Papa Francisco semeia paz e esperança na África
Papa visita Cidade da Amizade, conhecida como Akamasoa, em Madagascar, onde são atendidas cerca de 30 mil pessoas em sitação de pobreza
A 31ª Viagem Apostólica do Papa Francisco, sua quarta com destino à África, foi intensa, com visitas às cidades de Maputo, em Moçambique, Antananarivo, em Madagascar, e Port Louis, na República de Maurício, entre os dias 6 e 10.
MOÇAMBIQUE
Francisco desembarcou em Maputo, Moçambique, no dia 5, mas sua primeira atividade oficial foi no dia seguinte, quando se encontrou com as autoridades, representantes da sociedade civil e o corpo diplomático.
O Pontífice dedicou boa parte de seu primeiro discurso ao tema da paz. Ele mencionou o acordo assinado na Serra da Gonrongosa, em agosto, para a cessação definitiva das hostilidades militares e o Acordo Geral de 1992 em Roma.
O Pontífice reiterou que é preciso ter “a coragem da paz, não a da força bruta e da violência, mas aquela que se concretiza na busca incansável do bem comum”.
JUVENTUDE
Durante o encontro inter-religioso com os jovens, o Santo Padre os incentivou a não se resignar diante das provações e ter cautela com a ansiedade que pode criar barreiras para realizar os sonhos.
“O que há de mais importante para um pastor do que encontrar-se com os seus jovens? Vocês são importantes! Precisam saber disso, precisam acreditar nisso: vocês são importantes! Mas com humildade, porque não são apenas o futuro de Moçambique ou da Igreja e da humanidade; vocês são o presente de Moçambique! Com tudo o que são e fazem, já estão contribuindo para ele com o melhor que hoje podem dar”, disse.
CONSAGRADOS
Ao se encontrar com bispos, sacerdotes, religiosos, consagrados, seminaristas, catequistas e animadores pastorais, na Catedral da Imaculada Conceição, o Pontífice os convidou a reavivar o chamado vocacional por meio de um “sim” comprometido, que proclame as grandezas do Senhor e alegre o espírito do povo de Deus, enchendo o país de paz e reconciliação.
Dirigindo-se aos padres, Francisco enfatizou que o sacerdote é o mais pobre dos homens se Jesus não o enriquece com a sua pobreza. “É o servo mais inútil, se Jesus não o trata como amigo; é o mais louco dos homens, se Jesus não o instrui pacientemente como fez com Pedro; o mais indefeso dos cristãos, se o Bom Pastor não o fortifica no meio do rebanho. Não há ninguém menor que um sacerdote deixado meramente às suas forças”, acrescentou.
HOSPITAL
Francisco também visitou o Hospital Zimpeto, inaugurado há pouco mais de um ano e que atende cerca de 2 mil pacientes. Dentro da instituição funciona um centro, chamado Dream (sonho em inglês), para pessoas com HIV/Aids, administrado pela Comunidade Católica Santo Egídio.
O Santo Padre afirmou que, ao ver o trabalho realizado pelos profissionais do hospital, veio à sua mente a parábola do Bom Samaritano. O Pontífice reforçou que as pessoas que, de várias formas, fazem parte dessa comunidade sanitária tornam-se “expressão do Coração de Jesus” e “um sinal de solidariedade para quantos passam necessidade a fim de sentirem a presença ativa de um irmão ou de uma irmã”.
MISSA
A visita do Papa a Moçambique foi concluída com uma missa no Estádio Nacional Zimpeto, na periferia de Maputo.
Na homilia, Francisco partiu do trecho do Evangelho de Lucas, no qual Jesus exortou os discípulos: “Amai os vossos inimigos”.
O Santo Padre salientou que superar os tempos de divisão e violência supõe não só um ato de reconciliação ou a paz entendida como ausência de conflito, mas o compromisso diário de cada pessoa.
MADAGASCAR
Francisco desembarcou em Madagascar no fim da tarde da sexta-feira, 6. No sábado, 7, encontrou-se com as autoridades locais e representantes da sociedade civil, após fazer uma visita de cortesia ao presidente malaxe, Andry Rajoelina.
“Desejo reafirmar a vontade e a disponibilidade da Igreja Católica em Madagascar de contribuir, em diálogo permanente com os cristãos das outras confissões e religiões e com a sociedade civil, para o advento de uma verdadeira fraternidade, que valorize a promoção e o desenvolvimento humano integral de todos, sem nenhuma exceção e exclusão”, afirmou Francisco, em seu discurso.
No encontro com os bispos, na Catedral de Andohalo, o Papa destacou a importância da colaboração madura e independente entre a Igreja e Estado, porém “sem perder o ardor evangélico” e “escutando sempre aquilo que o Espírito diz” e que “a marca distintiva deste discernimento será a vossa preocupação, para que a proclamação do Evangelho inclua todas as formas de pobreza”.
RETOMAR O CAMINHO
No domingo, 8, o Papa presidiu uma missa com participação de milhares de fiéis no Campo Diocesano de Soamandrakisay.
Na homilia, Francisco comentou o Evangelho de Lucas com as palavras “seguiam com [Jesus] grandes multidões”.
“A Palavra de Deus, que ouvimos, convida-nos a retomar o caminho, ousando dar este salto
qualitativo e adotar esta sabedoria do desapego pessoal como base para a justiça e a vida de cada um de nós”, insistiu o Papa ao falar sobre a fraternidade.
CIDADE DA AMIZADE
Após a missa, o Santo Padre visitou a Cidade da Amizade, conhecida como Akamasoa, onde são atendidas cerca de 30 mil pessoas em situação de pobreza.
“Akamasoa é a expressão da presença de Deus no meio do seu povo pobre; não uma presença esporádica, casual: é a presença de um Deus que decidiu viver e permanecer sempre no meio do seu povo”, destacou o Papa Francisco, ao se dirigir às 8 mil pessoas que o acolheram.
APÓSTOLO DA UNIDADE
A visita do Papa Francisco à República de Maurício foi de apenas um dia, na segunda-feira, 9. O Pontífice celebrou uma missa na capital, Port Loius, almoçou com os bispos e se encontrou com autoridades civis e representantes da sociedade.
A missa campal aconteceu Monumento de Maria Rainha da Paz, onde o Santo Padre foi recebido por milhares de fiéis com ramos nas mãos.
Na homilia, o Papa citou o amor por Cristo e pelos pobres como a marca distintiva da vida do Bem-aventurado Jacques-Desiré Laval, conhecido como o “apóstolo da unidade mauriciana”, que morreu na ilha em 1864.
“Por meio do seu dinamismo missionário e do seu amor, o Padre Laval deu à Igreja mauriciana uma nova juventude, um novo respiro, que hoje somos convidados a continuar no contexto atual”, destacou o Santo Padre.
“Rezemos, queridos irmãos e irmãs, pelas nossas comunidades para que, dando testemunho da alegria da vida cristã, vejam florescer a vocação à santidade nas diferentes formas de vida que o Espírito nos propõe. Imploremo-lo para esta diocese e também para todas as outras que fizeram o esforço de vir até aqui”, concluiu o Pontífice.
(Com informações de Vatican News)