Equipe Leoas da Serra conquista Intercontinental de Futsal Feminino

Por
03 de julho de 2019

O Leoas da Serra, time de futsal feminino de Lages (SC), fez história em 23 de junho, ao conquistar o título da I Copa Intercontinental de Futsal Feminino. A equipe desenvolve um trabalho pioneiro no Sul do País, buscando não apenas a formação de jovens atletas, mas, também, o crescimento da modalidade. 

VIRADA HISTÓRICA 
Depois de perder a primeira partida na Espanha por 3 a 1 para o Atlético Navalcarnero, o Leoas da Serra precisava de uma virada no jogo decisivo, em Lages. No tempo normal, as brasileiras venceram por 3 a 1, com dois gols de Greice e um de May. Maria Navarro descontou para as espanholas.
Na prorrogação, o Atlético saiu na frente com um gol contra de Greice, mas Amandinha mostrou o porquê de ter sido escolhida a melhor do mundo nos últimos cinco anos: ela marcou duas vezes, virando a partida para o Leoas e garantindo o troféu. 
A equipe é treinada pelo experiente Anderson Machado de Menezes, conhecido como Esquerda, que chegou ao clube em fevereiro de 2018 e já conquistou 13 títulos, entre eles o da Libertadores, que levou a equipe ao Intercontinental para enfrentar a campeã europeia. 
“Foi um título muito difícil pelas situações que vivemos. Primeiro, pelo fato de a diretoria custear a viagem e todas as despesas, pois é muito difícil para o futsal feminino a questão financeira. E também pela derrota na Espanha, não que fosse algo fora do normal, pois a gente enfrentou uma ótima equipe”, disse o técnico ao O SÃO PAULO.

ESCOLA DAS LEOAS
O futsal feminino do Leoas da Serra nasceu em 2013, por meio da junção de dois times que, na época, eram rivais na cidade. Os excelentes resultados e as conquistas de títulos fizeram com que a equipe fosse ganhando cada vez mais visibilidade. 
O projeto social de futsal feminino atende, aproximadamente, 400 meninas que participam dos núcleos espalhados pela cidade. No caso de Lages, a modalidade possui mais praticantes que o futebol masculino. 
“O futsal feminino precisa começar nas escolinhas. Não adianta pensarmos somente no alto rendimento e contar cada vez menos com atletas que tenham essa base, que é muito importante para que cada vez mais elas consigam desenvolver o futsal. Acredito que um dos pontos importantíssimos do projeto é manter essas escolinhas em funcionamento, possibilitando, assim, que o futsal feminino cresça cada vez mais”, disse Anderson. 

MELHOR DO MUNDO 
Natural de Fortaleza, Amanda Lyssa de Oliveira Crisóstomo, a Amandinha, tem 24 anos e é fruto de um projeto social no Ceará. Sua evolução, em menos de dez anos, é meteórica. Saiu do Nordeste a convite de um time de Brusque (SC), com apenas 15 anos. Foram seis anos até a chegada a Lages. 
A jovem estreou na Seleção Brasileira em 2013, época em que os Mundiais da modalidade eram realizados anualmente, e conquistou o primeiro título. Nos dois anos seguintes, tornou-se tricampeã mundial.
O técnico Anderson conheceu Amandinha nos Jogos Escolares, quando a atleta tinha 15 anos. Ele destacou que a jogadora já recusou várias propostas da Europa, para continuar difundindo a modalidade no Brasil. “É uma menina que vimos crescer e que, com certeza, vai crescer muito mais. É uma pessoa e um ser humano fantástico, e tudo o que ela está conquistando é pela pessoa que é, sempre querendo ajudar os outros e as atletas mais novas”, concluiu.

Comente

Brasil é o melhor do mundo também no futsal para pessoas com Down

Por
19 de junho de 2019

No início do mês, o Brasil conquistou um título mundial inédito. A Seleção Brasileira de Futsal formada por atletas com síndrome de Down derrotou a Argentina em uma final eletrizante e conquistou pela primeira vez o Mundial da modalidade, realizado em Ribeirão Preto (SP). Muitos obstáculos e preconceitos foram superados até a conquista do título. Atualmente, o Futsal Down conta com cerca de 50 equipes no Brasil, e ainda necessita de apoio. 

“A gente começou um trabalho há praticamente 15 anos, e ninguém acreditava; nós acreditamos até o final, e acho que o ponto máximo foi ser campeão mundial. Mesmo com todas as dificuldades, conseguimos mostrar para o mundo que o Brasil tem um bom futsal e somos campeões mundiais. Isso ninguém tira, pois entrou para a história”, disse Cleiton Mauricio Monteiro, técnico da Seleção Brasileira de Futsal Down, em entrevista ao O SÃO PAULO.

CAMPEÃO MUNDIAL

A primeira edição do Mundial de Futsal para atletas com síndrome de Down ocorreu em 2018, em Portugal, e a Seleção Italiana foi campeã. Neste ano, o Brasil terminou sua campanha de forma invicta: foram cinco vitórias: 5 a 2 na Argentina, 7 a 2 no Chile, 8 a 5 em Portugal. Na semifinal, goleou o México por 8 a 2, e encerrou o torneio com nova vitória na final, por 7 a 5 sobre os hermanos. “As pessoas me perguntam o que é feito de diferente na nossa equipe. Eu sempre respondo que na minha equipe o que tem de diferente é que realmente ela nada tem de diferente. Eles aprendem o que tem de ser aprendido mesmo. Então, toda a filosofia, a parte tática e técnica do futsal nós implantamos com os atletas, e isso vem dando resultados”, afirmou o treinador.

O INÍCIO

O treinador iniciou seu trabalho com atletas com síndrome de Down na Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais (CBDI), em 2005, e estimulou o crescimento da modalidade. A Seleção Brasileira começou a ser formada em 2011 e foram criados campeonatos oficiais, como o Brasileiro e a Copa do Brasil. “Várias equipes no Brasil começaram a participar dessas competições oficiais e, nos torneios, nós começamos a formalizar oficialmente a Seleção Brasileira com atletas de várias equipes e a fazer um trabalho de base que vem dando resultados”, disse Cleiton.

MAIORES DESAFIOS

De acordo com o treinador, uma das maiores dificuldades se encontra no âmbito familiar, pois muitos acham que quem tem síndrome de Down não é capaz de praticar um esporte que precise de treinamento, competições e viagens. Apesar de a modalidade ser bem desenvolvida no Brasil, é pouco divulgada ainda, o que prejudica, também, a obtenção de patrocínios.

“Torço para que esse Mundial, além do título do Brasil, proporcione o legado para que as pessoas e a própria família acreditem que eles são capazes e podem participar das competições oficiais. Com certeza, existe uma evolução enorme: acho que o Brasil está entre os três países do mundo que conseguem desenvolver atividades com pessoas com síndrome de Down”, completou Cleiton.

O professor destacou, ainda, que a principal função da CBDI é mostrar que o preconceito ficou para trás. “Além da disciplina que eles aprendem, também há o respeito e a convivência com a sociedade. Eles conviveram com outros atletas, pessoas com culturas diferentes e descobrem até aonde podem chegar, sabendo distinguir o que é o certo e o que é o errado”, concluiu.

Comente

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.