Coleta do Óbulo de São Pedro é adiada para 4 de outubro

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30 de abril de 2020

Devido à pandemia de COVID-19 e suas consequências, a coleta do Óbolo de São Pedro, que tradicionalmente é realizada próxima da solenidade de São Pedro e São Paulo, em 29 de junho, foi adiada para o dia 4 de outubro, por decisão do Papa Francisco.

A informação foi divulgada pelo Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, nesta quarta-feira, 29. Ele informou, ainda, que na data escolhida pelo Santo Padre, que será o 28º domingo do tempo comum, é a o dia do memória litúrgica de São Francisco de Assis.

GENEROSIDADE

O Óbolo de São Pedro é a ajuda econômica que os fiéis oferecem diretamente ao Pontífice romano, para as múltiplas necessidades da Igreja universal e para as obras de caridade em favor dos mais frágeis. Nasce com o próprio Cristianismo a prática de apoiar materialmente aqueles que têm a missão de anunciar o Evangelho e de cuidar dos mais necessitados.

No final do século VIII, os anglo-saxões decidiram enviar de maneira estável uma contribuição anual ao Santo Padre, o “Denarius Sancti Petri”. Posteriormente, o Papa Pio IX abençoou o Óbolo de São Pedro com a encíclica Saepe venerabilis, de 5 de agosto de 1871.

As ofertas vêm de muitas maneiras diferentes que se reúnem para formar a oferta que é então redistribuída, de acordo com as indicações do Papa, para aqueles que precisam. O critério geral que inspira essa prática ainda se refere à Igreja primitiva, são as ofertas espontaneamente dadas pelos católicos em todo o mundo, e também por outras pessoas de boa vontade, como um serviço para os outros.

COMO FUNCIONA

As coletas realizadas nas missas em todas as igrejas católicas do mundo na data estabelecida são reunidas pelas dioceses que enviam a quantia para a Santa Sé, para compor um fundo destinado apenas para esta finalidade.

Além do envio por parte das dioceses, é possível fazer a oferta por meio do site oficial do Óbolo de São Pedro. Nesse site também é possível conhecer as diferentes obras de caridade realizadas em todo mundo por meio desse gesto de generosidade.

“Essa coleta não vai para bolso e nem para a conta do Papa e sim para um fundo que faz referência ao Papa, para que este faça a caridade às situações de necessidades, de urgências, de catástrofes e sofrimentos do mundo inteiro. Não há terremoto, vulcão, desastre em que o Papa não esteja ajudando em nome da Igreja Católica, para que a caridade, como testemunho veraz do Evangelho, chegue a todos”, explicou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo.

OBRA DE CARIDADE

Em muitos pronunciamentos, o Papa Francisco repetidamente recordou que “o cristão existe para servir, não para ser servido”, que não deve se cansar de ser misericordioso. E convidou a viver a caridade com pequenos gestos concretos, “nas pequenas obras de misericórdia” que nos fazem vislumbrar o amor de Deus.

“Realizar com alegria obras de caridade por aqueles que sofrem no corpo e no espírito, é a maneira mais autêntica de viver o Evangelho, é o fundamento necessário para que as nossas comunidades cresçam na fraternidade e na aceitação mútua. Eu quero ver Jesus, mas vê-lo por dentro. Entre em suas chagas e contemple esse amor de seu coração por você, por mim, por todos”, disse o Pontíce no Angelus de 18 de março de 2018.

(Com informações de Vatican News)

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Bento XVI comemora 93 anos e reza pelas vítimas da pandemia

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17 de abril de 2020

Nesta quinta-feira, 16, o Papa emérito Bento XVI completa 93 anos de idade. Ele comemorou seu aniversário natalício no mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, onde vive desde sua renúncia ao pontificado, em 2013.

Devido à pandemia de COVID-19, as comemorações da data aconteceram sem visitas, conforme explicou ao Vatican News o Prefeito da Casa Pontifícia e secretário pessoal do Papa Emérito, Dom Georg Gänswein.

DIA DE ORAÇÕES

Bento XVI celebrou a missa na capela do mosteiro, mais solene do que habitualmente, e prosseguiu o dia com momentos de oração e a cantos típicos da Baviera, no sul da Alemanhã, sua terra natal.

O secretário informou, ainda, que o Pontífice emérito recebeu numerosos telefonemas de felicitações, em especial do seu irmão Georg Ratzinger. Também foram muitas as mensagens recebidas por e-mail.

Dom Georg também destacou que Bento XVI tem sido constantemente informado sobre os desdobramentos da pandemia e reza diariamente pelos doentes e por aqueles que sofrem por causa do vírus.

“Ficou também particularmente impressionado com os muitos sacerdotes, médicos e enfermeiros mortos, em particular no norte da Itália, na realização do próprio serviço de assistência aos doentes do coronavírus”, disse o secretário, concluindo que Bento XVI “participa desta dor”, acompanha “com preocupação”, mas “não se deixa roubar a esperança”.

PRESENTE

O Papa emérito recebeu de presente um exemplar da sua biografia escrita pelo jornalista alemão Peter Seewald, que será publicada na Alemanha no próximo dia 4 de maio. O autor pretendia entregar a obra pessoalmente o Santo Padre, porém, a pandemia impossibilitou sua visita.

Intitulada “Bento XVI – uma vida”, a biografia será publicada pela casa editora Droemer Knaur. O autor publicou vários livros-entrevista com o Papa emérito, entre os quais os best sellers “Luz do mundo” e “Últimas conversações”.

(Com informações de Vatican News)

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Papa Francisco: ‘Nesta noite, conquistamos o direito fundamental à esperança’

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11 de abril de 2020

Cristo Ressuscitado é anúncio da esperança diante das dificuldades, afirmou o Papa Francisco na solene celebração da Vigília Pascal da Ressurreição do Senhor, realizada na noite deste sábado, 11 de abril, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Diferentemente de outros anos, a celebração aconteceu sem a presença de fiéis, seguindo as recomendações das autoridades sanitárias para se evitar a aglomeração de pessoas e a proliferação do novo coronavírus. Mas a missa foi acompanhada ao vivo pela internet, com mais de 10 mil acessos pelo site Vatican News, e também por tevês e rádios de inspiração católica em diferentes partes do mundo. 

Com a Basílica às escuras, o Papa realizou a bênção do fogo novo, e posteriormente foi aceso o Círio Pascal, previamente preparado. Este foi conduzido pelo diácono até o altar da Cátedra, e ele proclamou, por três vezes, “Eis a luz de Cristo, demos graças a Deus”. As luzes se acenderam e houve o anúncio da Páscoa da Ressurreição do Senhor.

A confiança das mulheres que foram ao sepulcro

Após a proclamação de leituras do Antigo e do Novo Testamento, entremeadas por salmos e orações,  houve a proclamação do Evangelho (Mt 28, 1-10). Ao iniciar a homilia, o Papa falou da proximidade dos sentimentos das mulheres que foram ao sepulcro com aqueles vividos pela humanidade atualmente.

“Como nós, elas tinham nos olhos o drama do sofrimento, duma tragédia inesperada, que se verificou demasiado rapidamente. Viram a morte e tinham a morte no coração. À amargura, juntou-se o medo: acabariam, também elas, como o Mestre? E depois os receios pelo futuro, carecido todo ele de ser reconstruído. A memória ferida, a esperança sufocada. Para elas, era a hora mais escura, como o é hoje para nós. Contudo, nesta situação, as mulheres não se deixam paralisar. Não cedem às forças obscuras da lamentação e da lamúria, não se fecham no pessimismo, nem fogem da realidade. Realizam algo simples e extraordinário: nas suas casas, preparam os perfumes para o corpo de Jesus. Não renunciam ao amor: na escuridão do coração, acendem a misericórdia. Nossa Senhora, no sábado – dia que Lhe será dedicado –, reza e espera. No desafio da tristeza, confia no Senhor”, afirmou o Pontífice.

Nasce o direito à esperança

O Pontífice recordou que as mulheres, já ao amanhecer, encontram o anjo que lhes anuncia que o Senhor Ressuscitou. “E depois encontram Jesus, o autor da esperança, que confirma o anúncio dizendo-lhes: ‘Não temais’ (28,10). Não tenhais medo, não temais: eis o anúncio de esperança para nós, hoje. Tais são as palavras que Deus nos repete na noite que estamos a atravessar. Nesta noite, conquistamos um direito fundamental, que não nos será tirado: o direito à esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus. Não é mero otimismo, não é uma palmada nas costas nem um encorajamento de circunstância. É um dom do Céu, que não podíamos obter por nós mesmos. Tudo correrá bem: repetimos com tenacidade nestas semanas, agarrando-nos à beleza da nossa humanidade e fazendo subir do coração palavras de encorajamento”, disse o Papa.

Cristo remove as rochas que fecham o coração

Francisco disse, ainda, que Cristo ressuscitou “para trazer vida onde havia morte, para começar uma história nova”, e que assim como derrubou a pedra da entrada do túmulo, “pode remover as rochas que fecham o coração. Por isso, não cedamos à resignação, não coloquemos uma pedra sobre a esperança. Podemos e devemos esperar, porque Deus é fiel. Não nos deixou sozinhos, visitou-nos: veio a cada uma das nossas situações, no sofrimento, na angústia, na morte”.

Coragem

O Papa enfatizou que “a escuridão e a morte não têm a última palavra”, por isso “Coragem! Com Deus, nada está perdido”. E continuou: “Se te sentes fraco e frágil no caminho, se cais, não tenhas medo; Deus estende-te a mão dizendo: ‘Coragem!’... Basta abrir o coração na oração, basta levantar um pouco aquela pedra colocada à boca do coração, para deixar entrar a luz de Jesus. Basta convidá-Lo: ‘Vinde, Jesus, aos meus medos e dizei também a mim: coragem!’”.

Francisco lembrou, ainda, que seja qual for a tristeza, Deus sempre acompanha a todos nos momentos sombrios. “sois certeza nas nossas incertezas, Palavra nos nossos silêncios e nada poderá jamais roubar-nos o amor que nutris por nós. Eis o anúncio pascal, anúncio de esperança”.

Ide e anunciai o Cristo

O momento da Ressurreição é também aquele em que o Senhor envia seus discípulos para a missão, para o anúncio da Boa Nova, e os acompanha, lembrou o Pontífice.  

“O Senhor precede-nos. É bom saber que caminha diante de nós, que visitou a nossa vida e a nossa morte para nos preceder na Galileia, isto é, no lugar que, para Ele e para os seus discípulos, lembrava a vida diária, a família, o trabalho. Jesus deseja que levemos a esperança lá, à vida de cada dia”, apontou, dizendo que sempre se deve lembrar que todos nasceram e renasceram deste chamado gratuito de amor. “Este é o ponto donde recomeçar sempre, sobretudo nas crises, nos tempos de provação”.

Proclamar a todos a esperança

Francisco disse, ainda, que o anúncio da esperança não deve ficar confinado nos templos, “mas ser levado a todos. Porque todos têm necessidade de ser encorajados e, se não o fizermos nós que tocamos com a mão ‘o Verbo da vida’ (1 Jo 1, 1), quem o fará?”,  afirmou, exaltando os cristãos que “consolam, que carregam os fardos dos outros, que encorajam: anunciadores de vida em tempo de morte!”.

Calar os gritos de morte

Na conclusão da homilia, o Papa exortou os cristãos a “calar os gritos de morte: basta de guerras! Pare a produção e o comércio das armas, porque é de pão que precisamos, não de metralhadoras. Cessem os abortos, que matam a vida inocente. Abram-se os corações daqueles que têm, para encher as mãos vazias de quem não dispõe do necessário”.

 “Hoje nós, peregrinos em busca de esperança, estreitamo-nos a Vós, Jesus ressuscitado. Voltamos as costas à morte e abrimos os corações para Vós, que sois a Vida”, concluiu.

Liturgia Batismal e bênção da água

Depois, houve a liturgia bastimal, apenas com a renovação das promessas do Batismo. Por causa da pandemia do novo coronavírus, não foram realizados batismos, como acontece tradicionalmente nesta celebração no Sábado Santo.

Pela mesma razão, foi suprimido da liturgia da celebração a bênção da água e as aspersão sobre os fiéis. Os demais ritos da liturgia desta celebrações foram seguidos como de costume.

Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor

Amanhã, dia 12, às 6h (no horário de Brasília), o Papa presidirá a missa do Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor, que poderá ser vista pelo site www.vaticannews.va e por algumas tevês e rádios de inspiração católica.

ACESSE A ÍNTEGRA DA HOMILIA DO PAPA

VEJA FOTOS E A ÍNTEGRA DA SOLENE CELEBRAÇÃO

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Via Sacra acontece na Praça de São Pedro com meditações de detentos e vítimas de crimes

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10 de abril de 2020

Não foi possível, neste ano, realizar a conhecida Via Sacra do Papa no Coliseu, em Roma. Mas a tradição foi mantida. Em meio à crise sanitária causada pelo novo coronavírus, essa devoção foi colocada em prática na Praça de São Pedro, embora quase vazia, nesta sexta-feira, 10 de abril.

Os textos das meditações e orações propostas neste ano para as estações da Via Sacra foram escritos por cinco pessoas que estão encarceradas, uma família de uma vítima de homicídio, a filha de um homem condenado à prisão perpétua, uma educadora, uma catequista, um frade, um agente penitenciário e um sacerdote acusado de um crime e, depois, absolvido após oito anos de processo.

Esse grupo de pessoas foi reunido pela Capelania da Casa de Reclusão “Dois Palácios”, em Pádua, na Itália, coordenados pelo capelão, o Padre Marco Pozza, e pela voluntária Tatiana Mario. O convite a eles partiu do próprio Papa Francisco.

Proposta da meditação

O percurso da Via Sacra começou no centro da Praça de São Pedro, próximo ao obelisco, e percorreu diversos pontos, marcados com tochas de fogo no chão.

“Acompanhar Cristo pelo Caminho da Cruz, com a voz rouca das pessoas que povoam o mundo das prisões, é uma oportunidade de assistir ao duelo prodigioso entre a Vida e a Morte, descobrindo como os fios do bem, inevitavelmente, se entrelaçam com os fios do mal”, diz a introdução do livreto que contém as meditações.

“Tudo é possível a quem crê, porque mesmo na escuridão das prisões ressoa este anúncio cheio de esperança: ‘Nada é impossível a Deus’ (Lc 1,37). Se alguém lhe apertar a mão, o homem que foi capaz do crime mais horrendo poderá ser o protagonista da mais inesperada ressurreição”, acrescenta o texto.

O Papa preferiu não fazer um discurso, mas rezou breves orações em cada uma das estações da Via Sacra. Na última, recordou aqueles que se dedicam ao serviço dos que sofrem: “Ó Deus, luz eterna e dia sem pôr do sol, cumula de seus bens aqueles que se dedicam ao seu louvor e ao serviço de quem sofre, nos inúmeros lugares de sofrimento da humanidade.”

É possível ler a íntegra das meditações em português no site da Libreria Editrice Vaticana.

 

CLIQUE E ACESSE FOTOS DA VIA SACRA

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O mistério da cruz nas palavras do pregador dos papas

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10 de abril de 2020

Pregador da Casa Pontifícia desde 1980, o capuchinho Frei Raniero Cantalamessa é quem fez a homilias das liturgias da Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa, presididas pelos três últimos papas.

O São Paulo reuniu trechos de algumas dessas pregações para ajudar o leitor a meditar sobre o mistério da Paixão de Cristo e acompanhar as celebrações que serão transmitidas pelos meios de comunicação, devido às medidas de isolamento domiciliar para conter o avanço da pandemia de COVID-19.

SERVO SOFREDOR

Na Sexta-feira Santa de 2019, em 19 de abril, Frei Raniero iniciou a homilia a partir da primeira leitura, extraída da Profecia de Isaias, que fala do servo que foi desprezado, “homem das dores e habituado à enfermidade; era como pessoa de quem se desvia o rosto, tão desprezível que não fizemos caso dele”.

“A história da paixão que se seguiu deu um nome e um rosto a este misterioso homem das dores, desprezado e rejeitado pelos homens: o nome e o rosto de Jesus de Nazaré. Hoje queremos contemplar o Crucificado sob este mesmo aspecto: como protótipo e representante de todos os rejeitados, deserdados e os ‘descartados’ da terra, aqueles diante dos quais se vira o rosto para outro lugar para não os ver.”

O frade capuchinho enfatizou, ainda, que o significado mais profundo da morte de Jesus não é o social, mas o espiritual.

“Aquela morte redimiu o mundo do pecado, levou o amor de Deus ao ponto mais distante e mais obscuro para o qual a humanidade se havia colocado na sua fuga d'Ele, isto é, na morte.”

Ele recordou que o Evangelho não para por na morte de Jesus, mas diz que o crucificado ressuscitou.

“É a festa da reviravolta feita por Deus e realizada em Cristo; é o início e a promessa da única reviravolta totalmente justa e irreversível no destino da humanidade. Pobres, excluídos, pertencentes às diversas formas de escravidão que ainda se verificam na nossa sociedade: a Páscoa é a vossa festa!”

‘DEIXAI-VOS RECONCILIAR COM DEUS’

Na Celebração da Paixão de 26 de março de 2016, Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, a homilia de Frei Raniero destacou a reconciliação a partir da palavra do Apóstolo São Paulo na Carta aos Coríntios: “Deixai-vos reconciliar com Deus”.

“O apelo do apóstolo a reconciliar-se com Deus não se refere à reconciliação histórica entre Deus e a humanidade (esta, ele acaba de dizer, já se realizou através de Cristo na cruz); tampouco se refere à reconciliação sacramental que acontece no batismo e no sacramento da reconciliação; refere-se a uma reconciliação existencial e pessoal, a ser vivida no presente. O apelo é dirigido aos cristãos de Corinto que são batizados e vivem há tempo na Igreja; é dirigido, por isso, também a nós, aqui e agora. ‘O tempo favorável, o dia da salvação’ é, para nós, o ano da misericórdia que estamos vivendo.”

Cantalamessa ressalta, ainda, que, “é quando cria o mundo e, nele, as criaturas livres, que o amor de Deus deixa de ser natureza e se torna graça”.

“Este amor é uma livre concessão: poderia não existir; é hesed, graça e misericórdia. O pecado do homem não muda a natureza deste amor, mas provoca nele um salto de qualidade: da misericórdia como dom se passa à misericórdia como perdão.”

‘PIEDOSAS MULHERES’

A presença das três mulheres junto da cruz foram destacadas na homilia da Celebração da Paixão de 6 de abril de 2007, presidida pelo Papa Bento XVI. Frei Raniero afirmou que esse fato não pode ser visto superficialmente.

“Chamamo-las, com uma certa condescendência masculina, ‘as piedosas mulheres’, mas elas são muito mais do que ‘piedosas mulheres’, são ‘Mães-Coragem!’. Desafiaram o perigo que existia em mostrar-se tão abertamente em favor de um condenado à morte. Jesus disse:  ‘Feliz de quem não tiver em mim ocasião de queda’ (Lc 7, 23). Estas mulheres são as únicas que não se escandalizaram por ele”.

Ao refletir qual razão essas mulheres resistiram ao escândalo da cruz, o pregador ressaltou que Jesus deu antecipadamente esta resposta, quando, ao responder a Simão, disse sobre a pecadora que lhe tinha lavado e beijado os pés:  “Muito amou!” (Lc 7, 47).

“As mulheres seguiram Jesus por ele mesmo, por gratidão ao bem que dele receberam, não pela esperança de fazer carreira ao seu seguimento. Não lhes foram prometidos ‘doze tronos’, nem elas pediram para sentar à direita e à esquerda no seu Reino. Seguiam-no, está escrito, ‘para o servir’ (Lc 8, 3; Mt 27, 55); eram as únicas, depois de Maria, a Mãe, a ter assimilado o espírito do evangelho. Tinham seguido as razões do coração e estas não as tinham enganado.”

Em seguida, Cantalamessa reiterou que as piedosas mulheres não devem ser apenas admiradas e honradas, mas imitadas.

“São Leão Magno diz que ‘a paixão de Cristo se prolonga até ao fim dos séculos’  e Pascal escreveu que ‘Cristo estará em agonia até ao fim do mundo’. A Paixão prolonga-se nos membros do corpo de Cristo. São herdeiras das ‘piedosas mulheres’ as muitas mulheres, religiosas e leigas, que hoje estão ao lado dos pobres, dos doentes de Sida, dos encarcerados, dos rejeitados pela sociedade. A elas crentes ou não Cristo repete:  ‘A mim o fizestes’ (Mt 25, 40).”

EUCARISTIA E CRUZ

A Sexta-feira Santa de 25 de março de 2005, foi a última do pontificado de São João Paulo segundo, que morreria dias depois, em 2 de abril. Nesta ocasião, Frei Cantalamessa  iniciou sua homilia indagando porque justamente na Sexta-feira Santa a Igreja se abstém de celebrar a Eucaristia, que é o memorial da Paixão”. Ele mesmo responder:

“Existe nisto uma profunda razão teológica. Quem se faz presente no altar em cada Eucaristia é Cristo ressuscitado e vivo, não um morto. Por isso, a Igreja abstém-se de celebrar a Eucaristia nos dois dias nos quais se recorda Jesus que jaz morto no sepulcro e a sua alma está separada do corpo (mesmo se o não está da divindade). O fato que hoje não se celebra a Missa não atenua por isso, mas fortalece, o vínculo entre a Sexta-Feira Santa e a Eucaristia. A Eucaristia está para a morte de Cristo como o som e a voz estão para a palavra que fazem ressoar no espaço e chegar aos ouvidos”.

Recordando hino eucarístico Ave Verum Corpus, composto no século XIII para acompanhar a elevação da hóstia na missa, o pregador afirmou que ele é de igual modo adequado para saudar a elevação de Cristo na cruz:

Ave verdadeiro Corpo nascido da Virgem Maria!
Tu sofreste verdadeiramente e imolaste-te pelo homem na cruz.
Do teu lado trespassado saiu sangue e água.
Sê para nós penhor no momento da morte.
Ó Jesus doce, ó Jesus piedoso, ó Jesus filho de Maria!

O Capuchinho explicou que:

“O corpo de Cristo presente no altar é definido "verdadeiro" (verum corpus), para o distinguir de um corpo puramente ‘simbólico’ e também do corpo "místico" que é a Igreja”.

Por fim, Frei Raniero conclui:

“O sinal mais evidente da unidade entre Eucaristia e mistério da cruz, entre o ano eucarístico e a Sexta-Feira Santa, é que nós podemos agora usar as palavras do Ave verum, sem mudar uma sílaba, para saudar Cristo que daqui a pouco será elevado na cruz diante de nós”.

A FÉ QUE VENCE O MUNDO

Na Sexta-feira Santa de 29 de março de 2013, Ano da Fé e primeiro do pontificado do Papa Francisco, Frei Raniero refletiu sobre a fé que salva e que vence o mundo.

“A fé – apropriação, pela qual tornamos nossa a salvação operada por Cristo e nos vestimos do manto da sua justiça. Por um lado, temos a mão estendida de Deus, que oferece a sua graça ao homem; por outro, a mão do homem, que se estende para recebê-la mediante a fé. A ‘nova e eterna aliança’ é selada com um aperto de mão entre Deus e o homem.

O pregador continuou que nesse dia, os cristãos têm a possibilidade de tomar a decisão mais importante de suas vidas, “aquela que nos abre de par em par os portões da eternidade: acreditar!”

“Acreditar que ‘Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação’ (Rm 4, 25)! Numa homilia pascal do século IV, o bispo proclamava estas palavras excepcionalmente contemporâneas e, de certa forma, existenciais: ‘Para cada homem, o princípio da vida é aquele a partir do qual Cristo foi imolado por ele. Mas Cristo se imola por ele no momento em que ele reconhece a graça e se torna consciente da vida que aquela imolação lhe proporcionou’.”

Ainda nas palavras de Cantalamessa, a cruz separa os crentes dos não crentes, porque, para alguns, ela é escândalo e loucura, e, para outros, é poder de Deus e sabedoria de Deus (cf. I Cor 1, 23-24)”.

“A urgência decorrente de tudo isto é evangelizar: ‘O amor de Cristo nos impele, ao pensarmos que um só morreu por todos’ (II Cor 5,14). Impele a evangelizar! Vamos anunciar ao mundo a boa notícia de que ‘não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus, porque a lei do Espírito que dá vida em Cristo Jesus nos libertou da lei do pecado e da morte’ (Rm 8, 1-2).”

 

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Papa Francisco: ‘Rezemos ao Senhor a fim de que nos ajude a ter confiança e a tolerar e vencer os medos’

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26 de março de 2020

Na Missa ao vivo em streaming nesta quinta-feira, 26, da Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, Francisco rezou a fim de que o Senhor nos ajude a vencer o medo neste tempo caracterizado pela pandemia do Covid-19. Estas, as suas palavras, introduzindo a celebração eucarística:

Nestes dias de tanto sofrimento, há tanto medo. O medo dos anciãos, que se encontram sozinhos, nas casas de repouso ou no hospital ou na casa deles e não sabem o que pode acontecer. O medo dos trabalhadores sem trabalho fixo que pensam como prover o alimento a seus filhos e veem a fome chegar. O medo de tantos agentes sociais que neste momento ajudam a sociedade a seguir adiante e podem pegar a doença. Também o medo – os medos – de cada um de nós: cada um sabe qual é o próprio. Rezemos ao Senhor a fim de que nos ajude a ter confiança e a tolerar e vencer os medos.

Na homilia, comentando a primeira leitura, extraída do livro do Êxodo (Ex 32,7-14), que conta o episódio do bezerro de ouro, Francisco falou dos ídolos do coração, ídolos por nós escondidos muitas vezes de modo astucioso, ressaltando que a idolatria nos faz perder tudo, nos faz perder os próprios dons do Senhor. A idolatria nos leva a uma religiosidade errônea. Em seguida, o Papa pediu para se fazer um exame de consciência para descobrir nossos ídolos escondidos.

A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

Na primeira Leitura encontra-se a cena do amotinamento do povo. Moisés subiu ao Monte para receber a Lei: Deus a deu a ele, em pedra, escrita com seu dedo. Mas o povo se entediou e se comprimiu em torno a Aarão e disse: “Mas, este Moisés, faz tempo que não sabemos onde está, para onde foi e nós estamos sem guia. Faça-nos um deus que nos ajude a seguir adiante”. E Aarão, que depois será sacerdote de Deus, mas ali foi sacerdote da estupidez, dos ídolos, disse: “Sim, deem-me todo o ouro e a prata que têm”, e eles deram tudo e fizeram aquele bezerro de ouro.

No Salmo ouvimos o lamento de Deus: “Construíram um bezerro no Horeb e adoraram uma estátua de metal; eles trocaram o seu Deus, que é sua glória, pela imagem de um boi que come feno”. E ai, neste momento, quando começa a Leitura: “O Senhor disse a Moisés: 'Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal fundido, inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: 'Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!'” Uma verdadeira apostasia! Do Deus vivo à idolatria. Não teve paciência para esperar que Moisés retornasse: queriam novidades, queriam algo, espetáculo litúrgico, alguma coisa...

Gostaria de acenar algumas coisas sobre isso: Em primeiro lugar, aquela saudade idolátrica: neste caso, pensava nos ídolos do Egito, mas a saudade de voltar aos ídolos, voltar ao pior, não saber esperar o Deus vivo. Essa saudade é uma doença, também nossa. Inicia-se a caminhar com o entusiasmo de ser livres, mas depois começam as lamentações: “Mas sim, este é um momento duro, o deserto, tenho sede, quero água, quero carne... mas no Egito comíamos as cebolas, as coisas boas e aqui não se tem...” Sempre, a idolatria é seletiva: leva você a pensar nas coisas boas que lhe dá, mas não o deixa enxergar as coisas ruins. Neste caso, eles pensavam como era quando estavam à mesa, com essas refeições tão boas das quais gostavam tanto, mas esqueciam que aquela mesa era a mesa da escravidão.

A idolatria é seletiva

Depois, outra coisa: a idolatria faz você perder tudo. Aarão, para fazer o bezerro, pede ouro: “Deem-me ouro e prata”: mas era o ouro e a prata que o Senhor tinha dado a eles, quando lhes disse: “Peçam ouro emprestado aos egípcios”, e depois foram embora com o ouro. É um dom do Senhor e com o dom do Senhor fazem o ídolo. E isso é muito feio. Mas esse mecanismo acontece também conosco: quando temos atitudes que nos levam à idolatria, somos apegados a coisas que nos distanciam de Deus, porque nós fazemos outro deus e o fazemos com os dons que o Senhor nos deu. Com a inteligência, com a vontade, com o amor, com o coração... são os próprios dons do Senhor que nós usamos para fazer a idolatria.

Sim, alguém de vocês pode me dizer: “Mas eu não tenho ídolos em casa. Tenho o Crucifixo, a imagem de Nossa Senhora, que não são ídolos...” – Não, não: no seu coração. E a pergunta que hoje devemos fazer é: qual é o ídolo que você tem no seu coração, no meu coração. Aquela saída escondida onde me sinto bem, que me distancia do Deus vivo. E nós temos também um atitude, com a idolatria, muito astuto: sabemos esconder os ídolos, como fez Raquel quando fugiu de seu pai e os escondeu na sela do camelo e entre as roupas. Também nós, entre as nossas roupas do coração, escondemos muitos ídolos.

A pergunta que gostaria de fazer hoje é: qual é o meu ídolo? Aquele meu ídolo do mundanismo... e a idolatria chega também à piedade, porque eles queriam o bezerro de ouro não para fazer um circo: não. Para fazer adoração. “Prostraram-se diante dele”. A idolatria leva você a uma religiosidade errônea, aliás: muitas vezes o mundanismo, que é uma idolatria, faz você mudar a celebração de um sacramento numa festa mundana. Um exemplo: não sei, penso, pensemos, não sei, uma celebração de casamento. Você não sabe se é um sacramento onde realmente os recém-casados dão tudo e se amam diante de Deus e prometem ser fiéis diante de Deus e recebem a graça de Deus, ou se é uma exposição de modelos, como um e o outro estão vestidos e o outro... o mundanismo. É uma idolatria. Isso é um exemplo. Porque a idolatria não cessa: segue sempre adiante.

Hoje a pergunta que eu gostaria de fazer a todos nós, a todos: quais são os meus ídolos? Cada um tem os seus. Quais são os meus ídolos. Onde os escondo. E que o Senhor não nos encontre, no final da vida, e diga de cada um de nós: “Você se corrompeu. Você se distanciou do caminho que eu tinha indicado. Você se prostrou diante de um ídolo”.

Peçamos ao Senhor a graça de conhecer nossos ídolos. E se não podemos expulsá-los, ao menos os coloquemos de lado...

Por fim, o Papa terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.

A seguir, a oração recitada pelo Santo Padre:

Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antiga antífona mariana Ave Regina Caelorom (“Ave Rainha dos Céus”).

 

 

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Francisco reza pelos médicos e sacerdotes mortos na assistência aos doentes de coronavírus

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25 de março de 2020

Na Missa na Casa Santa Marta esta terça-feira, 24, o Papa rezou pelos profissionais da saúde e pelos sacerdotes que estão dando assistência aos doentes do coronavírus, colocando em risco a própria vida. Até hoje na Itália são 24 médicos mortos em sua atividade de assistência aos que foram atingidos pelo COVID-19. Quase cinco mil agentes de saúde foram contagiados. Cerca de 50 sacerdotes morreram por causa desta pandemia.  A seguir, as palavras do Santo Padre no início da celebração:

Recebi a notícia que nestes dias faleceram alguns médicos, sacerdotes, não sei se algum enfermeiro, mas se contagiaram, foram contaminados porque estavam a serviço dos doentes. Rezemos por eles, por suas famílias, e agradeço a Deus pelo exemplo de heroísmo que nos dão na assistência aos doentes.

Na homilia, Francisco, comentando o Evangelho (Jo 5,1-16) em que Jesus cura um doente à beira da piscina de Betesda, ressaltou a periculosidade de um pecado particular: a preguiça. A seguir, o texto da homilia traduzida pelo Vatican News:

A liturgia de hoje nos faz refletir sobre a água, a água como símbolo de salvação, porque é um meio de salvação, mas a água é também um meio de destruição: pensemos no Dilúvio... Mas nestas leituras, a água é para a salvação. Na primeira leitura, aquela água que traz a vida, que saneia as águas do mar, uma água nova que saneia. E no Evangelho, a piscina, aquela piscina à qual iam os doentes, repleta de água, para curar-se, porque se dizia que de vez em quando as águas se moviam, como se fosse um rio, porque um anjo descia do céu e as movia, e o primeiro, ou os primeiros, que se atiravam na água eram curados. E muitos – como diz Jesus – muitos doentes, “ficavam em grande número enfermos, cegos, coxos, paralíticos”, ali, esperando a cura, que a água se movesse. Ali se encontrava um homem que estava doente há 38 anos. 38 anos ali, esperando a cura. Este, leva a pensar, não? É um pouco demasiado... porque quem quer ser curado dá um jeito para ter alguém que o ajude, faz alguma coisa, é um pouco ágil, inclusive um pouco astuto... mas este, 38 anos ali, a ponto que não se sabe se é doente ou morto... Jesus, vendo-o deitado, e sabendo a realidade, que estava muito tempo ali, lhe diz: “Queres ficar curado?” E a resposta é interessante: não diz que sim, se lamenta. Da doença? Não. O doente responde: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. Um homem que sempre chega atrasado. Jesus lhe diz: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. No mesmo instante, aquele homem ficou curado.

A atitude deste homem leva-nos a pensar. Estava doente? Sim, talvez, tinha alguma paralisia, mas parece que pudesse caminhar um pouco. Mas estava doente no coração, estava doente na alma, estava doente de pessimismo, estava doente de tristeza, era doente de preguiça. Esta é a doença deste homem: “Sim, quero viver, mas...”, estava ali. Mas a resposta é: “Sim, quero ser curado!”? Não, é lamentar-se: “São os outros que chegam primeiro, sempre os outros”. A resposta à oferta de Jesus para curar é uma lamentação contra os outros. E assim, 38 anos lamentando-se dos outros. E não fazendo nada para curar-se.

Era um sábado: ouvimos o que os doutores da Lei fizeram. Mas a chave é o encontro com Jesus, depois. Encontrou-o no Templo e lhe disse: “Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”. Aquele homem estava em pecado, mas não estava ali porque tinha feito algo grave, não. O pecado de sobreviver e lamentar-se da vida dos outros: o pecado da tristeza que é a semente do diabo, daquela incapacidade de tomar uma decisão sobre a própria vida, mas sim, olhar a vida dos outros para lamentar-se. Não para criticá-los: para lamentar-se. “Eles chegam primeiro, eu sou vítima desta vida”: as lamentações, estas pessoas respiram lamentações.

Se fizermos uma comparação com o cego de nascença que ouvimos domingo passado: com quanta alegria, com quanta decisão reagiu à sua cura, e também com quanta decisão foi discutir com os doutores da Lei”. Este somente foi e informou: “sim, é este”, Ponto. Sem compromisso com a vida... Faz-me pensar em muitos de nós, em muitos cristãos que vivem este estado de preguiça, incapacidade de fazer alguma coisa, mas lamentando-se de tudo. E a preguiça é um veneno, é uma neblina que circunda a alma e não a deixa viver. E também, é uma droga porque se você experimenta mais vezes, acaba gostando. E você acaba se tornando um “triste-dependente”, um “preguiça-dependente”... É como o ar. E esse é um pecado bastante comum entre nós: a tristeza, a preguiça, não digo a melancolia, mas se aproxima.

E nós fará bem reler este capítulo 5º de João para ver como é esta doença na qual podemos cair. A água é para salvar-nos. “Mas eu não posso salvar-me” – “Por qual motivo?” – “Por que a culpa é dos outros”. E permaneço 38 anos ali... Jesus me curou: não se vê a reação dos outros que são curados, que tomam o leito e dançam, cantam, agradecem, contam ao mundo inteiro? Não: segue adiante. Os outros lhe dizem que não se deve fazer, diz: “Mas aquele que me curou me disse que sim”, e vai segue adiante. E depois, ao invés de ir até Jesus, agradecer-lhe e tudo, informa: “Foi aquele”. Uma vida cinzenta, mas cinzenta deste espírito mau que é a preguiça, a tristeza, a melancolia.

Pensemos na água, a água que é símbolo da nossa força, da nossa vida, a água que Jesus usou para regenerar-nos, o Batismo. E pensemos também em nós, se alguém de nós corre o perigo de deslizar nesta preguiça, neste pecado neutral: o pecado do neutro é este, nem branco nem preto, não se sabe o que é. E este é um pecado que o diabo pode usar para aniquilar a nossa vida espiritual e também a nossa vida de pessoas. Que o Senhor nos ajude a entender como este pecado é feio e maligno.

Por fim, o Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:

Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

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Santa Sé publica orientações sobre confissões e indulgências no período de pandemia

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20 de março de 2020

A Penitenciária Apostólica publicou nesta segunda-feira, 20, orientações e disposições a respeito do sacramento da reconciliação e da concessão de indulgências neste período de emergência do coronavírus no mundo.  

Por meio de um decreto assinado pelo penitencieiro-mor Cardeal Mauro Piacenza, a Igreja Católica oferece a possibilidade de obtenção de indulgencia plenária aos fiéis enfermos pelo Covid-19, bem como para profissionais de saúde, familiares e todos aqueles que, de qualquer forma, mesmo em oração, cuidam deles.

CONFISSÕES

Em uma nota publicada na mesma data, o Cardeal Piacenza explica que, mesmo no tempo de Covid-19, o sacramento da reconciliação é administrado de acordo com a lei canônica universal, ou seja, ouvindo o penitente individualmente.

O texto esclarece que, embora exista a possibilidade de absolvição coletiva de fiéis sem prévia confissão individual, essa não pode ser concedida “a menos que ocorra o perigo iminente de morte, não haja tempo suficiente para ouvir as confissões individuais dos penitentes ou uma necessidade séria, cuja consideração pertence ao bispo diocesano”, levando em conta os critérios acordados com os demais membros da Conferência Episcopal.

Além disso, a legislação canônica prevê que para que haja uma válida absolvição coletiva é necessário que o fiel manifeste a intenção de confessar no devido tempo, os pecados graves individuais, que no momento não foi possível confessar. Para isso, os fiéis devem ser instruídos sobre os requisitos necessários para a validade da absolvição.

O Cardeal Piacenza salientou que cabe sempre ao bispo diocesano determinar, no território de sua circunscrição eclesiástica e em relação ao nível de contágio pandêmico, “os casos de séria necessidade em que é permitido dar absolvição coletiva: por exemplo, na entrada das enfermarias hospitalares, onde estão hospitalizados os fiéis infectados em perigo de morte, utilizando os meios de amplificação da voz o máximo possível e com as devidas precauções, para que a absolvição possa ser ouvida”.

RECOMENDAÇÕES

Na atual emergência pandêmica, cabe ao bispo diocesano indicar aos padres e penitentes as atenções prudentes a serem adotadas na celebração individual da reconciliação sacramental, como a celebração em um local ventilado fora do confessionário, a adoção de uma distância conveniente, o uso de máscaras protetoras “sem prejuízo da atenção absoluta prestada à salvaguarda do sigilo sacramental e à discrição necessária”.

A nota também orienta que, “onde os fiéis se encontravam na dolorosa impossibilidade de receber a absolvição sacramental, recorda-se que a contrição perfeita, vinda do amor de Deus amado acima de tudo, expressa por um sincero pedido de perdão (aquilo em que o penitente é atualmente capaz de expressar) e acompanhada pelo votum confessionis, ou seja, pela firme resolução de recorrer à confissão sacramental o mais rápido possível, obtém perdão dos pecados, até mortais”.

O Papa Francisco também refletiu sobre o valor da contrição perfeita nessas circunstâncias, durante a homilia da missa desta sexta-feira, na Casa Santa Marta. “Um Ato de Contrição bem feito, e assim nossa alma se tornará branca como a neve”, afirmou.

INDULGÊNCIA

A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, “como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”, explica o Manual das Indulgências, da Penitenciária Apostólica.

Para obter a Indulgência plenária, os doentes de coronavírus, os que estão em quarentena, os profissionais de saúde e familiares que se expõem ao risco de contágio para ajudar quem foi afetado pelo Covid-19, também poderão simplesmente recitar o Credo, o Pai-Nosso e uma oração a Nossa Senhora.

Ainda de acordo com o decreto, as outras pessoas poderão escolher entre várias opções: visitar o Santíssimo Sacramento ou a adoração eucarística ou ler as Sagradas Escrituras por pelo menos meia hora ou rezar o Terço ou a Via-Sacra ou o Terço da Divina Misericórdia, pedindo Deus que cesse a epidemia, “o alívio para os doentes e a salvação eterna daqueles a quem o Senhor chamou a si”.

A indulgência plenária também pode ser obtida pelos fiéis que, no momento de morte, não tiveram a possibilidade de receber o Sacramento da Unção dos Enfermos e do Viático: neste caso, recomenda-se o uso do crucifixo ou da cruz.

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Papa doa 100 mil euros para Caritas Italiana

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13 de março de 2020

O Papa Francisco determinou, nesta quinta-feira,12, a doação de 100 mil euros para a Caritas Italiana para auxiliar os serviços essenciais prestados pela Igreja diante da situação vivida com a difusão do coronavírus no país.

A doação será feita por meio do Dicastério para o Desenvolvimento Humano e Integral e será destinada aos serviços prestados em favor dos pobres e mais vulneráveis, entre os quais, os refeitórios, centros de acolhimento, alojamentos e os centros de escuta, oferecidos diariamente pela Caritas local.  

O comunicado divulgado pelo Dicastério informa que o Pontífice expressa “proximidade espiritual” e “encorajamento paterno” às pessoas que sofrem pela atual epidemia e a todos aqueles que ajudam no cuidado aos doentes.

A contribuição do Dicastério, finaliza o comunicado, vem acompanhada da oração do Santo Padre pela “amada população italiana” e faz parte do empenho pelas igrejas locais que, através do trabalho das Caritas nacionais e diocesanas, “garantem ajuda e solidariedade em favor dos carentes”.

Até o momento, a Itália confirmou mais de 10 mil infectados e registrou 1.016 mortes.

ATIVIDADES DA SANTA SÉ

A epidemia de coronavírus e as restrições determinadas pelo governo italiano não interromperam as atividades ordinárias da Santa Sé e da Cidade do Vaticano. Os dicastérios e organismos permanecerão “abertos para garantir os serviços essenciais à Igreja, em coordenação com a Secretaria de Estado”, respeitando as normas de saúde e os “mecanismos de flexibilidade no trabalho”, informou a Sala de Imprensa da Santa Sé.

O Papa também tem mantido sua rotina de atividades diárias, contudo, sem a realização de eventos ou celebrações com a participação do público, devido às restrições civis. Todas as manhãs, o Pontífice preside a missa na capela da Casa Santa Marta, que, para expressar a proximidade com as pessoas impedidas de participar da Eucaristia, estão sendo transmitidas via internet. O Santo Padre também pediu aos sacerdotes que não deixem de levar a Eucaristia aos fiéis doentes.

RESTRIÇÕES

Por causa do bloqueio do acesso do público à Praça São Pedro, por parte da Polícia italiana, a Basílica de São Pedro permanece fechada. No entanto, todos os dias, até o próximo sábado, 14, o Vigário Geral do Papa para a Cidade do Vaticano, Cardeal Angelo Comastri, recita a oração do Angelus, seguida pelo Terço, ladainhas e a oração Salve Rainha, ao meio dia, com transmissão pela internet.

Em toda a Itália, as missas e liturgias públicas permanecem suspensas, em consequência das medidas do governo, que, na quarta-feira, 11, tonaram-se ainda mais restritivas. Por isso, a partir desta quinta-feira, todas as igrejas da Diocese de Roma permanecerão fechadas até 3 de abril. 

[ATUALIZAÇÃO] Na sexta-feira, 13, o Vigário da Diocese de Roma modificou a determinação e permanecerão fechadas apenas as igrejas não paroquiais da capital italiana. 

ORAÇÃO DO PAPA

A quarta-feira na Diocese de Roma foi dedicada ao jejum e oração pela Itália e pelo mundo. Em uma vídeo-mensagem, O Papa Francisco confiou a cidade de Roma, a Itália e o mundo à proteção da Mãe de Deus, como sinal de salvação e esperança nesses “dias de emergência de saúde”.

“Ajuda-nos, Mãe do Divino Amor, a nos conformarmos com a vontade do Pai e a fazer o que Jesus nos disser. Ele que tomou sobre si nossos sofrimentos e tomou sobre si nossas dores para nos levar, através da Cruz, à alegria da Ressurreição”, diz um trecho da oração recitada pelo Santo Padre.

(Com informações de Vatican News)

ASSISTA À VÍDEO-MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO: 

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O SÃO PAULO recorda início do pontificado de Francisco

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12 de março de 2020

Nesta quinta-feira, 12, a série “#TBT O SÃO PAULO” recorda a edição número 2944 do semanário da Arquidiocese de São Paulo, publicada em 13 de março de 2013, data que marcou o início do Pontificado do Papa Francisco, eleito sucessor de Pedro às 15h07 daquele dia, após uma fumaça branca sair da chaminé da Capela Sistina, onde os cardeais estavam reunidos para escolher um novo Papa, após a renúncia de Bento XVI.

Muitos ficaram surpresos quando o argentino Jorge Mario Bergoglio, até então Arcebispo de Buenos Aires, apareceu sorridente na janela, já com o nome de ‘Francisco’. Ele abençoou a multidão que mesmo com frio de 9 graus celsius estava em vigília na Praça São Pedro, no Vaticano.  

Segundo o próprio Papa relatou o nome foi escolhido por influência do Arcebispo Emérito de São Paulo, Cardeal Cláudio Hummes, que disse a Bergoglio logo após a eleição ainda na Capela Sistina: “Não se esqueça dos pobres”.

REZEM POR MIM

Francisco, em seu primeiro ato de fala, surpreendeu a todos na praça, ao pedir “um favor”: “Peço-vos que rezem ao Senhor para que me abençoe, a oração do povo pedindo a bênção pelo seu bispo. Façamos em silêncio esta oração”, declarou, conseguindo calar a multidão que se encontrava em festa e rezou com o povo o Pai-Nosso e a Ave-Maria.

Após a oração, as feições do Papa se abriram e ele, já mais descontraído, brincou com os fiéis, dizendo: “Sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma: parece que os meus irmãos cardeais foram buscá-lo quase ao fim do mundo”. Então, Francisco deu a tradicional bênção papal Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo).

“A Igreja recebeu um novo Sucessor de Pedro para conduzi-la nos caminhos do Evangelho e para animar todos os seus membros no testemunho da salvação de Deus, manifestada a toda a humanidade por meio de Jesus Cristo. Participei pela primeira vez de um Conclave e posso dizer que foi ocasião para uma experiência eclesial única e profunda! Pude perceber a sincera busca do melhor para a Igreja e sua missão. O Espírito Santo não dorme!”, disse o Cardeal Odilo Pedro Scherer na ocasião.

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