Décima meditação: a bem-aventurança da sede

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23 de fevereiro de 2018

Cidade do Vaticano –

O Papa Francisco e seus colaboradores concluíram na manhã de sexta-feira (23/02) os Exercícios Espirituais de Quaresma. O Pontífice deixa Ariccia e sua chegada ao Vaticano está prevista para o início da tarde.

O retiro quaresmal se concluiu com a décima meditação do Padre José Tolentino de Mendonça, que foi dedicada ao tema “A bem-aventurança da sede”.

As bem-aventuranças são mais do que uma lei, uma norma codificada, disse o sacerdote português. São uma configuração da vida, um verdadeiro chamado existencial. Além disso, são o autorretrato de Jesus: pobre em espírito, manso e misericordioso, sedento e homem de paz, faminto de justiça e com a capacidade de acolher a todos, vibrante de alegria ao testemunhar a ação do Pai nos últimos e nos pequeninos.

Deus tem sede de que a vida das suas criaturas seja uma vida de bem-aventuranças. Deus não desiste em dizer que toda vida – a nossa vida – é amada e beata. Esta é a sede de Deus.

Não domesticar o Evangelho

Por outro lado, o que fizemos nós do Evangelho das Bem-aventuranças? Como as anunciamos?, questiona Pe. Toletino. É tão fácil criar barreiras ao invés de pontes. Nosso coração está sempre pronto a se tornar arma de combate.

Esta atitude defensiva é um perigo para a Igreja, que deve se recordar que não é um clube exclusivo, restrito, feliz na medida em que exclui. É um hospital de campanha. E quando não vive a tensão de encruzilhada da humanidade, deve se perguntar se não estamos domesticando o Evangelho de Jesus.

Para o Pe. Toletino, é urgente redescobrir a bem-aventurança da sede, pois não há nada pior do que estar saciado de Deus. Ter ido à igreja, ter rezado, não nos isenta dos encontros fundamentais com as extraordinárias surpresas de Deus. Talvez tenhamos um imagem errada da vida cristã: fiel não é quem está saciado de Deus, mas quem tem fome e sede de Deus. A experiência de fé não resolve a sede, mas a amplifica, dilata o nosso desejo, intensifica a nossa busca. Devemos nos reconciliar com a nossa sede repetindo-nos: A minha sede é a minha bem-aventurança.

Escuta, honestidade e abertura

Neste percurso, o sacerdote português propõe a figura de Maria para nos inspirar. De modo especial, o seu diálogo com o anjo.
Primeiro: Maria é mulher de escuta. Deixa-se visitar, mantám as portas abertas do coração e da vida. Não raramente, afirma ele, vivemos uma cotidianidade
autística, tão envolvidos na nossa cápsula que até um anjo de Deus encontraria dificuldade de entrar: nada mais nos supreende. Mas um anjo pode nos visitar somente quando temos o coração desarmado, quando estamos dispostos a acolher o inesperado. Maria nos ensina justamente a hospitalidade da vida. Em segundo lugar, Maria é uma mulher honesta. Quando lhe é anunciado a sua maternidade, ela simplesmente pergunta: mas como, se não conheço homem?

Deus não se manipula, não é um ornamento da nossa prática religiosa. E é importante fazer perguntas a Ele porque também Ele faz perguntas a nós. E é importante abrir o nosso coração. Maria tem uma honestidade sem subterfúgios. Com a sua pergunta, é como se dissesse: Senhor, a minha condição é esta. Ela é clara com Deus

Por fim, Maria descobre no encontro com o anjo que a sua vida está a serviço de um projeto maior, de uma vida maior, que não se limita ao perímetro ideal da felicidade que provavelmente ela projetou para si. O Senhor a chama a fazer-se cúmplice da gestação do futuro de Deus. Lhe pede para acreditar na sede. Lhe diz: a tua sede está a serviço de uma sede maior. E Maria responde: eis a serva do Senhor. A Igreja se torna crível quando é serva do coração de Deus, quando se coloca a serviço para saciar a sede do homem.

O olhar de mãe

A coisa no mundo mais semelhante aos olhos de Deus são os olhos de uma mãe, que são “raios X” infalíveis. Não se detém nas aparências, mas penetram profundamente no íntimo da vida, interpretando e respeitando com delicadeza o segredo. O olhar de uma mãe humaniza o filho.

O teólogo von Balthasar dizia que sem a mariologia o cristianismo corre o risco de se desumanizar. A Igreja sem torna sem alma. Em cada época, a Igreja deve aprender de Maria a compaixão, a ternura e a cura que a sede de cada ser humano requer.

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Oitava meditação: "Crer em Deus é, portanto, crer na misericórdia"

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22 de fevereiro de 2018

“De verdade é importante a experiência de relação que ali se manifesta – parábola do filho pródigo – e se recompõe. (...) temos a oportunidade de observar as nossas mesmas passagens, externas e interiores, e de olhar com profundidade a nossa historia.” Assim inicia, Padre José Tolentino Mendonça, sacerdote português que está pregando o retiro ao Papa e seus colaboradores.

Na meditação sobre a parábola do filho pródigo, quando se refere ao filho mais novo, Padre José fala que “é uma historia que nos pega dentro. E nesse espelho tem tudo: o desejo de liberdade do filho mais jovem, os seus sonhos sem fundamento, os passos falsos, a fantasia da onipotência, a sua incapacidade de reconciliar desejos e leis. Com um resultado previsível: o vazio e a solidão. Se descobrira completamente sozinho”.

Fazendo uma comparação, o filho mais velho - segundo o pregador ressalta -  tem “a dificuldade de viver a fraternidade, a recusa de alegrar-se do bem do outro, e a incapacidade de viver a lógica da misericórdia. Não consegue resolver a relação com seu irmão, ainda cheia de agressividade, com uma barreira e violência. E nem mesmo a relação com o Pai é totalmente integrada: ele nutre ainda a expectativa da recompensa.” 

“No filho mais velho não é o problema com a lei, mas com a generosidade do amor. E isto é uma das doenças dos desejos”. E afirma que todos nos somos também assim: “ contradições de sentimentos. E esta completa ambivalência humana, é o maior elogio da misericórdia de Deus, que a parábola, ilumina.”

E afirma ainda, que “ dentro de nós, em verdade, não existem somente coisas bonitas, harmoniosas e resolvidas.  Dentro de nós existem sentimentos sufocados, tantas coisas que devem se tornar claras, doenças, inúmeros fios para se conectarem. Existem sofrimentos, âmbitos que devem ser reconciliado, memorias e fissuras que se devem deixar Deus curar.

“ A pergunta é: a que ponto nos deixamos reconciliar? Mas reconciliar profundamente, com a logica do Evangelho, e no mais profundo de nós? ”

Reforçando ainda mais a importância da misericórdia, afirma que “este excesso de amor que Deus nos ensina, está em condições de resgatar-nos. Cada um de nós possui uma riqueza interior, um mundo de possibilidades, mas também limites com os quais, em um caminho de conversão, é necessário confrontar-se”. 

Comparando os desejos, afirma que os errados, ou como define, “os desejos soltos – uma realidade que o nosso tempo promove – desencadeia em nós movimentos errados e irresponsáveis, a pura inconstância, o hedonismo  e um redemoinho enganador”. E que os verdadeiros “ao invés, é assinalado com uma carência, uma insatisfação, de uma sede que vem de um princípio dinâmico e projetivo. O desejo é literalmente insaciável, pois aspira a isto que não pode ser possuído: o senso. Assim, o desejo não se sacia: se aprofunda.”

Quando chega especificamente na figura do Pai – na parábola - reflete o poder curador da sua misericórdia. O Pai sabe que “tem dois filhos e entende que deve relacionar-se com eles de modo diferente, reservar a a cada um, olhares diferentes”, cada um com os seus desejos. Nesta reflexão sobre o Pai, Padre Jose diz:

“ Jesus não perde tempo explicando a razão porque o filho mais jovem quer ir embora, mas que o Pai aceita o espaço que o filho pretende, acolhe o risco da sua liberdade, e simplesmente o ama. E que depois no seu retorno, cobre de beijos aquela vida infeliz, e a faz totalmente amável ”

E não somente os desejos do filho mais novo devem ser curados pela misericórdia, diz o pregador, mas também os do seu primogênito. “O Pai vai ao seu encontro. O Pai da dignidade a indignação do filho mais velho, vai escutá-lo, sai, desce para buscá-lo. Essa misericórdia de escutar os outros até o fim. E a misericórdia gera uma das mais belas declarações de amor que um Pai possa dedicar ao filho:

“ Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é teu (Lc 15,31) ”

Para concluir, afirma sobre a misericórdia: “A misericórdia é isso. Um dever a qual ninguém nos obriga, mas uma obrigação que nasce da esperança. É o bem mais precioso e deve ser vitoriosa sobre todas as mortes. Quem crê que a misericórdia seja fácil, é porque nunca a viveu e nem a experimentou. A misericórdia está entre as coisas mais exigentes e empenhativas. Porém não tem vida sem misericórdia.

A misericórdia é um dos atos soberanos de Deus. Crer em Deus é, portanto, crer na misericórdia”.

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Sétima meditação: "Beber da própria sede"

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21 de fevereiro de 2018

“Jamais é positivo que a Igreja fique falando sozinha, ou que se isole numa torre de marfim. Ela é mestra, mas é também discípula, também aprendiz e em busca da verdade.” É uma das afirmações do pregador dos Exercícios Espirituais propostos ao Papa e à Cúria Romana, Pe. José Tolentino Mendonça, na sétima meditação, na tarde desta quarta-feira (21/02), intitulada “Beber da própria sede”. Iniciado no domingo, o Retiro Espiritual de Quaresma, em andamento na Casa Divino Mestre de Ariccia, nas proximidades de Roma, prosseguirá até a próxima sexta-feira.

Desenvolvida em sete pontos, na introdução à meditação vespertina o sacerdote português advertiu que com grande facilidade nos tornamos custódios do sagrado, ao invés de pessoas em busca do sagrado. Agimos como administradores, ao invés de considerar-nos exploradores, interrogantes e apaixonados.

Fé cristã, experiência de nomadismo

Feita tal consideração, lembrou que a fé bíblica, a nossa fé cristã, é uma experiência de nomadismo. Alguns cientistas estão lançando o alarme: a doença do Séc. XXI será o sedentarismo, afirmou, questionando se não devemos nos perguntar se o sedentarismo não é também espiritual. Quase sem dar-nos conta, tornamo-nos guias de peregrinos, mas não mais peregrinamos.

“ Temos sempre a caridade na boca, mas de há muito perdemos o sentido da gratuidade e da oblação.”

Aquela palavra inicial que Deus diz a Abraão – “Deixa a tua terra, a tua parentela e a casa de teu pai rumo à terra que te indicarei” – é a mesma que Ele diz à Igreja do nosso tempo e a cada um de nós. “O lugar preferencial em que a fé se inscreve é existir-em-construção”, disse o pregador dos Exercícios.

Segundo Pe. José Tolentino, para que isso seja possível devemos aprender a beber da nossa sede. Isto é, “devemos ousar valorizá-la mais espiritualmente”.

Acolher no vazio a voz de Deus

Uma das ameaças que mais desafiou o Povo de Deus em sua caminhada rumo à Terra Prometida foi precisamente a sede, lembrou ele. Mesmo quando experimentamos a vida como um vazio, acrescentou, o grande desafio é acolher nele a voz de Deus.

Como ensina o Mestre Eckhart, Deus fala na posse e na privação. Aliás, na privação muitas vezes se entende melhor a sua voz. Se a sede nos perturba ou nos devora, façamos um caminho.

A fé não resolve a sede, advertiu. Muitas vezes a intensifica, a leva ao descoberto e, em algumas circunstâncias, a torna ainda mais dramática.

“ A fé nos ajuda a ver na sede uma forma de caminho e de oração.”

Em nenhuma etapa o caminho espiritual nos impermeabiliza da vulnerabilidade, da qual devemos ter consciência. Carregamos nosso tesouro em vasos de argila – nos recorda São Paulo, frisou Pe. José Tolentino. Somos por isso chamados a viver o dom de Deus até o fim, na fragilidade, da fraqueza, na tentação e na sede, afirmou.

Os problemas que vivemos podem variar de gênero, podem mudar de frequência, mas nos acompanharão sempre. As tentações existirão sempre. O que muda, num processo de maturação humana e espiritual, é o nosso modo de acolhê-las, a sabedoria ao interpretá-las, a liberdade interior que desfaz os determinismos. É como se a sede nos humanizasse e constituísse um caminho de amadurecimento espiritual, disse ainda.

Na sede, a verdadeira experiência espiritual

O pregador dos Exercícios Espirituais lembrou ainda que o Apóstolo Paulo testemunha a fé como uma hipótese: quando sou fraco, então é que sou forte. A fé resiste e se aprofunda nas necessidades, nas angústias, nas afrontas, nos sofrimentos, ou seja, dentro de uma existência atacada pela sede. Naturalmente, é um paradoxo, afirmou, “mas é aí que se realiza a verdadeira experiência espiritual.

O grande obstáculo para a vida de Deus dentro de nós não é a fragilidade ou a fraqueza, mas a dureza e a rigidez. Não é a vulnerabilidade e a humilhação, mas seu contrário: o orgulho, a autossuficiência, a autojustificação, o isolamento, a violência, o delírio de poder. A força da qual realmente precisamos, a graça de que necessitamos, não é nossa, mas de Cristo, afirmou Pe. José Tolentino acrescentando que se nos dispormos à escuta, “a sede  pode ser um mestre precioso da vida interior.”

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Quinta meditação: "A sede de Jesus"

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21 de fevereiro de 2018

O Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria Romana prosseguem os exercícios espirituais na Casa Divino Mestre, em Ariccia.

“A sede de Jesus” foi o tema proposto na quinta meditação pelo pregador do retiro, Pe. José Tolentino de Mendonça, na tarde desta terça-feira (20/02).

O sacerdote português iniciou a meditação com um trecho do Evangelho de João em que Jesus, após ter sido pregado na cruz, diz: “Tenho sede.”

Os Padres da Igreja interpretaram essa sede de Jesus sobretudo como “sede corporal”, não dando muito valor ao sentido  metafórico contido nessa declaração.

“A sede física documentava de forma convincente que Jesus era de carne e osso como toda pessoa”, mas tinha sede “da salvação dos homens”.

A sede da samaritana e a sede de Jesus

No encontro com a samaritana, Jesus pede água, mas é ele quem dá de beber e promete-lhe a “água viva”. A samaritana não entende imediatamente as palavras de Jesus, “as interpreta como sede física, mas desde o início Jesus dava um sentido espiritual”.  

“O seu desejo sempre visava outra sede”, conforme explicou à samaritana: «Se você conhecesse o dom de Deus, e quem lhe está pedindo de beber, você é que lhe pediria. E ele daria a você água viva.»

Segundo Pe. Tolentino, “a sede Jesus parece se extinguir somente quando ele se proclama fonte de água viva e abre à promessa do dom do Espírito”.

“A sede é o selo do cumprimento de sua obra e, ao mesmo tempo, do forte desejo de doar o Espírito, verdadeira água viva capaz de saciar radicalmente a sede do coração humano.”

O pregador do retiro explicou que a sede da qual Jesus fala é uma sede existencial que se extingue, quando a nossa vida se converge em direção ao Senhor.

“Ter sede, é ter sede Dele. Somos chamados a viver de uma centralidade cristológica: sair de nós mesmos para buscar em Cristo aquela água que sacia a nossa sede, vencendo a tentação da autorreferencialidade que nos deixa doentes e tiraniza”.

“A sede de Jesus é a sede de dar água viva, a sede de conceder à Igreja o dom da água viva. Para os fiéis, a sede de água viva é a sede de aprofundamento da fé, sede de penetrar no mistério de Jesus, sede do Espírito. Para Jesus, a sede é o desejo de comunicar todos esses dons.”

A sede de Jesus revela a sede humana

Segundo Pe. Tolentino, “a sede de Jesus ilumina e responde à sede de Deus à falta de sentido e verdade, ao desejo de todo ser humano de ser salvo, mesmo que seja um desejo oculto ou enterrado debaixo dos detritos existenciais”.

O “Tenho sede”, proclamado por Jesus, envolve a Igreja de todos os tempos, em particular a nossa.

A esse propósito, o sacerdote português citou como exemplo Madre Teresa de Calcutá, que em 10 de setembro de 1946, a bordo de um trem que ligava Siliguri a Darjeeling, na Índia, viveu uma forte experiência espiritual: “de forma quase física sentiu a sede de Jesus que a chamava a dar a vida a serviço da sede dos pobres e rejeitados, dos últimos dos últimos. O coração e a alma das Missionárias da Caridade é somente este: a sede do coração de Jesus escondido no pobre.”

Acolher o Espírito, dom da sede

O Espírito continua nos fazendo ouvir a voz de Jesus que nos diz: “Tenho sede!”

“Ele é o dinamismo do Ressuscitado em nós. O Espírito é a continuação dessa história, uma continuação que não é repetida, não é sempre a mesma. É a fantasia do Espírito, a sua criatividade que difunde em nós dons diferentes, carismas diferentes, competências complementares a fim de construirmos o Reino de Deus onde quer que estejamos.”

O Espírito “é a força motriz da vida da Igreja e da vida de todo cristão. Por isso, precisamos do Espírito Santo e devemos redescobrir a fé em seu poder. Muitas vezes o Espírito Santo permanece completamente esquecido. Devemos redescobrir o Espírito Santo, porque sem Ele a Igreja é somente memória, o que fazemos é somente uma recordação do que foi. É o Espírito que diz: o cristianismo é também presente e futuro”, disse Pe. Tolentino.

“Somos chamados a viver na esperança toda situação da vida. Às vezes, somos uma Igreja em que falta a vivacidade do Espírito, a juventude do Espírito. É o Espírito que nos dá o sentido de plenitude, o sentido da missão e que nos torna uma Igreja em saída.”

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Quarta meditação: "A sede de nada que faz adoecer"

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20 de fevereiro de 2018

Cidade do Vaticano

Prosseguem na Casa Divino Mestre, em Ariccia, os exercícios espirituais do Papa Francisco e de seus colaboradores da Cúria. Na manhã desta terça-feira (20/02), o pregador do retiro, Pe. José Tolentino Mendonça, propôs uma meditação intitulada “Esta sede de nada que nos faz adoecer”.

O contrário da sede é a preguiça – disse o sacerdote. Quando perdemos a curiosidade e nos fechamos ao inédito ficamos apáticos e começamos a ver a vida com indiferença. Por sua vez, a sede nos ensina a arte de procurar, de aprender, colaborar, a paixão de servir.

“ Quando renunciamos à sede, começamos a morrer ”

Existem muitos sofrimentos escondidos cujas origens devemos descobrir e que segundo o pregador, se escondem no mistério da solidão humana.

Quando nos sentimos em ‘burnout’

Um dos problemas mais comuns hoje é o chamado ‘burnout’: sentir-se em curto-circuito, esvaziado de energias físicas e mentais. Este esgotamento emocional é definido por alguns como ‘síndrome do bom samaritano desiludido’ e atinge muitas pessoas que fazem da ajuda e da cura do próximo sua ocupação principal. Como os sacerdotes.

Pe. Tolentino mencionou uma pesquisa realizada entre o clero da Diocese de Pádua (Itália), que apontou que os sacerdotes com maior risco de burnout são os jovens (25-29 anos) e os mais idosos, com mais de 70 anos. Dentre as causas deste mal-estar, estão o peso excessivo das expectativas (pessoais e dos outros), a ausência de uma vida espiritual, o temor do juízo, a exposição demasiada a situações humanas difíceis, pouca solidariedade entre os sacerdotes, incapacidade de se comunicar...

Quando nos sentimos amados como pessoas, amparados com afeto e acompanhamento, sabendo que nosso trabalho interessa, envolve e apaixona, temos a certeza de existir. Mas quando nos sentimos abandonados, incompreendidos e com o coração ferido por dores que não sabemos curar, temos a impressão de não contar nada para ninguém. 

“ Fica só um vazio, uma ‘cratera’ existencial a ser preenchida com angústias e mundanidades: álcool, redes sociais, consumismo ou hiperatividade ”

A este respeito, o padre lembrou que somos todos diferentes, cada um com sua beleza e fragilidades. A beleza humana é aceitar-se como somos; não viver nos sonhos ou ilusões, na raiva e na tristeza. Ter o direito de ser o que somos... e seremos amados por Deus e preciosos a seus olhos.

Jonas ou a necessária terapia do desejo

Recorrer à terapia do humor para satisfazer o desejo: o livro bíblico de Jonas nos faz sorrir salutarmente de nós mesmos, ao invés de dramatizar. Ele nos diz que a sabedoria está nos anunciadores de esperança e não nos apocalíticos pregadores de tragédias.

A anatomia da tristeza

‘Um dos sinônimos da preguiça, a ‘atonia’ da alma, é a tristeza’, afirmou o pregador.

“ Nem sempre o problema é o excesso de atividade, mas atividades mal vividas, sem motivação adequada, sem a espiritualidade que a torna desejável ”

Em relação à pastoral, a preguiça pode ter diferentes origens: insistir em projetos irrealizáveis; não aceitar a evolução dos processos; perder o contato real com as pessoas, não saber esperar, querer dominar o ritmo da vida... A ansiedade de obter resultados imediatos... a sensação de fracasso, de ser criticado, de cruz.

Aprendam de mim: ‘vem’

Pe. Tolentino concluiu sua meditação relacionando a nossa sede ‘de água’ com a palavra que revela a necessidade profunda, íntima e dolorosa ‘vem’, que a Igreja experimenta com a chegada no Espírito. Nesta palavra está o sinal de tudo o que precisamos, a razão de nossa esperança e ao mesmo tempo, a razão de nosso fracasso, cansaço... e a necessidade de superar tudo isso em Deus.

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250 catequistas participam de retiro

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20 de dezembro de 2017

O Santuário Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, no Jaraguá, sediou, no dia 9, o retiro da Animação Bíblico-Catequética, com a participação de 250 catequistas das várias paróquias da Região Brasilândia. 

O tema do retiro foi o ícone da Samaritana - Jesus e a samaritana, “Dá-me de beber” (Jo 4,7), tendo como assessor o Diácono Permanente Márcio Ribeiro, da Região Episcopal Santana. 

À tarde, Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, fez uma catequese enfatizando a importância da participação dos catequistas nas formações e na liturgia. Pediu, também, uma atenção especial à valorização das vocações. 

Padre Carlos André da Silva Câmara, Assistente Regional da Pastoral da Catequese, fez ainda um momento de reflexões, destacando que, mesmo diante das dificuldades, tudo depende de como “o olhar e o andar” de cada um aponta para superar os obstáculos. 

A atividade foi concluída com missa presidida por Dom Devair e concelebrada pelo Padre Carlos.

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60 novos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão

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27 de julho de 2017

Com a realização de um retiro conduzido por Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, foi concluído no domingo, 23, no Convento das Irmãs Filippini, o curso de preparação para novos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão (Mesc) atuantes no Setor Pastoral São José Operário.

Aproximadamente 60 pessoas participaram da formação e receberam de Dom Devair, durante a celebração eucarística, o mandato, com duração de três anos.

Durante o retiro, o Bispo, com base no texto bíblico de Neemias, enfatizou a necessidade da escuta da Palavra de Deus para que todos possam ser ministros eficazes. Ele também deu instruções práticas para o exercício do ministério eucarístico.
 

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Dom Bernardo Bonowitz pregará retiro para bispos em Aparecida

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09 de agosto de 2017

No sábado, 29, os bispos reunidos na 55ª Assembleia Geral da CNBB realizarão seu retiro que conclui-se no domingo, 30. No domingo, às 20h, os bispos farão também uma peregrinação ao Santuário de Aparecida, por ocasião do Ano Nacional Mariano.

O pregador convidado para orientar o retiro dos bispos é Dom Bernardo Bonowitz, monge trapista, que é Abade do Mosteiro de Nossa Senhora do Novo Mundo, em Campo do Tenente, Paraná.

Nascido em Nova York, nos Estados Unidos da América, Bonowitz é de origem judaica, e se converteu ao Catolicismo na juventude. Aos 24 anos, ingressou na Ordem dos Cistercienses da Estrita Observância (Trapistas), logo após formar-se em Línguas Clássicas pela Universidade de Columbia.

Mestre em Teologia pela Weston Jesuit School of Theology em Massachusetts, Dom Bernardo tem vários livros publicados no Brasil, entre eles “A Alegria que vem da Trapa”, “Senhor abri os meus lábios” e “Os místicos cistercienses do século XII”.

“Como então permanecer fiel a Jesus, como manter viva a chama de esperança e de amor? Como passar o tempo a nós dado neste mundo dizendo: ‘Vinde, Senhor Jesus?’ Ficai atentos e orai a todo momento para poderdes ficar em pé diante do Filho de homem. Viver em atenção e oração. Sempre. O dia do Senhor pode cair como uma armadilha. Também pode cair como uma... luva. Tudo depende do formato que estamos dando, durante estes poucos anos que temos na terra, ao nosso coração”.

Trecho da Homilia publicada no livro “Eu vou para o Pai”, de Dom Bernardo Bonowitz, pela Editora Vozes.

(Com informações dos sites Diálogos Exemplares e Mosteiro Trapista)

 

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