Centro de Orientação à Família (COR) completa 48 anos em São Paulo

Por
26 de junho de 2019

A celebração em ação de graças pelo aniversário de 48 anos do Centro de Orientação à Família – A serviço da Vida na Comunidade (COR) aconteceu em 23 de maio, no Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) do COR. A missa foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, e teve a participação de membros das 22 unidades do COR espalhadas pela Capital Paulista. 
O Centro de Orientação à Família é uma organização social sem fins lucrativos, comprometida com a qualidade de vida das famílias em situação de vulnerabilidade. Foi idealizado e fundado, em 1971, por Nair Salgado e seu grupo de amigos com princípios cristãos-católicos, tendo como objetivo o respeito à dignidade e à integridade de cada pessoa e família atendida.
“O COR nasceu do coração da Legião de Maria, pois, no início, os voluntários eram, em sua maioria, participantes da Legião de Maria”, contou Zilda Siqueira Furtado, 85, que estava presente naquele grupo e foi amiga de Nair Salgado. 
Zilda recordou ainda que Nair, quando sentiu que deveria fundar uma instituição, foi primeiro estudar Serviço Social e, só depois, deu os primeiros passos para a organização que cresceu e hoje atende mais de mil famílias, em diferentes serviços voltados para crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. 
“A primeira sede do COR foi uma casa do pai da Nair, cedida para que se iniciassem as obras”, recordou Zilda, que dá aulas em uma escola para crianças com deficiência nas instituições “Arca” e “Fé e Luz”.

Força e esperança
Aos 90 anos, Maria Eleontina Ribeiro é a primeira secretária do COR, trabalho que realiza, voluntariamente, há cerca de 15 anos. “No COR, todos os membros da diretoria trabalham sem remuneração e, como somos poucos, acabamos desempenhando diferentes funções”, explicou Fabianne Nunes, 68, atual vice-presidente.
A presidente, Maria Regina Leandro de Souza, que também trabalha voluntariamente, é uma das responsáveis pela parceria que o COR mantém com a Prefeitura de São Paulo, pois todos os serviços são conveniados. Ela também é uma das encarregadas pela organização dos eventos realizados para arrecadação de fundos que visam à melhoria dos serviços.
Andreia Xavier, 35, trabalha no Centro Educacional Infantil (CEI), que atende 160 crianças com idade até 3 anos e 11 meses. Localizado no Carandiru, na zona Norte de São Paulo, o CEI completará 20 anos no dia 26 de novembro de 2019, e tem buscado, sempre mais, realizar um trabalho de apoio e de integração das famílias no processo de socialização e aprendizado das crianças.
Amanda de Oliveira Freitas e Isabela Marques têm 10 anos de idade e participam do CCA COR há cerca de um ano. Para Amanda, que veio de outro CCA que fechou na região, o COR oferece muitas oportunidades, como as aulas de informática e os momentos de recreação.
 “Gosto muito de todas as atividades que fazemos aqui”, disse, por sua vez, Isabela à reportagem do O SÃO PAULO. 

Frutos do amor
Na celebração que presidiu às 10h, reunindo funcionários, membros da diretoria do COR e adolescentes do CCA COR, Dom Odilo demonstrou muito contentamento por perceber que um trabalho, iniciado por inspiração mariana, tenha tantos frutos que permanecem. 
“O COR nasceu do coração de Maria”, disse Dom Odilo, ao ressaltar que se trata de uma atividade que tem como objetivo o cuidado com a vida e com as famílias. “Vocês estão fazendo um trabalho muito importante e, por isso, vocês precisam cobrar do poder público também”, disse o Cardeal, completando que, por meio do COR, pode-se fazer, com menos recursos, um trabalho de grande alcance e eficácia para a sociedade, devido ao grande número de voluntários. 
Na liturgia do dia, Jesus chamava seus discípulos de amigos e os convidou a “amar uns aos outros” (Jo 15,12). Animados pela Palavra de Deus, representantes de cada uma das unidades do COR compuseram, com corações coloridos, uma árvore de papel colocada ao lado do altar. 

Para ser voluntário no COR
Pessoas a partir dos 18 anos com interesse em desenvolver algum tipo de trabalho voluntário no COR devem entrar em contato pelo telefone (11) 3341-3391 ou pelo e-mail corfamilia@uol.com.br.
O COR recebe doações de roupas, brinquedos, alimentos, materiais de higiene, limpeza e de escritório, além da doação de cupons fiscais (sem a vinculação ao CPF de algum contribuinte). 
Outras informações podem ser obtidas no site http://corfamilia.org.br.

Comente

Ser doador voluntário de sangue é oferecer a alguém uma nova chance de viver

Por
25 de novembro de 2018

A mão, ao abrir e fechar em um ritmo acelerado, faz com que o sangue seja bombeado e lentamente chegue bolsa localizada centímetros acima do doador. A ação de erguer um dos braços e deixar a mão aberta pode ser comparada a de quando nos colocamos em sinal de ajuda. Pode ser sinônimo, entre outras coisas, da sobrevivência de alguém. Na maioria dos casos não se tem conhecimento de quem é a pessoa beneficiada. O que se tem convicção é de que, independentemente de quem seja, o sangue que lhe é oferecido trará a essa pessoa a esperança de viver.

HÁ 12 ANOS

Em 2006, após participar de um trabalho voluntário que tinha o objetivo de distribuir 300 kits de lanches aos moradores em situação de rua, na região central da cidade de São Paulo, Jarbas Roberto Pecoraro, que é corretor de imóveis e empresário, decidiu doar sangue pela primeira vez. A iniciativa acontece, também, como estímulo de superação do medo de agulhas.

Atualmente, Pecoraro realiza as doações de uma a quatro vezes por ano e ao longo dos 12 anos como doador, somou 29 doações: “As doações me fizeram vencer o medo de agulhas e também deram um sentido ainda maior à definição de ser prestativo e consciente das necessidades alheias, principalmente em se tratando de saúde e recuperação de estados críticos", contou.

O empresário falou ao O SÃO PAULO dos motivos que o fazem ser doador há tantos anos: “Doo por saber da importância que é para as pessoas necessitadas e que isso pode significar para alguém a diferença entre sobreviver ou não”.

SALVAR VIDAS

Para Alexsandro Justino, 43, a chegada do filho despertou o desejo de tornar-se doador em 2011. Há cada 30 dias, Justino, que também é contador, realiza a doação de plaquetas e, quatro vezes por ano, de sangue.

Justino defendeu que a importância do gesto está na possibilidade de ajudar o próximo, sem conhecer quem é esse próximo: “Você sabe que pode estar salvando uma vida. Às vezes, ficamos sabendo que há alguma criança com câncer e com baixa imunidade, neste momento, você passa a pensar mais vida”, concluiu.

AJUDAR AINDA MAIS

O analista de sistemas Robevaldo Oliveira fundou, em 2014, o projeto Cadastro Nacional de Doadores de Sangue (CNDS). Hoje, aos 32 anos, tomou a decisão de doar seu sangue pela primeira vez, quando o pai de uma amiga estava internado em estado grave e precisando passar por uma transfusão sanguínea.

Ao refletir sobre o fato de nunca ter feito a doação, chegou à conclusão e mudou essa realidade. “Tenho o prazer em doar um pouco do meu sangue para aqueles que necessitam dele”, salientou.

Com o desejo de colaborar ainda mais com a questão da doação de sangue, criou o sistema de encontro de doadores e pacientes: “O doador recebe um comunicado por e-mail e vai, voluntariamente, ao centro de coleta indicado na solicitação, com o nome do paciente”.

Quatro anos depois, a rede cresce a cada dia e já conta com doadores de todos os tipos sanguíneos e espalhados por todo o País. A triagem ocorre em três etapas: o doador voluntário se cadastra on-line no site do projeto; o paciente solicita doadores no mesmo canal; e, por fim, o sistema localiza o doador compatível por localidade e faz o comunicado no e-mail do doador.

Oliveira ressaltou ainda que o projeto não tem ligação com qualquer centro de coleta ou hospital, e que apenas o doador tem acesso ao nome do paciente que receberá a doação. Mais informações podem ser encontradas no site.

A FAVOR DA VIDA

“A Fundação Pró-Sangue abastece mais de cem serviços de saúde da rede pública do município. A demanda é bastante grande. Todos os tipos de sangue são importantes, da mesma forma que os doadores têm tipos variados, os pacientes também têm”, reiterou a médica Fátima Aparecida Hangai Nogueira, que é hematologista e hemoterapêuta na Fundação Pró-Sangue, instituição que existe desde 1984 e é vinculada à Secretaria de Estado da Saúde e ao Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

A médica esclareceu que para atender tantas pessoas são coletados dos voluntários 450 ml de sangue, que são fracionados em até quatro novas bolsas, o que significa até a oportunidade de quatro novas transfusões.

O tipo sanguíneo é, segundo Fátima, um aspecto desafiador. Em virtude dos baixos índices, os especialistas recomendam que, principalmente, pessoas que tenham o tipo O+ façam a doação, já que este é compatível com todos os demais.

CAMPANHA INCANSÁVEL

Fátima contou que percebeu ao longo dos anos um aumento no número de pessoas que fazem a doação de maneira voluntária, ou seja, sem ligação direta com algum paciente e que há mais mulheres doando.

Porém, ela enfatiza que campanhas devem ser feitas de forma incansável, pois mesmo com o aumento, os bancos de sangue ainda apresentam índices de 50% abaixo do nível desejado.

REQUISITOS E ETAPAS

Os interessados em doar, precisam:

- Estar em boas condições de saúde;

-Ter entre 16 a 69 anos;

Pesar no mínimo 50 kg;

- No dia da doação é importante que o voluntário tenha se alimentado bem até 4 horas antes e portar um documento com foto.

- Antes da doação, é feito uma triagem composta por teste de anemia, checagem do batimento cardíaco, pressão arterial, peso e temperatura.

- Por fim, o candidato participa de uma entrevista e responde a etapa de autoexclusão, alegando se oferece ou não risco para doenças sexualmente transmissíveis. Ao fim do processo, o doador segue para a coleta.

Comente

Voluntário: Testemunho de quem dá a vida pelos irmãos

Por
31 de agosto de 2018

Em 28 de agosto, comemora-se o Dia Nacional do Voluntariado. No Brasil, segundo dados do IBGE, em 2017, o número de voluntários chegou a 7,4 milhões.
Classificado como toda atividade realizada, por ao menos uma hora por dia, de forma gratuita, com o princípio do bem comum, solidariedade, participação e cooperação, vinculado a espaços cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos e de assistência social, a prática do voluntariado é regulamentada pela lei n° 9.608/98.
Vania Dohme, fundadora do Centro Voluntariado do Brasil e professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, destacou ao O SÃO PAULO que o voluntário é um cidadão participativo que reúne duas competências: senso crítico e empreendedorismo. “Senso crítico porque vê o que está acontecendo à sua volta e analisa a situação por diversos ângulos; e empreendedor porque, ao ver situações que precisam ser resolvidas, sente-se movido a fazer algo para solucioná-las”.
O Papa Emérito Bento XVI, em um encontro com um grupo de voluntários, em 2011, enfatizou que para os cristãos o voluntariado vai além de apenas uma “expressão de boa vontade”. “É baseado em uma experiência pessoal com Cristo. Ele foi o primeiro a servir a humanidade, Ele livremente deu sua vida para o bem de todos. Esse dom não foi baseado em nossos méritos. A partir disso, aprendemos que Deus dá a nós a si mesmo”, afirmou.


TESTEMUNHO DE CARIDADE
Pelo voluntariado é possível colocar seus dons e aptidões a serviço das pessoas que mais necessitam. Como é o caso do Lucas Lomelino, formado em Administração de Empresas, e que faz parte da Associação Rainha da Paz, no Jardim Brasília, na zona Sul, que realiza 14 programas de educação, capacitação profissional e de assistência social oferecidos gratuitamente a todas as faixas etárias. Para ele, o voluntariado permite que o ser humano estimule aquilo que ele tem de melhor: a caridade. “Todos que experimentam o voluntariado sabem como é entrar no projeto achando que estão ajudando de forma quase heroica e, no fim, se sentirem eles os ajudados. E de fato é assim, o poder do voluntariado é justamente de ser uma oportunidade de experiência de encontro e trocas de valores”, disse.
Daniel Mariano e seu irmão, Thiago Almeida, criaram, em 2008, um cursinho popular para ajudar jovens no bairro da Brasilândia a ingressarem em escolas técnicas de São Paulo.
Formado em Ciências Sociais e antigo professor de atualidades, Daniel explicou que o projeto nasceu do desejo do irmão em ajudar adolescentes a se prepararem para o vestibular. Apesar de atualmente estar fora da sala de aula, ele não se afastou do voluntariado, pois o considera uma troca de riquezas: “Vivemos em uma sociedade egoísta, nós aprendemos a construir muros para guardar nossos tesouros nesses muros. O voluntariado faz com que pessoas que tenham conhecimento e possam compartilhá-lo”.
O fato de ex-alunos retornarem ao projeto como voluntários é para ele uma fonte de motivação. Foi o que aconteceu com Adryenne Diniz, aluna em 2014, que estudou Técnica de Teatro e hoje cursa Pedagogia. Desde 2015, ela colabora com a administração do cursinho. Adryenne contou que o voluntariado mudou sua forma de olhar para as pessoas e que seu estímulo vem da possibilidade de multiplicar essa oportunidade.
Atualmente, o Cursinho Popular “Preparando o Futuro” está localizado no Bairro Jardim Elisa Maria, na zona noroeste de São Paulo. Ao longo de dez anos, aproximadamente 700 alunos foram contemplados com as aulas que acontecem todos os sábados, das 8h às 13h.


TECELÃS DO AMOR
O amor traduzido em enxovais é a forma como as Tecelãs do Amor Maior doam seus dons. O projeto é formado por mulheres que, voluntariamente, tricotam roupas que são doadas aos recém-nascidos atendidos pelo Amparo Maternal, maior maternidade de assistência pública do País. Essa história começou há 15 anos e foi idealizada por Marlene Vilutis, que também é doula do Amparo Maternal - as doulas auxiliam as mães na hora do parto. Percebendo  a vulnerabilidade das famílias e conversando com outras voluntárias, em 13 de maio de 2005, foi oficialmente criado o projeto, que hoje conta com 781 tecelãs.
Elas atuam na cidade de São Paulo em três lugares: Vila Arapuá, Condomínio Imperial e na Paróquia São João Batista, na zona Sul da Capital. Atuam também em Minas Gerais, Peruíbe. No exterior, o projeto está presente na Holanda e nos Estados Unidos, países que enviam peças de enxoval uma vez por ano. Só no primeiro semestre de 2018, 1.759 bebês receberam o kit.
A fundadora conta que seu voluntariado é uma resposta à Nossa Senhora. Professora da História da Arte aposentada há 18 anos, Marlene sentiu o desejo de ajudar o próximo ao ouvir o Evangelho em que Maria vai ao encontro para servir sua prima Isabel. Enquanto limpava o quintal de sua casa, ela encontrou um jornal que continha informações sobre um curso oferecido pelo Amparo Maternal. Ao conhecer a maternidade, se tornou doula e, assim, passou a estar próxima das mães: “Eu via que elas tinham pouco, não tinham nem mala, algumas vezes traziam as roupas em sacolas de mercado, e eu disse é por aí: Nossa Senhora me deu a resposta”.
Marlene ressaltou que sua motivação não é apenas ajudar as mães e os bebês, mas também as mulheres que tecem as roupas, pois o trabalho dá a elas um novo ânimo, já que muitas são idosas e aposentadas, que encontram um novo sentido nessa fase da vida.


VISITA DA ALEGRIA
Em novembro de 2010, a Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, na Região Episcopal Brasilândia, realizou uma gincana da juventude a fim de apresentar as pastorais atuantes na Igreja. Coube ao casal Joseane Soares Lourenço e Thiago Lourenço, junto a outros jovens, conhecer a Pastoral da Saúde. O casal começou, assim, a visitar os pacientes internados no Hospital Penteado, na zona noroeste de São Paulo.
O envolvimento foi tanto que, em 2015, os dois – acompanhado de outros amigos - foram atraídos pelo trabalho do Palhaço Hospitalar, por meio da ONG “Hospitalhaços”, de Campinas, e estabeleceram um cronograma de voluntariado quinzenal chamado “Visita da Alegria”.
“É um ambiente totalmente adverso, onde a figura do palhaço não é essencial como um médico, mas pode ter a potência de intermediar a transformação desse espaço”, salientou Joseane sobre visitas ao hospital. O grupo já esteve também em asilos, orfanatos e casas de apoio.
Sobre a motivação para ser voluntária há tantos anos, Joseane disse que “estamos aqui de passagem e precisamos cuidar dos demais para construirmos juntos um legado de mais amor, mais carinho e mais humanidade”.

Comente

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.