NACIONAL

55ª Assembleia Geral da CNBB

A reconstrução do país precisa salvaguardar a dignidade humana

Por Fernando Geronazzo
12 de mai de 2017

Os bispos reunidos na Assembleia Geral da CNBB também refletiram sobre o momento nacional brasileiro.

 

Imprensa CNBB

Os bispos reunidos na Assembleia Geral da CNBB também refletiram sobre o momento nacional brasileiro. Falando em nome do episcopado, em coletiva de imprensa conferida na terça-feira, 2, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), disse que a sociedade brasileira está perplexa diante da atual situação política do país, marcada pelo “desprezo da ética e da moral”, o que produz uma relação promíscua entre os agentes públicos e privados. “Esta perplexidade tem causado um mal muito grande à nossa sociedade, que leva a população a desacreditar, a se desencantar com os poderes públicos do Brasil”, afirmou.

Dom Joaquim ressaltou que o desejo do episcopado brasileiro é que a Igreja seja uma voz que motive a população a “erguer a cabeça” e a participar da vida pública e política do país. “Isso significa viver e pra- ticar uma democracia verdadeiramente participativa, que está prevista na Constituição Brasileira”.

O Bispo afirmou ainda que “todos os cidadãos têm a obrigação de acompanhar, zelar, questionar, e ajudar os seus representantes políticos a realizarem bem sua função, inclusive ajudando-os a tomar as decisões corretas”. Como exemplos dessa participação, ele citou questões como a reforma da Previdência e o aborto.

Sobre a Reforma da Previdência, Dom Joaquim reconheceu que é necessária, mas questionou se deve ser feita da maneira como o atual governo está propondo. O Prelado defendeu a necessidade de uma discussão mais profunda sobre o assunto, com ampla participação da população.

Sobre a discussão a descriminalização do aborto, ele salientou que essa é uma decisão que não pode ser delegada aos representantes políticos sem que a população participe do debate. “Nós precisamos acompanhar e participar para tomarmos também posição e ajudar nossos representantes a tomar decisões acertadas”.

 

Economia

Os bispos também trataram dos problemas de ordem econômica no país. Dom Joaquim afirmou que uma economia que não coloca a pessoa humana à frente, mata as pessoas ao colocar o mercado em primeiro lugar. Ele recordou ainda que a doutrina da Igreja ensina que “a primazia da pessoa sobre o merca- do e a primazia do trabalho sobre o capital é que satis- faz a condição humana de viver com dignidade sobre a face da Terra”.

“O mercado não é governante do país e que as instâncias que governam o país devem regular o mercado para que não se caia numa lógica financista. As políticas econômicas têm que ser legitimadas pelo desenvolvimento social”, complementou Dom Joaquim.

 

Violência

Outra preocupação dos bispos é com o avanço desenfreado da violência, os conflitos na cidade e no campo, a destruição de direitos, criminalização de movimentos populares e, inclusive, o desemprego, enquanto elemento causador de violência. “É uma violência contra a família”, disse Dom Joaquim.

A falta de perspectiva de futuro para os jovens também é considerada pelos bispos um fator desencadeante de violência.

 

Papel do judiciário e da mídia

Olhando para essas realidades, os bispos refletiram que é importante recordar o papel do Judiciário na medida em que garante o direito e a justiça. “Mas dele esperamos uma atuação independente, autônoma, fundada no cumprimento da lei, igual para todos”, afirmou Dom Joaquim. Sobre o papel da mídia, o episcopado lembrou que a ela cabe informar e colocar-se a serviço da verdade de forma livre, plural e independente.

“A reconstrução do nosso país precisa salvaguardar a dignidade de toda a pessoa humana, a liberdade, a paz e a justiça”, concluiu o Bispo.

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