‘O povo de Deus merece poder contar com presbíteros que sejam homens íntegros e idôneos’

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15 de abril de 2018

Em entrevista ao O SÃO PAULO , Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, falou sobre a proposta de novas Diretrizes para a Formação de Presbíteros, tema central da 56ª Assembleia Geral da CNBB, que acontece entre os dias 11 e 20, em Aparecida (SP). 

Um dos responsáveis pela elaboração do texto que será trabalhado pelos bispos, Dom Jaime destacou a necessidade de se considerar as rápidas transformações sociais e culturais que influenciam os candidatos ao ministério ordenado. “Os tempos mudam e exigem respostas condizentes às novas situações e desafios”, afirmou o Arcebispo. 

 

O SÃO PAULO – QUAL A NECESSIDADE DE PROPOR NOVAS DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO PRESBITERAL PARA A IGREJA NO BRASIL?

Dom Jaime Spengler – As diretrizes que estão em vigor foram aprovadas em 2009 e levavam em consideração as novas situações da realidade formativa e a riqueza missionária do documento da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, celebrada em Aparecida, em 2007. Agora, após a publicação, pela Santa Sé, da nova Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, intitulada “O dom da vocação presbiteral”, em 2016, e tendo presente o magistério do Papa Francisco, a CNBB sente a necessidade de elaborar novas diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja do Brasil. Há de se considerar, também, as rápidas transformações sociais e culturais que influenciam os candidatos ao ministério ordenado. Os tempos mudam e exigem respostas condizentes às novas situações e desafios.

 

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DESAFIOS?

Vivemos aquilo que se cunhou denominar mudança de época. Estamos num tempo de transformações rápidas e profundas, que afetam a realidade como um todo. São transformações que atingem todos os setores da vida humana e os próprios critérios de compreensão, os valores mais profundos, a partir dos quais se afirmam identidades e se estabelecem relações e ações. Tal situação representa um desafio para a formação dos candidatos ao ministério ordenado.

O Brasil é marcado por enormes diferenças. Isso se reflete no tipo de candidato que procura uma oportunidade para realizar um itinerário vocacional. Temos, por um lado, os grandes centros urbanos com características próprias. De outro lado, temos a realidade, digamos, rural, que também apresenta um perfil característico de candidatos. Temos, ainda, candidatos que provêm de etnias indígenas – sobretudo da realidade amazônica. Também temos o jovem sertanejo, do cerrado, os negros. Há realidades que ainda possuem o seminário menor. Outras só acolhem candidatos que já concluíram o ensino médio ou candidatos adultos. Alguns candidatos chegam apresentando uma grave deficiência escolar. Outros apresentam ótima formação intelectual e acadêmica. E o que dizer dos que não foram iniciados na fé cristã? Constata- -se, também, um número crescente de candidatos de idade mais avançada. Em algumas regiões, verifica-se um número expressivo de candidatos que são filhos único. Esses são alguns elementos que desafiam a formação presbiteral.

 

E AS DIRETRIZES VÃO LEVAR EM CONTA ESSAS QUESTÕES?

Um documento que pretenda ser de orientação para toda a Igreja do Brasil há de ter presente a complexa realidade que as diferentes regiões e situações apresentam. Por isso, a formação há de ser sempre orientada por grande sensibilidade por parte dos encarregados da formação dos futuros presbíteros e profundo empenho naquela obra que a tradição ocidental denomina “discernimento”. Além disso, é imprescindível que os candidatos sejam acompanhados por equipes formativas. Mas para que as equipes formativas possam desenvolver sua missão, constata-se a necessidade de preparar um número suficiente de formadores. Onde não é possível haver uma equipe de formadores, urge ter a coragem de constituir seminários provinciais ou regionais, onde os candidatos possam receber acompanhamento personalizado e formação adequada para estarem à altura das exigências e desafios que a atividade evangelizadora na complexa realidade de hoje apresenta à Igreja.

 

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS MUDANÇAS DA NOVA RATIO FUNDAMENTALIS QUE O SENHOR DESTACA?

Creio que a nova Ratio Fundamentalis é para uma nova geração de presbíteros. No entanto, não se trata tanto de mudanças. Por quê? Trata-se, antes de tudo, de propor ou indicar caminhos para escuta daquilo que o Espírito de Deus inspira à Igreja; ao mesmo tempo, faz-se necessária a devida atenção à rica e bela tradição da Igreja. A escuta atenta do Espírito Santo impulsiona a olhar para a frente – o Espírito Santo de Deus faz novas todas as coisas! – e cultivar a devida atenção ao patrimônio já existente. 

A nova Ratio insiste na integralidade do processo formativo e recomenda a devida atenção às diversas dimensões do ser humano. Para isso, faz-se necessário a construção de um itinerário pedagógico gradual e personalizado. O documento põe um acento particular sobre a dimensão humana. Isso também implica maturidade afetiva. Sem uma sólida base humana, torna-se difícil desenvolver, por exemplo, as dimensões intelectual, espiritual, comunitária e missionária, constitutivas da integralidade do processo formativo.

Outro aspecto importante é o discernimento vocacional. O povo de Deus merece poder contar com presbíteros que sejam homens íntegros e idôneos; homens apaixonados por Jesus Cristo e seu Evangelho. Homens que assumiram o caminho do discípulo e de configuração a Jesus Cristo. Homens capazes de testemunhar com palavras e ações que amam o que são e gostam do que fazem.


QUAL É A PRÓXIMA ETAPA DA ELABORAÇÃO DAS DIRETRIZES?

O Conselho Permanente da CNBB solicitou que a Comissão Especial designada elabore o texto a ser proposto como material de estudo para esta Assembleia Geral. Há de se recordar que as atuais diretrizes em vigor foram aprovadas por unanimidade pelo episcopado brasileiro. Isso diz do ótimo trabalho então realizado. É verdade que após quase dez anos, mudanças aconteceram. A sensibilidade para tais mudanças se fará sentir durante a própria Assembleia nas sugestões, emendas etc, que serão certamente apresentadas pelos senhores bispos. É também verdade que os bispos já tiveram oportunidade para apresentar suas sugestões. Também os formadores dos diversos seminários desse imenso Brasil e os animadores da Pastoral Presbiteral nas dioceses puderam cooperar na construção do texto que está chegando às mãos dos bispos nestes dias de Assembleia.

 

O DOCUMENTO PROPOSTO É EXTENSO. PRETENDE-SE DIMINUÍ-LO?

Esta é uma questão desafiadora! Há um consenso quase geral entre os bispos de que os documentos da Conferência sejam breves. Entretanto, tendo presente a complexidade do tema e as distintas realidades da Igreja no Brasil, pode-se imaginar o quanto seja difícil construir um texto breve. A Comissão se esforçou para construir um texto breve. No entanto, chegamos praticamente às mesmas dimensões do texto das diretrizes em vigor. Oxalá, os bispos reunidos, seguindo o princípio da sinodalidade, consigam expressar o que se faz necessário como Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil num texto breve.

 

HÁ A POSSIBILIDADE DESSAS DIRETRIZES SEREM APROVADAS COMO DOCUMENTO NESTA ASSEMBLEIA GERAL?

As Diretrizes para a Formação dos Presbíteros é o tema central desta Assembleia. Os bispos concentrarão esforços e atenção sobre esse tema. Por isso, esperamos que sejam aprovadas nesta Assembleia Geral. 

 


As opiniões expressas na seção “com a palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.

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Bispos enviam Carta ao Papa e lembram que o Brasil passa por grave instabilidade

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13 de abril de 2018

Durante a segunda coletiva de imprensa da 56ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil (CNBB), nesta quinta-feira, 12 de abril, o arcebispo da arquidiocese São Sebastião do Rio de Janeiro, cardeal Orani Tempesta, divulgou uma carta a ser enviada para o Papa Francisco, levando saudações do episcopado e as temáticas que estão sendo trabalhadas durante a Assembleia Geral. O texto trata também da unidade do episcopado brasileiro com o sumo pontífice. Segundo o cardeal, a carta, aprovada em plenário, foi elaborada por uma comissão e representa a opinião de todos os bispos presentes em Aparecida (SP).

Em sua apresentação, o arcebispo do Rio de Janeiro ressaltou alguns assuntos citados na carta dando destaque ao tema central da Assembleia, ‘A Formação de Novos Presbíteros’, e a memória dos 40 anos da restauração da imagem de Nossa Senhora Aparecida, após um atentado que a deixou fragmentada. A carta, assinada pela presidência da CNBB, também lembra ainda a Exortação Apostólica do próprio Papa Francisco, “Gaudete et Exsultate”, sobre o chamado à santidade no mundo atual’, o Ano Nacional do Laicato e a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

Leia a carta na íntegra:

 

CARTA AO PAPA FRANCISCO

Aparecida – SP, 11 de abril de 2018.

 

Querido Papa Francisco,

Ao iniciarmos a 56ª Assembleia Geral Ordinária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), enviamos a Vossa Santidade nossa saudação e manifestação de comunhão.

Reunidos em Aparecida até o próximo dia 20, celebramos a Santa Missa diariamente no Santuário Nacional. Aqui nos recordamos, Santo Padre, de sua visita, seu carinho filial pela Mãe de Deus e nossa Mãe, bem como de suas intenções particulares.

Vivenciando o Ano do Laicato no Brasil, damos graças a Deus pela vida e missão dos fiéis leigos e leigas, e a eles manifestamos nossa profunda gratidão por serem autênticos “sujeitos na Igreja em saída a serviço do Reino”. Nesta Assembleia Geral nos dedicaremos, particularmente, ao tema da formação dos presbíteros da Igreja no Brasil, elaborando as diretrizes para formação no contexto atual, a partir da nova Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis.

Diante da pequena imagem da Virgem Aparecida, também fazemos memória dos 40 anos de sua restauração, após um atentado que a deixou fragmentada. Num período em que o Brasil passa por grave instabilidade política, econômica e social, que também atinge nossa vivência eclesial, queremos assumir ao lado de nosso povo as exigências deste momento que, cremos, também pode ser de profunda restauração. Sem ceder à perplexidade e à estagnação, sentimo-nos impulsionados a uma adesão mais intensa e criativa ao Evangelho de Jesus Cristo.

Reconhecemos a graça de participarmos da missão do Filho de Deus, que restaura em Si mesmo todas as coisas sob o impulso do Espírito Santo. Essa obra se desenvolve na história e conta com todos os filhos e filhas da Igreja, chamados à santidade, na diversidade das vocações. Agradecemos a Vossa Santidade pela Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, sobre o chamado à santidade no mundo atual, assinada no dia 19 de março passado, na Solenidade de São José. Com essa Exortação, somos encorajados, como pastores, a percorrer o caminho das bem-aventuranças e a permanecer ao lado dos fiéis em sua busca quotidiana da santidade.

Com nossa gratidão, apresentamos-lhe nossa oração pelas grandes preocupações de Vossa Santidade em relação às necessidades da Igreja e aos sofrimentos de uma multidão de irmãos e irmãs, mergulhados nas situações de guerra, violência, perda de direitos, desemprego, miséria e fome em várias partes do mundo.

Santo Padre, que o mistério da Páscoa do Senhor, há pouco celebrado solenemente, possa sustentar sua alegre doação. Deus é jovem e o coração da Igreja é jovem! Que a luz da ressurreição o guie na preparação e realização do Sínodo sobre “os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Conte sempre com nossa oração e comunhão.

Que Nossa Senhora Aparecida seja Mãe próxima e interceda sempre por Vossa Santidade.

Pedimos-lhe que nos acompanhe com sua oração e solicitude paternal, e que conceda sua Bênção Apostólica a nós e a todo povo brasileiro.

 

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Pesquisa da CNBB: Perfil predominante de padres brasileiros é de jovens e diocesanos

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13 de abril de 2018

O perfil predominante dos padres brasileiros, segundo dom Pedro, é de um presbitério jovem, diocesano e de brasileiros (já houve uma predominância de padres estrangeiros). Esses dados gerais emergem de uma pesquisa ainda inconclusa que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está desenvolvendo desde 2014. Os dados foram apresentados pelo arcebispo de Palmas (TO), dom Pedro Brito Guimarães, na segunda Coletiva de Imprensa da 56ª Assembleia Geral (AG) da CNBB, realizada dia 12.

O levantamento teve início em 2014 com a formulação de um questionário de 100 perguntas que foi enviado a 25 mil padres brasileiros. Destes, 1/3, cerca de 7 mil responderam, informou o religioso. “Percebemos, pela pesquisa, que apesar das dificuldades os padres brasileiros estão animados com a sua vocação e missão e não tem medo de assumir seu seguimento e anúncio de Jesus Cristo”, disse. A pesquisa foi um dos subsídios que deu suporte à elaboração do texto sobre o tema central da 56ª AG.

Além deste levantamento, dom Pedro Brito, membro da Comissão de Elaboração do texto sobre o tema central, falou sobre o documento “Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil”. O religioso destacou que a formação de um presbítero não se encerra quando é ordenado. “Depois de ordenado, como toda pessoa e todo profissional, inicia a fase da a formação continuada do padre” disse.

Tempos e espaços da formação – A formação continuada seria a última fase de um processo permanente de formação que tem início com o trabalho da Pastoral Vocacional e se estende pela formação inicial – que compreende as demais fases de estudo, incluindo a formação em filosofia e teologia. O arcebispo apresentou aos jornalistas a estrutura e os conteúdos do texto mártir que está em processo de análise e aprovação pelo episcopado brasileiro.

O texto é constituído de três capítulos. O primeiro, cujo título é “As coordenadas para a formação presbiteral” trata dos desafios do contexto e da realidade, bem como os fundamentos previsto no magistério da Igreja para esta formação. Nele também consta a ideia do processo formativo dos sacerdotes que deve ser único, integral, comunitário e missionário. O segundo capitulo e mais longo capítulo aborda a “Formação Inicial”. Nesta parte o texto vai falar dos tempos, espaços como casas, seminários, capelas e institutos, onde o processo de formação acontece. O terceiro capítulo do texto trata da “Formação Continuada”, disse.

O texto, após ser debatido e aprovado pelo plenário da 56ª Assembleia Geral da CNBB, segue para apreciação e aprovação da Congregação do Clero do Vaticano. A previsão de publicação, como documento da CNBB, é no segundo semestre segundo dom Pedro.

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Em Missa, episcopado brasileiro reza pelos bispos eméritos

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13 de abril de 2018

O arcebispo emérito de Manaus (AM) dom Luiz Soares Vieira presidiu a Celebração Eucarística desta sexta-feira, 13, no Altar Central do Santuário Nacional de Aparecida (SP), que abriu as atividades deste terceiro dia da 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Antes de iniciar a Santa Missa, dom Luiz Soares saudou os bispos de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes e o emérito de Juiz de Fora (MG), Eurico dos Santos Veloso pelo aniversário natalício e lembrou do falecimento do padre redentorista Guilherme Tracy, que durante sua vida sacerdotal trabalhou no combate ao alcoolismo de sacerdotes, seminaristas e religiosos.

Em sua homilia, o bispo fez um questionamento: ‘O que será que Deus quer dizer pra mim?’. Ele apontou que a liturgia de hoje oferece pistas de vida cristã e de exercício do ministério episcopal dignas de muita atenção. “A leitura tirada dos Atos dos Apóstolos destaca a figura de um homem capaz de discernir com clareza clara sábia os caminhos de Deus”, afirmou.

O bispo lembrou o que o país vive uma época de enormes mudanças, de violentas crises, do desaparecimento das utopias e de profundas mudanças morais, éticas e religiosas. “O documento de Aparecida classifica nossos tempos como mudança de época. E a gente começa a se perguntar: para onde caminha a humanidade? Como será a sociedade do futuro? Qual modo de evangelização teremos que nos propor? É sem dúvidas o momento de invocar o Espírito Santo para discernir quais são os caminhos de Deus para sua Igreja no Brasil”, destacou.

Dom Luiz Soares fez ainda uma reflexão em relação a sobre a vida dos bispos como pastores do povo de Deus. Ele disse que na vida episcopal os bispos enfrentam muitas tentações que os seduzem com propostas contrárias a missão. Uma delas é o poder visto como dominação. “Nos é proposto sermos os donos da diocese como se o único Senhor não fora Jesus. É terrível esquecer que o dono de nossas dioceses se ajoelhou para lavar os pés dos seus discípulos e se entregou à morte da cruz por todos nós. Somos servidores da Igreja, nada mais do que isso”, colocou.

Afirmou ainda que outra tentação é o dinheiro, os bens materiais. Destacou que Jesus mesmo sendo infinitamente rico se fez pobre para enriquecer a todos e questionou: ‘O que adianta uma diocese rica em bens materiais no meio de uma imensidão de pobres?’ Concluindo disse que a terceira tentação é o egocentrismo, a procura de honras, a vaidade e a busca de protagonismo. “Triste figura de servidor de Jesus se apresenta orgulho. Graças a Deus nosso episcopado é constituo de homes que venceram e vencem essas tentações”, acrescentou.

“Nós bispos eméritos chegamos a idade da sabedoria que não é desencanto com a vida, mas sim ver claramente o que é de Deus. O entardecer da existência nos faz ver que Deus só Ele é a ração do ser cristão e do agir episcopal”.

Finalizando sua reflexão, dom Luiz Soares pediu a intercessão de Nossa Senhora Aparecida a Jesus para que Ele ajude os bispos a ter discernimento para viver a vocação episcopal como serviço. “Nada além de serviço”, concluiu.

Hoje no Brasil são 173 bispos eméritos e muitos deles participam da 56ª Assembleia Geral da CNBB.

 

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Em missa, núncio apostólico no Brasil acolhe novos bispos da CNBB

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12 de abril de 2018

Acolhendo os novos bispos nomeados no último ano pelo papa Francisco, o núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni D´Aniello, presidiu a Santa Missa da 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na Basílica Nacional do Santuário de Aparecida (SP), nesta quinta-feira, 12.

Na abertura da missa, dom Giovanni D´Aniello acolheu os novos bispos nomeados no período de maio de 2017 a abril de 2018 e falou que os bispos se coloquem à serviço da Igreja como o Bom Pastor.

Durante a homilia, o bispo meditou sobre o Evangelho (Jo 3,31-36), que diz que desde toda eternidade Deus concebeu seu verbo, gerou seu filho. Dom Giovanni explicou que o Pai confiou a Jesus e à Igreja a missão de anunciar o amor e a misericórdia aos povos.

“Sua origem e condição divinas fundam sua missão salvadora conferindo sua autoridade e poder para testemunhar o que viu e ouviu. De modo que naquele que diz e se realiza o filho manifesta o pai que o enviou. Ambos são uma coisa só. Por isso, quem vê Jesus, vê o Pai e quem não escuta, não escuta a palavra de Deus”, refletiu.

Ao recordar a passagem da primeira leitura (At 5,27-33), o núncio destacou o convite de Pedro para que permanecêssemos centrados no cristo.

“Há nas suas palavras uma contraposição entre a ação dos chefes que levam Jesus à morte e a ação de Deus que o ressuscita”, disse o bispo.

Dom Giovanni convidou os novos bispos a serem pastores conduzindo o povo em suas dioceses ao caminho do Pai e ressaltou no ministério apostólico confiado aos bispos, o Santo Padre convida-os a não perder de vista a meta.

“Ser alguém que saiba elevar-se a altura do olhar Deus sobre nós para nos guiar para Ele. Esse é o nosso irrenunciável testemunho prestado na obediência e celado no Espeito Santo e o mesmo espírito que doa fé é um dom da fé e é dado a quem obedece”, ressaltou.

 

Por fim, o núncio pediu a intercessão da Virgem Maria pela a 56ª Assembleia Geral e confiou a Mãe Aparecida os frutos do trabalho durante o encontro do episcopado brasileiro.

Bispos nomeados 2017-2018

  • Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife (PE) padre Limacêdo Antônio da Silva
  • Bispo auxiliar da Diocese de São Carlos (SP), padre Eduardo Malaspina
  • Bispo de Teixeira de Freitas/Caravelas (BA), dom Jailton de Oliveira Lino
  • Bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ), dom Paulo Celso Dias do Nascimento
  • Bispo da Diocese de Propriá (BA), dom  Vitor Agnaldo de Menezes
  • Bispo da Diocese de Guarabira (PB), dom Aldemiro Sena dos Santos
  • Bispo da Diocese de Cametá (PA), dom José Altevir da Silva
  • Bispo Auxiliar da Diocese de Belém do Pará (PA), dom Antônio de Assis Ribeiro
  • Bispo da Diocese de Campo Maior (PI), dom Francisco de Assis Gabriel dos Santos
  • Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de janeiro (RJ), dom Juarez Delorto Secco
  • Bispo auxiliar da Arquidiocese de Curitiba (PR), dom Francisco Cota de Oliveira
  • Bispo auxiliar da Arquidiocese de Curitiba (PR), dom Amilton Manoel da Silva
  • Bispo da Diocese de Limoeiro do Norte (CE), dom André Vital Félix da Silva
  • Bispo da Diocese de São Luiz de Cáceres (MT), dom Jacy Diniz Rocha
  • Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Niterói (RJ), dom Luiz Antônio Lopes Ricci

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Formação de Presbíteros é tema central da 56ª Assembleia Geral

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09 de fevereiro de 2018

“Diretrizes para a Formação de Presbíteros” é o tema central a ser refletido pelos cerca de 485 bispos católicos do Brasil em 56ª Assembleia Geral (AG) que se realizará em Aparecida (SP) de 10 a 20 de abril deste ano. Antes, contudo, do texto ir para a plenária geral da 56ª AG para receber ainda acréscimos e a aprovação dos participantes o texto percorreu um caminho.

Um grupo formado por bispos e peritos se reuniu nos dias 5 e 6 de fevereiro na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília-DF, pela última vez para consolidar o texto a ser enviado aos bispos antes da assembleia. Os pastores ainda enviarão suas últimas sugestões a uma equipe de síntese cujo papel é fazer a sistematização final do texto que será apresentado à plenária do próximo encontro anual dos bispos.

“Na reunião dos dias 05 e 06 deste mês de fevereiro, consideramos as contribuições dos bispos e preparamos a segunda versão que, nos próximos dias, será enviada para os bispos para nova leitura e apresentação de sugestões”, disse dom Esmeraldo Barreto Farias, membro da equipe de redação do texto, e presidente da Comissão para a Ação Missionária da CNBB.

A Ratio Fundamentalis Instituitionis Sacerdotalis é um dos documentos considerados pela equipe que dá pistas para a formação de seminaristas e do clero da Igreja. Publicado no dia 8 de dezembro de 2016, atualiza as orientações de 1985 e explicita às Igrejas locais como realizar a formação dos futuros presbíteros e a necessidade de formação permanente. O texto destaca que o futuro padre deve ser acompanhado na totalidade das quatro dimensões que interagem simultaneamente no processo formativo e na vida dos ministros ordenados: humana, espiritual, intelectual e pastoral.

As atuais Diretrizes para a Formação Presbiteral foram aprovadas na 48ª Assembleia Geral da CNBB, em 2010, e já visavam enriquecer a formação espiritual, humana, intelectual e pastoral dos futuros sacerdotes “com novos impulsos vitais, consoantes com a índole peculiar de nosso tempo”.

Características do novo Presbítero 

O arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, dom Jaime Spengler, é um dos responsáveis pela elaboração do texto. Ele conta que o novo presbítero, a ser buscado pela Igreja no Brasil, tem as seguintes características: “Homens verdadeiramente apaixonados pelo Evangelho do crucificado/ressuscitado, homens entusiasmados pela proposta do Reino e por isso capazes de se lançar generosamente no trabalho apostólico”, afirma.

O documento, em processo de elaboração no Brasil, do ponto de vista da formação assumiu as inspirações da Ratio Fundamentalis e suas quatro características que precisam ser destacadas:a formação deve ser única, integral, comunitária e missionária”.

Para o bispo auxiliar de São Paulo (SP) dom José Roberto Fortes, também membro da equipe preparatória do texto, os futuros padres devem ter um “coração semelhante ao coração de Cristo, o Coração do Bom Pastor, que sejam homens misericordiosos, que tenham espírito de serviço, se dediquem com todo seu ser a serviço da evangelização, tenham amor pelo povo, forme comunidades maduras e adultas na fé e colaborem com a graça de Deus para o advento do reino”.

Após a aprovação final pelo episcopado brasileiro em sua 56ª Assembleia Geral, em Aparecida (SP), ao texto segue para a Congregação para o Clero do Vaticano para ser referendado. Só então, o texto se tornará um documento da CNBB que vai orientar a formação de novos presbíteros no Brasil. Um conjunto de outros temas fazem parte da programação da 56ª Assembleia Geral dos Bispos.

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Questões indígenas no Norte e no Centro-Oeste

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29 de abril de 2017

Durante a Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece, em Aparecida (SP), até 5 de maio, Dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM), e Dom Juventino Kestering, bispo Rondonópólis (MT), relataram ao portal A12 a situação indígena em suas dioceses.

São Gabriel da Cachoeira

Dom Edson detalhou da realidade de sua Diocese, uma das mais extensas do país. Sua população não ultrapassa os 100 mil habitantes, desses 95% são povos indígenas de 23 etnias, e 18 línguas diferentes. Podemos dizer que é um laboratório, um lugar sagrado onde vivem tantas culturas, de tantas etnias diferentes”, destacou.

O Bispo ressaltou também o tempo de atividade da Igreja na região e admiração que a mesma recebe por esses povos nativos. “Foram os missionários salesianos que realizaram uma evangelização extraordinária desde 1915. Até 1995, devido à ausência do Estado, era a Igreja com seus missionários que cuidava da educação e da saúde. Então os povos indígenas têm uma grande admiração e gratidão pela Igreja Católica por aquilo que se fez e continua fazendo por eles”, afirmou.

Questionado sobre o trabalho com os indígenas, levando em conta o respeito a sua cultura, Dom Edson afirmou que o Concilio Vaticano II fala “das sementes do verbo que Deus colocou no coração de todos os povos e culturas”, de modo que o Espirito Santo chegue antes do missionário”, e ressaltou que o lema da evangelização da Diocese é “A boa nova das culturas indígenas acolhe a boa nova das culturas de Jesus”.

Dom Edson completou que os povos indígenas trazem valores comunitários, de partilha, de trabalhos em mutirão, de parentesco entre as etnias que são valores profundamente evangélicos. “Então, a partir desses valores que eles já trazem na sua cultura diária, nós iluminamos com o Evangelho”, de modo que, “a boa nova das culturas indígenas, acolhe a boa nova das culturas de Jesus, que vem iluminar, alargar ainda mais esses valores que são vividos pelos povos indígenas”.

O Bispo lamentou, porém, ver a situação em que vivem as maiorias das populações indígenas espalhadas pelo Brasil, ao perderem terras, “serem massacrados, destruídos”. Ele afirmou, ainda, que “a Igreja, que faz opção para os pobres também quer estar nas periferias geográficas e existenciais onde estão aqueles que continuam sendo os mais excluídos, onde estão os mais pobres, entre os pobres que continuam sendo os povos indígenas”

Rondonópólis

Dom Juventino recordou que o Mato Grosso é originalmente terra indígena ocupada pela colonização e, desde então, as questões indígenas não foram devidamente resolvidas. “Nós estamos sempre em um conflito permanente entre as terras demarcadas e as terras a de marcar e os que mais sofrem são os povos indígenas, porque estão entre os pobres mais pobres e é por isso que a Igreja se posiciona ao lado deles, é uma questão do Evangelho, colocar-se ao lado dos povos indígenas”, relatou.

O Bispo descreveu o Estado do Mato Grosso como uma “uma terra difícil”, pois apesar de sua boa posição econômica, seu crescimento deu-se por meio de ocupação. E esta foi feita, de uma forma desorganizada e, assim “vêm as grandes crises; a madeira, os povos indígenas, demarcação das terras, os rios, os ribeirinhos...”.

“A Igreja tem que ter uma posição muito clara de defesa daqueles que são mais atingidos. Muitas vezes é momento de sofrimento, de momentos críticos em que nós precisamos ter uma postura do Evangelho. Mas temos uma solidariedade entre nós cristãos, uma solidariedade entre os bispos, entre a Igreja, que nos faz fortes e corajosos para sermos éticos e anunciarmos a defesa daqueles que mais necessitam de uma ajuda, de uma palavra, de apoio, que são principalmente os indígenas o nosso povo mais pobre do Mato Grosso”, concluiu

(Com informações do portal A12)

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Trabalhadores, bispos eméritos e celebração da Palavra

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28 de abril de 2017

Na entrevista coletiva do terceiro dia da 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foram destacadas a mensagem aos trabalhadores, a realidade dos bispos eméritos no Brasil e as reflexões sobre o roteiro com orientações para as celebrações da Palavra de Deus.

Participaram do encontro com os jornalistas bispo Dom Geremias Steinmetz, bispo de Paranavaí (PR) e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia; Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus (AM) e presidente da Subcomissão para os Bispos Eméritos; Dom José Belisário da Silva, arcebispo de São Luís (MA).

Celebração da Palavra

Ao falar das reflexões sobre as orientações da CNBB para a celebrações da Palavra, Dom Geremias destacou o grande desafio que existe em praticamente todas as diocese do país onde há comunidades que não têm a celebração da Eucaristia dominical, chegando a ficar até meses sem a missa. “Essas comunidades vivem, celebram, são convidadas a celebrar dominicalmente a Palavra de Deus”.

O Bispo explicou que a reflexão da Assembleia parte, em primeiro lugar, do significado do domingo cristão enquanto dia da comunidade, da Palavra e da Eucaristia. “As comunidades são convocadas a valorizarem a Palavra de Deus, especialmente a partir especialmente da exortação apostólica Verbum Domini, do Papa Bento XVI, de tal forma que os cristãos católicos possam obter a sua espiritualidade a partir da Palavra de Deus e da Liturgia”, disse.

Os bispos também trataram dos ministérios relacionados à celebração da Palavra, quem preside e como preside, a questão da homilia e a formação desses ministros extraordinários a serviço da comunidade. “Podemos dizer seguramente que a instituição dessas celebrações representa uma das grandes experiências pastorais que a Igreja viveu no Brasil no pós-Concílio”, afirmou Dom Geremias, destacando, ainda, que são milhares de pessoas no Brasil preparas para presidir as comunidades que não têm a Eucaristia dominical, mas que valorizam e santificam o domingo a partir da vivencia da Palavra de Deus.

Bispos eméritos

De acordo com o Código de Direito Canônico, quando um bispo completa 75 anos, ele deve apresentar sua renúncia ao governo de sua diocese ao Papa, que após analisá-la a aceita. Esse bispo emérito continua a exercer seu ministério, a celebrar os sacramentos, mas não tem a responsabilidade de uma Diocese.

A Igreja no Brasil conta hoje com 172 bispos eméritos, o que representa 1/3 do episcopado brasileiro.

Dom Luiz Soares explicou que ao se tornar emérito, o bispo deixa de ser membro da CNBB, embora ainda possa participar das Assembleias Gerais como convidado.

Para tratar das questões relacionadas aos bispos eméritos, a CNBB possui uma subcomissão ligada à Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada. Dentre essas preocupações está, por exemplo, o sustento desses bispos idosos. A primeira responsável é a diocese a qual esse bispo pertencia. Mas a CNBB também tem a sua responsabilidade, especialmente nos casos das dioceses mais pobres, cuja arrecadação não lhes dão condições de prover esse sustento. Por isso, a Conferência criou um fundo para ajudar as dioceses a manterem seus bispos eméritos.

“Eu já sou bispo emérito há quatro anos. Devo dizer que é um momento bonito da nossa vida, de maior serenidade, estamos no entardecer da vida... Temos alguns que estão muito doentes, mas há uma boa parte que ainda tem saúde, e fazem outros serviços, por exemplo, pregar retiros, ajudar paróquias, atender pessoas”, relatou Dom Luiz, destacando, ainda, que, atualmente, há três bispos eméritos que foram chamados pela Santa Sé para administrarem temporariamente dioceses vacantes que estão a espera de um novo bispo.

Em sua fala na Assembleia, Dom Luiz apelou para que os bispos apoiem seus irmão no episcopado mais idosos. “A velhice pode levar as pessoas a se isolarem a viverem em solidão. Não podemos deixar assim”.

Ao comentar a colocação de Dom Luiz, o porta-voz da assembleia e arcebispo de Diamantina (MG), Dom Darci José Nicioli, manifestou a gratidão da Igreja pela vida e testemunho dos bispos eméritos. “Nós somos herdeiros da obra evangelizadora que eles protagonizaram”, afirmou.

Saudação aos trabalhadores

Dom Belisário explicou que sempre que a Assembleia Geral coincide com o feriado do Dia do Trabalho, 1º de maio, e que os bispos fazem questão de transmitirem uma saudação aos trabalhadores do Brasil, o que foi feito na mensagem publicada na quinta-feira, 27.

Apresentando brevemente o conteúdo da mensagem, o Arcebispo de São Luís destacou que ao fazer a saudação afetuosa aos trabalhadores, os bispos lembraram os 13 milhões de desempregados do Brasil.

O texto também salientada a dignidade do trabalho humano. “O trabalho constitui uma dimensão da existência humana sobre a Terra”, citou.

A mensagem também faz referencia às lutas dos trabalhadores ao longo dos tempos para conquistarem os seus direitos. “Esses direitos estão sendo enfraquecidos neste momento por causa da absolutização, da força que o mercado está tomando”, ressaltou Dom Belisário.

O Arcebispo afirmou que foi diante dessa preocupação com os direitos dos trabalhadores, que a mensagem a CNBB fez uma referência expressa aos projetos de lei da terceirização e das reformas trabalhista e da Previdência. “Encorajamos a organização democrática e mobilizações pacíficas, em defesa da dignidade e dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras, com especial atenção aos mais pobres”, reforçou Dom Belisário, citando o texto.

Ao ser perguntado por um jornalista sobre sua avaliação das paralizações e manifestações desta sexta-feira, Dom Belisário afirmou que acredita que essa mobilização “pode influenciar nas decisões a serem tomadas pelo Congresso Nacional na próxima semana e nas outras”.

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Núncio apostólico exorta para o testemunho cristão

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27 de abril de 2017

O segundo dia da 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nesta quinta-feira, 27, começou com uma missa no Santuário Nacional de Aparecida (SP), presidida pelo Núncio apostólico no Brasil, Dom Giovanni D’Aniello.

Na homilia, Dom Dom Giovanni falou sobre o testemunho, um dos temas chave do Evangelho de São João. “Vencendo com a amor e com o perdão o filho que se fez carne a morte e o pecado, definitivamente, foram transformados pela vida que transcende o tempo e o realiza. A Morte a Ressureição de Jesus são o lugar o momento culminante da revelação do Deus anunciado por Jesus como Pai. Nesse contexto, o Evangelho afirma que devemos dar ouvidos ao testemunho de Jesus”, destacou.

O Núncio destacou, ainda, a rejeição que Jesus sofreu mesmo depois da morte. “Com a sua Paixão e Morte, Ele penetra no abismo no mistério da iniquidade, no mistério da dureza obstinada do homem, da rejeição do projeto de Deus em sua vida e no mundo. No diabólico, da fatal ignorância do humor de Deus da parte dos homens das mulheres, a qual o próprio Jesus fez referência do alto da cruz: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Quando a luz e a força de sua obediência ao Pai e com a sua solidariedade aos homens Jesus ao alto da cruz ilumina e redime as trevas e o fechamento do pecado. No entanto, Deus pai testemunha Pedro ressuscitou seu filho Jesus e, justamente, aqui se revela de forma evidente incontrovertível que Deus é Pai, Santo, onipotente e misericordioso que dá vida aos mortos e chamam a existência as coisas que não são”.

Segundo Dom Giovanni, é preciso cada cristão tenha a responsabilidade de testemunhar com a própria vida a presença de Cristo no mundo, “uma presença que é salvadora, uma presença que reconciliar, uma presença que ama”.

Os trabalhos da Assembleia Geral da CNBB continuam até sexta-feira, 5, no Centro de eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, no complexo do Santuário Nacional.

(Com informações da CNBB)

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‘A escola é da família e da comunidade’

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25 de abril de 2017

Dom João Justino de Medeiros Silva, arcebispo coadjutor eleito de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da CNBB, falou, em entrevista ao O SÃO PAULO, sobre o 4º volume da série “Pensando o Brasil”, que trata do tema da educação. O texto será apresentado na 55ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que acontece, de 26 de abril a 5 de maio, em Aparecida (SP). Não se trata de um documento da CNBB, mas de um subsídio que tem como principal finalidade suscitar nas famílias, comunidades, escolas e universidades o diálogo sobre a realidade da educação no país.

O SÃO PAULO – Porque a CNBB decidiu elaborar um subsídio sobre o tema da Educação? Qual a perspectiva com a qual a Igreja se volta para esse tema?

Dom João Justino de Medeiros Silva – A CNBB trata, durante a Assembleia Geral, de temas específicos da realidade brasileira, com o objetivo de oferecer contribuições para a sociedade. Em 2014, refletimos sobre as “Eleições”. No ano seguinte, em 2015, tratamos da “Desigualdade Social no Brasil”. Já em 2016, nos debruçamos sobre o tema “Crises e Superações”. Todas essas reflexões estão disponíveis nas Edições CNBB na coleção “Pensando o Brasil”. No ano passado, decidimos que o tema da educação mereceria ser tratado com particular atenção. Para isso, começamos a trabalhar na produção do texto que foi partilhado com os bispos e, posteriormente, discutido e reformulado durante a Assembleia. Todos sabem da histórica atuação da Igreja no campo da educação, da qualificada contribuição oferecida à sociedade brasileira, por meio das escolas e universidades católicas. Essa experiência nos permite propor uma reflexão sobre a educação no Brasil.

O que mais preocupa a Igreja no Brasil no cenário da Educação brasileira?

São muitos os pontos que merecem nossa atenção. Talvez o mais urgente seja a fragilidade do sistema educacional brasileiro, que carece de um projeto consistente. Precisa tornar-se verdadeira política de Estado e não de governos. Temos assistido a uma sequência de mudanças e reformas que, embora produzam seus efeitos, ainda estão muito aquém do necessário para tornar o Brasil um país de referência na educação. O Brasil tem, ainda, altos índices de analfabetismo e de evasão escolar. Acrescentaria, também, o descaso com o magistério. Infelizmente, o país maltrata os professores e pouco investe na qualificação dos profissionais da educação. Oportuno é lembrar, por exemplo, que os professores dedicados à educação básica, na rede pública, recebem baixos salários. Nada pode ser pior para a educação que a desvalorização dos educadores. Outra situação preocupante: cada vez menos jovens escolhem os cursos de licenciatura ou de pedagogia.

Considerando os desafios do momento atual, qual o papel a que a família é chamada para melhorar a educação escolar em nosso país?

A família precisa compreender que a educação escolar é uma parceria com a sociedade que promove a educação dos filhos. Os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos. Por isso, devem acompanhar a vida dos seus filhos na escola. Quanto maior for a interação entre família e escola, melhores serão os resultados. O estudante, sobretudo quando criança ou adolescente, é muito beneficiado ao perceber que seus pais e seus professores querem o seu bem. É urgente recuperar essa aliança ou pacto entre a família e a escola. Isso não vem pela força da lei, mas pela força do desejo e atuação dos pais, movidos a partir do propósito de promoverem o desenvolvimento de seus filhos.

Existe no subsídio uma análise dos problemas que as comunidades escolares (alunos, professores e gestores) estão enfrentando em seu cotidiano? Quais os problemas e as soluções indicadas pelo texto?

São sublinhados alguns princípios e também graves lacunas que não podem ser desconsiderados. Se o texto produzir diálogos, debates, estudos e despertar para maior cuidado com a educação, terá alcançado seu objetivo. Com certeza, muitos educadores terão como enriquecer a discussão a partir de suas práticas e estudos. Não se melhora a educação fora do caminho do diálogo, da troca de ideias, da partilha de experiências, do compromisso em participar da vida escolar ou universitária.

As pessoas, muitas vezes, querem ajudar a melhorar a educação escolar no Brasil, mas não sabem o que fazer. O texto trará pistas nesse sentido? Quais são, a seu ver, as principais?

Sim, algumas pistas são apontadas. E poderão despertar as famílias, os educadores e as comunidades para outras ações. Na quarta parte do texto apresentamos as pistas organizadas em quatro âmbitos: o compromisso de todos na sociedade; o compromisso de todos na gestão escolar e nas famílias; a avaliação do esforço educacional na realidade local; pistas para ação da comunidade católica. Importante observar que o documento se destina a toda sociedade brasileira. Ao apresentar algumas indicações para a ação da comunidade católica, tivemos a intenção de destacar a importância do agir das famílias e comunidades católicas como um incentivo a que atuem mais no acompanhamento da educação. Reconhecemos que nos últimos tempos houve um distanciamento das famílias e comunidades do ambiente escolar.

Qual a contribuição específica que as comunidades católicas podem dar para a solução desses problemas?

Apontaria três contribuições. Em primeiro lugar, pautar o tema da educação nos grupos, especialmente os grupos de famílias e comunidades. Sem reflexões e diálogos relacionados ao campo da educação, é difícil promover avanços. Também é muito importante a participação dos familiares nos diferentes colegiados - na escola onde estão os filhos, nos municípios e outras instâncias. Com certa frequência, chega-se muito tarde para participar de discussões e processos. Não raramente, as contribuições são oferecidas apenas quando interesses específicos estão em debate. Agir assim é insuficiente. É o acompanhamento que permite compreender processos, dificuldades, buscar soluções. Assim, torna-se urgente reconhecer a necessidade de atitudes cidadãs, principalmente dos cristãos, que são chamados a “ser sal da terra e luz do mundo”. Em terceiro lugar, indicaria aos pais e líderes das comunidades que fizessem tudo para reatar o pacto educativo. Isto significa reconhecer que a escola é da família e da comunidade. Nesse sentido, deve ser garantida a presença dos pais e da comunidade como corresponsáveis nos processos relacionados à educação. E a Pastoral da Educação tem muito a contribuir nesse sentido.

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