NACIONAL

55 Assembleia dos Bispos

'Este momento é histórico'

Por Nayá Fernandes e Larissa Freitas
02 de mai de 2017

Bispos em Aparecida falam sobre as manifestações que acontecem pelo Brasil.

Em entrevista à tv Aparecida, transmitida pelo site A12, Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) falou sobre as manifestações que acontecem hoje em todo o Brasil.

“A Igreja vê com muito bons olhos, sobretudo, porque este é o momento da democracia participativa, que é diferente da democracia representativa e as duas devem convergir. Na democracia representativa, os representantes do povo vão conduzindo as decisões e aprovando projeto e leis, governando o país, mas chega um determinado momento que esse povo deseja participar e não só deseja, mas precisa participar”, afirmou o Bispo.

Ele disse ainda que “este momento é histórico porque eu acho que nunca houve no país uma convergência tão grande contra aquelas decisões que estão sendo tomadas pelo Poder Executivo e Poder Legislativo do Brasil, com relação a Reforma da Previdência, com relação a Reforma Trabalhista e com relação também a PEC do teto que já passou e tantas outras, a da terceirização”.

Então há uma convergência muito grande, é sábio o governo, são sábios os representantes do povo, que sabem escutar o povo, para que através dessas manifestações os governos e também todos os representantes do povo, possam redirecionar os seus projetos para atender realmente as necessidades do povo brasileiro.

Logo no fim da Celebração Eucarística que aconteceu às 7h30, em Aparecida (SP), Dom Sergio da Rocha, presidente da CNBB, respondeu à duas perguntas sobre a mensagem dos bispos aos trabalhadores. Confira a entrevista.

  • Nós corremos sérios riscos de perder direitos adquiridos com muita luta?

Sim, nós já perdemos como povo brasileiro várias coisas, agora, o que está sendo discutido e alguns passos já foram dados para a aprovação, é gravíssimo! Está chamada equivocadamente modernização das leis trabalhistas, da CLT, na verdade deixam desamparados alguns trabalhadores e nós sabemos que aqui no Brasil uma boa parte, não todos, mas uma boa parte dos empresários que geram empregos, são extremamente gananciosos, então nós corremos o risco de em nome de uma flexibilização das leis trabalhistas, desamparar a parte mais fraca da relação capital, trabalho e isso é muito ruim.

Então, frequentemente se passa essa ideia de abrir possibilidade de novos trabalhos, eu acho que de fato poderemos ter isso como resultado e isso é muito bom, mas o ideal é buscar gerar novos postos de trabalho, sem perdas de direito e da proteção do trabalhador, porque o trabalhador é sempre a parte mais frágil, mais fraca da relação capital, trabalho.

A Igreja ela define, determina fortemente, inclusive desde encíclicas muito antigas, mas por exemplo, de João Paulo II, Laborem Exercens, a prioridade da pessoa sobre o capital, então nós precisamos olhar primeiro a pessoa e colocar o capital a serviço da pessoa. De fato, há possibilidade de perdas muito grandes, mas também com relação a previdência, a previdência é a proteção de todas as pessoas, digamos assim, no entardecer da vida. Na hora que os trabalhadores estão chegando no momento que precisa de ter benefícios por ter colaborado tanto durante toda uma vida para o desenvolvimento do Brasil, esses direitos são diminuídos, esses direitos são cortados, isso não é justo.

É preciso que se tome a decisão corajosa como ação governamental, como o apoio do legislativo e do judiciário, por exemplo, da cobrança das taxas, dos impostos que são devidos neste campo de grandes empresas. Há uma lista já publicada de grandes empresas, que devem não milhões, mas bilhões, então é necessário de fato refocar, relocalizar a reforma da previdência.

É bom a gente destacar aqui a Reforma da Previdência é necessária, ela precisa ser feita, mas não está Reforma da Previdência, porque está reforma corta exatamente na parte mais fragilizada que é a parte dos trabalhadores. Então nós temos que encontrar um outro caminho.

  • As pessoas precisam ir para as ruas hoje?

Precisam ir para as ruas, eu vou dizer para você e digo para todos que nos assistem, não há outro caminho, não há, ou a população manifesta o seu desejo, ou o povo brasileiro, homens, mulheres, jovens, envolvam também os adolescentes para ir aprendendo a ser cidadãos participativos. Isso é muito cativo, precisa manifestar que não está satisfeito com essa direção que está sendo tomada, com a esperança de um Brasil melhor.

 

Com informações do site A12.com

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