NACIONAL

ESPORTE

Brasil é o melhor do mundo também no futsal para pessoas com Down

Por Flavio Rogério Lopes
19 de junho de 2019

A primeira edição do Mundial de Futsal para atletas com síndrome de Down ocorreu em 2018

No início do mês, o Brasil conquistou um título mundial inédito. A Seleção Brasileira de Futsal formada por atletas com síndrome de Down derrotou a Argentina em uma final eletrizante e conquistou pela primeira vez o Mundial da modalidade, realizado em Ribeirão Preto (SP). Muitos obstáculos e preconceitos foram superados até a conquista do título. Atualmente, o Futsal Down conta com cerca de 50 equipes no Brasil, e ainda necessita de apoio. 

“A gente começou um trabalho há praticamente 15 anos, e ninguém acreditava; nós acreditamos até o final, e acho que o ponto máximo foi ser campeão mundial. Mesmo com todas as dificuldades, conseguimos mostrar para o mundo que o Brasil tem um bom futsal e somos campeões mundiais. Isso ninguém tira, pois entrou para a história”, disse Cleiton Mauricio Monteiro, técnico da Seleção Brasileira de Futsal Down, em entrevista ao O SÃO PAULO.

CAMPEÃO MUNDIAL

A primeira edição do Mundial de Futsal para atletas com síndrome de Down ocorreu em 2018, em Portugal, e a Seleção Italiana foi campeã. Neste ano, o Brasil terminou sua campanha de forma invicta: foram cinco vitórias: 5 a 2 na Argentina, 7 a 2 no Chile, 8 a 5 em Portugal. Na semifinal, goleou o México por 8 a 2, e encerrou o torneio com nova vitória na final, por 7 a 5 sobre os hermanos. “As pessoas me perguntam o que é feito de diferente na nossa equipe. Eu sempre respondo que na minha equipe o que tem de diferente é que realmente ela nada tem de diferente. Eles aprendem o que tem de ser aprendido mesmo. Então, toda a filosofia, a parte tática e técnica do futsal nós implantamos com os atletas, e isso vem dando resultados”, afirmou o treinador.

O INÍCIO

O treinador iniciou seu trabalho com atletas com síndrome de Down na Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais (CBDI), em 2005, e estimulou o crescimento da modalidade. A Seleção Brasileira começou a ser formada em 2011 e foram criados campeonatos oficiais, como o Brasileiro e a Copa do Brasil. “Várias equipes no Brasil começaram a participar dessas competições oficiais e, nos torneios, nós começamos a formalizar oficialmente a Seleção Brasileira com atletas de várias equipes e a fazer um trabalho de base que vem dando resultados”, disse Cleiton.

MAIORES DESAFIOS

De acordo com o treinador, uma das maiores dificuldades se encontra no âmbito familiar, pois muitos acham que quem tem síndrome de Down não é capaz de praticar um esporte que precise de treinamento, competições e viagens. Apesar de a modalidade ser bem desenvolvida no Brasil, é pouco divulgada ainda, o que prejudica, também, a obtenção de patrocínios.

“Torço para que esse Mundial, além do título do Brasil, proporcione o legado para que as pessoas e a própria família acreditem que eles são capazes e podem participar das competições oficiais. Com certeza, existe uma evolução enorme: acho que o Brasil está entre os três países do mundo que conseguem desenvolver atividades com pessoas com síndrome de Down”, completou Cleiton.

O professor destacou, ainda, que a principal função da CBDI é mostrar que o preconceito ficou para trás. “Além da disciplina que eles aprendem, também há o respeito e a convivência com a sociedade. Eles conviveram com outros atletas, pessoas com culturas diferentes e descobrem até aonde podem chegar, sabendo distinguir o que é o certo e o que é o errado”, concluiu.

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