda da fé”.

Seu pensamento se dirigiu em seguida à madre Catalina de María Rodríguez, beatificada sábado, 25, na Argentina, fundadora da Congregação das Hermanas Esclavas del Corazón de Jesús, primeiro instituto religioso feminino de vida apostólica no país.

Antes de se despedir, o Papa pediu orações por sua viagem apostólica a Mianmar e Bangladesh, dizendo esperar que sua presença “seja para aqueles povos um sinal de proximidade e esperança”.

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Papa convoca Sínodo para a Pan-Amazônia

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19 de outubro de 2017

Antes de rezar a oração do Ângelus, Francisco fez, no domingo, 15, um anúncio surpreendente. Após saudar todos os peregrinos e delegações oficiais presentes às canonizações dos novos santos, o Pontífice disse: 

“Atendendo o desejo de algumas Conferências Episcopais da América Latina, assim como ouvindo a voz de muitos pastores e fiéis de várias partes do mundo, decidi convocar uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica. O Sínodo será em Roma, em outubro de 2019. O objetivo principal dessa convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta. Que os novos santos intercedam por este evento eclesial para que, no respeito da beleza da Criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e, por Ele iluminados, percorram caminhos de justiça e de paz”.

Há vários meses, tem-se cogitado a realização de um encontro do Papa no Vaticano com os bispos de toda a região - nove países compõem a Pan-Amazônia - para avaliar os desafios e buscar respostas comuns para seus mais de 30 milhões de habitantes.

Já em maio de 2017, o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo e Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica, em entrevista à rádio Vaticano , indicou dois aspectos fundamentais que deveriam ser tratados neste Sínodo: “O propriamente missionário e evangelizador naquela região, e a questão ecológica: a importância da floresta Amazônica e a ameaça que ela está sofrendo de destruição, degradação e desmatamento.” 

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‘Somos chamados a ser uma vinha vivaz, cheia de frutos e de esperança’

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11 de outubro de 2017

Reunido com cerca de 30 mil fiéis e peregrinos na Praça de São Pedro para recitar a oração mariana do Ângelus, o Papa Francisco exortou os presentes a se tornarem verdadeiros servidores da vinha do Senhor, capazes de produzir os bons frutos esperados por Deus. 

Explicando a parábola dos vinhateiros homicidas, proposta no Evangelho daquele domingo, 8, na qual estes recusam-se a entregar a colheita aos servos do dono da vinha, Francisco ressaltou que essa narração ilustra de modo alegórico aquelas recriminações que os profetas haviam feito sobre a história de Israel.

“É uma história que nos pertence - destacou o Papa – fala-se da aliança que Deus quis estabelecer com a humanidade e à qual também nos chamou para participar. Porém – observou Francisco - essa história de aliança, como toda história de amor, conhece seus momentos positivos, mas é marcada também por traições e por rejeições.”

Para entender como Deus Pai responde às rejeições feitas a seu amor e à sua proposta de aliança, o trecho evangélico coloca nos lábios do dono da vinha uma pergunta: “Quando vier o dono da vinha, que irá fazer com esses vinhateiros?” Essa pergunta, frisou o Santo Padre, “ressalta que a desilusão de Deus pelo comportamento malvado dos homens não é a última palavra!” 

“Aí está a grande novidade do Cristianismo: um Deus que, mesmo desiludido com nossos erros e nossos pecados, jamais falta com a sua palavra, não se detém e sobretudo não se vinga! Irmãos e irmãs, Deus não se vinga! Deus ama, não se vinga, nos espera para perdoar-nos, para abraçar-nos.” 

“Por meio das pedras de descarte – e Cristo é a primeira pedra que os construtores rejeitaram –, por meio de situações de fraqueza e de pecado, Deus continua colocando em circulação o vinho novo da sua vinha, ou seja, a misericórdia”, acrescentou o Pontífice. “Este é o vinho novo da vinha do Senhor: a misericórdia. Há um só impedimento diante da vontade tenaz e tenra de Deus: a nossa arrogância e a nossa presunção, que por vezes se torna também violência!”

Francisco observou, ainda, a urgência de responder com frutos, “frutos de bem ao chamado do Senhor, que nos chama a tornar-nos vinha, nos ajuda a entender o que há de novo e de original na fé cristã. Ela não é tanto a soma de preceitos e de normas morais, mas é, sobretudo, uma proposta de amor que Deus, por meio de Jesus, fez e continua fazendo à humanidade.” 

“É um convite a entrar nessa história de amor, tornando-se uma vinha vivaz e aberta, rica de frutos e de esperança para todos”, afirmou.

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Maria nos capacita a atravessar com fé os momentos dolorosos

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15 de agosto de 2017

“Trazendo Jesus, Nossa Senhora traz também a nós uma nova alegria, cheia de significado; nos traz uma nova capacidade de atravessar com fé os momentos mais dolorosos e difíceis”.

Falando aos milhares de fiéis presentes na Praça São Pedro para o Angelus na Solenidade da Assunção, o Papa Francisco recordou que devemos pedir a Maria para nossas famílias e comunidades aquele “dom imenso”, “a graça que é Jesus Cristo”.

A narrativa de Lucas da visita de Maria à sua prima Isabel inspirou a reflexão do Papa, que precede a oração do Angelus.

Francisco recordou que “na casa de Isabel e de seu marido Zacarias, onde antes reinava a tristeza pela falta de filhos, agora existe a alegria de uma criança que chega, uma criança que se tornará o grande João Batista, precursor do Messias”. E completou:

“E quando chega Maria, a alegria transborda e explode nos corações, porque a presença invisível mas real de Jesus preenche tudo com um sentido: a vida, a família, a salvação do povo, tudo!”

“E esta alegria plena – explica o Santo Padre – se expressa com a voz de Maria na oração estupenda” do Magnificat:

“É o canto de louvor a Deus que opera grandes coisas por meio das pessoas humildes, desconhecidas para o mundo, como é a própria Maria, como é o seu esposo José, e como é também o local onde vivem, Nazaré. As grandes coisas que Deus fez com as pessoas humildes! As grandes coisas que o Senhor faz no mundo com os humildes, porque a humildade é como um vazio, que deixa espaço para Deus. O humilde é poderoso, não porque é forte. E esta é a grandeza do humilde, da humildade.”

“Gostaria de perguntar a vocês, e também a mim - completou Francisco. Mas não se responde em voz alta, cada um responde no coração. Como está a minha humildade?”

“O Magnificat – disse o Papa – canta o Deus misericordioso e fiel que cumpre o seu plano de salvação com os pequenos e os pobres, com aqueles que têm fé n’Ele, que confiam na sua palavra como Maria”.

“A vinda de Jesus naquela casa por meio de Maria – sublinhou Francisco – criou não somente um clima de alegria e de comunhão fraterna, mas também um clima de fé que leva à esperança, à oração, ao louvor”:

“Tudo isto nós gostaríamos que acontecesse hoje em nossas casas. Celebrando Maria Santíssima Assunta ao Céu, gostaríamos que ela, mais uma vez, trouxesse a nós, a nossas famílias, às nossas comunidades, o dom imenso, a graça única que devemos sempre pedir por primeiro e acima das outras graças que também estão no coração: a graça que é Jesus Cristo”.

“Trazendo Jesus – acrescentou o Pontífice – Nossa Senhora traz também a nós uma alegria nova, cheia de significado”:

“Nos traz uma nova capacidade de atravessar com fé os momentos mais dolorosos e difíceis; nos traz a capacidade de misericórdia para perdoar-nos, compreender-nos, apoiarmo-nos uns aos outros”.

“Maria – disse o Papa ao concluir sua reflexão – é modelo de virtude e de fé”, “agradeçamos a ela porque sempre nos precede na peregrinação da vida e da fé”, pedindo que “nos proteja e nos sustente”. “Que possamos ter uma fé forte, alegre e misericordiosa, que nos ajude a sermos santos, para nos encontrarmos com ela um dia no Paraíso”.

(JE)

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Jesus não se impõe, mas se propõe doando-se

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17 de julho de 2017

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, neste domingo, 16, com os fiéis e peregrinos de várias partes do mundo, presentes na Praça São Pedro.

Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice disse que “quando Jesus falava usava uma linguagem simples e usava também imagens que eram exemplo de vida cotidiana a fim de ser compreendido facilmente por todos. Por isso, as pessoas o ouviam com boa vontade e apreciavam a sua mensagem que chegava diretamente ao coração”.

Não era uma linguagem complicada de entender como as dos doutores da lei daquele tempo, que não se entendia muito bem, pois “era cheia de rigidez e distanciava as pessoas”. “Com essa linguagem, Jesus faz entender o mistério do Reino de Deus. Não era uma teologia complicada e o exemplo disso nos é apresentado no Evangelho de hoje”.

 

Generosidade

“O semeador é Jesus. Observamos que com essa imagem, Ele se apresenta com um que não se impõe, mas se propõe. Não nos atrai conquistando-nos, mas doando-se. Ele propaga com paciência e generosidade a sua Palavra, que não é uma gaiola ou uma emboscada, mas uma semente que pode dar fruto”, disse Francisco, se estivermos dispostos a acolhê-la.

“Portanto, a parábola diz respeito sobretudo a nós. De fato, fala mais do terreno que do semeador. Jesus faz, por assim dizer, uma radiografia espiritual do nosso coração, que é o terreno sobre o qual cai a semente da Palavra. O nosso coração, como um terreno, pode ser bom e então a Palavra dá fruto, mas pode ser também duro, impermeável. Isso acontece quando ouvimos a Palavra, mas ela bate com força sobre nós, como numa estrada”.

 

Coração superficial

Entre o terreno bom e a estrada existem dois terrenos intermédios que, de várias medidas, podem existir em nós.

“O primeiro é o pedregoso. Vamos imaginá-lo! Um terreno pedregoso é um terreno onde não há muita terra. A semente germina, mas não consegue se enraizar profundamente. Assim, é o coração superficial, que acolhe o Senhor, quer rezar, amar e testemunhar, mas não persevera, se cansa e nunca decola. É um coração sem consistência onde as pedras da preguiça prevalecem sobre a terra boa, onde o amor é inconstante e passageiro. Quem acolhe o Senhor somente quando quer, não dá fruto”.

 

Vícios

Depois, há o último terreno, o espinhoso, cheio de sarças que sufocam as plantas boas.

“O que essas sarças representam? «A preocupação do mundo e a sedução da riqueza», diz Jesus. As sarças são os vícios que lutam com Deus, que sufocam a presença: sobretudo os ídolos da riqueza mundana, o viver com avidez, para si mesmo, para o ter e o poder. Se cultivamos essas sarças, sufocamos o crescimento de Deus em nós. Cada um pode reconhecer as suas pequenas ou grandes sarças que não agradam a Deus e impedem ter um coração limpo. É preciso arrancá-las, caso contrário a Palavra não dá fruto”.

O Papa disse ainda que “Jesus nos convida hoje a nos olhar por dentro, a agradecer pelo nosso terreno bom e a trabalhar os terrenos que ainda não são bons. Perguntemo-nos se o nosso coração está aberto para acolher com fé a semente da Palavra de Deus. Perguntemo-nos se em nós as pedras da preguiça são ainda numerosas e grandes. Devemos encontrar e chamar por nome as sarças dos vícios. Encontremos a coragem de recuperar o terreno, levando ao Senhor na confissão e na oração as nossas pedras e nossas sarças”.

 

Purificar o coração

“Ao fazer isso”, sublinhou Francisco, “Jesus, o Bom semeador, ficará feliz de realizar um trabalho adicional: purificar os nossos corações, removendo as pedras e os espinhos que sufocam a sua Palavra”.

O Papa pediu à Virgem Maria, que hoje recordamos com o título de Nossa Senhora do Carmo, para que nos ajude a purificar o coração e conservar nele a presença do Senhor.

 

Saudações

Após a oração mariana do Angelus, o Santo Padre saudou todos os fiéis de Roma, os peregrinos de várias partes do mundo, famílias, grupos paroquias e associações.

Saudou de modo particular as Irmãs de Nossa Senhora das Dores que celebram 50 anos da aprovação pontifícia do instituto. Saudou também as Irmãs Franciscanas de São José que comemoram 150 anos de fundação, os diretores e hóspedes da “Domus Croata” de Roma, no 30° aniversário de sua instituição.

O Papa dirigiu uma saudação especial à comunidade católica da Venezuela, presente na Itália, renovando sua oração por esse "amado país".

(MJ)

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