O ministério de 27 religiosas

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01 de agosto de 2019

O fato de a população da Mauritânia ser quase totalmente muçulmana tem um impacto profundo no cotidiano do País. O Islamismo é a religião do Estado e a nacionalidade é reservada aos muçulmanos. Renunciar ao Islã implica pena de morte. Os poucos membros de outras religiões no País não podem viver a sua fé em público. A Sharia (conjunto de leis islâmicas, baseadas no Alcorão, responsável por ditar as regras de comportamento dos muçulmanos) aplica-se às questões de foro civil na Mauritânia, em particular às questões de família. Em algumas áreas, a violação da Sharia é gravemente punida, por exemplo, por meio de açoitamento.


Os católicos somam apenas 4 mil, em toda a Mauritânia, e são predominantemente estrangeiros. Da mesma forma, o bispo, os padres e as religiosas da única diocese do País vêm de 20 países diferentes da Europa, Ásia e África.


As 27 religiosas que vivem na Mauritânia, um dos países mais pobres do mundo, cuidam de crianças, mulheres grávidas, doentes, migrantes, prisioneiros e deficientes. Elas tratam de muitas crianças subnutridas, das quais existem 40 mil somente na capital, Nouakchott.

Além disso, elas trabalham nas escolas e em centros educacionais, e ensinam às mulheres que não têm oportunidade de ir à escola habilidades manuais como a costura, a ler e escrever.


O campo de atuação das irmãs está localizado principalmente nas periferias pobres das cidades e nas áreas rurais, onde atendem as populações dos mais pobres, com ênfase nas mulheres e crianças.


Apesar da crescente pressão do Islamismo no País, o trabalho da Igreja Católica é, no entanto, muito considerado por vários muçulmanos. O bispo Dom Martin Happe tem um amigo mauritano que, apesar de muçulmano, tem memórias de uma infância feliz com as irmãs católicas. Quando ainda era criança, ele e seus companheiros costumavam inventar problemas para poder tocar a campainha das Irmãs de São José. Assim, conta seu amigo, “nós não só conseguíamos um pirulito, mas, também, um copo de limonada, sempre”. Até hoje, ele se recorda dos nomes das irmãs daquele convento.


A Igreja Católica também é respeitada pelo governo devido a seu trabalho de caridade, mas não recebe suporte financeiro algum. Assim, novamente neste ano, a ACN está apoiando a vida e o ministério das 27 irmãs que atuam na Mauritânia.


Futuro incerto
A situação que o povo da Mauritânia enfrenta tem se tornado cada vez mais difícil. Quando, em 1960, o País se tornou independente, 85% da população era de nômades e pastores, vivendo de seus rebanhos. Desde o início dos anos 1970, o deserto avançou e muitos perderam seus rebanhos. Cada vez mais, as pessoas estão migrando para as cidades, formando e vivendo em favelas. Ao mesmo tempo, o País, que está à beira do Oceano Atlântico, está sendo afetado pelas crescentes elevações do nível do mar, o que tornou inabitável várias áreas de cidades costeiras.


Oficialmente, a população tradicionalmente nômade da Mauritânia é 100% muçulmana. Estes muçulmanos são quase exclusivamente sunitas, majoritariamente organizados em irmandades sufis: Qadiriya, Tijāniyyah e Hamawiya. É significativo que a liberdade religiosa não seja mencionada na Constituição de 1991, e que, além disso, impõe que o presidente do País deva ser muçulmano.


Os desenvolvimentos relativos à vida religiosa na Mauritânia e à situação das minorias religiosas dependem, em grande medida, de dois fatores: o primeiro diz respeito aos desenvolvimentos internos. Não há quaisquer indícios que sugiram que o atual governo da Mauritânia vai ajudar a promover o direito básico à liberdade religiosa. A influência de forças conservadoras islâmicas no governo e na sociedade mauritana é grande e é provável que assim se mantenha no futuro. O segundo fator relaciona-se com desenvolvimentos no exterior, na área da África Ocidental. O Máli não é o único país no qual a influência do jihadismo islâmico aumentou. Burkina Faso, Níger e Nigéria também estão entre os países que sofrem significativamente com a influência e violência dos extremistas.

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Evangelização com a vida

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01 de agosto de 2019

Existem situações em que sentimos que é nossa responsabilidade fazer alguma coisa. Na ACN, isso acontece sempre, pois como Fundação Pontifícia, recebemos pedidos de ajuda dos que estão mais esquecidos. São esses esquecidos do mundo que ocupam um lugar privilegiado no coração da ACN.


Este mês, queremos ajudar os que mais sofrem na África, de modo particular na Mauritânia, a última nação do mundo a abolir a escravidão – isso só ocorreu em 1981. No entanto, “possuir” pessoas como escravas só foi considerado um crime no País em 2007. As sequelas de tanto sofrimento são sentidas, sobretudo, pelas crianças, sendo a desnutrição uma das maiores causas de mortalidade infantil no País. 


Somente na capital, Nouakchott, existem mais de 40 mil crianças subnutridas. Lá, 27 religiosas fazem um trabalho incrível de, além de atender as crianças subnutridas, ajudar as mulheres grávidas, os doentes, deficientes, migrantes, prisioneiros, e realizar um grande trabalho na educação de crianças e adultos.


Tudo o que as irmãs fazem é, antes, muito bem pensado. Em uma das creches, elas atendem cem crianças – que antes estavam subnutridas – ao mesmo tempo em que oferecem cursos de educação básica e profissionalizantes às mães.  


Na Mauritânia, não há espaço para a evangelização com as palavras: lá se evangeliza com a vida, com gestos concretos. Pelo fato de o País ser uma república islâmica, não é permitido viver a fé cristã em público. As irmãs ajudam na área da saúde e educação sem receber nenhuma ajuda do governo. Elas contam com a nossa caridade em um país onde quase ninguém as ajuda, pois os católicos são apenas 0,1% da população.  


Eu quero fazer mais por elas, mas precisamos de ajuda. Eu pensei que talvez você, que nos está lendo, pode abrir mão de comprar alguma coisa este mês para ajudar, não só na Mauritânia, mas em toda a África – um continente onde todos os anos a ACN realiza mais de 1,6 mil projetos. 


Uma doação sua vai repercutir na vida de uma criança, um doente e mais, vai repercutir por toda a eternidade no coração de Deus Pai.


Agora depende de você. Estou fazendo esse pedido porque isso é urgente e, ao mesmo tempo, não podemos deixar de ajudar os outros projetos que também dependem da ACN, muitos deles aqui no Brasil.


Eu estou pedindo a você um sacrifício pequeno, pois o grande sacrifício já está sendo feito pelas irmãs que dedicam suas vidas, pelas crianças que já tiveram que sofrer o sacrifício de ter nascido em um país muito pobre e pelos doentes que já não têm mais a quem pedir socorro.


Leia as próximas páginas, conheça mais sobre a Mauritânia e, se possível, torne-se um benfeitor da ACN – pelo cupom na página 13 ou entrando em contato pelos meios divulgados na página 14. Eu tenho certeza de que a alegria de ajudar quem mais precisa será maior do que o sacrifício de deixar de comprar alguma coisa.

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‘A ACN foi a inspiração’

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05 de julho de 2019

A Assembleia Geral da ONU aprovou, em 28 de maio de 2019, uma resolução estabelecendo 22 de agosto como o Dia Internacional em Homenagem às Vítimas de Atos de Violência Baseada na Religião ou Crença. A ACN acolheu essa resolução como um primeiro passo para chamar mais atenção para a perseguição religiosa,  particularmente a da violência contra os cristãos – até hoje, o grupo religioso que mais sofre. Mark Riedemann, Diretor de Assuntos Públicos e Liberdade Religiosa da ACN, expõe a expectativa da entidade com a resolução da ONU.

Como surgiu o Dia Internacional em Homenagem às Vítimas de Perseguição Religiosa?
Após o sucesso da conferência internacional organizada pela ACN, em setembro de 2017, em Roma, que apresentou o plano de reconstrução das aldeias cristãs na Planície de Nínive, no Iraque, destruídas pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), a advogada polonesa Ewelina Ochab, autora e coautora de vários livros e artigos sobre liberdade religiosa, propôs chamar a atenção global para as violações da liberdade religiosa. Ao longo de 2018, ela falou em 17 conferências, propondo a ideia a uma rede de apoiadores com representantes dos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia. O Ministério das Relações Exteriores do governo polonês confirmou o apoio e os Estados Unidos incluíram a proposta em sua declaração e plano de ação “Potomac”. A Polônia apresentou e prosseguiu com as etapas necessárias na Assembleia Geral da ONU. Foi um longo processo com muitas pessoas envolvidas, no entanto, a ACN foi a inspiração.

Como isso pode promover a liberdade religiosa?
A resolução é uma mensagem clara de que atos de violência baseada na religião não podem e não serão tolerados pela ONU, seus Estados membros e pela sociedade civil. A proteção daqueles que sofrem violência por causa da fé é também um reconhecimento da liberdade religiosa.

A violência religiosa finalmente passou a ser levada mais a sério pela ONU?
Tragicamente, pesquisas de relatos de liberdade religiosa, tais como as publicadas pela Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF), pelo Centro de Pesquisas Pew e pela ACN, confirmam um aumento sem precedentes na violência contra os religiosos, em todos os continentes. Somente nos últimos cinco anos, testemunhamos dois casos de genocídio perpetrados pelo grupo EI contra cristãos e grupos religiosos minoritários no Iraque e na Síria, e contra os muçulmanos Rohingya, em Mianmar, sem mencionar as atrocidades sistematicamente organizadas, cada vez mais perpetradas contra cristãos na África. Nosso silêncio é nossa vergonha.

Quais outras medidas precisam ser tomadas semelhantes a esta da ONU?
Grupos religiosos estão sendo erradicados de suas terras. Antes da invasão extremista de 2003, os cristãos iraquianos somavam 1,3 milhão de pessoas. Hoje existem no máximo 300 mil. É importante que esta resolução da ONU não seja tratada como um fim em si mesmo, mas entendida como o início de um processo em direção a um plano de ação internacionalmente coordenado pela ONU e Estados membros, trabalhando para acabar com a perseguição religiosa.

Qual é a ajuda da ACN aos cristãos perseguidos?
O ACN procura chamar a atenção e dar apoio para ajudar a manter viva a fé e a esperança daqueles cristãos que sofrem e são perseguidos por suas crenças religiosas. Graças à generosidade de nossos benfeitores, financiamos anualmente mais de 5 mil projetos em cerca de 145 países. Nossos doadores são o alicerce sobre o qual construímos pontes de fé, esperança e caridade. Por mais que o apoio financeiro seja necessário, é importante termos a consciência do sofrimento dessas comunidades cristãs, e que o sofrimento deles não passe despercebido.

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A necessidade de fazer mais

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05 de julho de 2019

Quem faz uma doação para a ACN, muitas vezes não faz ideia do que Deus pode multiplicar a partir da caridade de cada um. Veja agora o que seu gesto de amor pode gerar.


“Eu via as crianças perdidas nas ruas, sozinhas... e eu pensava: tenho que fazer mais”. Esse é o sentimento da Irmã Teresinha Mendes, desde quando ela era uma jovem catequista em Jacobina, na Bahia, onde entrou para a Congregação das Irmãs e Irmãos Servos do Espírito Santo. Lá, começou a trabalhar em um bairro da cidade onde estavam os bêbados e as prostitutas. Ela e outras irmãs criaram cinco casas para os que viviam nas ruas e começaram um longo trabalho de evangelização.


“Foi um trabalho que me evangelizou, muito mais do que eu evangelizei”. Depois dessa vivência, ela sentiu que precisava ajudar as famílias mais pobres. Com o tempo, foi convidada a ir para Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador. “Passamos dois anos só visitando e conhecendo a realidade: meninos de rua andando nus, sem ter o que comer, sem ter uma casa. A conversa com os pais era sempre a mesma: ‘Não trabalhamos porque não temos onde deixar as crianças’. Conversamos com o pároco e decidimos abrir a primeira creche”. Atualmente, ela atende 250 crianças. “Começamos do nada e quando vimos o tamanho que a obra tomou, sentimos a mão da misericórdia divina”, conta emocionada a Irmã.


No mesmo ano que começou o trabalho na creche, duas crianças foram abandonadas na porta da casa das Irmãs. Elas sentiram, então, a necessidade de ampliar suas atividades. Começaram outra obra social, o projeto Construindo o Amanhã. Ele nasceu de um desejo das Irmãs de trabalharem com crianças que estão em situação de vulnerabilidade. “Nós estamos numa comunidade quilombola chamada Quingoma. Aqui, até pouco tempo, havia um lixão e todo aterro sanitário de Lauro de Freitas vinha para cá. O objetivo das creches é dar às mães a possibilidade de trabalhar. As creches atendem crianças de 1 a 5 anos, em tempo integral. Os pequenos fazem todas as refeições no local, inclusive o jantar. “Toda criança já vai pra casa com a barriguinha cheia.”


Não é fácil para a Irmã Teresinha manter toda essa estrutura. Sem pessoas que a ajudassem, talvez tudo isso não existiria. A ACN tem ajudado a Irmã em sua missão desde que chegou em Lauro de Freitas, pois ela também faz parte do GRIMPO (Grupo de Religiosas Inseridas no Meio Popular), uma iniciativa apoiada pela ACN desde 1965.


Cada irmã ajudada pela ACN é como o fermento na massa. Elas chegam em uma realidade e a mudam completamente, semeando esperança e colhendo frutos concretos. E cada doação de um benfeitor da ACN transforma muitas vidas, pois é um gesto suscitado pelo mesmo sentimento que Deus despertou no coração da Irmã Teresinha no início de sua vocação: “tenho que fazer mais.”

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Distribuição de Bíblias e ‘DOCAT’

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05 de julho de 2019

Honduras é o segundo maior país da América Central. Com exceção dos países onde há guerras em curso, ele tem a distinção nada invejável de ter o segundo maior número mundial de assassinatos, perdendo apenas para seu vizinho próximo, El Salvador. A violência é uma realidade sempre presente, com roubos, assassinatos e sequestros, uma ocorrência diária. A guerra de gangues, os cartéis de drogas e a criminalidade tornaram o País perigoso para se viver. As desigualdades sociais e políticas são claramente visíveis, e cerca de 70% da população atualmente vive abaixo da linha da pobreza. Muitas pessoas, especialmente os jovens, sonham apenas em deixar o País.


Embora apenas 37% da população seja católica - uma porcentagem extremamente baixa para a América Latina - a Igreja Católica é um dos poucos sinais de esperança nessa terra atormentada pela violência, na qual muitas pessoas não conseguem ver futuro. Mas, ao mesmo tempo, a própria Igreja enfrenta enormes problemas, incluindo o fato de que, nos últimos 50 anos, a população cresceu de 2,5 milhões para 9 milhões de pessoas. Portanto, há uma grande necessidade de cuidado pastoral e evangelização, mas pouquíssimos sacerdotes para ministrar a todos. Catequistas leigos fazem um papel vital, mas precisaria haver um número muito maior deles para conseguir abranger todas as comunidades .


A ACN está enviando 3 mil exemplares de Bíblias e do “DOCAT”, a Doutrina Social da Igreja voltada especialmente para jovens. A formação dos adolescentes é muito importante, sobretudo num país que enfrenta tantos problemas sociais e de violência. Formação é um dos pilares de atuação da ACN; por isso, investir nos jovens hondurenhos é a melhor alternativa para contribuir com uma sociedade hondurenha melhor e mais humana no futuro, em que as leis de Deus são observadas por todos.

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Zâmbia - Renovação do seminário

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05 de julho de 2019

No passado, a vida da Igreja na África era dirigida por missionários estrangeiros, que podiam obter apoio de seus países de origem, mas hoje são os bispos e padres africanos nativos que assumem cada vez mais essa responsabilidade. Em muitos lugares, a infraestrutura é precária, as paróquias abrangem vastas áreas e os fiéis católicos muitas vezes vivem distantes, de modo que são necessários muitos sacerdotes para atender toda a região. Ao mesmo tempo, as seitas são muito ativas no proselitismo, afastando muitos dos fiéis com suas promessas fáceis e mensagens simplistas de salvação. Eles prometem saúde, riqueza e sucesso material às pessoas e, assim, conseguem atrair muitos seguidores, inclusive católicos. Essas seitas encontram “terreno fértil” num lugar onde – devido à falta de meios financeiros e às vastas distâncias – o alcance pastoral da Igreja não é suficientemente intensivo para fazer as pessoas se sentirem realmente enraizadas na Igreja.


O que a Igreja na Zâmbia precisa, acima de tudo, é de mais sacerdotes. Porém, para formar esses padres, deve haver infraestrutura e instalações adequadas. No Seminário de Santo Agostinho, em Kabwe, há quase 90 seminaristas. O prédio do seminário, construído na década de 1950, necessitava urgentemente de reformas. Havia rachaduras nas paredes, telhado caindo, um sistema de encanamento ineficaz e muito antigo... Todas essas coisas deixavam o dia a dia de estudos e formação muito comprometido e, em alguns casos, até mesmo perigoso. As instalações sanitárias também necessitavam de reparos e trocas urgentes. Graças à ajuda dos generosos benfeitores, a ACN realizou um projeto de renovação do Seminário de Santo Agostinho, permitindo o bom funcionamento das instalações sanitárias e a substituição dos tubos e encanamentos. Os seminaristas estão encantados com os resultados e agradecem sinceramente a todos que ajudaram.

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Vimos, ouvimos e anunciamos

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05 de julho de 2019

“Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade, vos digo: muitos profetas e justos desejavam ver o que vedes, e não viram; desejavam ouvir o que ouvis, e não ouviram” (Mt 13,16-17).

 
Sustentados nessa expressão de bem-aventurança, apresentamos toda gratidão ao nosso Deus por estarmos iniciando este novo semestre de nossa caminhada como família ACN, uma família da qual eu quero que você sempre faça parte! Realmente, somos felizes porque o Senhor nos possibilita participar desta sua obra de amor e chegar a tantos de nossos irmãos e irmãs necessitados, marcados por inúmeras formas de sofrimento. Por isso, eu convido você a completar, no desafiante mundo de hoje, o anúncio dessa bem-aventurança, ou seja, abraçar esse caminho de felicidade duradoura. A colaboração, a doação de coração sincero, permite-nos sentir que existe muito mais alegria em dar do que em receber.


Somente vivendo uma vida conformada a Cristo, conseguiremos, verdadeiramente, experimentar e anunciar às demais pessoas aquilo que “vimos” e “ouvimos”, ou seja, testemunhar uma vida profundamente alcançada por Cristo. Nunca duvidemos de que somos, de fato, portadores da alegria, da felicidade, da bem-aventurança que vem de Deus. Ele nos quer totalmente comprometidos no seu amor, a fim de que espalhemos sua alegria. A ACN difunde esse amor de Cristo por meio de seu compromisso permanente de ajudar especialmente os cristãos perseguidos e necessitados nas diversas partes do mundo. Assim, confirma-se sempre mais: viver a alegria em Cristo é continuar no mundo o que Ele viveu totalmente para Deus, pleno de amor pela humanidade: Ele veio para que todos tenham vida e vida em abundância (Jo 10,10). 


Renovemos sempre mais nossas forças por meio da oração que gera caridade, a fim de lembrarmos que Deus conta conosco – também por meio da ACN – para levarmos a muito mais pessoas as bem-aventuranças divinas. São muitos os que necessitam de tudo aquilo que as bem-aventuranças transmitem. Não podemos jamais privar os outros, porque se tivemos o privilégio de ver e ouvir, a nossa atitude deve ser de proclamar, com gestos de amor, a felicidade de viver para Deus, fazendo incansavelmente o bem. Não importa se para isso precisamos caminhar na contramão da história.

Dedico a você e a toda sua família esta bênção: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!

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Governo fecha 21 hospitais administrados pela Igreja Católica

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24 de junho de 2019

Milhares de doentes em toda a Eritreia foram privados de cuidados médicos vitais depois do governo ter interditado três hospitais, dois centros de saúde e 16 clínicas, na última semana. As informações chegaram por meio de uma fonte da Igreja Católica local, que informou à Fundação Pontifícia ACN (Ajuda à Igreja que Sofre) sobre o ocorrido.

De acordo com a fonte, as pessoas correm risco de morte caso os serviços não sejam retomados rapidamente, sendo que muitos pacientes expulsos tiveram de percorrer até 25 quilômetros para acessar outra clínica.

O fechamento levou os quatro bispos da Eritreia a condenar a ação por meio de uma carta enviada ao ministro da Saúde da Eritreia, Amna Nurhusein. A carta enfatiza que o programa de confisco, que fechou todas as instalações do serviço de saúde da Igreja Católica, alguns deles com mais de 70 anos de atividade, é “profundamente injusta”.

A carta declara: “Privar a Igreja de cuidar dessas instituições é minar sua própria existência e expor seus trabalhadores à perseguição religiosa. Declaramos que não entregaremos nossas instituições e equipamentos de livre e espontânea vontade”, confirmando o que uma outra fonte local disse: “A equipe de algumas das clínicas se recusou a entregar as chaves para que os soldados invadissem as mesmas”.

O contato da ACN acrescentou: “Nossa mensagem ao governo é simples: deixe-nos em paz. É dever da Igreja cuidar dos doentes, dos pobres e moribundos. Ninguém, nem mesmo o governo, pode dizer à Igreja para não fazer o seu trabalho. Nossas instalações médicas estavam seguindo fielmente as diretrizes do ministério da saúde e, na maioria das vezes, os supervisores do ministério apreciavam muito o trabalho realizado”.

A fonte católica disse que o governo queria ser o único provedor de assistência médica, mas que a maioria das pessoas preferia institutos administrados pela Igreja, já que os serviços estatais geralmente têm equipamentos precários e falta de pessoal, e muitos procuram asilo no exterior. “Ao fornecer esses serviços, a Igreja não está competindo com o governo, mas está simplesmente complementando e auxiliando o que o governo faz”.

Não está claro se o regime pretende reabrir os institutos mais tarde. O contato da ACN disse que os centros de saúde católicos confiscados pelo governo há dois anos continuam fechados até hoje. Ele apelou à comunidade internacional, incluindo o governo do Reino Unido, para pedir ao governo do presidente Isaías Afewerki que procure o caminho da reconciliação.

Sobre a ACN (Ajuda à Igreja que Sofre)

A ACN (Ajuda à Igreja que Sofre) é uma instituição de caridade católica que auxilia a Igreja por meio de informações, orações e projetos de ajuda a pessoas ou grupos que sofrem perseguição e opressão religiosa e social ou que estejam em necessidade. Fundada no Natal de 1947, a ACN tornou-se uma Fundação Pontifícia da Igreja em 2011.

Todos os anos, a instituição atende mais de 5.000 pedidos de ajuda de bispos e superiores religiosos em cerca de 140 países, incluindo: formação de seminaristas, impressão de Bíblias e literatura religiosa, incluindo a Bíblia da Criança do ACN, com mais de 51 milhões de exemplares impressos em mais de 180 línguas; apoia padres e religiosos em missões e situações críticas; construção e restauração de igrejas e demais instalações eclesiais; programas religiosos de comunicação; e ajuda aos refugiados de conflitos e vítimas de desastres naturais.

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‘Testemunho de uma Igreja que sofre’

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05 de junho de 2019

O Paquistão é um país com quase 200 milhões de habitantes, sendo 95% muçulmanos. Os cristãos somam somente 2% da população. Nesta minoria, encontra-se o Arcebispo de Karachi, o Cardeal Joseph Coutts, que visitou o Brasil pela primeira vez, a convite da ACN, e participou da Assembleia Geral da CNBB. O Cardeal Coutts concedeu esta entrevista na sede da ACN Brasil, em São Paulo, e apresentou a realidade dos cristãos no Paquistão, abordando aspectos sobre preconceito e discriminação religiosa.

QUAL A REALIDADE DOS CATÓLICOS NO PAQUISTÃO?
De acordo com a Constituição, a liberdade religiosa é reconhecida, embora os altos cargos do Estado não sejam acessíveis às minorias religiosas no Paquistão. Nos últimos anos, porém, tem havido muitas mudanças na sociedade, e nós, católicos, somos chamados a ser testemunhas de uma Igreja que sofre.

O PAQUISTÃO FICOU MAIS INTOLERANTE ENTÃO?
Não o país, mas uma minoria extremista que deseja um estado muçulmano. Infelizmente, grupos islâmicos começaram a se fortalecer e pressionar os governos a introduzir leis islâmicas. Uma dessas leis, a Lei da Blasfêmia, introduzida em 1986, acabou se tornando um problema para os cristãos. De acordo com a lei, qualquer um que fale contra o Profeta Maomé ou manche seu nome por escrito ou de qualquer outra forma, deve ser sentenciado a morte. Essa lei também diz que se alguém corromper o Alcorão, deve ser condenado à prisão perpétua. Mesmo que o Corão caia acidentalmente das mãos, isso pode ser considerado uma profanação. O problema da Lei da Blasfêmia é a sua má interpretação. Até os muçulmanos moderados sofrem com acusações sobre blasfêmia. Embora esta lei tenha a intenção de proteger a honra do Profeta Maomé e do Livro Sagrado, ela pode ser facilmente usada de maneira imprópria. É muito fácil para um muçulmano acusar alguém de blasfêmia. Em muitos casos, trata-se de uma acusação infundada, mas o acusador usa a Lei da Blasfêmia como meio de vingança pessoal. Recentemente, tivemos o caso de Asia Bibi, uma pobre cristã condenada à morte por blasfêmia, que finalmente foi absolvida. 

EXISTEM MUITAS ACUSAÇÕES PELA LEI DA BLASFÊMIA?
O caso de Asia Bibi foi apenas o mais famoso, porém há muitos outros. Eu me lembro do massacre de Gojra, em 2009, quando crianças fizeram confetes com páginas de jornais que continham versos do Alcorão. Por causa disso, uma multidão irada atacou um bairro cristão e incendiou cerca de cem casas. Oito pessoas perderam a vida nas chamas. Também houve outros ataques semelhantes, por exemplo, em Lahore, em 2013. Várias pessoas foram espancadas até a morte sem que pudessem provar sua inocência. Mesmo que um tribunal declare uma pessoa inocente, o acusador tentará matá-la. Em um desses casos, um juiz muçulmano foi morto em seu escritório porque havia declarado um cristão inocente ao término de um processo.

QUAIS OUTRAS DIFICULDADES OS CRISTÃOS ENFRENTAM?
Outro problema que o governo é incapaz de impedir é o sequestro e conversão forçada ao Islã de meninas cristãs e hindus que são obrigadas a se casar com seus captores. Não há números oficiais a esse respeito, porém se acredita que todos os anos muitas meninas são arrancadas de suas famílias e forçadas a se converter.

ESSA DISCRIMINAÇÃO GERA O AUMENTO DO EXTREMISMO?
A discriminação alimenta uma sociedade cada vez mais intolerante e preconceituosa. Os extremistas enxergam o Ocidente como cristão, e esse pensamento radical do Islã não acredita na democracia, que é vista como um conceito ocidental. Eles querem que o Paquistão se torne um estado puramente islâmico e não hesitam em usar homens-bomba para atacar e matar quem quiserem. Eles representam uma ameaça real para os cristãos, pois nos consideram infiéis.

HÁ SINAIS DE ESPERANÇA?
Sempre haverá sinais de esperança quando se tem fé. Somos uma pequena minoria, mas isso não significa que somos ocultos ou silenciosos. Em nossas igrejas, escolas e instituições cristãs, realizamos um trabalho muito importante, também reconhecido por muitos muçulmanos. Tudo isso graças ao auxílio de muitas pessoas ao redor do mundo, que nos apoiam com ajuda econômica, jurídica e espiritual, por meio de orações.

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Um coração disposto ao sacrifício

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05 de junho de 2019

O Paquistão é um país de maioria islamica, onde os cristãos representam 2% da população, dos quais mais de 40% não sabem escrever nem ler; e onde a violência, a discriminação contra as minorias, bem como o fanatismo e o uso abusivo da Lei da Blasfêmia estão na ordem do dia. 


Mesmo no dia a dia, os cristãos enfrentam hostilidade e discriminação constante. Socialmente falando, a maioria dos cristãos está no patamar mais baixo da sociedade. Por isso, procuram a Igreja não somente para ajuda pastoral e espiritual, como também para todo tipo de necessidade. Na maioria das vezes, se morre um trabalhador rural, empregado de um rico proprietário de terra, sua esposa e filhos são mandados embora pelo proprietário. Pessoas como pais de crianças doentes, vítimas de ataques violentos e todos os que estão em necessidade, naturalmente, voltam-se para sua Igreja. Ser cristão no Paquistão significa, portanto, ter um coração disposto ao sacrifício, tanto para os fiéis quanto para as lideranças.


A disponibilidade é o que não falta para os católicos de Issanagri, um dos vilarejos que pertence à Paróquia de Assunção, que fica no vilarejo Chak 7, na Diocese de Faisalabad. A Paróquia, como um todo, tem um total de 6 mil fiéis católicos, enquanto que Issanagri tem em torno de 300 famílias católicas ou, aproximadamente, 1,5 mil católicos. O vilarejo fica a dez quilômetros da Paróquia. Issanagri já tem uma capela, mas ela é muito pequena para o número de fiéis.


Agora, os fiéis católicos começaram, eles próprios, a construir uma igreja maior. Eles têm feito grandes sacrifícios para isso – coletando dinheiro, apesar de que eles mesmos são muito pobres, e trabalhando duro na construção, mesmo quando já têm que trabalhar duro para sustentar suas famílias. Apesar de todos os esforços e trabalho árduo, eles, por enquanto, só conseguiram construir parte da igreja. A Santa Missa ainda é celebrada ao ar livre, entre as paredes em parte construídas, onde não há abrigo contra o sol forte ou as chuvas torrenciais, ou o frio severo que pode ocorrer no inverno, mesmo no Paquistão.


O Pároco, Padre Wasseem Walter, escreveu à ACN pedindo ajuda para que eles possam finalmente terminar a igreja. Ele escreve que “é urgentemente necessário construir esta igreja”. A ACN prometeu a ajuda e o povo de lá ficou muito feliz por saber que não está sozinho nessa empreitada. A ACN precisa agora da contribuição de corajosos benfeitores que queiram ajudar esses corajosos católicos.

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