A Igreja deve ser fiel à sua missão de evangelização e serviço

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11 de fevereiro de 2020

Ser sal da terra e luz do mundo, uma linguagem simbólica usada por Jesus para indicar àqueles que pretendem segui-lo, “alguns critérios para viver a presença e o testemunho no mundo.”

Dirigindo-se aos milhares de peregrinos e turistas reunidos na Praça São Pedro para o Angelus dominical, o Papa refletiu sobre o Evangelho de Mateus proposto pela liturgia do dia, explicando o significado destas duas imagens: sal e luz.

SER SAL

O sal – observou Francisco - “é o elemento que dá sabor e que conserva e preserva os alimentos da corrupção”, motivo pelo qual o discípulo “é chamado a manter afastados da sociedade os perigos, os germes corrosivos que poluem a vida das pessoas”.

“Trata-se de resistir à degradação moral, ao pecado, testemunhando os valores da honestidade e da fraternidade, sem ceder às tentações mundanas do carreirismo, do poder e da riqueza.”

E explicando o que é ser sal, enfatiza o quanto é necessário hoje o testemunho de fidelidade aos ensinamentos de Jesus:

É “sal” o "discípulo" que, apesar dos fracassos cotidianos - porque todos nós os temos - reergue-se do pó dos próprios erros, recomeçando com coragem e paciência, a cada dia, a buscar o diálogo e o encontro com os outros. É "sal" o discípulo que não busca o consenso e o aplauso, mas se esforça para ser uma presença humilde e construtiva, na fidelidade aos ensinamentos de Jesus, que veio ao mundo não para ser servido, mas para servir. E há tanta necessidade desse comportamento.

SER LUZ

O Papa explica então o significado de ser luz. “A luz – recordou - dissipa a escuridão e permite ver. Jesus é a luz que dissipou as trevas, mas elas ainda permanecem no mundo e nas pessoas”.  Neste sentido, “é tarefa do cristão dissipá-las, fazendo resplandecer a luz de Cristo e anunciando seu Evangelho”.  E essa “irradiação”, deve brotar sobretudo “de nossas boas obras".

“Um discípulo e uma comunidade cristã são luz no mundo quando direcionam os outros para Deus, ajudando cada um a fazer a experiência da sua bondade e da sua misericórdia.”

O discípulo de Jesus é luz quando sabe viver a própria fé fora de espaços restritos, quando contribui para eliminar os preconceitos, a eliminar as calúnias e a deixar entrar a luz da verdade nas situações deterioradas pela hipocrisia e pela mentira. Iluminar. Mas não é a minha luz, é a luz de Jesus. Nós somos instrumentos para que a luz de Jesus chegue a todos.

IGREJA NÃO PODE FECHAR-SE EM SI MESMA

Diante dos conflitos e pecados existentes no mundo - recordou o Papa - Jesus nos convida a não temer. De fato, na Última Ceia, Ele não pediu ao Pai para que tirasse os discípulos do mundo, mas que os protegesse do espírito do mundo. E enfatizou:

Diante da violência, da injustiça, da opressão, o cristão não pode fechar-se em si mesmo ou esconder-se na segurança do próprio recinto. Também a Igreja não pode fechar-se em si mesma, não pode abandonar sua missão de evangelização e de serviço.

A Igreja se dedica com generosidade e ternura aos pequenos e aos pobres: este não é o espírito do mundo, esta é a sua luz, é o sal. A Igreja escuta o clamor dos últimos e dos excluídos, porque tem consciência de ser uma comunidade peregrina chamada a prolongar a presença salvífica de Jesus Cristo na história.

O Papa concluiu, pedindo a Virgem Santa para nos ajudar “a ser sal e luz em meio às pessoas, levando a todos, com a vida e a palavra, a Boa Nova do amor de Deus”.

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Preocupação com Equador e Síria

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15 de outubro de 2019

Após a oração do Ângelus do último domingo (13), o Papa Francisco manifestou especial preocupação com a atual situação da Síria e do Equador.

Violência na Síria

No norte da Síria, uma operação militar da Turquia avançou em territórios curdos. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), uma organização que acompanha os conflitos no país, informou que houve um bombardeio contra um comboio de carros, matando 14 pessoas. Em diferentes ataques, 26 civis morreram na região apenas no domingo.

“Meu pensamento vai, mais uma vez, ao Oriente Médio. Em particular, à amada e martirizada Síria, de onde chegam novamente notícias dramáticas sobre o destino das populações do nordeste do país, obrigadas a abandonar as próprias casas por causa das ações militares”, disse o Papa.

“Entre essas populações há também muitas famílias cristãs. A todos os atores envolvidos e também à comunidade internacional, por favor, renovo o apelo de se empenharem com sinceridade, honestidade e transparência na estrada do diálogo para encontrar soluções eficazes.”

Instabilidade no Equador

Quanto ao Equador, um decreto do governo que elevou os preços dos combustíveis produziu uma onda de protestos. O presidente Lenín Moreno havia retirado subsídios para combustíveis – a ideia era tirar benefícios para os mais ricos – mas os valores aumentaram em mais de 120%.

Mas, diante dos protestos, inclusive de lideranças indígenas, foi obrigado a recuar no domingo (13). Os protestos deixaram mais de 1,3 mil feridos e mais de 1,1 mil presos.

Sobre essa situação, disse o Papa: “Junto a todos os membros do Sínodo dos Bispos para a região pan-amazônica, especialmente aqueles provenientes do Equador, sigo com preocupação o que está acontecendo nas últimas semanas naquele país”. Ele confiou o país à oração e à intercessão dos novos santos canonizados no domingo, entre eles Ir. Dulce.

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Angelus: "Entregar-se a Deus e saber perdoar, como S. Estêvão"

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26 de dezembro de 2018

Ainda no clima de alegria pelo anúncio do nascimento de Cristo, a Igreja celebra neste dia 26 de dezembro a festividade de Santo Estêvão, diácono e primeiro mártir, perseguido e morto em Jerusalém.

Antes de rezar a oração mariana do Angelus, nesta quarta-feira de sol na Praça São Pedro, o Papa falou aos fiéis sobre as analogias na vida de Estêvão e do próprio Jesus. Ambos entregaram seu espírito a Deus no momento da morte: Estêvão ao ser lapidado, e Jesus na cruz.

Entregar-se a Deus com confiança

“O comportamento de Estêvão que imita fielmente o gesto de Jesus é um convite a cada um de nós a receber com fé, das mãos do Senhor, aquilo que a vida nos oferece de positivo e de negativo".

Nossa existência não é marcada apenas por circunstâncias felizes, mas também por dificuldades e perdas; mas a confiança em Deus nos ajuda a acolher os momentos fadigosos e a vivê-los como ocasião de crescimento na fé e construção de novas relações com os irmãos. Trata-se de abandonar-nos nas mãos do Senhor, que sabemos ser um Pai rico de bondade com seus filhos”.

Saber perdoar e rezar sempre

A segunda atitude indicada por Francisco como comum entre Estêvão e Jesus foi o perdão. Nenhum dos dois maldisse seus perseguidores, mas rezaram por eles.

“O perdão engradece o coração, gera partilha, doa serenidade e paz. O protomártir Estêvão nos aponta o caminho a percorrer nas relações interpessoais de família, na escola e no trabalho, na paróquia e nas comunidades".

“ A lógica do perdão e da misericórdia é sempre vitoriosa e abre horizontes de esperança; mas o perdão se cultiva com a oração, que nos permite fixar o olhar em Jesus ”

Terminando, o Pontífice lembrou que é a oração que nos fortalece, e por isso, temos que pedir sempre ao Espírito Santo para que derrame sobre nós o dom da força, que cura nossos medos, nossas fraquezas, nossa pequenez.

 

“Invoquemos a intercessão de Maria e de Santo Estêvão. Que nos ajudem a entregarmo-nos sempre mais a Deus, especialmente nos momentos difíceis, e nos ampare no propósito de sermos homens e mulheres capazes de perdoar”.

Após conceder a bênção a todos os presentes e a nós, que a recebemos pelo rádio e TV, Francisco agradeceu as mensagens e votos pelas festividades de Natal chegadas de todas as partes do mundo, pediu a todos que rezem por ele e, desejando como sempre ‘bom almoço’, se despediu dos féis.

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Papa Francisco: "escolher o caminho das Bem-aventuranças"

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01 de novembro de 2018

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, nesta quinta-feira (1º/11), Solenidade de Todos os Santos que será celebrada pela Igreja no Brasil, no próximo domingo.

Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice sublinhou que a Primeira Leitura da liturgia de hoje, extraída do Livro do Apocalipse, “nos fala do céu e nos coloca diante de uma grande multidão, incalculável, de nações, tribos, povos e línguas”.

Estamos unidos a todos os santos

“São os santos. O que fazem lá em cima? Cantam juntos, louvam a Deus com alegria. Seria bonito ouvir o canto deles! Podemos imaginá-lo: sabem quando? Durante a missa, quando cantamos «Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo...». É um hino, diz a Bíblia, que vem do céu, que se canta lá: um hino de louvor. Então, cantando o “Santo”, não somente pensamos nos santos, mas fazemos o que eles fazem: naquele momento, na missa, estamos unidos a eles mais do que nunca.”

Segundo o Papa, “estamos unidos a todos os santos, não somente aos mais conhecidos, do calendário, mas também aos “da porta ao lado”, aos nossos familiares e conhecidos que agora fazem parte daquela grande multidão”.

“Hoje, então, é a festa da família”, sublinhou Francisco. “Os santos estão próximos a nós, aliás, são os nossos verdadeiros irmãos e irmãs. Eles nos entendem, nos amam, sabem qual é o nosso verdadeiro bem, nos ajudam e esperam por nós. São felizes e nos querem felizes com eles no paraíso.”

Caminho das Bem-aventuraças

O Papa disse que os santos “nos convidam para o caminho da felicidade, indicada no Evangelho de hoje, tão bonito e conhecido: «Felizes os pobres em espírito (...). Felizes os mansos (...). Felizes os puros de coração ...». Mas como? O Evangelho diz: felizes os pobres, enquanto o mundo diz: felizes os ricos. O Evangelho diz: felizes os mansos, e o mundo diz: felizes os prepotentes. O Evangelho diz: felizes os puros, e o mundo: felizes os espertos e os que buscam prazer”.

“Este caminho das bem-aventuranças, da santidade, parece conduzir à derrota. Porém, nos recorda novamente a primeira leitura, os santos trazem “palmas nas mãos”, isto é, os símbolos da vitória. Eles venceram, não o mundo e nos exortam a escolher a sua parte, a de Deus que é Santo.”

O Papa nos convidou a fazer as seguintes perguntas: “De que lado estamos? Do lado céu ou da terra? Vivemos para o Senhor ou para nós mesmos, para a felicidade eterna ou para alguma satisfação imediata? Perguntemo-nos: queremos realmente a santidade? Ou nos contentamos em ser cristãos sem infâmia e sem louvores, que acreditam em Deus e estimam os outros sem exagerar?”

O Senhor “pede tudo, e o que Ele oferece é a vida verdadeira. Oferece tudo, oferece a felicidade para a qual fomos criados”. “Em síntese, ou a santidade ou nada! Faz-nos bem nos deixarmos ser provocados pelos santos, que aqui não tiveram meias medidas e do além “torcem” por nós, para que escolhamos Deus, a humildade, a mansidão, a misericórdia, a pureza, para que nos apaixonemos pelo céu antes que pela terra.”

Desfrutar da felicidade de Deus

Francisco concluiu, dizendo que “hoje, nossos irmãos e irmãs não nos pedem para ouvir de novo um belo Evangelho, mas para colocá-lo em prática, para seguir o caminho das bem-aventuranças”.

“Não se trata de fazer coisas extraordinárias, mas de seguir esse caminho todos os dias que nos leva ao céu, para a família e para casa. Hoje, nós entrevemos o nosso futuro e celebramos aquilo para o qual nascemos: nascemos para nunca mais morrer, nascemos para desfrutar da felicidade de Deus!”

“O Senhor nos encoraja e a quem segue o caminho das bem-aventuranças diz: «Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu». Que a Santa Mãe de Deus, Rainha dos Santos, nos ajude a caminhar com decisão pela estrada da santidade. Ela, que é a Porta do Céu, introduza os nossos amados defuntos na família celeste”, concluiu o Papa.

Corrida dos Santos

Após a oração mariana do Angelus, Francisco saudou com afeto os peregrinos provenientes da Itália e demais países, famílias, grupos paroquiais, associações e grupos escolares.

Saudou especialmente os participantes da “Corrida dos Santos”, promovida pela Fundação Missão Dom Bosco, para viver numa dimensão de festa popular a Solenidade de Todos os Santos. “Obrigado por esta bela iniciativa e pela sua presença”, disse.

A seguir, o Papa recordou que nesta sexta-feira (02/11), Comemoração de todos os fiéis defuntos, Dia de Finados, irá ao Cemitério Laurentino, em Roma. “Peço a todos vocês para me acompanharem com a oração neste dia de sufrágio por aqueles que nos precederam na fé e dormem o sono da paz.”

Por fim, desejou a todos uma boa festa na companhia espiritual dos santos e pediu aos fiéis para não se esquecerem de rezar por ele.

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Angelus: para seguir Cristo é preciso renunciar ao orgulho egoísta

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17 de setembro de 2018

Para seguir Jesus, é preciso renunciar às pretensões do próprio orgulho egoístico e tomar a própria cruz: foi o que disse o Papa Francisco no Angelus deste domingo (16/09).

Diante de uma multidão na Praça S. Pedro, o Pontífice inspirou sua reflexão no trecho evangélico de São Marcos, em que Jesus pergunta aos discípulos sobre sua identidade.

 

Fé míope

Antes de interpelar diretamente os Doze, explicou o Papa, Jesus quer ouvir deles o que as pessoas pensam Dele. Por isso pergunta: “Quem dizem os homens que eu sou?”. Emerge que Jesus é considerado pelo povo um grande profeta. Mas, na realidade, Ele não se interessa pela falação das pessoas.

Ele não aceita nem mesmo que os seus discípulos respondam às suas perguntas com fórmulas pré-concebidas, “porque uma fé que se reduz a fórmulas é uma fé míope”.

 

Quem sou eu para você?

“O Senhor quer que os seus discípulos de ontem e de hoje instaurem com Ele uma relação pessoal”, afirmou Francisco, que acrescentou:

“Hoje, Jesus dirige esta pergunta tão direta e confidencial a cada um de nós: ‘Quem sou eu para você?’. Cada um de nós é chamado a responder, no próprio coração, deixando-se iluminar pela luz que o Pai nos dá para conhecer o seu Filho Jesus.”

Porém, prosseguiu, Jesus adverte que a sua missão se realiza não na estrada ampla do sucesso, mas no caminho árduo do Servo sofredor. Por isso, pode acontecer de protestar e nos rebelar, porque isso contrasta com as nossas expectativas mundanas.

A profissão de fé em Jesus Cristo não pode parar nas palavras, mas pede que seja autenticada por escolhas e gestos concretos.

“ Jesus nos diz que para segui-Lo, para ser seus discípulos, é preciso renunciar a si mesmo, isto é, às pretensões do próprio orgulho egoístico e tomar a própria cruz. ”

 

O amor muda tudo

Com frequência na vida, por tantos motivos, erramos o caminho, buscando a felicidade nas coisas ou nas pessoas que tratamos como coisas. Mas a felicidade a encontramos somente quando o amor, aquele verdadeiro, nos encontra, nos surpreende, nos transforma. "O amor muda tudo e pode mudar inclusive a nós!", disse Francisco.

O Papa então concluiu:

“Que a Virgem Maria, que viveu a sua fé seguindo fielmente o seu Filho Jesus, ajude também nós a caminhar na sua estrada, vivendo generosamente a nossa vida por Ele e pelos irmãos.”

 

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Papa no Angelus: fugir do egoísmo e do fechamento do coração

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10 de setembro de 2018

“Abrir-nos às necessidades dos nossos irmãos sofredores e necessitados de ajuda, rejeitando o egoísmo e o fechamento do coração.” Foi a exortação do Papa Francisco na alocução que precedeu a oração do Angelus ao meio-dia deste XXIII Domingo do Tempo Comum, rezado com fiéis e peregrinos na Praça São Pedro.

Atendo-se à liturgia deste domingo, Francisco ressaltou que o Evangelho do dia nos traz o episódio da cura milagrosa de um surdo-mudo, feita por Jesus.

 

Fazer o bem às pessoas sem tocar a trombeta

“Levaram-lhe um surdo-mudo, pedindo que lhe impusesse a mão. Ele, ao invés, realizou vários gestos: em primeiro lugar levou-o para fora da multidão. Nesta ocasião, como em outras, Jesus sempre age com discrição. Não quer impressionar o povo, Ele não está à procura de popularidade ou do sucesso, mas deseja somente fazer o bem às pessoas. Com essa atitude, Ele nos ensina que o bem deve ser feito sem clamores, sem ostentação, sem tocar a trombeta. Deve ser feito em silêncio”, observou.

Descrevendo o episódio narrado pelo evangelista São Marcos, Francisco ressaltou que “estando afastado da multidão, Jesus colocou os dedos nas orelhas do surdo-mudo e com a saliva lhe tocou a língua. Este gesto remete à Encarnação”, acrescentou o Santo Padre.

 

Jesus compreende a condição penosa de outro homem

O Filho de Deus, continuou o Papa, “é um homem inserido na realidade humana: se fez homem, portanto, pode compreender a condição penosa de outro homem e intervém com um gesto no qual é envolvida toda sua humanidade”.

“Ao mesmo tempo, Jesus quer levar a entender que o milagre se dá devido a sua união com o Pai: por isso, levantou os olhos para o céu. Depois gemeu e pronunciou a palavra resolutiva ‘Effatha’, que significa ‘Abri-te’. E imediatamente o homem ficou curado: abriram-se-lhe os ouvidos e a língua se lhe desprendeu. A cura foi para ele uma ‘abertura’ aos outros e ao mundo”.

 

Cura da doença e do sofrimento físico e cura do medo

Esta narração do Evangelho ressalta a exigência de uma dúplice cura, continuou o Pontífice. “Em primeiro lugar, a cura da doença e do sofrimento físico, para restituir a saúde do corpo; embora esta finalidade não seja completamente alcançável no horizonte terreno, apesar dos muitos esforços da ciência e da medicina”, sublinhou.

Mas há uma segunda cura, talvez mais difícil, frisou o Papa, é a cura do medo, ou seja, do nosso medo. A cura do medo que nos leva a marginalizar o doente, a marginalizar o sofredor, o portador de deficiência.

“E existem muitos modos de marginalizar, mesmo com uma pseudo piedade ou com a remoção do problema; se permanece surdos e mudos diante das dores das pessoas marcadas por doenças, angústias e dificuldades. Muitas vezes o doente e o sofredor se tornam um problema, enquanto deveriam ser ocasião para manifestar a solicitude e a solidariedade de uma sociedade para com os mais frágeis.”

 

Abrir-nos às necessidades dos irmãos sofredores

O Pontífice acrescentou que Jesus revelou-nos o segredo de um milagre que podemos repetir também nós, “tornando-nos protagonistas do ‘Effatha’, daquela palavra ‘Abre-te’ com a qual Ele restituiu a palavra e a audição ao surdo-mudo”.

“Trata-se de abrir-nos às necessidades dos nossos irmãos sofredores e necessitados de ajuda, rejeitando o egoísmo e o fechamento  do coração. Foi propriamente o coração, ou seja, o núcleo profundo da pessoa, que Jesus veio ‘abrir’, libertar, para tornar-nos capazes de viver plenamente a relação com Deus e com os outros.”

Jesus se fez homem para que o homem, “tendo se tornado pelo pecado surdo e mudo, possa ouvir a voz de Deus, a voz do amor que fala a seu coração, e assim aprenda a falar, por sua vez, a linguagem do amor, traduzindo-o em gestos de generosidade e de doação de si”.

 

Natividade de Maria e Beatificação de Alfonsa Maria Eppinger

Na saudação aos vários grupos de fiéis e peregrinos presentes, o Santo Padre lembrou que no sábado foi celebrado, no Pontifício Santuário da Santa Casa de Loreto – região italiana das Marcas – a Festa da Natividade de Nossa Senhora, e foi feita a proposta de espiritualidade para as famílias: a Casa de Maria Casa de toda família. “Confiamos à Virgem Santa as iniciativas do Santuário e aqueles, que de vários modos, participarão delas”, disse o Papa.

Francisco lembrou também a Beatificação, este domingo, em Estrasburgo, na França, da fundadora das Irmãs do Santíssimo Salvador, Alfonsa Maria Eppinger. “Demos graças a Deus por esta mulher corajosa e sábia que, sofrendo, calando-se e rezando, testemunhou o amor de Deus sobretudo aos doentes no corpo e no espírito”, exortou.

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Tragédia de Gênova: a cidade agradece Francisco pelas palavras no Angelus

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16 de agosto de 2018

Papa Francisco rezou ontem, quarta-feira, a oração mariana do Angelus com os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro na Solenidade da Assunção - celebrada na Itália e em vários países -, e cuja festa a Igreja no Brasil celebrará no próximo domingo.

Na conclusão de suas palavras o Papa Francisco, dirigiu um pensamento particular a todas as pessoas atingidas pela tragédia ocorrida terça-feira em Gênova, noroeste da Itália, que provocou vítimas e desconsolo na população.

“Ao tempo em que confio as pessoas que perderam a vida à misericórdia de Deus, expresso minha proximidade espiritual a seus familiares, aos feridos, aos deslocados e a todos aqueles que sofrem por causa deste dramático evento. Convido-os se unirem a mim na oração, pelas vítimas e por seus entes queridos.”

A diocese de Gênova se reuniu ontem em oração no Santuário de Madonnetta, um santuário muito caro à cidade. “Rezamos a Nossa Senhora pela cidade. "Sou muito grato ao Papa, toda a cidade e a diocese agradecem o Santo Padre por esta lembrança cheia de afeto e oração que ele mostrou por Gênova e em particular por aqueles que foram atingidos por esta autêntica tragédia", disse o Arcebispo de Gênova, Cardeal Angelo Bagnasco.

"Estou convencido  - continuou o purpurado - , que Gênova, como outras vezes, com a ajuda de Deus, será capaz de se levantar unindo as melhores energias da cidade, sentindo também o abraço do Papa, da Igreja Católica e de muitos no mundo que se manifestaram em vários modos”.

A cidade ferida

"Nós, sacerdotes, devemos estar disponíveis, como todo pároco na vida cotidiana das paróquias. O cardeal Bagnasco visitou nesta quarta-feira os corpos das vítimas no hospital San Martino, como uma proximidade prática, concreta, pessoal e de acolhida. "Como diocese – disse -, recebemos um primeiro grupo de 30 deslocados de 400 pessoas. Estamos à disposição para receber outros como primeiro alojamento em consequência dessa tragédia ". "Nós padres  - continuou o purpurado -, devemos apoiar a esperança; a esperança, a confiança, para que as pessoas não se desmoralizem e, portanto, nós, sacerdotes, temos a tarefa de ajudar as pessoas a olharem para o alto, como nesta quarta-feira, no dia da Assunção, como nos ensina Nossa Senhora. Porque somente olhando para o alto podemos olhar a terra e abraçá-la".

Tragédia evitável?

"A falta de responsabilidade  - afirmou o cardeal Bagnasco - nós vemos em todo o mundo, também em países tecnologicamente mais avançados, infelizmente". "Mas isso não justifica nada. Ao contrário,  - sublinhou - diante dessas tragédias, deve estimular e aumentar o compromisso de competência, profissionalismo, prudência e honestidade em fazer as coisas para o bem de todos ".

A fé

"O Senhor não nos preserva das desventuras, da morte, do sofrimento. Acreditar em Jesus Cristo não é estar protegido de tudo isso, que é parte intrínseca do caminho da vida e da condição humana". "A resposta que Deus dá a cada um de nós, Ele deu em Jesus Cristo que abraçou a Cruz na vida como nós". "Então,  - finalizou o arcebispo de Gênova - mais do que a pergunta, por que Deus permite essas tragédias, eu diria como Deus responde a essa situação de mal e fragilidade humana. Colocando-se dentro, encarnando-se nela, compartilhando-a conosco para carregar as cruzes conosco".

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Papa: o serviço a Deus se expressa também no serviço aos irmãos

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15 de agosto de 2018

“A assunção de Maria, criatura humana, nos confirma nosso destino glorioso.” Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus ao meio dia desta quarta-feira, 15 de agosto, solenidade da Assunção de Nossa Senhora.

Na alocução que precedeu a oração rezada com milhares de fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro, o Santo Padre explicou o sentido e o significado desta festa mariana, e seu alcance também para nós.

 

O Senhor eleva os humildes

Francisco ressaltou que nesta solenidade o santo povo fiel de Deus expressa com alegria a sua veneração à Virgem Mãe, e o faz na liturgia comum e também com diferentes formas de piedade, realizando a profecia de Maria mesma: “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48). “Porque o Senhor elevou sua humilde serva”, recordou.

Em seguida, o Pontífice evidenciou que a assunção ao céu, em corpo e alma, “é um privilégio divino concedido à Santa Mãe de Deus por sua união particular com Jesus”.

"Trata-se de uma união corporal e espiritual, iniciada com a Anunciação e amadurecida durante toda a vida de Maria mediante sua participação singular no mistério do Filho.”

“A existência de Nossa Senhora se deu como de uma mulher comum de seu tempo: rezava, se ocupava da família e da casa, ia à sinagoga... Mas toda ação cotidiana que fazia se dava em união total com Jesus. E no Calvário esta união alcançou o ápice, no amor, na compaixão e no sofrimento do coração. Por isso Deus lhe concedeu uma participação plena também na ressurreição de Jesus.”

 

Aquela que gerou o senhor da vida não conheceu a corrupção do sepulcro

“O corpo da Mãe – prosseguiu – foi preservado da corrupção, como o corpo do Filho. É o que proclama o Prefácio da Missa de hoje; “Vós não quisésseis que aquela que gerou o Senhor da vida conhecesse a corrupção do sepulcro”.

“A Igreja hoje nos convida a contemplar este mistério: ele mostra que Deus quer salvar o homem inteiro, alma e corpo. Jesus ressuscitou com o corpo que assumiu de Maria; e subiu ao Pai com a sua humanidade transfigurada. A assunção de Maria, criatura humana, nos dá a confirmação do nosso glorioso destino.”

 

Ressurreição da carne, elemento próprio da revelação cristã

Francisco lembrou que os filósofos gregos tinham entendido que a alma do homem é destinada à felicidade após a morte. Todavia, observou, “eles desprezavam o corpo – considerado prisão da alma – e não concebiam que Deus tivesse disposto que também o corpo do homem fosse unido à alma na beatitude celeste”. “A ressurreição da carne – prosseguiu – é um elemento próprio da revelação cristã, eixo da nossa fé.”

“A realidade maravilhosa da Assunção de Maria manifesta e confirma a unidade da pessoa humana e nos recorda que somos chamados a servir e glorificar Deus com todo o nosso ser, alma e corpo.”

Se tivermos vivido assim, no alegre serviço a Deus, que se expressa também num generoso serviço aos irmãos, nosso destino, no dia da ressurreição, será igual ao de nossa Mãe celeste.

Após a oração mariana, na saudação aos vários grupos de fiéis e peregrinos presentes, o Papa confiou a Nossa Senhora Consoladora dos aflitos “as angústias e os tormentos daqueles que, em muitas partes do mundo, sofrem no corpo e no espírito”.

 

Tragédia de Gênova: a proximidade espiritual do Papa 

Em seguida, dirigiu um pensamento particular a todos os atingidos pela tragédia ocorrida esta terça-feira em Gênova, noroeste da Itália, que provocou vítimas e desconsolo na população.

Ao tempo em que confio as pessoas que perderam a vida à misericórdia de Deus, expresso minha proximidade espiritual a seus familiares, aos feridos, aos deslocados e a todos aqueles que sofrem por causa deste dramático evento. Convido-os se unirem a mim na oração, pelas vítimas e por seus entes queridos.”

 

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Papa Francisco recorda Paulo VI, 'grande Papa da modernidade'

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06 de agosto de 2018

Cidade do Vaticano

O Papa Paulo VI faleceu em 6 de agosto de 1978, na Festa da Transfiguração. O Papa Francisco assim recordou dele no Angelus deste domingo:

Há quarenta anos, o Beato Papa Paulo VI estava vivendo as suas últimas horas nesta terra. Morreu, de fato, na noite de 6 de agosto de 1978. Recordemos dele com muita veneração e gratidão, à espera da sua canonização, em 14 de outubro próximo. Do céu interceda pela Igreja, que tanto amou, e pela paz no mundo. Este grande Papa da modernidade, o saudemos com um aplauso, todos!”.

O processo diocesano para a beatificação de Paulo VI teve início em 11 de maio de 1993, tendo sido beatificado em 19 de outubro de 2014 pelo Papa Francisco. Ele será canonizado em 14 de outubro na Praça São Pedro, durante o Sínodo dedicado aos jovens, ao lado de Dom Óscar Arnulfo Romero, dois sacerdotes italianos, uma religiosa alemã e uma espanhola.

Paulo VI foi o Pontífice que concluiu o Concílio Vaticano II iniciado pelo seu antecessor São João XXIII. É dele a Encíclica Humanae Vitae, publicada em 25 de julho de 1968, que defende a visão tradicional da Igreja sobre métodos anticoncepcionais e aborto. A Encíclica também serviu de base para outros dois documentos do Magistério da Igreja: as Instruções Donum vitaeDignitas personae, ambas sobre moral sexual e ética reprodutiva.

Dele também são as  Encíclicas Populorum Progressio, de 26 de março de 1967, e a Sacerdotalis Caelibatus, de 24 de junho de 1967 e a Carta Apostólica Octogesima Adveniens, 14 de maio de 1971, esta última de natureza social em comemoração aos oitenta anos da Rerum Novarum de Leão XIII.

Paulo VI foi o primeiro Pontífice a visitar os cinco continentes e o primeiro a encontrar-se com o arcebispo de Cantuária e o primeiro, em vários séculos, a encontrar-se com os dirigentes das diversas Igrejas Ortodoxas orientais.

Célebre, o encontro e o abraço ao Patriarca Atenágoras I, no Fanar do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, em 25 de julho de 1967.

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Papa: distantes de Jesus e de seu amor, nos perdemos

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23 de julho de 2018

“Sem a verdade, que é Cristo mesmo, não é possível encontrar a justa orientação da vida. Quando nos distanciamos de Jesus e de seu amor, nos perdemos e a existência se transforma em desilusão e insatisfação.” Foi o que disse o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração do Angelus, ao meio-dia de domingo, 22, na qual se deteve sobre à página do Evangelho proposta para a liturgia do dia.

O Evangelho de hoje (Mc 6,30-34), disse o Papa, nos conta que os apóstolos, após a primeira missão, voltam a Jesus e lhe falam “tudo aquilo que tinham feito e ensinado”. Após a experiência da missão, certamente entusiasmante, mas também cansativa, frisou Francisco, eles precisam de repouso.

O Pontífice ressaltou que Jesus se preocupou em assegurar-lhes um pouco de alívio, convidando-os a um lugar deserto onde pudessem recobrar as forças, mas que a multidão, tendo intuído para onde iam, correu chegando ao lugar antes deles, mudando assim o programa.

 

Fexibilidade e disponibilidade às necessidades dos outros

“O mesmo pode acontecer também hoje. Por vezes não conseguimos realizar nossos projetos, porque se dá um imprevisto urgente que acaba com nossos programas e requer flexibilidade e disponibilidade às necessidades dos outros.”

Nessas circunstâncias, exortou o Papa, “somos chamados a imitar aquilo que fez Jesus: ‘Tendo descido da barca, ele viu uma grande multidão, teve compaixão dela, porque eram como ovelhas sem pastor, e se colocou a ensinar-lhes muitas coisas’”.

Francisco destacou que o evangelista nos oferece aí um flash de singular intensidade, fotografando os olhos do Divino Mestre e seu ensinamento. “Observamos os três verbos deste fotograma: ver, ter compaixão, ensinar. Podemos chamá-los os verbos do Pastor.”

“O olhar de Jesus não é um olhar neutro ou, pior, frio e distanciado, porque Jesus olha sempre com os olhos do coração. E seu coração é tão tenro e repleto de compaixão, que sabe colher inclusive as necessidades mais escondidas das pessoas.”

 

Jesus Cristo, realização da solicitude e cuidados de Deus para com seu povo

Francisco frisou ainda que Cristo mostra com isso a atitude e a predisposição de Deus para com o homem e a sua história. “Jesus se apresenta como a realização da solicitude e cuidado de Deus para com o seu povo”, acrescentou.

O Papa quis evidenciar que o primeiro pão que o Messias oferece à multidão faminta e cansada é o pão da Palavra. “Todos nós precisamos da palavra da verdade, que nos guie e ilumine nosso caminho”, prosseguiu.

“Com Jesus ao lado se pode prosseguir com segurança, se podem superar as provações, se progride no amor a Deus e ao próximo. Jesus se fez dom para os outros, tornando-se assim modelo de amor e de serviço para cada um de nós.”

Francisco concluiu fazendo votos de que Maria Santíssima nos ajude a assumir os problemas, sofrimentos e dificuldades de nosso próximo, mediante uma atitude de partilha e de serviço.

 

Saudação a fiéis e peregrinos brasileiros

Dirigindo-se aos vários grupos de fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro, o Papa fez uma saudação particular aos fiéis da Diocese de Rio do Sul – SC, e aos jovens da Diocese de Sevilha, na Espanha, além de grupos paroquiais e associações.  

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