INTERNACIONAL

ACN - ENTREVISTA

‘A ACN foi a inspiração’

Por MARCIO MARTINS
05 de julho de 2019

Mark Riedemann, Diretor de Assuntos Públicos e Liberdade Religiosa da ACN, fala sobre o Dia Internacional em Homenagem às Vítimas de Perseguição Religiosa

© ACN

A Assembleia Geral da ONU aprovou, em 28 de maio de 2019, uma resolução estabelecendo 22 de agosto como o Dia Internacional em Homenagem às Vítimas de Atos de Violência Baseada na Religião ou Crença. A ACN acolheu essa resolução como um primeiro passo para chamar mais atenção para a perseguição religiosa,  particularmente a da violência contra os cristãos – até hoje, o grupo religioso que mais sofre. Mark Riedemann, Diretor de Assuntos Públicos e Liberdade Religiosa da ACN, expõe a expectativa da entidade com a resolução da ONU.

Como surgiu o Dia Internacional em Homenagem às Vítimas de Perseguição Religiosa?
Após o sucesso da conferência internacional organizada pela ACN, em setembro de 2017, em Roma, que apresentou o plano de reconstrução das aldeias cristãs na Planície de Nínive, no Iraque, destruídas pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), a advogada polonesa Ewelina Ochab, autora e coautora de vários livros e artigos sobre liberdade religiosa, propôs chamar a atenção global para as violações da liberdade religiosa. Ao longo de 2018, ela falou em 17 conferências, propondo a ideia a uma rede de apoiadores com representantes dos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia. O Ministério das Relações Exteriores do governo polonês confirmou o apoio e os Estados Unidos incluíram a proposta em sua declaração e plano de ação “Potomac”. A Polônia apresentou e prosseguiu com as etapas necessárias na Assembleia Geral da ONU. Foi um longo processo com muitas pessoas envolvidas, no entanto, a ACN foi a inspiração.

Como isso pode promover a liberdade religiosa?
A resolução é uma mensagem clara de que atos de violência baseada na religião não podem e não serão tolerados pela ONU, seus Estados membros e pela sociedade civil. A proteção daqueles que sofrem violência por causa da fé é também um reconhecimento da liberdade religiosa.

A violência religiosa finalmente passou a ser levada mais a sério pela ONU?
Tragicamente, pesquisas de relatos de liberdade religiosa, tais como as publicadas pela Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF), pelo Centro de Pesquisas Pew e pela ACN, confirmam um aumento sem precedentes na violência contra os religiosos, em todos os continentes. Somente nos últimos cinco anos, testemunhamos dois casos de genocídio perpetrados pelo grupo EI contra cristãos e grupos religiosos minoritários no Iraque e na Síria, e contra os muçulmanos Rohingya, em Mianmar, sem mencionar as atrocidades sistematicamente organizadas, cada vez mais perpetradas contra cristãos na África. Nosso silêncio é nossa vergonha.

Quais outras medidas precisam ser tomadas semelhantes a esta da ONU?
Grupos religiosos estão sendo erradicados de suas terras. Antes da invasão extremista de 2003, os cristãos iraquianos somavam 1,3 milhão de pessoas. Hoje existem no máximo 300 mil. É importante que esta resolução da ONU não seja tratada como um fim em si mesmo, mas entendida como o início de um processo em direção a um plano de ação internacionalmente coordenado pela ONU e Estados membros, trabalhando para acabar com a perseguição religiosa.

Qual é a ajuda da ACN aos cristãos perseguidos?
O ACN procura chamar a atenção e dar apoio para ajudar a manter viva a fé e a esperança daqueles cristãos que sofrem e são perseguidos por suas crenças religiosas. Graças à generosidade de nossos benfeitores, financiamos anualmente mais de 5 mil projetos em cerca de 145 países. Nossos doadores são o alicerce sobre o qual construímos pontes de fé, esperança e caridade. Por mais que o apoio financeiro seja necessário, é importante termos a consciência do sofrimento dessas comunidades cristãs, e que o sofrimento deles não passe despercebido.

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.