Rádio 9 de Julho terá nova programação

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07 de julho de 2018

A rádio 9 de Julho começa, na terça-feira, 10, sua nova programação. A reformulação da grade com a inserção de novos programas, bem como mudanças de horários e ampliação do espaço de jornalismo, foi pensada em vista de uma futura migração da faixa AM para a FM. A migração de faixa é uma antiga reivindicação dos radiodifusores e foi autorizada por um decreto presidencial em 2013. 

Em janeiro deste ano, o Governo Federal ampliou os prazos para que novas emissoras possam solicitar a mudança. De acordo com uma reportagem publicada pela Agência Brasil em 10 de janeiro de 2018, das 1.781 rádios AM no Brasil, 1,5 mil já solicitaram a mudança. 

Em entrevista ao jornal O SÃO PAULO, Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação, que assumiu a direção geral da rádio no início de abril, afirmou que a rádio 9 de Julho tem pensado sua programação dentro de um projeto que incluiu mudanças no Vicariato da Comunicação. 

“Pensamos na integração dos meios de comunicação da Arquidiocese e a primeira fase foi a unificação da rádio e do jornal O SÃO PAULO . Agora estamos na fase da reformulação da programação”, explicou Dom Devair. 

Adriana Rodrigues, da Uniti, empresa de assessoria e consultoria de comunicação e marketing, comentou que a mudança será gradativa e começará no dia 10: “Queremos respeitar todos os ouvintes que acompanham a rádio e, por isso, não é uma mudança geral, mas parcial e que será feita aos poucos.” 

Além disso, Adriana salientou que foi feito um trabalho de audição e uma avaliação junto ao departamento comercial, para que a mudança aconteça de maneira adequada. “Nosso objetivo, acima de tudo, é evangelizar e informar com credibilidade, mas precisamos pensar em novos parceiros que auxiliem também na manutenção”, continuou. 

 

NOVA FASE

Novas modalidades de interação com o público fazem parte desta fase, bem como uma presença efetiva nas redes sociais. “Queremos reformular também os ouvintes, ou seja, chegar a outros públicos, e as redes sociais têm um papel importantíssimo”, disse o Diretor da rádio 9 de Julho , que falou sobre os programas que estão sendo pensados para grupos específicos, como o “Espaço Mulher”, apresentado por Nice Passos, com quadros e entrevistas voltados para o público feminino. 

O programa “Bom dia, Povo de Deus” continuará a ser apresentado pela manhã pelo Padre Antonio Aparecido  Pereira (Padre Cido) e Cidinha Fernandes, mas um novo programa fará parte das manhãs dos ouvintes: “Ora, Família”, transmitido de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com o Padre Marcos Roberto Pires, Pároco da Paróquia Santíssima Trindade, que está localizada no bairro do Butantã. Padre Marcos é cantor e apresentador do programa “Hora da Família”, veiculado pela Rede Vida de Televisão . 

“Que grande alegria estarmos aqui fazendo parte desta família”, disse Padre Marcos durante entrevista ao programa “Bom dia, Povo de Deus”. Segundo ele, “a ideia é termos um programa totalmente voltado para a família, com meditações da Palavra de Deus”. 

Por ocasião da comemoração dos 18 anos da rádio 9 de Julho , que aconteceu no dia 21 de outubro de 2017, no Mosteiro da Luz, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, enviou aos ouvintes a seguinte mensagem: “Que nossa rádio católica possa estar sempre a serviço da vida e da missão da Igreja, para comunicar a toda a cidade de São Paulo as mensagens boas do Evangelho e da Palavra de Deus, para que nessa cidade todos possam ter vida e vida em abundância.”
 

 

HISTÓRIA

A rádio 9 de Julho nasceu em 1953 com autorização temporária para preparar e comemorar o 4º Centenário de fundação da cidade de São Paulo em 1954. Quando terminaram os festejos do 4º Centenário de São Paulo, o presidente da República em exercício, Café Filho, ofereceu a emissora à Arquidiocese de São Paulo. Inaugurada em 1956 como emissora da Fundação Metropolitana Paulista, ligada à Arquidiocese de São Paulo, a Rádio funcionou até 1973, quando sua concessão foi declarada perempta pela Ditadura Militar.

Assim que os transmissores da rádio foram lacrados, Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo, iniciou o longo processo para reavê-la. Em 1996, 23 anos depois, o Presidente Fernando Henrique Cardoso devolveu a emissora à Arquidiocese, acentuando que não estava fazendo um favor à Igreja de São Paulo, mas reparando uma injustiça.

A solenidade oficial de reinauguração da rádio aconteceu no dia 23 de outubro de 1999, com uma celebração no Mosteiro da Luz, que reuniu autoridades eclesiásticas e civis. A rádio 9 de Julho soma-se aos demais meios de comunicação da Igreja com uma programação em que se equilibram o anúncio do Evangelho, a formação, a informação e o entretenimento.

 

GRADE DE PROGRAMAÇÃO

Ouça em AM 1.600 kHz ou pelo site.

 

SEGUNDA A SEXTA-FEIRA


05h00 às 05h55 – Alvorada da Fé – Pe. Luiz Cláudio Braga e Cidinha Fernandes

05h55 às 06h00 – Mensagem de Esperança e Bênção – Pe. Claudio Weber, scj (Santuário

São Judas Tadeu)

06h00 às 06h55 – Acorda Brasil – Adriano Barbiero

06h55 às 07h00 – O Pão da Palavra – Pe. José Ronaldo, scj (Santuário São Judas Tadeu)

07h00 às 07h30 – Notícias em 30 – Rádio Aparecida

07h30 às 08h00 – A Igreja em Notícias – Pe. Edemilson Gonzaga e Cleide Barbosa

08h00 às 09h00 – Em Sintonia com a Fé – Pe. Aberio Christe

09h00 às 10h00 – Bom dia Povo de Deus – Pe. Cido Pereira e Cidinha Fernandes

10h00 às 11h00 – Experiência de Deus – Pe. Reginaldo Manzotti)

11h00 às 12h00 – Ora, Família – Pe. Marcos Roberto

12h00 às 12h05 – Ângelus

12h05 às 12h10 – Encontro com o Pastor – Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer

12h10 às 12h30 – Giro de Notícias – Cleide Barbosa

12h30 às 14h00 – A Volta do Sucesso – Altieris Barbiero

14h00 às 15h00 – Espaço Mulher – Nice Passos

15h00 às 16h00 – Hora da Providência – Pe. Bogaz e Equipe da Providência

16h00 às 16h10 – Palavras que Curam – Pe. Antônio dos Santos, scj (Santuário São Judas

Tadeu)

16h10 às 17h00 – Oração do Santo Terço – Padre Comunicadores

17h00 às 17h50 – Santa Missa diretamente do Santuário São Judas Tadeu

17h50 às 18h00 – A Missa Continua – Pe. Leandro Santos, scj (Santuário São Judas Tadeu)

18h00 às 18h30 – Sala Franciscana – Frei Gustavo Medella

18h30 às 19h00 – Musical As Mais Pedidas da 9 de Julho – Cidinha Fernandes

19h00 às 20h00 – A Voz do Brasil

20h00 às 20h05 – O Pão da Palavra – Pe. José Ronaldo, scj (Santuário São Judas Tadeu)

20h05 às 20h00 – Nos Passos de Paulo – Irmãs Paulinas

21h00 às 22h00 – Tempo de Paz – Pe. João Carlos

SÁBADO


05h00 às 05h55 – Alvorada da Fé – Pe. Luiz Cláudio Braga e Cidinha Fernandes

05h55 às 06h00 – Mensagem de Esperança e Bênção – Pe. Claudio Weber, scj (Santuário

São Judas Tadeu)

06h00 às 06h55 – Acorda Brasil – Adriano Barbiero

06h55 às 07h00 – O Pão da Palavra – Pe. José Ronaldo, scj (Santuário São Judas Tadeu)

07h00 às 07h30 – Cotidiano – Rádio Aparecida

07h30 às 08h00 – A Igreja em Notícias – Pe. Edemilson Gonzaga e Cleide Barbosa

08h00 às 09h00 – Teologia na Vida da Igreja – Pe. Valeriano Costa

09h00 às 10h00 – Para que Minha Vida se Transforme – Dra. Maria Salette

10h00 às 11h00 – Experiência de Deus – Pe. Reginaldo Manzotti

11h00 às 12h00 – A Caminho do Reino – Cônego José Renato Ferreira

12h00 às 12h05 – Ângelus

12h05 às 12h10 – Encontro com o Pastor – Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer

12h10 às 13h00 – Construindo Cidadania – Pe. Cido Pereira e Cidinha Fernandes

13h00 às 14h00 – Devoto de Frei Galvão – Cláudio Fontana

14h00 às 15h00 – Rolê Jovem – Pe. Rodrigo Freitas

15h00 às 16h00 – Certas Canções – Cônego Antonio Manzatto

16h00 às 17h00 – Missa dos Amigos da Rádio 9 de Julho

17h00 às 18h00 – Tocando em Frente – Ivanildo de Andrade

18h00 às 18h30 – Celebração do Restauro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida

18h30 às 19h00 – Ciranda da Comunidade – Larissa Freitas

19h00 às 20h00 – Bíblia em Diálogo – Prof. Matthias Grenzer

20h00 às 20h05 – O Pão da Palavra – Pe. José Ronaldo, scj (Santuário São Judas Tadeu)

20h05 às 21h00 – Cidadania e Meio Ambiente – Larissa Freitas

21h00 às 21h05 – Consagração a Nossa Senhora da Penha

21h05 às 22h00 – Caravela do Fado – Pe. Armênio Nogueira

22h00 às 05h00 – Com a Mãe Aparecida

DOMINGO


05h00 às 07h- Amanhecer no Sertão – Josiene e Josival

07h00 às 07h30 – Escola Bíblica – Pe. Tarcísio de Mesquita

07h35 às 07h45 – Momento com a Capela Santa Cruz dos Enforcados – Pe. Enivaldo dos

Santos

07h45 às 08h00 – Semana do Papa

08h00 às 09h30 – Cantares de Além Mar – Jefferson Silveira

09h30 às 10h30 – Camisa 9 – Daniel Gomes, Flávio Rogério e Fábio Augusto

10h30 às 11h00 – Vem e Segue-me – Pe. Messias de Moraes e Equipe Vocacional

11h00 às 12h15 – Santa Missa com Cardeal Dom Odilo Scherer

12h15 às 13h00 – Fãs com a 9 – Larissa Freitas

13h às 14h – Uma Conversa – Pe. Pedro Luiz e Pe. Alexandre Ferreira

14h às 15h – Certas Canções – Cônego Antonio Manzatto

15h às 16h – Família, Fonte de Amor e Vida – Pe. Aldo e casais amigos

16h às 17h – Entre Agendas – Cleide Barbosa

17h às 18h – Latino América no Ar – Miguel Ahumada e Patricia Rivarola

18h00 às 18h30 – Viver a Liturgia – Frei José Moacyr Cadenassi

18h30 às 19h – A Oração do Santo Terço – Pe. Luiz Claudio Braga

19h às 20h – Fé Explicada – Paulo Miziara

20h às 21h – Espaço Brasil – Nice Passos

21h às 22h – Recado Novo – Pe. Enivaldo dos Santos Vale

22h às 05h – Com a Mãe Aparecida

 

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Papa nomeia o jornalista Paolo Ruffini como novo prefeito do Dicastério para a Comunicação

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05 de julho de 2018

O Papa Francisco nomeou prefeito do Dicastério para a Comunicação o jornalista Paolo Ruffini, até agora diretor da TV2000, a rede de televisão da Conferência Episcopal Italiana.

Nascido em Palermo em 4 de outubro de 1956, Ruffini formou-se em Direito na Universidade La Sapienza de Roma. É jornalista profissional desde 1979. Em 1986 casou-se com Maria Argenti. Trabalhou em vários jornais: Il Mattino de Náples (1979-1986); Il Messaggero de Roma (1986-1996); no setor rádio: Rádio-jornal Rai (1996-2002); e na televisão Rai3 (1998-2002); Rádio 1 (1999-2002); Rádio Inblu (2014-2018); e na televisão: Rai3 (2002-2011); La 7 (2011-2014); Tv2000 (2014-2018).

Recebeu vários prêmios de jornalismo e participou de várias conferências de estudo sobre o papel dos cristãos na informação, a ética da comunicação e as novas mídias.

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24 de fevereiro de 2021

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‘Redes sociais são pontes para chegar a outras pessoas’

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08 de mai de 2018

Muitos usuários de redes sociais começam a perceber a necessidade de pensar melhor acerca da vida on-line. O recente escândalo do Facebook com a empresa Cambridge Analytica, no qual a rede social divulgou informações de pelo menos 87 milhões de usuários, desde 2014, veio reforçar essa preocupação. 

Por outro lado, há algumas décadas, a Igreja olha para a internet como ambiente profícuo para a evangelização. Nesse contexto, O SÃO PAULO conversou com a Irmã Xiskya Valladares, doutora em Comunicação e professora universitária no Centro de Ensino Superior Alberta Giménez, em Mallorca, na Espanha. 

Irmã Xiskya é especialista em redes sociais e fundadora da Associação iMision (www.imision.org), que promove formação para a evangelização na internet. Ela acaba de lançar um livro chamado “Buenas prácticas para evangelizar en Facebook” (Boas práticas para evangelizar no Facebook), que pode ser adquirido on-line. 

“As redes sociais são uma ponte para chegar às pessoas e encaminhá-las para algo mais além”, diz sobre as oportunidades de transmitir a mensagem de Cristo. “Levam a conhecer novas pessoas e a encarar comunicações fora da rede”, avalia. 

Realista, ela entende que o Facebook não é a melhor rede para ir ao encontro de pessoas diferentes, pois o sistema “não favorece que você saia do entorno das pessoas que pensam igual a você”. Ainda assim, defende que ter conhecimento técnico pode levar a estratégias de comunicação mais eficazes. 

 

O SÃO PAULO - POR QUE ESCREVER SOBRE A EVANGELIZAÇÃO NO FACEBOOK?

Irmã Xiskya Valladares -

Primeiro, escrevi um livro sobre como evangelizar no Twitter. Foi um pequeno capítulo da minha tese de doutorado. Depois, percebi que a maioria das pessoas católicas estão no Facebook. É a rede social com mais usuários católicos, e com mais usuários em geral, no mundo. Claro que há muita boa vontade por parte das pessoas que querem usá-lo, mas há pouco conhecimento da parte técnica. Por isso, livro tem linguagem simples, para ser útil a qualquer pessoa.

 

POR QUE A IGREJA TEM DE ESTAR PRESENTE NAS REDES SOCIAIS?

Porque as redes sociais são ambientes onde as pessoas estão. Creio que os últimos Papas nos convidam a ir ao encontro dessas pessoas. Bento XVI as chama de “continente digital”, como um paralelismo como quando foram evangelizar a América. O Papa Francisco também nos diz que temos que sair às “ruas digitais” sem medo. E acredito que as pessoas estão aí porque é um lugar de encontro. São as novas praças públicas. São areópagos do mundo moderno. A Igreja tem de não só transmitir informações, mas também escutar e compartilhar com as pessoas, com o povo, com suas emoções, preocupações, perguntas e inquietudes.

 

UMA DAS CRÍTICAS FEITAS ÀS REDES É QUE PROMOVEM A AUTORREFERENCIALIDADE. VOCÊ CONCORDA?

Creio que algumas pessoas se tornam muito autorreferenciais, mas a maioria não. No Facebook é diferente do Twitter. O Facebook é a rede social mais recíproca, e por isso há mais autorreferencialidade. Mais do que no Twitter. Esta é uma das coisas que o Papa Francisco nos pede que evitemos. Se você é muito autorreferencial, inclusive se você é uma marca grande e importante, internacional, as pessoas não querem seguir você. Mas se você vai lhes levar algo, um valor agregado, algo que lhes faça pensar, então as pessoas querem. A regra geral é que só 20% das suas publicações sejam próprias, informações da própria marca ou instituição, e que 80% seja mais para as pessoas. É preciso pensar na audiência, nos seguidores, amigos e fãs.

 

O CONTRÁRIO DA AUTORREFERENCIALIDADE É O TESTEMUNHO?

Claro. É o testemunho pensando nos demais. O que precisam os demais? O testemunho não se faz sozinho. Falando de instituições, para estar nas redes sociais de maneira eficaz é preciso pensar bem, planejar bem. O testemunho, sobretudo, é essa escuta, esse diálogo, esse levar algo que seja útil para os outros.

 

O TESTEMUNHO É APRESENTAR-SE COMO CRISTÃO?

Sim, mas não só compartilhando mensagens expressamente religiosas. Porque não existe uma pessoa que esteja o tempo todo falando só de religião na vida real. E assim é também no digital. Compartilhar continuamente mensagem religiosas não ajuda nada. E isso também acaba sendo autorreferencial. Creio que é preciso ser você mesmo, como você é nas ruas, com os amigos, com a família, com as pessoas, transmitindo valores. Se acontece algo, em nível mundial, é interessante fazer uma leitura dessa realidade. Isso leva muito mais do que copiar uma citação do Evangelho, pois está conectado com os interesses das pessoas. Ou seja, não dar respostas demais, mas lançar perguntas.

 

É POSSÍVEL QUE ALGUÉM TENHA UMA VERDADEIRA EXPERIÊNCIA DE CONVERSÃO POR CAUSA DE ALGO QUE VIU NA INTERNET?

Sim, e posso contar a você uma experiência, de um diretor de um jornal que morreu há dois anos. Ele me encontrou nas redes, muitos anos antes, e a partir desse momento tivemos diálogos muito profundos. Ele era ateu e marxista. No entanto, quando morreu, ele estava reconciliado com a Igreja, havia se confessado, comungava e rezava o Terço todos os dias. Isso é uma experiência que ninguém imagina, mas é muito real.

 

ENTÃO, AS REDES PODEM LEVAR A UMA REFLEXÃO...

Leva a diálogos fora das redes, que são mais profundos. Isso leva a conhecer novas pessoas e a encarar comunicações fora da rede, mas que começaram na rede. As redes são um trampolim, uma ponte para chegar nas pessoas e encaminhá-las para algo mais além.

 

SEU LIVRO DIZ QUE O FACEBOOK NÃO É A REDE MAIS IDÔNEA PARA CHEGAR ÀS PESSOAS DISTANTES. POR QUÊ?

Porque quando se trata de contas pessoais, as conexões são recíprocas. Então, normalmente se tornam seus amigos as pessoas que já simpatizam com as suas ideias. Se você cria uma página (fanpage) os algoritmos do Facebook não favorecem que você saia do entorno das pessoas que pensam igual. A principal dificuldade é como funciona o Facebook e como faz seus algoritmos. Isso dificulta muito se conectar com pessoas mais distantes ou que pensam diferente de você.

 

O MOTIVO PARA O FACEBOOK FAZER ISSO É SABER O QUE VENDER AOS USUÁRIOS, CERTO?

Sim, sim.

 

O QUE É O “ALGORITMO” DO FACEBOOK?

É um código informático pelo qual se dá visibilidade às mensagens que as pessoas publicam. Esse código vai automatizar as mensagens e dizer “esta aqui tem mais pontos” ou “esta tem menos pontos”, em termos de visibilidade. É uma máquina que decide, não uma pessoa. Como o Facebook está pensado para a publicidade, eles precisam desse tipo de segmentação. Se quero vender uma moto, vou escrever para as pessoas que querem uma moto. Não vou mandar para senhoras idosas, por exemplo. O algoritmo favorece que a moto seja apresentada só para as pessoas que estão interessadas: gente mais jovem, mais meninos do que meninas. Isso funciona em tudo no Facebook.

 

 

O MESMO PARA MENSAGENS RELIGIOSAS?

Se vou publicar algo relacionado ao Evangelho, ele vai apresentar mais facilmente para pessoas que mostraram um interesse religioso, católico ou cristão. Não para outros. Por que eu nunca leio o que escrevem os muçulmanos? Porque o Facebook sabe que sou católico. Isso não favorece o encontro.

 

AINDA ASSIM, TEMOS QUE TENTAR USAR O MECANISMO A NOSSO FAVOR…

Exato. Para isso, falta transformar nossa linguagem, transformar nossas imagens, e apresentar algo mais real, o que as pessoas querem ver. Pensar no público a que nos dirigimos. Os grupos são muito importantes, pois o algoritmo não é tão duro com os grupos quanto com as fanpages.

 

QUAL É A DIFERENÇA, NO FACEBOOK, ENTRE GRUPO, PÁGINA E CONTA PESSOAL?

As contas pessoais só podem ser de pessoas concretas, com nome e sobrenome, e são mais limitadas nas estatísticas. Os grupos se parecem com contas pessoais, mas são de muitas pessoas, e não têm estatísticas. As páginas são as únicas que estão pensadas para instituições, marcas comerciais, ONGs, qualquer tipo de marca que não é uma pessoa, inclusive personagens públicos. Oferecem, portanto, um monte de estatísticas. Você pode jogar com elas para melhorar a sua visibilidade no Facebook. Já nos grupos, não. Acredito que não podemos ficar só com a página, mas é necessário ter um grupo também, pois ajuda a visibilizar o que publica a página; e a página, para medir as estatísticas, usar mais ferramentas, e dar a informação mais oficial da sua marca.

 

 

O QUE VOCÊ PENSA DA MANEIRA COMO O FACEBOOK USA OS DADOS DOS USUÁRIOS? RECENTEMENTE, O FUNDADOR, MARK ZUCKERBERG, TEVE QUE DAR EXPLICAÇÕES NO SENADO DOS ESTADOS UNIDOS

 

O problema está em que somos nós mesmos que cedemos nossos dados, mas não temos a educação suficiente para saber que dados estamos dando. Ninguém obriga o Facebook a publicar todos os nossos dados. Somos nós mesmos que o fazemos. O Facebook só pede um nome de usuário e e-mail, obrigatórios. Porém, todo mundo coloca todos os dados. E voltamos a cedê-los cada vez que damos permissão a um aplicativo para que se conecte por meio da conta do Facebook. E nem sempre somos conscientes disso. O que falta é educação digital para que as pessoas saibam o que estão dando, onde e para quê.

 

É ALGO QUE JÁ VEM ACONTECENDO HÁ ALGUNS ANOS…

Não é uma questão nova, não é algo que só o Facebook faz. Todas as redes sociais fazem o mesmo, inclusive o Google. Quando temos nossos dados no Google, Gmail, no Google Drive, estamos dando um monte de dados e informações que podem ser aproveitadas para a publicidade. Proibir ou censurar o Facebook de obter dados também limita a liberdade das pessoas. Mas falta educação para que as pessoas saibam o que estão dando, onde e para quê. Esse é o problema principal. Os governos têm que se preocupar, não só com a privacidade, mas que nas escolas haja educação digital

 

MAS A EMPRESA TEM QUE SER MAIS ABERTA SOBRE COMO USA OS DADOS?

A empresa quer a publicidade. Pode-se exigir que seja um pouco mais transparente em conhecer que dados estão usando para entregar a terceiros. Mas as pessoas abrem uma conta e aceitam as condições sem ler nada. O Facebook agora te pergunta se você quer compartilhar dados, de forma mais evidente, mas já fazia isso.

 

QUE SUGESTÕES PODE DAR ÀS PESSOAS PARA MELHORAR A PRESENÇA NO FACEBOOK?

Sobretudo, subir vídeos diretamente no Facebook, e não links por meio de outras plataformas, como YouTube. Utilizar Facebook Live, para transmitir vídeos ao vivo. Tudo isso ajuda muito a melhorar a visibilidade. Também cuidar muito da parte estética da conta, porque há pessoas que não colocam a foto, que não querem pôr o nome real… isso dá falta de credibilidade. Também evitar colocar só mensagens religiosas e, portanto, lançar mensagens de qualidades, não besteiras do tipo “estou comendo isso, essa é a foto do meu gato”. Isso não promove nada. E, depois, responder e compartilhar as coisas de outras pessoas. Não só publicar, mas levar ao mural o que é interessante dos outros. Não só emitir, mas realmente entrar em diálogo.

 

As opiniões expressas na seção “com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


 

 

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Papa: A busca da verdade é o mais radical antídoto ao vírus da falsidade

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24 de janeiro de 2018

Nesta quarta-feira, 24 de janeiro, festa de São Francisco de Sales, padroeiro da imprensa católica, foi divulgada por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais a mensagem do Papa Francisco aos comunicadores de todo o mundo. O tema é: "A verdade vos tornará livres (Jo 8,32). Fake News e jornalismo de paz".

Numa mensagem articulada em 4 pontos, o Papa Francisco pede aos homens da comunicação que voltem aos fundamentos de sua profissão, ou melhor, à sua “missão”: “ser guardiões das notícias”.

O tema da mensagem é de grande atualidade, no entanto, o Papa recorda que já em 1972 o seu predecessor Paulo VI escolhera para o Dia das Comunicações Sociais o tema da informação “a serviço da verdade”.

Precisamos de um jornalismo que “não queime as notícias”, mas busque sempre a verdade e seja sempre “comprometido a indicar soluções alternativas às “escalation” do clamor e da violência verbal”.

 

A desinformação desacredita as pessoas e fomenta conflitos

Na primeira parte da Mensagem, o Papa analisa o fenômeno das “fake news”. As falsas notícias, observa, visam “enganar e até mesmo manipular o destinatário”. Observa que às vezes sua difusão visa “influenciar as escolhas políticas e favorecer os lucros económicos”. Hoje em dia, sua difusão “pode contar com um uso manipulador das redes sociais” que tornam “virais” as notícias falsas.

O drama da desinformação, adverte Francesco, é “o descrédito do outro, a sua representação como inimigo” que pode até mesmo “fomentar conflitos”. Francisco destaca que muitas vezes afunda suas raízes “na sede de poder” que “se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do coração”.

 

Fake news baseiam-se na “lógica da serpente”, nunca são inofensivas

Todos, exorta a Mensagem, somos chamados a contrastar essas falsidades e chamar a atenção para as “iniciativas educativas” que ajudam a “não ser divulgadores inconscientes de desinformação, mas atores do seu desvendamento”. E aqui o Papa, voltando ao Livro do Gênesis, observa que, na base das notícias falas, há a “lógica da serpente” que, de alguma forma, tornou-se “artífice da primeira fake news”.

O tentador, lê-se na Mensagem, “assume uma aparência credível” e concentra-se "na sedução que abre caminho no coração do homem com argumentos falsos e sedutores”. Precisamente como as notícias falsas. Este episódio bíblico mostra que “nenhuma desinformação é inofensiva; antes pelo contrário, fiar-se daquilo que é falso produz consequências nefastas”, já que também “uma distorção da verdade aparentemente leve pode ter efeitos perigosos”.

 

A busca da verdade é o mais radical antídoto ao vírus da falsidade

“Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras – escreve Francisco citando Dostoevskij, autor que muito aprecia - chega ao ponto de já não poder distinguir a verdade”. E precisamente a verdade, sublinha a Mensagem, é o antídoto mais radical ao “vírus da falsidade”.

Portanto, ampliando o horizonte, o Papa enfatiza que a “libertação da falsidade e a busca do relacionamento” são os “dois ingredientes que não podem faltar, para que as nossas palavras e os nossos gestos sejam verdadeiros, autênticos e fiáveis”.

 

O jornalista seja “guardião das notícias”, vencendo a lógica do scoop

As pessoas e não as estratégias, sublinha o Papa, são o melhor “antídoto contra falsidades”. As pessoas, acrescenta, que “livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga dum diálogo sincero, deixam emergir a verdade”. Evidencia assim a responsabilidade dos jornalistas ao informar.

O jornalista, observa a Mensagem, é o “guardião das notícias” e tem a tarefa, “no frenesi das notícias e na voragem dos “scoop”, de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a “audience”, mas as pessoas”.

 

Promover um jornalismo de paz que cria comunhão

A Mensagem de Francisco termina com um forte apelo para um “jornalismo da paz”. Não se trata, adverte, de um "jornalismo «bonzinho», que negue a existência de problemas graves”, mas de um jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a “slogans” sensacionais e a declarações bombásticas”. Serve, escreve o Papa, um jornalismo “feito por pessoas para as pessoas, um jornalismo como “serviço”, que dê voz a quem não tem voz.

O documento se conclui com uma oração inspirada em São Francisco. Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão, é a invocação do Papa, “onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade; e onde houver falsidade, fazei que levemos verdade”.

 

(Alessandro Gisotti e Silvonei José - Vatican News)

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Rádio 9 de Julho: 18 anos no anúncio da Boa Nova

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26 de outubro de 2017

Há dezoito anos, no dia 23 de outubro de 1999, a 9 de Julho , a rádio da Igreja em São Paulo, retomou suas transmissões e a missão de difundir a Palavra de Deus em todos os pontos da cidade. No Mosteiro da Luz, no sábado, 21, os ouvintes se uniram aos comunicadores para comemorar mais um ano no ar da emissora. 

Por ocasião do aniversário, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, enviou aos ouvintes uma mensagem: “Que nossa rádio católica possa continuar a estar a serviço da vida e da missão da Igreja, para comunicar a toda a cidade de São Paulo as mensagens boas do Evangelho e da Palavra de Deus, para que nessa cidade todos possam ter vida e vida em abundância”.

 

Comunicadores do evangelho 

Em clima de festa e como parte das comemorações, comunicadores e colaboradores da rádio acompanharam os shows musicais e os momentos de lazer oferecidos aos ouvintes e participaram da missa presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação. 

“Quem coloca a sua esperança em Deus não se decepciona, quem confia a sua vida em Deus não perde o seu tempo, não aposta em uma coisa sem sentido. Deus não é uma história, uma fábula, um conto de fadas, mas é Aquele que dá sentido à nossa existência e é essa a Boa Nova do Evangelho que nós somos chamados a comunicar. Todos nós somos comunicadores do Evangelho”, afirmou o Bispo, ressaltando que, embora a Arquidiocese tenha muitos veículos de comunicação, “a melhor forma de comunicação da vida e da beleza de Deus é por meio do nosso 
testemunho. Somos Igreja e por onde nós passamos, comunicamos essa verdade”, enfatizou.

Ao final da missa, Dom Devair e o Cônego José Renato Ferreira, Diretor de Programação da Rádio, falaram da importância da colaboração dos fiéis para a manutenção dos meios de comunicação da Arquidiocese, por meio da campanha da “Família dos Amigos”.

“Nossa alegria é que todos os nossos desafios são enfrentados com o seu apoio, amiga e amigo ouvinte, gente fidelíssima que está conosco. Queremos agradecer a fidelidade de vocês, os integrantes da ‘Família dos Amigos’. Dom Devair, que é o Bispo representante das comunicações, tem nos ajudado de maneira muito próxima a concretizar mudanças importantes na nossa rádio”, concluiu o Cônego.

 

A história da radio 9 de Julho

-  1953: tem sua primeira abertura, no contexto das celebrações do IV centenário da cidade de São Paulo, comemorados no ano seguinte;
-  1956: inicia efetivamente suas atividades de evangelização, propagando a luta pelos direitos humanos e democráticos no País;
-  1973: a rádio deixa de operar em razão do embargo de seus transmissores, lacrados pelo regime militar. Ficaria fora do ar por 26 anos;
-  1996: Após grande empenho do Cardeal Paulo Evaristo Arns, há o fim do decreto que cassou o funcionamento da emissora;
-  1999: Cardeal Cláudio Hummes realiza a reabertura da rádio, que passa a operar em AM 1.600 kHz.
-  Dias atuais: Tem variada programação em jornalismo, cultura e religiosidade, sendo a voz da Arquidiocese de São Paulo, em sintonia com as orientações do Cardeal Odilo Scherer, Arcebispo Metropolitano

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Comissão Episcopal de Comunicação abre inscrições aos Prêmios de Comunicação da CNBB

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22 de setembro de 2017

A Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) iniciou na sexta-feira, 15 de setembro, o período de inscrições para os Prêmios de Comunicação da entidade que se estende até o dia 31 de janeiro de 2018. Cinco prêmios contemplam obras e profissionais no campo do Rádio, do Cinema, da TV, da Imprensa e da Internet.

Segundo Padre Rafael Vieira, membro da assessoria da Comissão e coordenador da Assessoria de Imprensa da CNBB, nesta edição, a 51ª da história dos Prêmios, a grande novidade é que o candidato vai fazer todo o processo online, isto é, não terá mais a necessidade de enviar material por vias postais. Em qualquer dia, hora e lugar, o interessado poderá acessar o hotsite dos prêmios que terá um banner fixo no site oficial da CNBB (www.cnbb.org.br) e realizar sua inscrição preenchendo todos os requisitos do formulário proposto.

É importante que cada fase do processo seja respeitada para o êxito da Inscrição: leitura e a aceitação das normas apresentadas no Regulamento/Edital; apresentação do trabalho que irá concorrer aos prêmios com resumo da obra e informações sobre o autor; e, finalmente, o upload ou apresentação de link do trabalho. Para quem quiser se dirigir diretamente ao hotsite, o endereço é o seguinte: http://premioscomunicacao.cnbb.org.br.

Os Prêmios

Pe. Rafael lembra que se trata de Prêmios semelhantes a outros concedidos por instituições brasileiras, mas com uma distinção: “os Prêmios da CNBB foram nascendo de acordo com a percepção do episcopado sobre a importância em se destacar obras e pessoas em cada um dos campos da comunicação”. “Eles são frutos de decisões dos bispos diante do desenvolvimento da comunicação e das suas implicâncias na vida dos brasileiros”, afirma.

O primeiro prêmio criado pela Conferência, o “Margarida de Prata”, que contempla obras e realizadores do Cinema, segundo Pe. Rafael, nasceu num tempo e num ambiente de plena efervescência cultural e de transformação quando as grandes telas eram grandemente responsáveis por levar uma mensagem de conscientização social e política ao público. “A primeira cerimônia de premiação aconteceu no prédio da Mitra Arquidiocesana do Rio de Janeiro, onde funcionava a CNBB, em 1967, reunindo pessoas engajadas em movimentos que buscavam transformação”, sublinhou.

Apesar do Rádio ter sido grandemente celebrado nas três décadas anteriores, somente em 1989, o organismo que, naquela época, cuidava dos meios de comunicação católicos no Brasil, a UNDA, criou o “Microfone de Prata” e que foi, posteriormente, passado para a gestão da CNBB. Pe. Rafael lembra que “o Rádio tem uma história fantástica de serviços à missão da Igreja no país inteiro e um prêmio dedicado a esse veículo é uma grande homenagem prestada por parte do episcopado”. Atualmente, a entidade que dá suporte na fase de escolha das obras é a Rede católica de Rádio (RCR).

O terceiro prêmio criado pela CNBB, o prêmio de Imprensa “Dom Helder Câmara” se deu por força de uma festa jubilar, em 2002, quando a Conferência completava 50 anos de existência. “Tratou-se de uma iniciativa que reunia duas dimensões da festa daquele cinquentenário: era o reconhecimento da Imprensa como grande parceira de missão da Conferência dos Bispos e uma justa homenagem a um dos seus fundadores que também foi um grande personagem recente do País e que sempre valorizou o trabalho dos meios de comunicação”, disse Pe. Rafael. O prêmio de Imprensa, no ano passado, destacou a reportagem “Terra bruta”, do jornal “O Estado de São Paulo” que mostrava a dura realidade da luta pela terra no interior do Brasil.

O prêmio de TV, “Clara de Assis”, criado em 2005, surgiu num momento em que o mundo inteiro passou pela experiência de testemunhar uma façanha global da TV ao levar para os lares de todo o planeta, os funerais do Papa João Paulo II. A cobertura do “Jornal Nacional” da Rede Globo foi um dos seus primeiros ganhadores e o jornalista Willian Bonner foi aos estúdios da Rede Vida, em Brasília, para receber o Prêmio da CNBB. Pe. Rafael, que estava presente na ocasião quando recebeu o Prêmio de Rádio pela direção do Jornal “Brasil Hoje” da RCR, lembra aquele dia: “mostraram cenas da Globo e todos os presentes ainda viviam as emoções daquele verdadeiro evento planetário e o fato de uma das mais importantes redes de TV do mundo ter enviado representante para receber a estatueta foi um sinal de prestígio e um belo começo da premiação de TV”.

O último prêmio criado pela CNBB foi o ano passado e, conforme disse Pe. Rafael, foi uma resposta que os bispos queriam ter dado muitos anos antes ao fenômeno da rede mundial dos computadores. O prêmio “Dom Luciano Mendes de Almeida”, portanto, fecha o ciclo de grandes homenagens da CNBB às mídias antigas e novas de modo que o universo da comunicação esteja contemplado pelo olhar do episcopado.

A última edição

Por meio de uma parceria com a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) de Trindade (GO), a cerimônia de entrega dos prêmios do ano passado foi gravada num antigo cinema da cidade. Os bispos compareceram por meio da Presidência, da Comissão de Comunicação e de boa parte dos membros do Regional Centro Oeste da CNBB. Além dos bispos, centenas de membros da paróquia local, agentes da pastoral da Comunicação e devotos do Divino Pai Eterno participaram da festa.

A edição cinquentenária dos Prêmios da Conferência ofereceu uma Menção Honrosa para simbolizar uma homenagem a todos os ganhadores – pessoas e obras de cinema – nas últimas cinco décadas: o crítico e professor de Cinema, Miguel Pereira, da PUC do Rio de Janeiro, o diretor Silvio Tendler, as atrizes Fernanda Montenegro e Dira Paes e o ator Rodrigo Santoro. Eles receberam o troféu “Ir. Dorothy Stang” das mãos do cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta.

Edição atual


Padre Rafael afirmou que ele e padre Antônio Xavier, também assssor, bem como toda a Comissão de Comunicação, presidida pelo arcebispo de Diamantina (MG), dom Darci José Nicioli, e que conta também com a presença de dom Devair Araújo e dom Roque Sousa, bispos auxiliares de São Paulo e do Rio de Janeiro respectivamente, estão empenhados na divulgação das inscrições para a edição do ano que vem: “Teremos, na prática, um pouco mais de quatro meses para mobilizar o Brasil inteiro. Sonhamos que nesta edição mais pessoas se interessem em apresentar seus bons trabalhos para serem apreciados pelos júris de especialistas e dos bispos. Os escolhidos, no final do processo, na verdade serão representantes de todos os que participarem mostrando que se pode fazer comunicação, com arte e competência, evidenciando valores humanos e cristãos”.

A modalidade online vai facilitar o processo e facilitar a inscrição de todos os interessados. Um aspecto que precisa ser esclarecido, segundo padre Rafael, é que os Prêmios de Comunicação da CNBB não foram criados para apenas indicar bons trabalhos feitos no interior das paróquias e dioceses, mas em todo o conjunto da sociedade brasileira. “os trabalhos feitos pelos católicos são alegremente acolhidos e julgados, mas há também muita alegria por parte dos organizadores dos Prêmios em acolher trabalhos feitos em ambientes não confessionais mostrando que valores legítimos e que engrandecem a vida humana cabem em todas as mentes e corações”, conclui.

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Goiânia (Go) sediará Mutirão de Comunicação em 2019

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26 de agosto de 2017

Entre os dias 16 e 20 deste mês, a Diocese de Joinville (SC) sediou o 10‘ Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom), com o tema “Educar para a comunicação”. Cerca de 800 pessoas, entre agentes de pastoral e profissionais da comunicação, participaram do evento, que, além das conferências centrais, contou com a realização de dez oficinas sobre práticas de comunicação, além de momentos culturais e exposição de cases .

Jornalista e doutora em Ciências de Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), a irmã paulina Helena Corazza foi a primeira a falar sobre Educomunicação, tema de suas pesquisas nos últimos anos. A Religiosa, que é diretora do Serviço à Pastoral da Comunicação (Sepac), acredita que a noção de educar para a comunicação nasceu fundamentalmente nas comunidades católicas e é um importante instrumento para melhorar a qualidade de vida das pessoas, tornando-as cidadãs mais conscientes.

Ao explicar os conceitos – chaves da Educomunicação, Irmã Helena foi demonstrando como todas as pastorais estão um pouco a serviço desse espírito de educar para a comunicação. “Modéstia a parte, a comunicação é o fio de ouro que une as pastorais”, disse.

A religiosa recordou que em 1997, durante a 35ª Assembleia Geral da CNBB, foi lançado o documento “Igreja e Comunicação rumo ao novo milênio”, que previa a meta de criação de Pastorais da Comunicação (Pascom) em todas as paróquias do Brasil. Vinte anos depois, mais importante que tentar chegar a essa meta indiscriminadamente, é formar uma nova consciência a respeito de uma comunicação crítica na Igreja. “Mas, é importante pensar como eu recebo as mensagens, como eu produzo? Esse poder precisa ser compartilhado”, defendeu. Autora de alguns livros na área, Irmã Helena acredita que os meios de comunicação são as escolas sem muro, mas é preciso saber usá-los. “Na passagem dos discípulos do Emaús, Jesus nos ensina como e por onde começar a comunicação. Precisamos entender com quem estamos falando e usar a linguagem deles”, avalia.

Alvo de constantes transformações, o Muticom nasceu com a vocação de ser um espaço competente e credenciado para que a Igreja pudesse debater desafios do universo da comunicação, com vistas a um horizonte prático e acadêmico.

No encerramento do evento, Dom Darci Nicioli, Arcebispo de Diamantina (MG) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, anunciou a cidade de Goiânia (GO) como sede do próximo Muticom, previsto para julho de 2019. Segundo apurou a reportagem do O SÃO PAULO , a comissão nacional pretende testar novos formatos para o evento – tornando-o mais dinâmico e, possivelmente, com um público alvo melhor definido. “Ainda é cedo para falarmos algo concreto, mas, no campo das ideias, já temos um turbilhão de possibilidades”, disse Talita Salgado, Assessora de Comunicação da Arquidiocese de Goiânia e membro da Comissão Organizadora do próximo Muticom. “Como já temos a experiência do Encontro Nacional de Pascom, a busca é para que o Muticom, cada vez mais, tenha um perfil próprio, e o formato do próximo evento vai levar em consideração essa ‘identidade’, as experiências já vividas e as avaliações feitas pelos participantes ao longo das edições anteriores”. “Assim como a comunicação se modifica, o Muticom, naturalmente, irá acompanhar essas mudanças, sempre à luz do Evangelho”, adianta.

Avaliação positiva aponta profissiomalização 

Bem avaliado entre a maioria dos participantes, o Muticom em Joinville mostrou que a preocupação da Igreja em profissionalizar sua comunicação é um caminho importante que tem me
lhorado a qualidade da evangelização. “Temos um bom conteúdo, mas não podemos ignorar a forma do que comunicamos”, ponderou Irmã Helena Corazza. 

Novo portal da Santa Sé

Com a presença do  Prefeito para a Secretaria da Comunicação da Santa Sé, Monsenhor Dario Viganò, na abertura do Mutirão Brasileiro de Comunicação, em Joinville, a reforma da mídia vaticana foi o principal assunto da primeira noite do evento. Falando sobre a “revolução” promovida pelo Papa Francisco no modo como a Igreja se comunica, Monsenhor Viganò destacou que é pela simplicidade que o Pontífice está mudando a imagem da instituição. O Monsenhor anunciou que um novo site de notícias da Santa Sé deve ser lançado ainda até o fim deste ano. Segundo ele, o novo portal será a parte visível de todo o processo de integração dos meios promovido pela reforma e deverá ser mais dinâmico que o atual – que permanecerá para a divulgação de documentos e informações oficiais.
 

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Um brasileiro na ‘Rádio do Papa’

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26 de julho de 2017

Há 27 anos como jornalista na rádio Vaticano, o brasileiro Silvonei José Protz acompanhou três pontificados. Natural de Guarapuava (PR), Silvonei é doutor em Comunicação, formado em Jornalismo, Economia e Sociologia. Atual diretor do “Programa Brasileiro” da rádio Vaticano , Silvonei também é professor de comunicação nas pontifícias universidades Gregoriana e Urbaniana e no Centro Cultural da Embaixada do Brasil junto ao Governo italiano. Em entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO, o jornalista falou sobre seu trabalho e destacou as mudanças que estão acontecendo na comunicação da Santa Sé. Confira a entrevista

O SÃO PAULO – Como você foi parar na Rádio Vaticano? Você começou no jornalismo laico?

Silvonei José – Minha experiência com o jornalismo laico foi breve, pois desde o início da minha carreira, com exceção de Angra dos Reis (RJ) e Pato Branco (PR), eu sempre militei na mídia católica. Mas tenho um grande contato com a mídia leiga pelo fato de ser o Diretor do Programa Brasileiro da Rádio Vaticano. Posso dizer que, mesmo quando navegava na imprensa leiga, a minha preocupação sempre foi a utopia da verdade, o desejo de ser ponte entre os eventos e as pessoas.

A minha experiência no jornalismo ligado à Igreja Católica foi desde o início um crescendo de aprendizagem. Temos sempre algo a aprender. Iniciei na Rádio da minha Diocese, Rádio Cultura de Guarapuava, e dali fui para a Rádio Aparecida, SP. Depois de uma breve passagem por Angra e Rio de Janeiro fui para Pato Branco e depois Roma, Rádio Vaticano. Momentos diferentes, realidades diferentes, mas sempre um caminho de aprendizagem. Tive ao longo de minha vida profissional muitos professores que se tornaram e ainda são meus amigos. Não cito nomes, mas cada um deles sabe o quanto foram importantes na minha vida. Recordo somente dois deles: Padre Zezinho com quem trabalhei na Rádio Aparecida e Padre Ronoaldo Pelaquin que na época era o Diretor Artístico da emissora.

Foi o Padre Pelaquin quando se tornou Diretor do Programa Brasileiro da Rádio Vaticano a me convidar a fazer parte da equipe. Eu tinha ido a Roma para fazer um curso de Marketing e ali encontrei Padre Pelaquin que estava fazendo um curso de cinema. Ele ainda não estava na Rádio Vaticano. Quando voltei ao Brasil, depois de alguns meses ele me telefonou convidando a retornar a Roma e a fazer parte da equipe da Rádio do Papa. Aceitei por 6 meses e já são 27 anos. Hoje poder comunicar de Roma para o mundo o magistério de Pedro, a vida da Igreja nos quatro cantos do planeta e ter uma visão de conjunto dos países é um privilégio que procuro corresponder com o meu trabalho.

Como foi acompanhar três diferentes pontificados?

Como disse antes é um privilégio servir o Papa e a Santa Sé. Passaram-se 27 anos e 3 papas. Exercer o trabalho jornalístico no meio eclesial, e principalmente papal, é um sentimento difícil de descrever, pois, é uma honra poder cumprir minha missão na Rádio do Papa. Sentimento de gratidão certamente a Deus pelo dom que ele me deu, mas também às pessoas que acreditaram em mim e no meu trabalho. Sinto uma grande alegria em poder servir a minha Igreja através do serviço prestado, hoje, ao Papa Francisco. Mas também é uma grande responsabilidade com a qual eu me confronto todos os dias.

Foram pontificados diferentes: João Paulo II, o homem que abriu a Igreja ao mundo, o peregrino incansável que visitou todos os ângulos da terra. Uma grande gama de trabalho para nós jornalistas. Já o Papa Bento XVI, além de suas viagens, foi o homem que trouxe para todos o significado real de ser cristão, ser católico, o homem que nos fez interrogar sobre a nossa fé. E agora Francisco, como o próprio nome diz, é o homem dos gestos concretos, da humildade que contagia, da misericórdia, do perdão. Francisco nos faz trabalhar muito porque é um Papa que não párar, está sempre em movimento, sempre em diálogo com o mundo.

Para você qual é a diferença de fazer comunicação no Vaticano?

Respondo esta pergunta citando o primeiro encontro de Francisco com a imprensa no dia 16 de março de 2013. Naquela ocasião, o Papa recordou o sempre maior papel da mídia, a ponto de se tornar indispensável para narrar ao mundo os acontecimentos da história contemporânea.

Quase sempre os acontecimentos da história reclamam uma leitura complexa, podendo eventualmente incluir também a dimensão da fé. Certamente os acontecimentos eclesiais não são mais complicados do que os da política ou da economia; mas possuem uma característica fundamental própria: seguem uma lógica que não obedece primariamente a categorias por assim dizer mundanas e, por isso mesmo, não é fácil interpretá-los e comunicá-los a um público amplo e variado. É importante, disse Francisco, ter em devida conta este horizonte interpretativo, esta hermenêutica, para identificar o coração dos acontecimentos.

O Papa e o Vaticano têm uma grande consideração para com o mundo da comunicação, para com os comunicadores. O nosso trabalho, como de todos os jornalistas requer estudo, uma sensibilidade própria e experiência, como tantas outras profissões, mas implica também um cuidado especial pela verdade, a bondade e a beleza, recordou certa vez Francisco. Deveria resultar claramente que todos somos chamados, não a comunicar-nos a nós mesmos, mas esta tríade existencial formada pela verdade, a bondade e a beleza. Essa é sem dúvida uma abordagem que procuramos ter todos os dias no nosso trabalho e que deveria fazer refletir a todos aqueles que estão envolvidos com o mundo da comunicação. A diferença da nossa comunicação com as demais é que a nossa especificidade é levar ao mundo o magistério petrino e a boa nova do Evangelho, junto com a ação da Igreja no mundo e nas realidade locais.

Você pode compartilhar alguma experiência marcante do seu trabalho no Vaticano?

Creio que um dos momentos principais tenha sido a morte de João Paulo II. Eu trabalhei com ele 16 anos, e foram 16 anos muito intensos, seja como jornalista que o acompanhou no seu dia-a-dia e nas suas viagens, seja também espiritualmente, pois ele era uma pessoa que tocava seu coração. Jamais pude permanecer indiferente diante da sua pessoa. A sua morte, - mesmo sendo esperada – causou uma grande dor em todos nós que tivemos a alegria de trabalhar com ele e para ele. Mas ao mesmo tempo invadiu-nos uma alegria pela certeza, que “da janela do céu” ele continuaria a nos guiar e conduzir. A morte de JPII é um marco na minha vida de jornalista.

Atualmente tem acontecido mudanças na comunicação vaticana. Como você tem vivido esse processo?

O Vaticano procura estar presente em todos os meios de comunicação por meio do rádio, TV, redes sociais, jornais. Falo, por exemplo, da Rádio Vaticano, que neste momento está passando por um processo de integração com o Centro Televisivo Vaticano, já que ambos fazem parte da nova Secretaria para a Comunicação. A RV possui 40 redações linguísticas com 40 línguas diferentes, e ela é um modo concreto de levar o magistério petrino e a mensagem do Papa a todos os quadrantes do planeta. 40 línguas que nos possibilitam comunicar com todas as Igrejas locais presentes nos 5 continentes. Existe hoje uma grande preocupação de levar a voz do Papa, da Santa Sé a todas as realidades, por isso a utilização das redes sociais está ganhando cada vez mais importância, devido ao grande número de usuários. Rádio, TV, jornal, continuam sendo instrumentos importantes de comunicação do Vaticano e que, num breve futuro, estarão interligados em um único portal, para facilitar o acesso a todas as informações provenientes do Vaticano, seja das atividades do Papa, seja da atuação da Santa Sé e da Igreja em todo o mundo.

Com o nascimento da Secretaria para a Comunicação, todos os setores de comunicação vaticanos (Rádio, CTV, Jornal, Sala de Imprensa, Livraria Editora, Tipografia, Serviço Fotográfico, Internet) fazem parte da mesma família, e será um trabalho em sinergia, evitando duplos ou triplos trabalhos.

Qual é o futuro da Rádio Vaticano nesse processo?

Nós, como Programa Brasileiro da Rádio Vaticano, estamos nos reinventando para podermos atuar em todos os campos da mídia. Seremos cada vez mais multimídia. Nós já somos uma redação multimídia, mas agora com a Secretaria, faremos parte de uma grande redação central com 6 línguas (inglês, francês, italiano, espanhol, alemão, português) que dará a linha editorial para as demais línguas presentes na Rádio do Papa. Teremos também no futuro a participação do jornal L’Osservatore Romano. O nosso futuro como Rádio é estar cada vez mais perto das atividades do Papa e da Santa Sé e interagir cada vez mais com as redes de rádio no Brasil, para podermos chegar ainda mais facilmente às realidades locais. Traremos através dos nossos programas e do nosso site informações ainda mais abalisadas sobre o Vaticano e a Igreja dispersa em todo o mundo.

O Programa Brasileiro tem investido bastante nas redes sociais. Isso tornou a Rádio Vaticano mais conhecida entre as novas gerações?

Os nossos jovens estão nas redes sociais, são nativos do mundo digital, e nós temos a obrigação de estar ali, com eles, levando uma palavra de esperança, de fé. Investimos muito nas redes sociais pois temos a obrigação de estar presente no meio das novas gerações. Sem dúvida, a Rádio Vaticano se tornou muito conhecida no meio da nossa juventude e isso nos deixa muito feliz. Temos sempre respostas positivas das nossas matérias e postagens.

Recordo que a Igreja está presente nos meios de comunicação e deve aumentar a sua presença na mídia e nas redes sociais. Por isso é importante que a Igreja saiba dialogar, entrando nos ambientes criados pelas novas tecnologias, nas redes sociais, para tornar visível a sua presença. Esse é um mundo onde a Igreja deve estar presente e deve fazer ouvir a sua voz.

Sabemos que os nossos jovens estão cada vez mais presentes no mundo digital, nas Redes, muitos em busca de algo que possa ser útil para as suas vidas. É nesta busca que a Igreja deve ajudar.

Esse novo modelo de comunicação proposto pelo Vaticano poderá inspirar mudanças também na comunicação das igrejas locais?

Creio que cada realidade local tem as suas necessidades particulares. A Santa Sé está criando um modelo de comunicação para facilitar a divulgação da mensagem de “Pedro” e da Santa Sé. Em uma escala menor, em uma realidade menor, creio que é a mesma coisa. Penso em uma Diocese ou Arquidiocese que tem Rádio, TV, jornal, portal e não trabalham em sinergia, certamente teremos um trabalho dobrado e nem sempre com a eficiência que se poderia ter trabalhando juntos.

Há também uma grande preocupação de que os meios de comunicação da Santa Sé, não sejam somente visto como instrumentos de comunicação, mas como fonte de informação.

Tudo o que diz respeito à atividade do Papa, da Santa Sé e da Igreja no mundo, passa pela Secretaria de Comunicação, e através dela chega à grande mídia mundial. É cada vez mais importante esta ligação com a mídia mundial, pois a mídia mundial representa o acesso a bilhões de pessoas que talvez não conheçam ou não possam ter acesso aos meios de comunicação vaticanos. Uma ligação que também deveríamos aumentar no Brasil no que diz respeito aos meios de comunicação da Igreja.

Outra coisa. É necessária uma continuidade, pois as tecnologias se evoluem com uma velocidade impressionante. Mas junto com a evolução tecnológica, devemos também aprender a comunicar com uma nova linguagem, com uma linguagem mais adequada. Devemos chegar às pessoas de modo diferente para que a nossa mensagem seja bem recebida e possa contribuir na caminhada deste nosso mundo que passa por tantas dificuldades.

Que conselho você dá para aqueles que, como você, tem a missão de comunicar a vida e a missão da Igreja?

Temos como slogan na Redação brasileira “informar bem para formar bem”. Creio muito nisso, na qualidade da informação e na importância que ela tem. Graças a Deus temos hoje pastores na nossa Igreja que dão grande importância à comunicação e aos meios de comunicação. São dois aspectos que gostaria de sublinhar bem. Temos uma grande “notícia” para comunicar, a “boa Notícia”, e devemos, como cristãos ser comunicadores. A igreja nasceu para comunicar. Por isso, se não comunica, não corresponde à sua missão. Mas devemos aprender (se não sabemos) a comunicar, a dialogar com o coração e pensamento das pessoas. Todos estão sedentos da “boa Nova”, por isso, vamos comunicá-la bem. E os meios de comunicação são hoje os instrumentos que utilizamos para melhor comunicar e chegar às pessoas. Utilizar bem os meios é um desafio cotidiano. Um desafio que a nossa Igreja acolheu e hoje entrega esse desafio também nas nossas mãos, nas mãos dos leigos. Dai, a importância da formação que é essencial para responder às existências da nossa sociedade, que muitas vezes, está surda e cega aos apelos do ser humano.

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A reforma da comunicação no Vaticano

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30 de março de 2017

As rápidas mudanças na tecnologia e nos sistemas de comunicação exigem da Igreja uma perspicaz adaptação. O mundo digital, descrito pelos papas como cheio de oportunidades e perigos, é uma realidade da qual já não se pode escapar. Mas ainda feita de incertezas. A reforma das estruturas de comunicação do Vaticano é uma resposta a essas transformações. À frente dela, está o Monsenhor Dario Edoardo Viganò, que concedeu entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO na sede da Secretaria para a Comunicação, da qual é Prefeito, em 30 de janeiro, no Vaticano.

Embora nascido no Rio de Janeiro, pois seus pais passaram dez anos no Brasil, Monsenhor Viganò tem nacionalidade italiana. Após três anos como diretor do Centro Televisivo Vaticano (CTV), foi encarregado pelo Papa Francisco, em 2015, para conduzir uma profunda reformulação das mídias da Santa Sé. Além disso, é também professor de Comunicação e autor de vários livros.

A reforma de Viganò pretende unificar os vários departamentos de comunicação do Papa, como a Rádio Vaticano, o jornal L’Osservatore Romano, o CTV, a Sala de Imprensa, os sites e aplicativos. O Monsenhor explica que uma única central de informações permitirá um melhor “fluxo” das notícias, uma presença multimídia coordenada e uma simplificação das estruturas administrativas.

Na entrevista a seguir, ele fala em detalhe sobre essa reforma. Explica, por exemplo, como pretende aplicar à Santa Sé um famoso modelo de mercado: o da Disney. Também analisa o estilo de comunicação do Papa Francisco e a comunicação na Igreja de forma geral.
Com bom humor, o sacerdote procura aplicar uma gestão baseada em valores do Evangelho, mas rigorosa e mais eficaz no uso do dinheiro. Aplicar mal o dinheiro da Igreja é como “roubar dos pobres”, diz. “Não é possível usar o que as pessoas dão à caridade e aos pobres para cobrir os nossos custos.” Viganò demonstra, em seu forte vocabulário gerencial, que é necessário “transformar custos em investimentos”. Mas, no fim das contas, para ele a comunicação deve ser fruto de um verdadeiro “deixar-se seduzir pelo Evangelho”.

Quais são os pontos principais da reforma das comunicações da Santa Sé que o senhor está liderando?

É muito simples: como indicado no início do motu proprio [do Papa Francisco, quando criou a Secretaria para a Comunicação], o motivo para a reforma é o contexto de comunicação atual. Com mudanças no contexto, deve-se mudar o sistema de comunicação. Os meios de comunicação da Santa Sé, enraizados em uma grande, gloriosa e antiga tradição, devem se renovar conforme a cultura digital. Porém, a reforma nasceu nos anos 90. O Papa Francisco a está implementando, mas já falamos disso há mais de 20 anos.

O senhor costuma falar de dois critérios que os orientam...

O primeiro é apostólico. A mídia do Vaticano existe para comunicar, para tornar disponível, dentro das nossas possibilidades, que não são infinitas, a mensagem do Evangelho e o magistério do Papa. O segundo critério é uma prioridade na utilização de recursos econômicos, isto é, uma atitude de grande cautela no uso do dinheiro. Não é possível usar o que as pessoas dão à caridade e aos pobres para cobrir os nossos custos.

Pode explicar as mudanças estruturais mais significativas?

Aqui as palavras são importantes: diminuem-se as estruturas, permanecem os serviços. Caminhamos em direção ao estabelecimento de um grande e único content hub [central de conteúdo], o que já está acontecendo. Ele é composto por profissionais dos diferentes setores. Os jornalistas são das várias redações do que era a Rádio Vaticano, mas também do Centro Televisivo Vaticano e do que será o jornal L’Osservatore Romano. Falo também do apoio tecnológico, os técnicos, e quem faz edição de vídeo. Tudo em um content hub. Isso permitirá processar as notícias em maneira multimídia e seguir o fluxo do começo ao fim. Mas ao menos dois segmentos continuam reservados à supervisão da Secretaria de Estado: as comunicações oficiais da Sala de Imprensa da Santa Sé e os artigos de política do L’Osservatore Romano.

As igrejas particulares estão acompanhando a sua reforma. Vocês pensam sobre o impacto nas realidades locais?

Entendo que haja uma grande atenção para a Santa Sé, para a reestruturação do sistema comunicativo. Porém, em vez de duplicar nosso modelo, as igrejas são encorajadas a mergulhar numa reforma própria. Porque, hoje, não unificar [os departamentos de comunicação] é não ser capaz de fazer um bom serviço. Em um contexto digital, é natural que os profissionais, os recursos humanos sejam em sharing [compartilhamento]. Claro, o dinheiro não é nosso e deve ser bem gasto. Devemos transformar custo em investimento. Mas também é importante que vivamos uma experiência de serviço à Igreja. Uma diocese pode unificar rádio, jornal, possivelmente TV. Vão diminuir as figuras burocráticas e administrativas. Não estão olhando nossa reforma para fazer o mesmo, mas dizem: “Se até eles estão fazendo, nós também podemos fazer”.

O senhor diz que adotou o modelo Disney de comunicação. É um modelo forte, de mercado, muito conhecido...

Que funciona.

Funciona, com a diferença que a Disney é uma empresa. E existe para ganhar dinheiro...

E então? Ai de uma empresa se ela não ganhar dinheiro. É o seu primeiro dever moral. Como também é dividir, compartilhar. No entanto, é ganhar dinheiro.

A questão é como aplicar esse modelo de mercado à Igreja, mantendo o espírito apostólico que o senhor mencionou.

Um modelo é um modelo. Falei do modelo da Disney porque, do ponto de vista da formação do content hub, é o que mais me satisfaz. Com os nossos ajustes, é claro. O problema seria não ter um modelo. O critério apostólico nunca pode justificar a ignorância na gestão. Isso deve ser muito claro. A boa vontade e o critério apostólico não autorizam ninguém a desperdiçar dinheiro. Ter um modelo, mesmo que venha de um ambiente altamente comercial, ajuda a construir uma visão do working flow [fluxo de trabalho], maximizar as habilidades, o profissionalismo, tornar a comunicação mais eficaz, e conter custos. A ideia aqui é ter um modelo. Não é óbvio que seja o melhor, mas para mim é o melhor.

Então o modelo será adaptado...

Claro. Eu me preocupo muito com isto. Existe uma retórica de auto consolação na mídia católica: “No fundo temos que anunciar, mesmo que tenhamos prejuízo.” Não é verdade. De modo algum. Uma coisa é a comunicação institucional, que é um investimento na imagem. Não é um prejuízo. Outra coisa são as estruturas que produzem comunicação. No Brasil, por exemplo, não acho que a Canção Nova tenha como objetivo só falar da Igreja. Fala da Igreja tentando obter lucro. A retórica do auto consolo é para quem não consegue fazer bem o seu trabalho. Isto deve ser claro: se tem prejuízo, fechamos. O dinheiro é difícil de ganhar. Se não, estamos roubando dos pobres.

O que acontece com a Rádio Vaticano? Continua, não continua, continua de forma diferente?

Quando me fala de Rádio Vaticano, a que se refere?

Da rádio como a estrutura de transmissão por ondas de rádio.

Muitos me fazem essa pergunta, mas não sabem o que é a Rádio Vaticano hoje. A rádio radiofônica é uma experiência marginal da Rádio Vaticano. É uma coisa pequena, desde o Jubileu do ano 2000. A rádio se transformou em uma série de sites. Algumas redações não fazem nenhum serviço de rádio. A grande maioria é de 12 minutos por dia. Depois, há redações como a do Programa Brasileiro, que faz mais. “Diminuem-se as estruturas, continuam os serviços.” O que para nós é o rádio, de acordo com os manuais permanecerá na 105 FM, em Roma e arredores. No DAB [Digital Audio Broadcasting, a rádio digital], provavelmente vai em digital terrestre, nacional. E um app [aplicativo]. A rádio será em italiano, com notícias de última hora em algumas outras línguas. Ponto. Todo resto são redações linguísticas do famoso content hub. O que vão fazer? Depende do que vão ser capazes de fazer, mas não será distribuído nas ondas. Vai como podcasts [transmissão via internet], que, além dos custos têm uma grande vantagem: é possível colocá-los nas rádios locais como bem entenderem.

É uma grande mudança.

Mudanças sempre geram temores. Mas temos que ver a crise do trabalho na Europa e no mundo e ser conscientes do que significa ter um salário, o que não é insignificante aqui. Em segundo lugar, no mundo da comunicação, os grandes jovens profissionais têm grandes skills [habilidades] tecnológicas. Andam com um smartphone, editam sozinhos, fazem reportagens. Queremos essas pessoas. Há uma grande oportunidade para profissionais que estão confiantes na sua capacidade.

Como a Igreja pode tirar vantagem das novas mídias para espalhar suas mensagens?

As mídias digitais permitem que qualquer um seja um storyteller [contador de histórias]. O problema é a seriedade. Por exemplo, descontextualizar é um grande problema. Temos que aprender a discernir bem também no contexto digital. É claro que os meios digitais oferecem oportunidades para encontrar as pessoas. A Igreja é composta por homens e mulheres, e por isso está capacitada. Agora, se isso também pode ser um ambiente de evangelização, sou cauteloso. A evangelização tem a ver com o Evangelho e, é claro, com o encontro pessoal com o Senhor Jesus. Certamente ajuda conhecer, embarcar em um caminho de aprendizado. Mas ler não é suficiente para saber tudo.

A comunicação da Igreja deve ser mais pastoral ou mais do tipo Relações Públicas?

São coisas diferentes. Relações Públicas nesse sentido é a Comunicação Institucional, o que é importante. Por exemplo, para o orçamento de uma diocese, uma fundação... isto é, toda a comunicação importante para a transparência e a clareza. Diferente, no entanto, é a comunicação pastoral, que tem um elemento de engajamento. No Brasil, penso na Pastoral Carcerária, com todas as histórias dos agentes, dos capelães. É uma bela experiência para se contar. Em Salvador, na Bahia, eu conheci gente que, apesar de criminosos, tinha no coração um grande desejo de perdão de Deus. É preciso contar essas histórias.

Como o senhor descreve o estilo de comunicação do Papa Francisco?

Quem escuta o Papa percebe a verdade da história. É alguém que diz poucas palavras, mas conta a vida. Como Madre Teresa: mesmo quem não sabia a sua língua, percebia pelo som o poder da verdade de uma vida apaixonada pelo Evangelho e pelos pobres. O segundo aspecto do Papa Francisco é que não dá a ninguém o papel de antagonista do Evangelho. Qualquer experiência humana, de qualquer homem e qualquer mulher, em qualquer situação, pode encontrar o Evangelho. Claro que isso inclui uma conversão. Mas cada um, ao não se sentir excluído, se sente envolvido.

Papa Francisco diz que é preciso romper o ciclo vicioso de “más notícias”. Como é possível?

Quando ele fala isso, não diz: “Contem um mundo de contos de fadas”. O mundo, o Brasil, os jornais, o dia é marcado pelo mal. O mal que vemos na natureza, com terremotos, desastres, inundações. O mal da violência nas ruas, dia e noite. O mal existe. Mas o Papa nos diz que falar só do mal pode anestesiar as nossas consciências. Então, é claro que temos que dizer o que acontece, mas também falar ao mundo de bons homens e mulheres, jovens e velhos. Haverá violência em São Paulo, mas também as pessoas que acompanham as vítimas, que acolhem, que recuperam. Há tanto bem. De verdade.

O que o senhor diria às pessoas que trabalham em comunicação na Igreja, mesmo nas paróquias e pequenas comunidades?

Quanto mais alguém é apaixonado pelo Evangelho da misericórdia, mais se sente à vontade para contar a beleza e o fascínio do encontro com o Evangelho. Deixar-se seduzir pelo Evangelho. Porque, se nos deixamos pertencer a Deus, nos tornamos seus pés, suas mãos, e seu olhar.
 

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