NACIONAL

55ª Assembleia Geral CNBB

Bispos detalham propósitos da 55ª Assembleia Geral da CNBB

Por Nayá Fernandes
09 de agosto de 2017

Primeira coletiva de imprensa da Assembleia da CNBB trata sobre os motivos que levaram os bispos a falar sobre a Iniciação à Vida Cristã, os 10 anos da Conferência de Aparecida e o posicionamento da Igreja diante de questões atuais



Em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira, 26, em Aparecida (SP), foram explicados os propósitos da 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontecerá até 5 de maio.

Participaram da Coletiva, Dom Darci Nicioli, arcebispo de Diamantina (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, que conduziu os trabalhos; Dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo de Mariana (MG); Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo (SP) e Dom Esmeraldo Barreto de Farias, bispo auxiliar de São Luís do Maranhão (MA).

Por que a CNBB se preocupa com a Iniciação à Vida Cristã?

“Porque a CNBB toma como tema central dessa Assembleia um assunto que parece tão simples? É preciso dar um passo atrás na história. Quando a Igreja estava ainda se formando, com as primeiras comunidades cristãs, isso acontecia num contexto pagão e muitos adeptos de outras religiões aderiram à pregação da Igreja, que portanto precisava de um processo de iniciação ao Cristianismo”, explicou Dom Lyrio. Ele disse ainda que, com o passar do tempo e à medida que o Cristianismo foi se expandindo no Ocidente, a sociedade já tinha aderido ao Cristianismo e tudo contribuía para a transmissão da fé cristã.

“Estamos hoje numa sociedade plural, num contexto em que a família tem dificuldadespara transmitir a fé e, por isso, é importante aprender com as primeiras comunidades como fazer esse processo de adesão à fé”, continuou ele.

O que os bispos tratarão durante a Assembleia?

Dom Odilo Scherer, por sua vez, falou sobre a pauta da Assembleia. “Ouvimos sobre o tema central que vai ocupar uma boa parte do nosso tempo na Assembleia, mas a pauta é longa e tratará de diferentes assuntos. Falaremos sobre questões formais como relatórios econômicos, pastorais, além da palavra dos diversos bispos que estão à frentes das comissões episcopais. Outros temas são assuntos litúrgicos, mas sobretudo a aprovação da nova tradução de textos litúrgicos. Há muitos anos estamos trabalhando na aprovação dessas traduções”, comentou Dom Odilo.

Ele recordou ainda a avaliação que os bispos farão acerca do documento  Amoris Laetitia, publicado há cerca de um ano. O Cardeal Scherer acenou que temas relacionados à doutrina da fé, ensino, catequese, etc também são parte da pauta e que, devido ao centenário de Martinho Lutero, a Assembleia terá momento de reflexão sobre ecumenismo.

“Mas, não podemos ficar só no âmbito religioso, e falaremos sobre questões que afetam todo o povo brasileiro. Esses temas ocuparão uma parte do nosso tempo. Já nas reuniões reservadas aos bispos, trataremos de questões internas da Igreja, que são igualmente importantes para nós”, disse.

Ele explicou ainda sobre o retiro que será feito pelos bispos, bem como a peregrinação ao Santuário de Aparecida, no contexto do Ano Nacional Mariano.

10 anos da Conferência de Aparecida

Dom Esmeraldo Barreto de Farias, no início da sua fala fez, um resumo das conclusões da Conferência do Episcopado Latino Americano e Caribenho, que aconteceu na cidade de Aparecida (SP) de 13 a 30 de maio de 2007 e contou com a presença do papa Bento XVI, e a participação de mais de cem bispos de Conferências da América Latina e do Caribe.

“Em Aparecida, há 10 anos, percebeu-se que estamos vivendo uma mudança de época. A Conferência retomou o eixo da missão. O Concílio Ecumênico Vaticano II falou sobre o documento Ad Gentes, que no número 2, afirma que a Igreja é, por natureza, missionária. Por isso Aparecida proclama a missão como eixo da Igreja e da vida cristã e convida para a formação de discípulos missionários. Esse movimento conduz para uma conversão missionária, ou seja, passar de uma pastoral de conservação para uma pastoral missionária”, resumiu Dom Esmeraldo.

O Bispo salientou também algumas experiências missionárias que serão apresentadas na Assembleia como a “Paróquia itinerante”, exemplo da Igreja que vai até o encontro das pessoas e a formação de “Ministros pastores”, que já existe em Santarém, no Pará. Ele recordou também a relação entre a CNBB e Guiné Bissal, tema que caberá ao Regional Sul 2 da CNBB apresentar na Assembleia.

“O primeiro contêiner que vai para Moçambique contém 15 mil Bíblias. É uma campanha de  cooperação missionária que surgiu com a Infância Missionária”, explicou.

Dom Esmeraldo concluiu sua fala acenando para a peregrinação dos bispos até o Santuário de Aparecida. “Queremos celebrar aqui na Assembleia esse marco dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora.”

Questões Sociais

Questionados pelos jornalistas sobre questões como as reformas da Previdência e Trabalhista, bem como sobre a situação de descrença política vivida pelo povo brasileiros, os bispos comentaram que é importante que as pessoas possam se manifestar livremente.

“Não prevemos greve dos bispos”, disse Dom Odilo – a partir da pergunta se os bispos farão ou não a greve geral prevista para sexta-feira, 28 – “Mas, o povo tem todo o direito de se manifestar e pedir esclarecimentos sobre questões que lhes interessa de perto. Que a reforma da Previdência seja da melhor forma possível e não venha a onerar os pobres. Há uma série de questões que precisam ser debatidas e já estão sendo no Congresso Nacional. É importante que se debata e se busque o melhor. Agora dizer-nos a favor ou contra é muito simplista. Precisamos conhecer para saber sobre o que somos a favor ou contra”, afirmou o Cardeal Scherer.

Quanto a bispos que conclamaram para participar das manifestações, o Cardeal disse que “cada um livre para se manifestar. Católicos são cidadãos e estão envolvidos nestas questões. É importante que se dialogue e não haja posições fechadas, pois podemos estar correndo o risco de não melhorar o Brasil”.

“No Brasil, especialmente por meio da CNBB, temos procurado acompanhar com atenção dando a colaboração que é própria da Igreja, a Igreja não é um partido político, a posição da Igreja se situa no nível do discurso ético e da defesa dos valores morais”, disse Dom Lyrio sobre a orientação que a Igreja dá às pessoas acerca de questões políticas.

A transmissão ao vivo da Coletiva de Impressa sobre a 55ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil foi realizada numa parceira entre o Portal A12 e a CNBB.

Por Nayá Fernandes
Colaborou Larissa Freitas.

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