Forçados a se converter ao Islamismo em troca de alimentos

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10 de mai de 2020

“É uma prática escandalosa e alarmante, que deve ser extirpada a partir da raiz: há algumas pessoas que estão explorando o bloqueio devido à COVID-19 e o desespero de tantas pessoas pobres, para induzir uma conversão religiosas ao Islã, com chantagens: ‘se quiser comida, converta-se em muçulmano’”, denunciou à Agência Fides o professor Anjum James Paul, católico paquistanês, presidente da Associação Paquistanesa de Professores das Minorias (Pakistan Minorities Teachers’ Association).

“Pedimos a todos os religiosos muçulmanos que evitem esta vergonhosa forma de violência e proselitismo, pela qual se solicita a conversão religiosa em troca de comida, algo que pode funcionar com os marginalizados e os mais pobres entre os pobres. Apreciamos todos que servem a humanidade sem esses fins escusos. Neste momento de sofrimento comum, todos estamos chamados a amar, respeitar e servir a humanidade sem discriminação”, continuou o professor.

Um vídeo foi divulgado em que um religioso islâmico demonstra alegria pela conversão ao Islã de algumas pessoas que haviam pedido comida por passarem dificuldade devido ao impacto econômico da atual pandemia de COVID-19. O mesmo islâmico pede no vídeo que todos os muçulmanos que trabalham na ajuda humanitária façam a mesma coisa, dizendo que “não devemos ajudar os não muçulmanos”.

Minorias religiosas, como cristãos e hindus, denunciaram a prática. A advogada paquistanesa Sulema Jahangir, em um artigo recente na revista Dawn, falou sobre a prática de “conversões forçadas” de meninas hindus e cristãs ao Islã, por meio de casamento forçados com islâmicos. “A vulnerabilidade das meninas pertencentes às minorias religiosas aumentou ainda mais com o estalo da pandemia mundial de COVID-19”, afirmou a advogada em seu artigo.

A conversão, muitas vezes, é o único modo que as mulheres jovens encontram para salvarem-se a si mesmas e as suas famílias. Entretanto, uma vez convertida, não se pode voltar atrás, pois recairia sobre a conversa a pena de morte por apostasia.

Entre 2013 e 2019, houve, pelo menos, 156 casos de conversões forçadas no Paquistão, segundo dados da Comissão de Direito das Minorias e da ONG Centro de Justiça Social.

 

(Com informações da Agência Fides)

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‘Que cada um possa descobrir com gratidão o chamado que Deus lhe dirige’

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04 de mai de 2020

A Igreja celebra, em todo o mundo, no 4º Domingo da Páscoa, também chamado de “Domingo do Bom Pastor”, o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Em 2020, é a 57ª vez que os fiéis em todos os continentes são convidados e rezar especificamente nessa intenção, pedindo que o Senhor “envie bons operários para sua messe” (Mt 9,37-38).

O Papa Francisco, em sua mensagem para ocasião, exaltou quatro palavras-chave para agradecer aos sacerdotes e apoiar seu ministério: gratidão, coragem, tribulação e louvor. A experiência da travessia de Pedro e Jesus durante a noite de tempestade no lago de Tiberíades também ajudou a conduzir a mensagem do Papa.

“Os padres são convidados a continuar a despenhar a sua missão como ‘bons pastores’ que não abandonam o rebanho, pois o Bom Pastor não abandona a ovelha quando há algum perigo e, por isso, se colocam junto do rebanho. O Papa Francisco, em sua mensagem, aborda justamente essas atitudes que são próprias dos padres, ou seja, a imitação do Jesus como Bom Pastor”, disse o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, no programa “Construindo Cidadania”, que foi ar na tarde deste sábado na rádio 9 de julho.

RESPOSTA GRATUITA

Mais do que uma escolha pessoal, recordou Francisco, a vocação é uma resposta gratuita ao Senhor, possível de ser descoberta quando o coração se abrir à gratidão. Para abraçar o Matrimônio, o sacerdócio ordenado ou a vida consagrada, isto é, “a opção fundamental de vida”, é preciso coragem. A fé na escolha da vocação também ajuda a vencer as próprias tempestades e a tribulação em jogo, “as fadigas”, as responsabilidades e adversidades que surgirão para, em meio às ondas, se abrir ao louvor.

 “Caríssimos, especialmente neste Dia de Oração pelas Vocações, mas também na ação pastoral ordinária das nossas comunidades, desejo que a Igreja percorra este caminho a serviço das vocações, para que cada um possa descobrir, com gratidão, a chamada que Deus lhe dirige, encontrar a coragem de dizer ‘sim’, vencer a fadiga com a fé em Cristo e, finalmente, como um cântico de louvor, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro”, escreve o Papa Francisco na mensagem.

LARGAR TUDO POR CRISTO

O seminarista Rodolfo Rodrigues de Almeida, 30, criado pelos avós paternos, no bairro de Itaquera, zona Leste da capital paulista, desde criança participa da Igreja. Seu primeiro chamado vocacional aconteceu quando ainda participava das pastorais na Paróquia São Pedro, na Diocese de São Miguel Paulista.

Enquanto discernia sua vocação, o jovem cursou licenciatura em História. Formou-se em 2011 e, durante seis anos, lecionou como professor na rede estadual de ensino. Nesse período, terminou o mestrado em História, na PUC-SP, em 2015.

Em 2016, o chamado vocacional ficou ainda mais forte e ele resolveu procurar a Pastoral Vocacional da Arquidiocese de São Paulo. Realizou, então, um processo de discernimento vocacional entre 2016 e 2017 e, no início de 2018, ingressou no seminário arquidiocesano da Igreja em São Paulo. Em virtude disso, não assumiu a vaga de emprego conquistada com a aprovação em um concurso público e deixou para trás um doutorado na USP.

FELICIDADE EM DEUS

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Rodolfo, que atualmente está no Seminário de Filosofia Santo Cura D'Ars, da Arquidiocese de São Paulo, contou como foi esse processo de deixar sua carreira para assumir sua vocação, uma vez que gostava de lecionar, mas não se sentia completo.

“Quando disse à direção da escola que estava fazendo os encontros vocacionais e  deixaria a sala de aula, durante todo o ano foi aquele convencimento, inclusive com os colegas do magistério. Expliquei que a minha felicidade estava em Deus e não fazia mais sentido atuar como professor”.

Rodolfo afirmou que as coisas foram se encaixando e, aos poucos, as pessoas perceberam que a sua vocação era mais importante que tudo.

“Foi um embate com a família e com a escola. No fim das contas, porém, até concluir o ano de 2017, quando fiz os encontros vocacionais, consegui convencer os dois lados, com a força da oração, explicando sobre a Igreja, falando sobre minha felicidade e esse chamado de Deus. Hoje sou feliz e realizado e agradeço a Deus e à Arquidiocese de São Paulo que me acolheu”, concluiu.

NO BRASIL

Neste ano, no Dia Mundial de Oração pelas Vocações, a maioria das famílias vai rezar de casa por causa da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus. Para orientar a comunidade, consagrados e fiéis poderão usar, além da mensagem do Papa Francisco, um roteiro de Leitura Orante em família, produzido pelo Setor Juventudes da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que pode ser utilizado tanto pelas famílias quanto por quem desejar rezar pelas vocações, por meio de reflexões, vídeos e músicas vocacionais.

Irmã Clotilde Prates de Azevedo, assessora do Setor Juventudes da CRB, explicou que o roteiro, disponível no site da CNBB, vai nos ajudar a pedir “ao Senhor da messe que continue enviando operários para sua messe”. Afinal, como lembrou Irmã Maria Inês Ribeiro, presidente da CRB Nacional, “a Igreja precisa de valorosos missionários, leigos e consagrados para continuar a missão de Jesus Cristo”.

(Com informações de Vatican News e CNBB)

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‘Que Ele nos dê sempre deste pão e aumente a nossa fé’

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30 de abril de 2020

Mesmo a distância, a comunidade se reúne em torno do Cristo e, já no começo do dia, eleva a Deus a súplica e sua ação de graças, disse o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, ao iniciar a missa desta quinta-feira, 20, na capela de sua residência episcopal.

A celebração foi transmitida pela rádio 9 de Julho e no Facebook da Arquidiocese de São Paulo, como tem acontecido desde o início das medidas de isolamento social para evitar o avanço do novo coronavírus.

O Pão Vivo descido do céu

Na homilia, refletindo sobre o Evangelho do dia (Jo 6,44-51), o Cardeal recordou que Jesus fala claramente que é o verdadeiro pão da vida, o pão vivo descido do céu, e quem nele crê tem a vida eterna. Comer deste pão é crer, é aceitar Jesus Cristo como filho de Deus enviado ao mundo para a salvação da humanidade.

“A Eucaristia representa simbolicamente este pão. Jesus, na Eucaristia, está presente, é o pão que nós, pela fé, no sacramento, acolhemos. Atrás das espécies do pão e do vinho, que nós consagramos, está Jesus. Pão e vinho são as aparências sacramentais que nos devem levar a crer em Jesus”, afirmou.

Único e eterno sacrifício

Dom Odilo também recordou que a entrega de Jesus pela humanidade vale por todo tempo, “Ele é o único e eterno sacrifício que em cada missa recordamos e tornamos presente. Por isso que em toda missa, devemos participar com toda fé. Participar da missa é ter fé Nele, unir-se a Ele pela fé”, apontou, pedindo que Cristo “nos dê sempre deste pão e aumente a nossa fé”.

Pelos enfermos e pelas vocações

No momento das preces comunitárias, o Arcebispo rezou pelos doentes, pelos que cuidam dos enfermos e para que Deus acolha em seu Reino aqueles que já faleceram.

Também rezou por todos que não podem ir à missa por conta do isolamento social, para que cresçam na fé; e pediu pelas vocações sacerdotais e religiosas, ao recordar o Dia Mundial de Oração pelas Vocações no próximo domingo, dia 3.

Romaria Arquidiocesana

Antes da bênção final, Dom Odilo reforçou o convite aos fiéis para que acompanhem pela tevê, pela rádio 9 de Julho e pelas mídias sociais a 119a Romaria da Arquidiocese de São Paulo a Aparecida, no próximo domingo, com missa que será presidida por ele às 12h, no Santuário Nacional de Aparecida: “Todos podem se unir a essa celebração, que faremos por toda a Arquidiocese para elevar a Deus a nossa súplica pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida em favor de todo o povo, da Igreja, dos doentes, e para que Ela interceda por todos, a fim de sermos livres das angústias presentes nessa pandemia do novo coronavírus”.

O Arcebispo também exortou que os fiéis, em família, continuem a fazer a oração do Santo Rosário em preparação para a romaria.

Dia de São José Operário

Por fim, Dom Odilo recordou que amanhã, 1o de maio, é o Dia de São José Operário, quando também se comemora do Dia Internacional do Trabalhador. O Arcebispo se solidarizou com todos os trabalhadores, e convidou para que acompanhem as missas que presidirá às 7h e às 15h, esta última com transmissão pela Rede Vida de Televisão.

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Pela comunhão dos santos, o cristão vive sua pertença à Igreja

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27 de abril de 2020

Este período de pandemia e isolamento social é um convite para os cristãos renovarem a fé e aprofundarem o seu sentido de pertença à Igreja de Cristo. Desse modo, os artigos da profissão de fé, o “Creio”, ajudam a enfrentar estes dias difíceis em uma perspectiva sobrenatural.

Mais do que nunca, a afirmação “Creio na comunhão dos santos” é uma dessas verdade de fé que possibilitam ao fiel compreender que a Igreja é uma realidade que vai além do tempo e do espaço, e cuja ação não pode ser limitada por uma quarentena.

IGREJA

No artigo publicado pelo jornal O SÃO PAULO em 15 de abril, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, propôs uma reflexão a partir da pergunta: “Onde anda a Igreja?”, destacando que estes dias de igrejas vazias o levaram a pensar muito na realidade da comunhão dos santos.

“Essa ‘comunhão dos santos’ diz respeito ao próprio ser da Igreja, que é a comunidade dos discípulos de Cristo do passado, presente e futuro, dos santos e dos pecadores, que se reúnem para as celebrações e dos ausentes delas.”

De fato, depois de afirmar “Creio na Santa Igreja Católica”, o Símbolo dos Apóstolos acrescenta “na comunhão dos santos”. “Este artigo é, em certo sentido, uma explicitação do anterior: pois ‘que é a Igreja, se não a assembleia de todos os santos?’. A comunhão dos santos é precisamente a Igreja”, explica o Catecismo da Igreja Católica (CIC), 946.

CORPO DE CRISTO

Para compreender melhor esse dogma, é preciso voltar à definição que o Apóstolo São Paulo faz da Igreja como o corpo do próprio Cristo, especialmente no capítulo 12 da Primeira Carta aos Coríntios.

Ao comentar sobre essa natureza da Igreja, o Papa Francisco, na Catequese de 19 de junho de 2013, afirmou que a Igreja não é uma associação assistencial, cultural ou política, mas é um corpo vivo, que caminha e age na história. “E este corpo tem uma cabeça, que é Jesus, que o guia, nutre-o e sustenta-o”, disse.

Nesse sentido, o Catecismo ressalta que a expressão comunhão dos santos tem dois significados estreitamente ligados: “comunhão nas coisas santas (sancta) e comunhão entre as pessoas santas (sancti) ... Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo (sancta), para crescerem na comunhão do Espírito Santo (Koinonia) e a comunicarem ao mundo” (CIC, 948).

CÉU E TERRA

A comunhão dos santos também ajuda a compreender os três estados que constituem a Igreja de Cristo: 

  • Igreja militante: constituída por todos aqueles batizados que estão vivos e peregrinam neste mundo e caminham para a eternidade celeste;
     
  • Igreja padecente: formada por aqueles que “morreram na graça da amizade, mas não estão de todo purificados, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu”, isto é, o purgatório (CIC, 1030).
     
  • Igreja triunfante: constituída por todos aqueles bemaventurados que estiverem purificados e contemplam Deus face a face no céu, “o estado de felicidade suprema e definitiva” (CIC, 1024).

“Nós cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo: dos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja; e cremos que, nesta comunhão, o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre atento às nossas orações”, afirmou São Paulo VI, na Carta Apostólica Sollemnis professio fidei (1968).

A Constituição Dogmática Lumen gentium, do Concílio Vaticano II, destaca que: “Todos, porém, comungamos, embora de modo e grau diversos, no mesmo amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso Deus o mesmo hino de glória. Com efeito, todos os que são de Cristo e têm o seu Espírito, formam uma só Igreja e Nele estão unidos uns aos outros”.

PARTICIPAÇÃO

Na terra, os cristãos participam dessa comunhão por meio da fé comum, pelos sacramentos, pelos carismas distribuídos pelo Espírito Santo, pela partilha dos bens espirituais e materiais e pela caridade.

A comunhão com aqueles falecidos que são purificados no Purgatório se dá por meio da oração da Igreja militante, que oferece continuamente suas preces e sacrifícios, especialmente o santo sacrifício da missa, em sufrágio dessas almas.

“Reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam venerou, com muita piedade, desde os primeiros tempos do cristianismo, a memória dos defuntos; e, ‘porque é um pensamento santo e salutar rezar pelos mortos, para que sejam livres de seus pecados’ (2Mc 12,46), por eles ofereceu também sufrágios” (CIC, 958).

Já aqueles que habitam a Igreja triunfante, os santos, participam dessa comunhão por meio da sua intercessão junto a Deus. “Assim como a comunhão cristã entre os cristãos ainda peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e cabeça, toda a graça e a própria vida do povo de Deus” (CIC, 957).

EUCARISTIA

Portanto, estar em comunhão com a Igreja é estar unido a todos aqueles irmãos que estão nessas três realidades. E um dos meios mais eficazes de experimentar essa união é a Eucaristia, memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

“É por este sacramento que nos unimos a Cristo, o qual nos torna participantes de seu Corpo e de seu Sangue para formarmos um só corpo”, destaca o Catecismo, afirmando, ainda, que a comunhão eucarística é  “o sentido primário da comunhão dos santos... pão dos anjos, pão do céu, remédio de imortalidade, viático...” CIC, 1331).

Desse modo, cada vez que um sacerdote preside uma missa e oferece, na pessoa de Jesus Cristo, o único e eterno sacrifício redentor, unindo o céu e a terra, o faz em favor de toda a Igreja, ou seja, dos santos, dos falecidos e de todos os fiéis que estão isolados em suas casas, unidos em oração e comunhão espiritual.

POVO DE CRISTO

“A Igreja é esse imenso povo que Cristo reuniu mediante o anúncio do Evangelho e que adere a Ele pela fé. Os santos no céu são, certamente, a parte mais numerosa e bela dessa imensa comunhão comunidade e já vivem na ‘Jerusalém celeste’, participando plenamente da vida e da glória do Ressuscitado. Somos os que chegaram por último e ainda peregrinamos nesta vida, à espera do cumprimento pleno das promessas de Deus. Enquanto isso, voltamos nosso olhar, cheio de esperança, para Jesus Cristo, Senhor da Igreja”, ressaltou o Cardeal Scherer.

 

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#FiqueEmCasa: materiais de oração e liturgia são disponibilizados gratuitamente pela internet

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31 de março de 2020

Para auxiliar os cristãos que estão em suas casas seguindo as recomendações de  distanciamento social para diminuir o contágio do novo coronavírus, instituições e editoras católicas disponibilizaram o acesso gratuito e digital a subsídios de oração e liturgia.

MANUAL DE ORAÇÕES

O “Manual de Orações e da Vida Cristã par Católicos”, subsídio impresso produzido em 2019 pela Arquidiocese de São Paulo, em parceria com a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja de Sofre (ACN), agora está disponível para o acesso digital.

Além das orações comuns da vida cristã , o livreto apresenta os dois Símbolos da Fé (Creio…), que resumem a fé recebida dos apóstolos e professada pela Igreja. “Fé e oração caminham juntas: a fé leva à oração; pela oração, expressamos e testemunhamos a fé e a transmitimos aos outros”, destacou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, na apresentação do subsídio.

Na segunda parte, são apresentados alguns elementos básicos da vida cristã e da moral. Algumas orações apresentadas são para a prática diária, outras são apropriadas para circunstâncias e ocasiões diversas. “É desejável que as famílias façam oração em comum, ao menos, uma vez ao dia: ‘a família, que reza unida, permanece unida’. Também é recomendado que os pais iniciem seus filhos no hábito da oração diária”, acrescentou Dom Odilo.

O downlod da versão digital do manual pode ser feito por meio do site da ACN

LITURGIA

Para acompanhar as missas dominicais, o portal da Arquidiocese também disponibiliza o arquivo no formato PDF do folheto litúrgico Povo de Deus em São Paulo.

Acesse aqui.

IGREJA EM ORAÇÃO

As Edições CNBB também disponibilizaram algumas de suas produções voltadas para a oração e vivência da fé em casa. O primeiro deles é o subsídio litúrgico “Igreja em Oração”, que contém os textos e orações das missas diárias do mês de março e abril, assim domo o semanário litúrgico de mesmo nome, com os textos das celebrações da Semana Santa.

Também pode ser acessado pela internet o subsídio “Famílias na CF e Via Sacra”, um roteiro de orações e reflexões sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2020. Com esse mesmo objetivo, está disponível o download do livreto “Celebrar em Família o Dia do Senhor”.

Acesse o site das Edições CNBB.

LITURGIA DIÁRIA

Ainda para ajudar a acompanhar as missas transmitidas pelos meios de comunicação, a Paulus Editora liberou o acesso gratuito do subsídio mensal “Liturgia Diária” e do folheto litúrgico “O Domingo”.

A mesma editora também disponibilizou o subsídio mensal “Liturgia Diária das Horas”, com os textos do Ofício Divino. No portal da editora também é possível acessar outras obras de espiritualidade gratuitamente.

Acesse o site da Paulus.

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Fique BEM em casa

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Há 40 anos, Paróquia Imaculado Coração de Maria é expressão de fé e caridade

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26 de junho de 2019

                                                                                                   

Numa das principais avenidas do distrito de São Rafael, na zona Leste, Região Episcopal Belém, está localizada a igreja matriz da Paróquia Imaculado Coração de Maria. O mês de junho tem sido vivenciado de maneira especial pela comunidade que recorda os 40 anos da primeira missa celebrada no terreno onde foi edificado o templo, presidida por Dom Luciano Mendes de Almeida, então Bispo Auxiliarda Arquidiocese. Também se relembra toda a caminhada dos sacerdotes e fiéis para que ali fosse constituída uma comunidade eclesial viva em torno da Paróquia, lugar privilegiado de expressão da fé.

Padre Luiz Fernando de Oliveira, Vigário Paroquial, considera que as mobilizações pela conquista de terra e moradia e o trabalho em prol das crianças e famílias carentes marcam a atividade pastoral desenvolvida em mais de quatro décadas na Paróquia, que tem duas comunidades: São Francisco de Assis e Nossa Senhora Aparecida; e São Judas Tadeu e Ezequiel Ramin.

Durante todos os sábados de junho, os sacerdotes que passaram pela Paróquia foram convidados a celebrar com a comunidade que se alegra e agradece a Deus os seus bons pastores. No sábado, 15, o Cardeal Odilo Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu a celebração eucarística, na Solenidade da Santíssima Trindade. O Arcebispo agradeceu a todos os que colaboraram para a edificação da comunidade e exortou que continuem firmes na caminhada.

Antes do encerramento da celebração, alguns casais participaram de um momento em ação de graças a Deus e pedido de bênçãos sobre todas as famílias. As crianças assistidas pelo Centro para Criança e Adolescente (CCA) da Paróquia fizeram uma homenagem ao Arcebispo.

As comemorações dos 40 anos de história da Paróquia serão encerradas em 29 de junho, na memória litúrgica do Imaculado Coração de Maria.

MISTÉRIO CENTRAL DA FÉ E DA VIDA CRISTÃ

Na homilia da celebração, o Cardeal Scherer destacou a importância da Solenidade da Santíssima Trindade como o “centro de nossa fé”. Diante do mistério inefável da Santíssima Trindade, Dom Odilo disse que todos podem conhecer a Deus por meio da Palavra, da própria inteligência que questiona e procura respostas, e da consciência que percebe a vontade de Deus e responde positivamente. Todos podem, também, reconhecer seus sinais pela criação. “Um dos grandes sinais que Deus deixou marcas de si é a natureza, é a criação”, afirmou.

Dom Odilo refletiu que Deus se revela Pai de bondade de toda a criação; Filho, que veio ao mundo para a todos salvar e quer levar todos com Ele à casa do Pai; e Espírito Santo, a que conduz a Igreja e orienta toda obra boa do Pai. Na festa da Santíssima Trindade, o Arcebispo acentuou a importância de agradecer e de todos se colocarem sempre sob a proteção e o acolhimento do Deus Trino, como pessoas de fé.

TESTEMUNHO DE CARIDADE

Sensível às necessidades da Igreja e dos mais pobres, na década de 1980, a comunidade iniciou, com um grupo de mães voluntárias, lideradas pelo trabalho de religiosas do Sagrado Coração de Jesus, o atendimento a crianças carentes. Hoje, em espaço cedido pela Paróquia Imaculado Coração de Maria, o CCA Rodolfo Pirani – parceria de A Colmeia, organização da sociedade civil, em convênio com a Prefeitura de São Paulo - atende 120 crianças e adolescentes no período extraescolar, garantindo-lhes ações complementares para melhorar sua qualidade de vida com vistas à conquista da cidadania plena.

Dirce Guerra, assistente social de A Colmeia, diz que as crianças e adolescentes participam de atividades recreativas, pedagógicas e recebem alimentação. Além dos desafios sociais, o Vigário Paroquial expõe uma reflexão, fruto do sínodo arquidiocesano, de uma comunidade que nasce periférica, mas que está inserida na grande metrópole. “Hoje, como todas as igrejas, nós temos de retomar a evangelização, o sentido de ser Igreja mesmo nas periferias de uma grande cidade. Não podemos mais dizer que é só periferia. Temos de entender que estamos numa geografia periférica, mas o comportamento é o das grandes cidades”, afirma.

ATRAVESSANDO GERAÇÕES

Dalva Aparecida Lenotti, 65, participa da comunidade desde que o povo se reunia ainda nas escolas. Ela recordou a fé de seus primeiros moradores, que construíram física e espiritualmente a igreja. “No começo, nós nos empenhávamos em conhecer as pessoas, em construir a igreja. Agora somos uma família, mas a fé é a mesma.”

Os mais jovens, como a coroinha Maria Luiza Cardoso, 16, têm a consciência da responsabilidade de continuar o trabalho de tantos leigos, como seus pais. “A Paróquia é basicamente a minha casa. Os momentos mais marcantes da minha vida eu vivi aqui dentro”, disse a jovem, que participa do Movimento Jovens Sarados, cuja proposta é viver a radicalidade do Evangelho pela salvação das almas. 

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A apostasia de uma nação?

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05 de abril de 2019

Primeira nação cristã a surgir no Ocidente após a queda do Império Romano, chamada por isso de “Primogênita da Igreja”, a França – assim como outros países europeus – enfrenta uma grave crise de fé. Um livro publicado pelo cientista político Jérôme Fourquet divulga e analisa algumas estatísticas impressionantes.

Apenas 4% da população francesa vai à missa aos domingos, e menos da metade dos casamentos é celebrada na Igreja. Em 1950, o País tinha 50 mil sacerdotes; hoje, apenas 10 mil, a maioria dos quais em idade avançada.

Ao mesmo tempo em que a sociedade francesa se afasta de sua raiz e identidade cristã, o número de muçulmanos, de acordo com projeções do Centro Pew Research, deve dobrar até 2050, chegando a 17,4% da população. Não é à toa que, na periferia de Paris, o nome de bebê mais recorrente é “Mohamed”.

A análise de Fourquet sugere que um último padre francês será ordenado em 2044 e um último bebê francês será batizado em 2048. No entanto, essa análise não leva em consideração a tendência de crescimento de pequenas comunidades católicas.

Fontes: Church Militant/ L’Express/ Info Catho
 

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Sínodo dos Bispos: o que diz o Documento Final

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30 de outubro de 2018

É o episódio dos discípulos de Emaús, narrado pelo evangelista Lucas, o fio condutor do Documento Final do Sínodo dos Jovens. Lido na Sala alternando vozes do relator geral, cardeal Sérgio da Rocha, e os secretários Especiais, padre Giacomo Costa e padre Rossano Sala, juntamente com Dom Bruno Forte, membro da Comissão para a Redação do texto, o documento é complementar ao Instrumentum laboris do Sínodo, do qual toma a subdivisão em três partes.

Acolhido com aplausos, o texto - disse o cardeal Sérgio Da Rocha - é "o resultado de um verdadeiro trabalho de equipe" dos Padres Sinodais, juntamente com os outros participantes no Sínodo e "em modo particular os jovens." O Documento, portanto, recolhe as 364 formas, ou emendas, apresentadas. "A maior parte delas - acrescentou o Relator geral - foi precisa e construtiva". Todos os parágrafos do texto foram aprovados com pelo menos dois terços dos votos.

 

"Caminhava com eles"

Em primeiro lugar, portanto, o Documento Final do Sínodo olha para o contexto em que vivem os jovens, destacando os pontos de força e desafios. Tudo parte de uma escuta empática que, com humildade, paciência e disponibilidade, permite de dialogar realmente com os jovens, evitando "respostas pré-concebidas e receitas prontas". Os jovens, de fato, querem ser "ouvidos, reconhecidos, acompanhados" e querem que sua voz seja "considerada interessante e útil no campo social e eclesial". A Igreja nem sempre teve essa atitude, reconhece o Sínodo: muitas vezes sacerdotes e bispos, sobrecarregados por muitos compromissos, lutam para encontrar tempo para o serviço da escuta. Daí a necessidade de preparar adequadamente também leigos, homens e mulheres, capazes de acompanhar as jovens gerações. Diante de fenômenos como a globalização e a secularização, além disso,  os jovens movem-se em direção a uma redescoberta de Deus e da espiritualidade e isso deve ser um estímulo para a Igreja, para recuperar a importância do dinamismo da fé.

 

A escola e a paróquia

Outra resposta da Igreja às questões dos jovens vem do setor educacional: as escolas, as universidades, as faculdades, os oratórios, permitem uma formação integral dos jovens, oferecendo ao mesmo tempo um testemunho evangélico de promoção humana.

Em um mundo onde tudo está conectado - família, trabalho, tecnologia, defesa do embrião e do migrante - os bispos definem como insubstituível o papel desempenhado pelas escolas e universidades onde os jovens passam muito tempo. As instituições educacionais católicas, em particular, são chamadas a enfrentar a relação entre a fé e as demandas do mundo contemporâneo, as diferentes perspectivas antropológicas, os desafios técnico-científicos, as mudanças nos costumes sociais e o compromisso com a justiça. Também a paróquia tem o seu papel: "Igreja no território", é preciso um repensar na sua vocação missionária, pois muitas vezes resulta pouco significativa e pouco dinâmica, especialmente na área da catequese.

 

Migrantes, um paradigma do nosso tempo

O documento sinodal se concentra então no tema dos migrantes, "paradigma do nosso tempo",  como um fenômeno estrutural, e não uma emergência transitória. Muitos migrantes são jovens ou menores desacompanhados, fugindo da guerra, violências, perseguição política ou religiosa, desastres naturais, pobreza e acabam se tornando vítimas de tráfico, drogas, abusos psicológicos e físicos. A preocupação da Igreja é acima de tudo em relação a eles - diz o Sínodo – na ótica de uma autêntica promoção humana que passa pela acolhida de refugiados, e seja ponto de referência para tantos jovens separados de suas famílias de origem. Mas não só: os migrantes - recorda o Documento - são também uma oportunidade de enriquecimento para as comunidades e sociedades em que chegam e que podem ser revitalizados por eles. Ressoam, portanto, os verbos sinodais "acolher, proteger, promover, integrar" indicados pelo Papa Francisco para uma cultura que supere a desconfiança e o medo. Os bispos também pedem mais empenho em garantir àqueles que não desejam migrar, o direito de permanecer em seu próprio país. A atenção do Sínodo também se dirige àquelas Igrejas ameaçadas em sua existência, pela emigração forçada e pelas perseguições sofridas pelos fiéis.

 

Firme compromisso contra todo tipo de abuso. Dizer a verdade e pedir perdão

Bastante ampla, também, a reflexão sobre os "diversos tipos de abuso" (de poder, econômicos, de consciência, sexuais) feitos por alguns bispos, sacerdotes, religiosos e leigos: nas vítimas – lê-se no texto – eles provocam sofrimentos que "podem ​​durar toda a vida e aos quais nenhum arrependimento pode colocar remédio".

Daí o apelo do Sínodo ao "firme compromisso com a adoção de rigorosas medidas de prevenção que impeçam o repetir-se, a partir da seleção e da formação daqueles a quem serão confiadas tarefas de responsabilidades e educativas". Por conseguinte, será necessário extirpar as formas - como a corrupção e o clericalismo – sob as quais estes tipos de abusos estão enraizados, contrastando também a falta de responsabilidade e transparência com que muitos casos foram geridos. Ao mesmo tempo, o Sínodo se diz agradecido a todos aqueles que "têm a coragem de denunciar o mal sofrido", porque ajudam a Igreja a "tomar consciência do que aconteceu e da necessidade de reagir com decisão". "A misericórdia, de fato, exige a justiça". Mas não devem porém ser esquecidos os numerosos leigos, sacerdotes, pessoas consagradas e bispos que a cada dia se dedicam, com honestidade, a serviço dos jovens, os quais podem verdadeiramente oferecer "uma ajuda preciosa" para uma "reforma de dimensão epocal" nesta área.

 

A Família "Igreja Doméstica"

Outros temas presentes no Documento dizem respeito à família, principal ponto de referência para os jovens, primeira comunidade de fé, "Igreja doméstica": o Sínodo chama a atenção, em particular, ao papel dos avós na educação religiosa e na transmissão da fé, e alerta para o enfraquecimento da figura paterna e  para aqueles adultos que assumem estilos de vida "juvenis". Além da família, para os jovens, a amizade com os colegas é muito importante, pois permite a partilha da fé e a ajuda recíproca no testemunho.

 

Promoção de justiça contra "cultura de desperdício"

O Sínodo concentra-se também em algumas formas de vulnerabilidade vividas pelos jovens em vários setores: no trabalho, onde o desemprego torna as jovens gerações pobres, minando a sua capacidade de sonhar; as perseguições até a morte; a exclusão social por motivos religiosos, étnicos ou econômicos; as deficiências. Diante dessa "cultura de descarte", a Igreja deve lançar um apelo à conversão e à solidariedade, tornando-se uma alternativa concreta às situações de dificuldade. Na frente oposta, não faltam áreas onde o comprometimento dos jovens consegue se expressar com originalidade e especificidade: por exemplo, o voluntariado, a atenção às questões ecológicas, o compromisso na política com a construção do bem comum, a promoção da justiça, pela qual os jovens pedem à Igreja "um compromisso firme e coerente".

 

Arte, música e esporte, "recursos pastorais"

Também o mundo do esporte e da música oferece aos jovens a possibilidade de expressarem-se da melhor forma: no primeiro caso, a Igreja convida a não subestimar a potencialidade educacional, formativa e inclusiva da atividade esportiva; no caso da música, por outro lado, o Sínodo fala sobre sobre seu “ser recurso pastoral" que interpela também a uma renovação litúrgica, porque os jovens têm o desejo de uma "liturgia viva", autêntica, alegre, momento de encontro com Deus e com o comunidade.

Os jovens apreciam celebrações autênticas em que a beleza dos sinais, o cuidado da pregação e o envolvimento da comunidade falem realmente de Deus": portanto, precisam ser ajudados a descobrir o valor da adoração eucarística e a compreender que" a liturgia não é puramente expressão de si mesma, mas ação de Cristo e da Igreja".

As jovens gerações, ademais, querem ser protagonistas da vida eclesial, colocando seus talentos e assumindo responsabilidades. sujeitos ativos da ação pastoral, eles são o presente da Igreja, devem ser encorajados a participar na vida eclesial, e não impedidos com autoritarismo. Em uma Igreja capaz de dialogar de uma forma menos paternalista e mais sincera, de fato, os jovens sabem ser muito ativos na evangelização de seus coetâneos, exercendo um verdadeiro apostolado, que deve ser apoiado e integrado na vida da comunidade.

 

"Seus olhos se abriram"

Deus fala à Igreja e ao mundo por meio dos jovens, que são um dos "lugares teológicos" onde o Senhor está presente. Portadora de uma santa inquietude que a torna dinâmica – lê-se na segunda parte do Documento – a juventude pode estar "mais à frente dos pastores" e isso deve ser acolhida, respeitada, acompanhada. Graças a ela, de fato, a Igreja pode se renovar, sacudindo "o peso e a lentidão". Assim, o chamado do Sínodo para o modelo de "Jesus jovem entre os jovens" e ao testemunho dos santos, entre os quais estão muitos jovens, profetas da mudança.

 

Missão e vocação

Outra "bússola segura" para a juventude é a missão, dom de si que leva a uma felicidade verdadeira e duradoura: Jesus, de fato, não tira a liberdade, mas a liberta, porque a verdadeira liberdade só é possível em relação à verdade e à caridade. Intimamente relacionado com o conceito de missão, está aquele da vocação: cada vida é vocação em relação com Deus, não é fruto do acaso ou um bem privado para gerir por conta própria - afirma o Sínodo - e cada vocação batismal é um chamado para todos para a santidade. Para isso, cada um deve viver a própria vocação específica em cada área: a profissão, a família, a vida consagrada, o ministério ordenado e o diaconato permanente, que representa um "recurso" a ser ainda desenvolvido mais plenamente.

 

O acompanhamento

Acompanhar é uma missão para a Igreja a ser realizada em um nível pessoal e de grupo: em um mundo "caracterizado por um pluralismo sempre mais evidente e por uma disponibilidade de opções cada vez mais ampla," buscar junto com os jovens um percurso voltado a fazer escolhas definitivas é um serviço necessário. Os destinatários são todos os jovens: seminaristas, sacerdotes ou religiosos em formação, noivos e recém-casados ​​envolvidos. A comunidade eclesial é um lugar de relações e contexto em que na celebração eucarística se é tocados, instruídos e curados pelo próprio Jesus. O Documento Final enfatiza a importância do Sacramento da Reconciliação na vida de fé e encoraja os pais, professores, lideranças, animadores, sacerdotes e educadores a ajudar os jovens, por meio da da Doutrina Social da Igreja, a assumir responsabilidades no âmbito profissional e sócio-político. O desafio em sociedades cada vez mais interculturais e plurirreligiosas, é indicar na relação com a diversidade uma oportunidade para a comunhão fraterna e o enriquecimento mútuo.

 

Não a moralismos e falsas indulgências, sim à correção fraterna

O Sínodo, portanto, promove um acompanhamento integral centrado na oração e no trabalho interior que valorize também a contribuição da psicologia e da psicoterapia, quando abertas à transcendência. "O celibato pelo Reino" – é a recomendação - deve ser entendido como um "dom a ser reconhecido e verificado na liberdade, alegria, gratuidade e humildade", antes da escolha definitiva. Que se invista e aposte em acompanhadores de qualidade: pessoas equilibradas, de escuta, fé, oração, que tenham se deparado com as próprias fraquezas e fragilidades, e sejam por isto acolhedoras "sem moralismos e falsas indulgências", sabendo corrigir fraternalmente, longe de comportamentos possessivos e manipuladores. "Esse profundo respeito – lê-se o texto - será a melhor garantia contra os riscos de plágio e abusos de qualquer tipos".

 

A arte de discernir

"A Igreja é o ambiente para discernir e a consciência – escrevem os Padres sinodais - é o lugar onde se colhe o fruto do encontro e da comunhão com Cristo": o discernimento, por meio de "um regular confronto com um diretor espiritual", apresenta-se portanto como o sincero trabalho de consciência", "pode ser entendido somente como autêntica forma de oração” e “requer a coragem de empenhar-se na luta espiritual". Banco de prova das decisões assumidas é a vida fraterna e o serviço aos pobres. De fato, os jovens são sensíveis à dimensão da diakonia.

 

“Partiram sem demora"

Maria Madalena, primeira discípula missionária, curada das feridas, testemunha da Ressurreição é o ícone de uma Igreja jovem. Dificuldades e fragilidades dos jovens "nos ajudam a ser melhores, seus questionamentos – lê-se - nos desafiam, as críticas nos são necessárias porque muitas vezes através deles a voz do Senhor nos pede conversão e renovação". Todos os jovens, mesmo aqueles com diferentes visões de vida, nenhum excluído, estão no coração de Deus. Os Padres ressaltam o dinamismo construtivo da sinodalidade, ou seja, o caminhar juntos: o final da Assembleia e o Documento final são apenas uma etapa porque as condições concretas e as necessidades urgentes são diferentes entre países e continentes. Daí o convite às Conferências Episcopais e às Igrejas particulares para prosseguir no processo de discernimento com o objetivo de elaborar soluções pastorais específicas.

 

Sinodalidade, estilo missionário

"Sinodal" é um estilo para a missão que exorta a passar do “eu” ao “nós” e a considerar a multiplicidade de rostos, sensibilidades, origens e culturas diferentes. Neste horizonte são valorizados os carismas que o Espírito dá a todos, evitando o clericalismo que exclui muitos dos processos de decisão e a clericalização dos leigos, que freia o ímpeto missionário.

Que a autoridade – são os votos - seja vivida a partir de uma perspectiva de serviço. Sinodal seja também a abordagem ao diálogo inter-religioso e ecumênico destinado ao conhecimento recíproco e à superação de preconceitos e estereótipos, e a renovação da vida comunitária e paroquial, para que encurte as distâncias jovens-igreja e mostre a íntima conexão entre fé e experiência concreta de vida. Formalizado o pedido diversas vezes feito na Aula para instituir, em nível de Conferências Episcopais, um "Diretório de pastoral da juventude em chave vocacional”, que possa ajudar os responsáveis diocesanos e os agentes locais a qualificar a sua educação e ação com e para os jovens", contribuindo  a superar uma certa fragmentação da pastoral da Igreja. Reiterada ainda a importância da JMJ, bem como a dos centros da juventude e oratórios, que precisam no entanto ser repensados.

 

O desafio digital

Há alguns desafios urgentes que a Igreja é chamada a enfrentar. O Documento Final do Sínodo aborda a missão no ambiente digital: parte integrante da realidade cotidiana dos jovens, "praça" em que eles passam muito tempo e se encontram facilmente, um lugar irrenunciável para alcançar e envolver os jovens também nas atividades pastorais, a web apresenta luzes e sombras.

Se por um lado permite o acesso à informação, ativa a participação sociopolítica e a cidadania ativa, por outro apresenta um lado obscuro - a assim chamada dark web - em que se encontram a solidão, a manipulação, a exploração, a violência, cyberbullying, pornografia. Daí o convite do Sínodo para habitar o mundo digital, promovendo o seu potencial comunicativo em vista do anúncio cristão e a "impregnar" de Evangelho as suas culturas e dinâmicas.

Faz-se votos de que sejam criados Escritórios e organismos para a cultura e a evangelização digital que, além de “favorecer a troca e e a disseminação de boas práticas, possam gerenciar sistemas de certificação de sites católicos, para conter a disseminação de notícias falsas (fake news) sobre a Igreja", emblema de uma cultura que "perdeu o sentido da verdade", encorajando a promoção de "políticas e instrumentos para a proteção dos menores na web".

 

Corpo, sexualidade e carinho

Então, o Documento enfoca o tema do corpo, da afetividade, da sexualidade: diante de desenvolvimentos científicos que levantam questionamentos éticas, de fenômenos como a pornografia digital, o turismo sexual, a promiscuidade, exibicionismo online, o Sínodo recorda às famílias e às comunidades cristãs da importância de fazer descobrir aos jovens que a sexualidade é um dom. Muitas vezes a moral sexual da Igreja é percebida como "um espaço de juízo e condenação", enquanto os jovens buscam "uma palavra clara, humana e empática" e "expressam um explícito desejo de confronto sobre as questões relativas à diferença entre identidade masculina e feminina, à reciprocidade entre homens e mulheres, à homossexualidade".

Os bispos reconhecem a dificuldade da Igreja em transmitir no atual contexto cultural "a beleza da visão cristã da corporeidade e da sexualidade": é urgente buscar "modalidades mais adequadas, que se traduzam concretamente na elaboração de caminhos formativos renovados". "É preciso propor aos jovens uma antropologia da afetividade e da sexualidade capaz de dar o justo valor à castidade" para o crescimento da pessoa, “em todos os estados de vida". Nesse sentido, é pedido que se preste atenção à formação de agentes pastorais que sejam críveis e maduros do ponto de vista afetivo-sexual.

O Sínodo constata ademais a existência de "questões relativas ao corpo, à afetividade e à sexualidade que necessitam de uma elaboração antropológica, teológica e pastoral mais aprofundada, a ser realizada nas modalidades e níveis mais convenientes, daqueles locais aos mais universais.  Entre estes emergem aqueles relacionados à diferença e harmonia entre identidade masculina e feminina e às inclinações sexuais".

"Deus ama cada pessoa pessoas e assim faz a Igreja renovando seu compromisso contra qualquer discriminação e violência com base sexual". Da mesma forma - prossegue o Documento - o Sínodo "reafirma a determinante relevância antropológica da diferença e reciprocidade homem-mulher e considera redutivo definir a identidade das pessoas com base unicamente na sua orientação sexual".

Ao mesmo tempo, recomenda-se "favorecer" os "caminhos de acompanhamento na fé, já existentes em muitas comunidades cristãs", de "pessoas homossexuais". Nestes caminhos as pessoas são ajudadas a ler sua própria história; a aderir livremente e responsavelmente ao próprio chamado batismal; a reconhecer o desejo de pertencer e contribuir para a vida da comunidade; a discernir as melhores formas para que isso se realize. Desta forma, se ajuda a cada jovem, nenhum excluído, a integrar cada vez mais a dimensão sexual na própria personalidade, crescendo na qualidade das relações e caminhando para o dom de si".

 

Acompanhamento vocacional

Entre outros desafios apontados pelo Sínodo, encontra-se também a questão econômica: o convite dos Padres é o de investir tempo e recursos nos jovens com a proposta de oferecer a eles um período para o amadurecimento da vida cristã adulta, que "deveria prever uma separação prolongada de ambientes e relações habituais".
Além disso, enquanto se faz votos de um acompanhamento antes e depois do casamento, se encoraja a criação de equipes educativas, que incluam figuras femininas e casais cristãos, para a formação de seminaristas e consagrados, também com o objetivo de superar tendências ao clericalismo. Atenção especial é pedida à acolhida dos candidatos ao sacerdócio, que às vezes ocorre "sem um conhecimento adequado e uma releitura aprofundada da própria história": "a instabilidade relacional e afetiva, e a falta de raízes eclesiais são sinais perigosos. Negligenciando a normativa eclesial a este respeito – escrevem os Padres sinodais - constitui um comportamento irresponsável, que pode ter consequências muito graves para a comunidade cristã".

 

Chamado à santidade

"As diversidades vocacionais - conclui o Documento Final do Sínodo sobre os jovens – inserem-se no único e universal chamado à santidade. Infelizmente o mundo está indignado com os abusos de algumas pessoas da Igreja, antes que animados pela santidade de seus membros”. Por isso a Igreja é chamada a "uma mudança de perspectiva": por meio da santidade de tantos jovens dispostos a renunciar à vida em meio a perseguições para permanecerem fiéis ao Evangelho, pode renovar seu ardor espiritual e seu vigor apostólico.

 

O dom do Papa aos participantes do Sínodo

Por fim, como recordação do Sínodo dos Jovens, o Santo Padre deu a todos os participantes uma placa de bronze, com um baixo-relevo representando Jesus e o jovem discípulo amado. É uma obra do artista italiano Gino Giannetti, cunhada pela Casa da Moeda do Estado da Cidade do Vaticano, emitida em apenas 460 exemplares.

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Luz para ver, força para querer

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06 de outubro de 2018

“Não temas, de agora em diante serás pescador de homens”. Com estas palavras, Cristo transforma a vida de Simão e, a partir de então, o pescador da Galileia fica sabendo para que vive. Como ele, cada pessoa, mais cedo ou mais tarde, depara-se com esta pergunta: “Qual é a minha missão na vida?”

Durante os próximos dias, o Sínodo dos Bispos refletirá em Roma sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Além de pedir ao Espírito Santo que ilumine os padres sinodais, aproveitemos esta ocasião para meditar sobre o nosso próprio caminho, porque todos temos uma vocação divina, todos somos chamados por Deus à união com Ele.

A fé é uma luz poderosa, capaz de iluminar o nosso futuro e de inspirar desejos de plenitude. Num momento da vida em que talvez a segurança da infância cambaleie e, também, a luz da fé possa se debilitar, é preciso recordar a nossa verdade mais profunda: somos filhos de Deus e fomos criados por amor. Ele realiza a chamada mais radical: chama-nos, a cada um e a cada uma, a sermos plenamente felizes ao seu lado. O Criador não nos lança na vida e se esquece de nós. Aquele que cria, ama e chama. Por isso, o discernimento do nosso caminho deve estar iluminado pela fé no amor de Deus por nós, por cada um. 

“Não temas”, diz Jesus a Pedro. “Não tenham medo de escutar o Espírito que lhes sugere escolhas audazes”, escrevia o Papa na sua carta aos jovens para anunciar este Sínodo. A nossa procura pessoal pode gerar certo desassossego, porque experimentamos a vertigem da liberdade. Serei feliz? Terei forças? Valerá a pena comprometer-se? Também nesses momentos, Deus não nos abandona. Ele nos inspira, se soubermos escutá-lo. É isso que lhe pedimos cada vez que rezamos a mais bela das orações: “seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no 
céu”; faça-se a tua vontade em mim, em ti, em cada um de nós.

Pensando em tantos jovens que desejam secundar os planos de Deus, peçamos que recebam não só luz para ver seu caminho, mas também força para querer unir-se à vontade divina. Ajuda-nos o pensamento de que, quando Ele pede alguma coisa, na realidade está oferecendo um dom. Não somos nós que lhe fazemos um favor: é Deus quem ilumina a nossa vida, enchendo -a de sentido.

Deus queira que todos, jovens e adultos, compreendamos que a santidade não só não é um obstáculo para os nossos sonhos, mas é o seu ponto culminante. Todos os desejos, todos os projetos, todos os amores podem fazer parte dos planos de Deus. Como lembra São Josemaria, “a caridade bem vivida já é santidade”. 

A vida cristã não nos leva a identificar-nos com uma ideia, mas com uma pessoa: com Jesus Cristo. Para que a fé ilumine os nossos passos, além de perguntar-nos: “Quem é Jesus Cristo para mim?”, pensemos: “Quem sou eu para Jesus Cristo?” Descobriremos, assim, os dons que o Senhor nos deu e que estão diretamente relacionados com a nossa missão. Assim, amadurecerá mais e mais em nós uma atitude interior de abertura às necessidades dos outros, saberemos estar a serviço de todos e veremos com mais clareza qual é o lugar que Deus nos confiou neste mundo.

Numa sociedade que com frequência pensa demais no bem-estar, a fé nos ajuda a erguer o olhar e descobrir a verdadeira dimensão da existência. Se formos portadores do Evangelho, a nossa passagem por esta terra será fecunda. Sem dúvida, a sociedade inteira se beneficiará de uma geração de jovens que, a partir da fé no amor que Deus tem por mim, pergunte-se: “Qual é a minha missão nesta vida? Que rasto deixarei?”

Monsenhor Fernando Ocáriz é Prelado do Opus Dei 

 

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Começa o Sínodo dos Bispos sobre os jovens

Por
05 de outubro de 2018

No Sínodo dos Bispos, os jovens terão voz e falarão todos os dias aos padres sinodais. Além da reunião pré-sinodal, em março, na qual cerca de 300 jovens estiveram em Roma e debateram o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, agora, na reunião dos bispos, eles terão de novo a chance de intervir. Também por meio das redes sociais, receberão informações sobre o Sínodo e poderão comentar. 

São 34 os jovens “auditores” convidados a participar dessa assembleia, com 18 a 29 anos de idade. “Seguimos um critério de representação geográfica, de atuação na pastoral juvenil em diferentes partes do mundo”, explicou o Cardeal Lorenzo Baldisseri, em coletiva de imprensa na segunda-feira, dia 1º. Ele é o Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos e, portanto, o principal responsável pela sua organização.

Também foram convidados membros de diversos movimentos eclesiais. “Os jovens convidados poderão participar das discussões nos círculos menores e poderão participar como os padres sinodais e dar a sua colaboração”, acrescentou Dom Lorenzo. Os círculos menores são debates em pequenos grupos, em seis línguas diferentes. “É importante a presença deles. Os jovens não são o objeto, mas o sujeito deste Sínodo.” 

Todos os dias, a sessão de abertura terá uma breve apresentação de um dos jovens. Isso garantirá a eles e oportunidade de falar a todos os padres sinodais simultaneamente – 266 bispos, padres e religiosos de dioceses e congregações em todo o mundo, além das igrejas orientais e da Cúria Romana. No total, são 49 auditores, entre jovens e formadores. Além deles, outros 23 especialistas auxiliarão na orientação dos trabalhos e na redação dos documentos.

O cardeal brasileiro Dom Sergio da Rocha, relator-geral deste Sínodo sobre os jovens, comentou, na mesma conversa com os jornalistas, o chamado Instrumentum Laboris. Trata-se do documento que orienta as atividades do Sínodo. 

“O percurso de escuta que precedeu o Sínodo recolheu milhares de páginas de testemunhos, reflexões e pedidos provenientes de todo o mundo. O Instrumentum Laboris recapitula todas essas contribuições, ajudando-nos a ter um olhar integral e integrado das questões que temos que tratar”, disse o Cardeal, definindo o documento como “quadro de referência”, ou seja, texto que oferece tanto o método quanto os conteúdos para as reuniões.

Assim como o Instrumentum é dividido em três partes – reconhecer, interpretar e escolher – também as reuniões do Sínodo seguirão o mesmo “mapa de ação”. 

“Será necessário que nos deixemos interpelar pelas inquietudes dos jovens, também quando colocam em questão as práticas da Igreja ou envolvem questões complexas, como a afetividade e a sexualidade”, disse Dom Sergio. “Nos nossos contextos eclesiais, é muito fácil falar dos jovens ‘por ouvir dizer’, fazendo referência a estereótipos ou modelos juvenis que talvez já nem existem mais”, analisou. 

Segundo o Arcebispo de Brasília, há uma espécie de “idealização” e de “ideologização” dos jovens. “Às vezes, fazemos referência à nossa juventude e pensamos que os jovens de hoje vivam as nossas mesmas experiências. Mas deste modo, inevitavelmente, perdemos de vista os traços característicos dos jovens de hoje.”

 

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