NACIONAL

Padre João Batista de Almeida

‘Peregrinação da imagem de Nossa Senhora Aparecida foi um momento de muita comunhão eclesial’

Por Redação
04 de outubro de 2017

Padre João Batista de Almeida, Reitor do Santuário Nacional de Aparecida, relatou em entrevista como se deram os preparativos para a celebração do tricentenário da Padroeira do Brasil

Thiago Leon/Santuário Nacional de Aparecida

O Santuário Nacional de Aparecida iniciou no domingo, dia 1º, a solene comemoração dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida. A expectativa é que até 12 de outubro, Dia da Padroeira do Brasil, mais de 1 milhão de peregrinos visitem o maior templo mariano do mundo.

A maior concentração de fiéis deve acontecer no dia 12, quando são esperadas 200 mil pessoas, em especial para a missa solene das 9h30 em comemoração aos 300 anos do encontro da imagem. Outras atividades culturais e celebrações estão programadas até lá, incluindo a missa do domingo, 8, às 19h, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. 

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Os preparativos para a celebração do tricentenário da Padroeira do Brasil começaram em 2012 e, ao longo do tempo, imagens peregrinas fac-símile de Nossa Senhora Aparecida percorreram as dioceses brasileiras, mobilizando clérigos, religiosos e leigos de diferentes idades. “De norte a sul, de leste a oeste, pelas matas, pelas margens dos rios, pelos condomínios dos grandes centros, Nossa Senhora andou Brasil afora. Foi um momento de muita comunhão eclesial”, contou o Padre João Batista de Almeida, Reitor do Santuário Nacional de Aparecida, em entrevista ao Padre Edemilson Gonzaga, no programa “A Igreja em Notícia”, da rádio 9 de Julho , cuja íntegra reproduzimos a seguir.

 

O SÃO PAULO – EM OUTUBRO SÃO FESTEJADOS OS 300 ANOS DO ACHADO DA IMAGEM DE NOSSA SENHORA APARECIDA. QUANDO COMEÇARAM OS PREPARATIVOS PARA ESSA CELEBRAÇÃO?

Padre João Batista de Almeida – Começaram já em 2012, quando o Santuário Nacional de Aparecida e a CNBB se reuniram para planejar uma celebração que fosse digna para a Padroeira do Brasil. Desde então, vários eventos já aconteceram, muita coisa boa, mas há algo por acontecer, o ponto alto da festa ainda está por vir.

 

COMO FOI O ENVOLVIMENTO DE TODA A IGREJA NO BRASIL PARA PREPARAR ESSE JUBILEU DOS 300 ANOS?

Foi algo espetacular! A CNBB solicitou a todas as dioceses que se fizesse a peregrinação da imagem de Nossa Senhora pelas paróquias, comunidades e também em algumas entidades e associações. Praticamente todas as dioceses fizeram isso. O Santuário doou a cada diocese uma imagem fac-símile e cada bispo veio aqui para o Santuário junto com o clero, algumas dioceses também vieram com muitos fiéis e houve celebrações transmitidas pela TV Aparecida e outros meios católicos do envio dessas imagens para as dioceses. Foi uma espécie de missão que Nossa Senhora fez junto a todo povo brasileiro. De norte a sul, de leste a oeste, pelas matas, pelas margens dos rios, pelos condomínios dos grandes centros, Nossa Senhora andou Brasil afora. Foi um momento de muita comunhão eclesial. Os testemunhos que nós recebemos é algo muito espetacular. A missão aconteceu pela presença da imagem de Nossa Senhora Aparecida. O povo a acolheu e em alguns lugares até foi renovada a vida de comunidades que estavam, assim digamos, um pouco apagadas.

 

EM ALGUMAS CAPITAIS DOS ESTADOS HOUVE O RECOLHIMENTO DE UM POUCO DE TERRA A SER USADA NA NOVA COROA. POR QUE SE PENSOU NESSA INICIATIVA?

A intenção foi permitir que todo Brasil esteja presente no Santuário Nacional. Como forma concreta dessa presença, durante a visita da imagem nas capitais, em uma celebração transmitida pela tevê, foi coletado um pouquinho de terra de cada estado. Dentro da coroa jubilar que foi feita, há um recipiente e ali se colocou um pouquinho dessa terra. No dia 11 de outubro, a imagem de Nossa Senhora Aparecida vai receber essa coroa, que é a coroa oficial do jubileu. Será uma forma de dizer que o Brasil todo está presente na imagem de Nossa Senhora. A primeira coroa da imagem foi dada pela Princesa Isabel [em 1884]. Agora, essa segunda coroa vai ser doada pelo povo brasileiro. Não é mais uma princesa, ou um rei, são os próprios brasileiros que estão coroando Nossa Senhora Aparecida.

 

NESSE JUBILEU, FOI REALIZADO AINDA O PROJETO “ROTA 300”, COM O PROPÓSITO DE APRESENTAR OS CAMINHOS DA JUVENTUDE MISSIONÁRIA NO BRASIL E MOSTRAR A FÉ E A DEVOÇÃO À PADROEIRA. COMO FOI A PRESENÇA DOS JOVENS NO SANTUÁRIO NACIONAL DE APARECIDA POR CONTA DISSO?

Nos últimos três anos, nós acolhemos muito a juventude aqui no Santuário Nacional, justamente por este projeto chamado de “Rota 300”, com a participação da juventude dentro dessa peregrinação que a imagem de Nossa Senhora fez pelas dioceses, também como forma de ações missionárias nas próprias dioceses. Tudo isso combinou com a grande missão aqui no Vale do Paraíba, nas cidades banhadas pelo rio Paraíba do Sul, desde São José dos Campos (SP) até Caratinga (MG). Esse projeto foi encerrado em 29 de julho aqui em Aparecida (SP), com um grande número de jovens de muitas dioceses e também de movimentos. A gente até brinca que todas as “tribos”, como dizem os jovens, estiveram presentes. Foi um momento muito forte de comunhão eclesial.

 

POR FIM, COMO ESTÁ O ANDAMENTO DAS OBRAS ESTRUTURAIS NO SANTUÁRIO POR CONTA DO TRICENTENÁRIO DE NOSSA SENHORA APARECIDA?

Nós tivemos, nesses últimos anos, algumas obras que chamamos de presentes que os devotos entregaram a Nossa Senhora Aparecida. Primeiro foi o baldaquino, que são aquelas colunas que circundam o altar central. Houve o revestimento do baldaquino com temas ecológicos. A inauguração foi feita neste ano na abertura da Quaresma, porque a Campanha da Fraternidade de 2017 tratou sobre os biomas brasileiros. No baldaquino estão representados os biomas brasileiros, bem como as quatro estações do ano e quatro momentos da vida: concepção, geração, nascimento e, depois, o casal já adulto. O baldaquino sustenta a grande cúpula que será inaugurada no dia 11 de outubro. Ela já está pronta e vai ser descoberta como uma grande coroa que cobre o altar central, representando, assim, a coroa que Nossa Senhora recebeu da Princesa Isabel e que agora vai receber do povo brasileiro. A cúpula é a grande coroa do Santuário Nacional. Além disso, já ano retrasado, no Natal, aconteceu a inauguração do campanário, com os 13 sinos, sendo que 12 representam os apóstolos e um representa os devotos de Nossa Senhora Aparecida. Houve, também, a inauguração do Memorial dos Devotos, que é uma grande praça, onde as pessoas podem apreciar um pouco da cidade de Aparecida. Lá também estão os nomes daqueles que fazem parte da história do Santuário Nacional. Outras obras nós estamos ainda fazendo, como o Caminho do Rosário, que não vai ficar pronto este ano, mas, se Deus quiser, em 2018, vamos inaugurar mais esse presente para Nossa Senhora Aparecida. 

(Colaborou: Jenniffer Silva)
 

As opiniões expressas na seção “com a palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.




 

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