‘Que o sepulcro escancarado de Cristo também abra nossos sepulcros’

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14 de abril de 2020

“Cristo ressuscitado irrompe em nossas pobres vidas e as ilumina com uma nova luz. E agora, em um momento em que sentimos um forte desejo de clamar a necessidade comum de salvação, somos impedidos de fazê-lo. E, assim, percebemos o quanto sentimos falta de celebrar o amor que conquista toda morte. Como essa solidão pesa sobre nós, como é cansativo ser guiado por ele nesses caminhos desconhecidos!”, afirmou o Administrador Apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa, na celebração do Domingo de Páscoa, dia 12, na Basílica do Santo Sepulcro, na Cidade Santa.

A missa foi celebrada em frente à Edícula do Santo Sepulcro, na presença dos frades da comunidade do Santo Sepulcro. Após a Eucaristia, a alegria da Páscoa foi proclamada em quatro lugares diferentes ao redor do sepulcro vazio, de acordo com os quatro pontos cardeais. Esse rito simboliza como o anúncio da ressurreição atinge todos os cantos da terra. Em seguida, a Palavra de Deus foi levada em procissão solene ao redor da edícula e da Pedra da Unção.

LIMITAÇÕES DA PANDEMIA

Inspirando-se nas limitações decorrentes da pandemia, o Arcebispo disse: “Trancado em nossas casas e limitados na nossa mobilidade, entendemos a importância do que agora nos é impedido: liberdade de movimento, escola, trabalho, participação na vida em grupo, tempo com amigos e assim por diante. É verdade: muitas vezes acontece que aprendemos a apreciar o que temos quando o perdemos. E foi por essas possibilidades que estamos perdendo agora”.

No entanto, Pizzaballa acrescentou que há outra ausência não menos importante que é possível conhecer atualmente: a possibilidade de celebrar a salvação. “Não poder  celebrar a salvação durante este Santo Tríduo, neste contexto de medo e incerteza, tornou-nos ainda mais conscientes de nossa fragilidade e nossas limitações”, destacou.

“Atingidos no que nos é mais caro, descobrimos que nossa engenhosidade humana, por mais aguda e desenvolvida que seja, não nos garante a salvação”, sublinhou o Administrador Apóstólico.

SALVAÇÃO

O Arcebispo continuou a homilia explicando que, surgem novamente “as grandes questões sobre a vida e a morte” e sobre a existência humana. “Entendemos que a palavra salvação não está apenas ligada à capacidade da ciência de resolver os grandes problemas do momento (algo pelo qual todos estamos ansiosos e agradecidos), mas está ligada principalmente ao mistério que habita a natureza humana e que não podemos possuir completamente”.

“O que celebramos hoje não é apenas o triunfo da vida sobre a morte, mas o amor de Deus, que vem não apenas para morrer conosco, para morrer por nós, mas também para nos unir a ele, além da morte”, salientou Pizzaballa.

VIDA NOVA EM CRISTO

O Administrador Apostólico enfatizou que Deus Pai não abandona o homem Jesus na morte, mas o salva, lhe dá uma vida que é para sempre e também chama a cada ser humano a essa mesma vida.

“Realmente, há algo mais forte que a morte. A fé não apaga o caráter dramático da existência, mas abre nossos olhos e corações para uma perspectiva de salvação, de vida eterna, de alegria. É o que celebramos no dia da Páscoa e é o que queremos comemorar com a vida. Portanto, que o sepulcro escancarado de Cristo também abra nossos sepulcros ”, concluiu.

TRÍDUO DIFERENTE

Este ano, as celebrações do Tríduo Pascal em Jesuralém, com em boa parte do mundo, aconteceram sem a presença do povo.

Como já acontece há séculos, o anúncio da ressurreição de Jesus partiu de Jerusalém para todo o mundo. O Santo Sepulcro foi o primeiro lugar no mundo onde a Vigília Pascal foi celebrada.

Por tradição pré-conciliar, mantida pelo Status Quo, o Administrador Apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém preside a liturgia a vigília ainda na manhã do Sábado Santo, 11.

Também na Basílica do Santo Sepulcro Dom Pierbattista presidiu a Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, 9. Porém, devido a emergência sanitária, o rito do lava-pés foi omitido.

PAIXÃO DO SENHOR

Na Sexta-feira Santa, 10 aconteceu a ação litúrgica da Paixão do Senhor. Em frente à pedra do Gólgota, na qual a cruz de Cristo foi fincada, o Administrador Apostólico expôs o relicário da Cruz por um momento de adoração. Esse ritual remonta ao século IV, quando, neste local, o povo passava adorando Santo Lenho, enquanto as passagens da Sagrada Escritura sobre a Paixão do Senhor eram proclamadas por três horas.

O caminho de Jesus ao Calvário também foi refeito com a tradicional Via-Sacra ao longo da Via Dolorosa, liderada pelo Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton, acompanhado por três frades ao longo de uma via deserta e blindada, percorrida quase apenas pela polícia e por jornalistas.

CRUCIFICADO

À noite, foi o momento da procissão fúnebre de Cristo, presidida pelo Custódio da Terra Santa. Algumas crônicas falam dessa tradição já existia no século XV, mas a forma atual remonta 250 anos atrás.

No Calvário, dois diáconos retiram da imagem do crucificado a cora de espinhos e os cravos colocados nas suas mãos e pés. Então, o corpo de Jesus, deitado em um lençol, é levado à Pedra da Unção, onde o Custódio da Terra Santa realiza os ritos funerários descritos pelos Evangelhos: ungiu com mirra, perfume, ervas aromáticas e incenso, assim como José de Arimatéia e Nicodemos fizeram com Jesus.

Ao longo das estações, o Evangelho é proclamado em várias línguas, para representar a universalidade do mistério da redenção, por um lado, e a universalidade da adoração ao Cristo crucificado. A celebração termina com a deposição do corpo de Jesus no sepulcro, aguardando ressurreição no dia da Páscoa.

(Com informações da Agência SIR e Custódia da Terra Santa)

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Coleta para os Lugares Santos é adiada para 13 de setembro

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Coleta para os Lugares Santos é adiada para 13 de setembro

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31 de março de 2020

A Custodia da Terra Santa comunicou nesta terça-feira, 31, que a Coleta para os Lugares Santos foi adiada para o dia 13 de setembro. A arrecadação feita tradicionalmente nas igrejas de todo o mundo na Sexta-feira Santa teve sua data transferida com a autorização do Papa Francisco, por meio da Congregação para as Igrejas Orientais, devido à situação de emergências causada pela pandemia de COVID-19.

"Assim, a Igreja universal poderá garantir a ajuda necessária à terra onde estão as raízes de nossa fé, fazendo um esforço de solidariedade e comunhão no sofrimento”, diz o comunicado.

NOVA DATA

A nova data escolhida para a coleta pontifícia será na véspera da Festa da Exaltação da Santa Cruz, que comemora a dedicação da Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém, ocorrida no século IV.

“Para todos os fiéis, permanece consolação que, nos lugares sagrados, as comunidades franciscanas continuem celebrando os ritos da Páscoa e rezando pelo fim imediato da pandemia, pelos doentes e suas famílias, por todos os que morreram do vírus e por todos os países afetados pela doença”, acrescenta a nota.

A COLETA

A Coleta para os Lugares Santos foi instituída por São Paulo VI em 25 de março de 1974, por meio da exortação apostólica Nobis in Animo.

“A Igreja de Jerusalém ocupa um lugar de eleição na solicitude da Santa Sé e na preocupação de todo o mundo cristão, enquanto o interesse pelos Lugares Santos, e em particular pela cidade de Jerusalém, emerge mesmo nos grandes consensos das Nações e nas maiores Organizações internacionais. Tal atenção é hoje primordialmente pedida em razão dos graves problemas de ordem religiosa, política e social ali existentes”, afirmou o Santo Padre, na Exortação Apostólica.                        

Em entrevista publicada pelo O SÃO PAULO em 6 de setembro de 2017, Frei Bruno Varriano, Guardião da Basílica da Anunciação, em Nazaré, recordou que já no tempo da Igreja nascente, o apóstolo São Paulo pedia uma coleta para os cristãos de Jerusalém, como relata o capítulo 16 da 1ª Carta aos Coríntios. “Até hoje, a ‘Igreja-mãe’ é pobre. São poucos os cristãos nos Lugares Santos e, por isso, não são suficientes para ajudarem na manutenção”, afirmou.

O Franciscano explicou que, com a ajuda financeira, são mantidas escolas e obras sociais e construídas casas para os cristãos, de modo especial para os que tiveram suas casas destruídas em Aleppo e Damasco, na Síria. “A coleta também ajuda a financiar bolsas de estudos para que cristãos possam estudar no exterior e depois voltar para ajudar na Terra Santa. Nós temos, por exemplo, a Escola Magnificat, que é a única no Oriente Médio onde estudam cristãos, muçulmanos e judeus, e cujos professores também são das três religiões. Um lugar extraordinário de encontro. Portanto, são muitas as iniciativas. Os cristãos em dificuldades na Terra Santa necessitam da nossa ajuda”.          

(Com informações da Agência SIR e Custódia da Terra Santa)            

 

 

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Um guia espiritual da Terra Santa

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17 de dezembro de 2018

Conhecer os lugares por onde passaram Jesus e seus discípulos é o sonho de muita gente. Na Terra Santa, lugar sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos, ocorreram os principais fatos bíblicos que conhecemos. O SÃO PAULO esteve lá e, partindo dessa inspiração, propõe aqui uma “peregrinação espiritual”.

As seguintes passagens bíblicas contemplam o mistério da Salvação por meio de alguns lugares da vida de Jesus. Com elas, você pode preparar uma viagem aos lugares santos ou, simplesmente, meditar em casa, com a família ou em grupos da sua igreja. 

Falar de uma “Terra Santa” é resistir aos conflitos humanos. É focar no que há de mais digno na humanidade e admirar a devoção a um “algo mais” (ou Alguém) que está além do nosso alcance, mas representado em nossas tradições, construções e escrituras.

 

NAZARÉ: A ANUNCIAÇÃO

Lc 1,26-32 

Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo”. Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus”.

A Igreja da Anunciação foi construída no local onde, segundo a tradição, vivia Maria. Portanto, onde o anjo lhe anunciara a vinda do Senhor, onde Jesus fora concebido. Torna-se, literalmente, a casa de Deus. Na pequena Nazaré, uma jovem simples, sem grandes ambições, fez-se oferta. Ela disse “Sim” a Deus e, por meio do Espírito Santo, gerou o seu Filho. Maria é o elo entre Deus e nós. “Faça-se em mim segundo a tua palavra”, disse. Somos capazes, também nós, de repetir essa oração a qualquer momento? Diante de qualquer dificuldade?
 

EIN KAREM: MARIA VISITA ISABEL

Lc 1,39-45 

Naqueles dias, Maria partiu apressadamente a uma cidade de Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” 

Grávida, Maria viajou para visitar sua prima Isabel, que também esperava um bebê. O local conhecido hoje como Ein Karem recorda esse momento: a mãe do Salvador encontra a mãe do Precursor, João Batista, que preparou a vinda de Jesus. É possível visitar a Igreja do Magnificat e também o local do nascimento de João Batista. 

Ao ver Maria, o filho de Isabel “pulou em seu ventre”. Foi a primeira “adoração”, o reconhecimento de Jesus como Verbo Encarnado e da jovem Maria, como Mãe do Filho de Deus. Ela responde com a belíssima oração do Magnificat: “A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”. Podemos meditar essas palavras, repeti-las, e, assim, adorá-lo – sentir que está presente em nós e difundir o seu amor. 

BELÉM: NASCIMENTO DE JESUS 

Lc 2,7-11 

Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela região pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor lhes apareceu, e a glória do Senhor os envolveu de luz. Os pastores ficaram com muito medo. O anjo então lhes disse: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor.”

Dos montes da Judeia, os pastores viram um anjo que lhes anunciou uma enorme alegria: nasceu o Cristo Senhor. Homens do campo foram os primeiros a saber da existência de Jesus. Seguiram a estrela que lhes indicava o caminho e, em Belém, o céu desceu à terra. 

Ainda hoje, é possível visitar o local onde os pastores teriam visto o anjo e, não muito longe, a gruta em que Jesus veio ao mundo. Ali, como conta a tradição, dormiam os animais. Jesus nasceu pobre, numa cidadezinha quase desprezível. E nem lá havia lugar para eles. Nós, que todos os anos celebramos a festa do Natal, de fato damos lugar para Jesus em nossas vidas? Os pastores tiveram medo, mas o seguiram. E nós, somos capazes de fazer o mesmo?

 

QASR AL-YAHUD: BATISMO DE JESUS 

Mt 3,13-17

Então, Jesus veio da Galileia para o rio Jordão, até junto de João, para ser batizado por ele. Mas João queria impedi-lo, dizendo: “Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” Jesus, porém, respondeu-lhe: “Por ora, deixa, é assim que devemos cumprir toda a justiça!” E João deixou. Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água, e o céu se abriu. E ele viu o Espírito de Deus descer, como uma pomba, e vir sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado; nele está o meu agrado”. 

No local de seu Batismo, no rio Jordão, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo. E o Pai diz em voz alta: “Este é o meu Filho amado”. Jesus é anunciado como aquele de quem falavam as Escrituras do povo de Israel. Aí começa a sua vida pública. Sai para anunciar a Boa Nova, fazendo milagres, curando doentes, expulsando demônios e se aproximando dos marginalizados. Recordando o Batismo de Jesus, podemos pensar no nosso: recebemos o mesmo Espírito Santo e renascemos para uma vida nova. Fomos purificados, mas resta assumir a mesma missão, a cada dia, e, com a vida, anunciá-lo.

TABGHA: PÃES E PEIXES

Jo 6,5-12

Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que vinha a Ele, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que estes possam comer?” Disse isso para testar Filipe, pois Ele sabia muito bem o que ia fazer. Filipe respondeu: “Nem 200 denários de pão bastariam para dar um pouquinho a cada um”. Um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse: “Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas, que é isso para tanta gente?” Jesus disse: “Fazei as pessoas sentarem-se”. Naquele lugar havia muita relva, e lá se sentaram os homens em número de aproximadamente 5 mil. Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. Depois que se fartaram, disse aos discípulos: “Juntai os pedaços que sobraram, para que nada se perca!” 

Próximo ao Mar da Galileia, Jesus passou alguns dos momentos mais importantes de sua vida. Embora pedisse para que não divulgassem os milagres, sua fama se espalhava e as multidões o seguiam. Subindo nos montes, Ele tentava ficar mais afastado. Porém, vendo a multidão faminta, ele teve compaixão e, no milagre, alimentou a todos. A comida até sobrou. Alguns queriam proclamá-lo rei, mas Ele se retirou, de novo sozinho. Um comportamento que nos faz pensar: e nós, o que fazemos diante da dor dos outros? O que fazemos quando nos querem “proclamar reis”? E quem (ou o quê) são os ídolos que temos exaltado neste mundo?

 

CAFARNAUM: MONTE DAS BEATITUDES

Mt 5,1-12

Vendo as multidões, Jesus subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos aproximaramse e ele começou a ensinar: “Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes os que choram, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque receberão a terra em herança. Felizes os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Felizes os puros no coração, porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus. Pois foi deste modo que perseguiram os profetas que vieram antes de vós.” 

O Sermão da Montanha é uma das passagens mais bonitas do Novo Testamento. Foi pronunciado em Cafarnaum, próximo ao Mar da Galileia. Jesus, que é Deus encarnado, nos apresenta o Reino dos Céus como algo concreto. Deus não é uma ideia, algo abstrato e distante. As Bem-Aventuranças mostram isso. O caminho para a santidade é algo a ser realizado no dia a dia, buscando a justiça, mantendo a esperança e promovendo a felicidade de todos. “Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus”, diz Ele. As beatitudes são um programa de vida, uma linha de ação deixada para nós por Nosso Senhor.

 

JERUSALÉM: GETSÊMANI E SANTO SEPULCRO 

Mt 26,36-42

Então, Jesus foi com seus discípulos para um lugar chamado Getsêmani e lhes disse: “Sentai-vos aqui enquanto vou ali orar”. Levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Ficai aqui e vigiai comigo”. Indo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres”. 

O relato da Paixão de Cristo começa no lugar chamado Getsêmani, no Monte das Oliveiras. Ainda hoje, pode-se ver oliveiras com mais de 2 mil anos, dos tempos de Jesus. Ali começa sua solidão profunda, pois Ele sabia que seria condenado. Sentiu-se abandonado até pelos discípulos. Jesus estava em agonia. Havia sido traído e foi vencido pela tristeza. Nesse momento de fragilidade, pede ao Pai que o livre da dor. Mas acrescenta: “que não seja como eu quero, mas como tu queres”. E nós, o que dizemos a Deus em nossos momentos de dor? Reclamamos, nos revoltamos ou pedimos ajuda? 

A dor de Jesus persiste até a cruz, uma das punições mais cruéis já inventadas. Mas, para os que creem, esse não é o fim da história. O Santo Sepulcro, local onde o corpo de Jesus foi embalsamado e depositado, é, acima de tudo, símbolo da Ressurreição. Jesus nos deixou a graça de poder encontrá -lo ainda hoje, nos sacramentos, no outro, na comunidade. A Ressurreição estabeleceu o fundamento da nossa fé. O túmulo está vazio. Ele vive.

10 DICAS DE PASSEIOS CULTURAIS PARA SUA VIAGEM

 

1 -  CAMINHAR NAS RUAS DURANTE O SHABBAT

O sábado é o dia santo dos judeus, uma festa de repouso e oração. Em Israel, o Shabbat é levado a sério. A maioria das lojas fecha no sábado, exceto aquelas dos muçulmanos e cristãos. Muita gente sai de casa só para ir à sinagoga, passear com as crianças ou caminhar sem compromisso.

2 - VISITAR O MUSEU DE ISRAEL

Embora seja a maior instituição cultural do Estado de Israel, esse museu fica fora da maioria dos roteiros cristãos. Fundado em 1965, é um dos principais museus arqueológicos do mundo, com uma coleção de 500 mil itens.

3 -  CONHECER A REGIÃO DA ‘JAFA ROAD’

Uma das ruas mais longas de Jerusalém, ela cruza a cidade de Leste a Oeste. Além de ser importante área comercial, a rua Jafa tem muitos bares e restaurantes. Bem perto fica o mercado Mahane Yehuda, com mais de 250 lojas de frutas, nozes, queijos e outros produtos típicos.

4 -  BOIAR NAS ÁGUAS NO MAR MORTO

Esse famoso lago de água salgada está entre Israel, Palestina e Jordânia. Boiar no Mar Morto é uma experiência sem igual – mas não necessariamente prazerosa. Muito salgada e oleosa, a água não deixa ninguém afundar. E a lama é rica em minerais e tem alto valor medicinal. É possível reservar passeios saindo de Jerusalém ou Tel-Aviv.

5 -  VER O NASCER DO SOL EM MASADA

Masada é uma fortaleza construída pelo rei Herodes no meio deserto, no século I antes de Cristo. A paisagem é preciosa: um planalto apenas 100 metros acima do nível do mar. Para quem tem fôlego, o passeio pode começar com uma visita saindo de Jerusalém de madrugada, para ver o sol nascer no deserto. A subida ao monte é difícil e tem duração de cerca de uma hora, mas o prêmio final é incrível.

6 - CONHECER O QUMRAN

Esse parque no deserto da Judeia é famoso pelos “Manuscritos do Mar Morto”. São textos bíblicos de origem judaica encontrados nas décadas 1940 e 1950, datados do século VIII antes de Cristo ao século XI da era cristã. Qumran foi sede da seita dos “Essênios”, no século II antes de Cristo, que vivia como uma espécie de comunidade monástica da época.

7 - VER JERUSALÉM DO MONTE DAS OLIVEIRAS 

Essa famosa panorâmica é parada obrigatória. Dali, Jesus chorou, olhando para a cidade, e rezou no jardim chamado Getsêmani. Vê-se um antigo cemitério judaico, os muros da cidade antiga e seus principais edifícios – como a cúpula no “Monte do Templo”, hoje controlado pelos muçulmanos.

8 - TOMAR UM CAFÉ NA IGREJA DO REDENTOR

A Igreja Luterana do Redentor, na cidade antiga, permite visitar gratuitamente uma área com ruínas de mais de 2 mil anos. E, para momentos de descanso, o pátio interno da igreja é acolhedor e silencioso. Tornou-se um simpático café, administrado por um casal de alemães.

9 - VISITAR O PARQUE EIN GEDI

Literalmente um oásis no deserto da Judeia, esse parque nacional israelense se destaca por suas plantas, animais e cachoeiras que podem se tornar verdadeiras piscinas naturais, de água doce e transparente. Um lugar impressionante, com grutas citadas, inclusive, no Antigo Testamento.

10 - NADAR NO 'MAR DA GALILEIA'

Há inúmeros lugares sagrados por onde passou Jesus ao redor do Mar da Galileia. Mas descansar em uma das praias deste lago de água doce pode tornar a viagem ainda melhor. Algumas praias são livres e outras, pagas. Após muito caminhar sob o sol do Oriente Médio, parar ali pode ser a coisa certa a fazer.

 

VIAGEM À TERRA SANTA: IR SOZINHO OU EM GRUPO?

É primeira decisão a tomar quando se decide fazer uma peregrinação à Terra Santa

A maioria das pessoas prefere viajar à Terra Santa em uma peregrinação organizada pela paróquia ou por um movimento, com agências de viagens. A principal vantagem é que o peregrino deve simplesmente pagar a viagem e não se preocupar com o roteiro, já pré-definido.

Os grupos são acompanhados por um “guia espiritual”, um padre, e podem celebrar a missa em lugares muito especiais, como a gruta onde Jesus nasceu, em Belém, ou a Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Pode ser inesquecível!

Já a maior desvantagem de peregrinar em grupo é que as visitas são rápidas e os dias, muito cheios, com pouco tempo livre. O ritmo do grupo pode ser rápido demais ou lento para você. Há sempre um “atrasadinho” ou alguém que se perde do grupo o tempo .

Viajar por conta própria tem a vantagem de se poder fazer tudo com flexibilidade e passar mais tempo nos lugares preferidos. Se você gostar de uma igreja, pode ficar mais, rezando ou visitando. É possível, ainda, alugar um carro e viajar pelo Sul de Israel ou na Galileia, e até fazer um retiro. Porém, é importante saber Inglês.

Uma boa opção é intercalar os dois tipos de viagem: fazer uma peregrinação em grupo e ficar mais uns dias por conta própria na Terra Santa. Ou viajar por conta própria, mas, para visitar os lugares de acesso complicado, contratar passeios em grupo, saindo de Jerusalém ou Tel-Aviv.

Questões de segurança

A principal preocupação de quem viaja no Oriente Médio é a segurança. Jerusalém é uma cidade segura e, aliás, a presença de militares nas ruas chega até a incomodar. Em alguns pontos há regras rígidas, que devem ser seguidas. Mas caminhar sozinho durante o dia não costuma ser um problema. De noite, basta tomar alguns cuidados e se informar antes de sair.

Acima de tudo, é sempre importante se informar sobre eventuais tensões militares na Terra Santa – melhor ver isso antes de planejar a viagem. Sites de embaixadas oferecem um cadastro gratuito para e receber alertas sobre isso (a do Reino Unido, por exemplo). Hoje, as guerras se concentram na Faixa de Gaza e na Síria, e não ameaçam a peregrinação.

Outro cuidado está em atravessar fronteiras entre Israel e Palestina. Belém, por exemplo, é na Palestina. Nestes casos, é recomendável ir com alguém que já conhece a região e levar os documentos pessoais. Israel é um Estado bem estruturado, mas há um pouco mais de tensão na Palestina. 

*O jornalista fez alguns passeios a convite da Tourist Israel

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