Cardeal Scherer ressalta que preocupação da Igreja com a Amazônia não é recente

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02 de outubro de 2019

Durante sua viagem a Roma, por ocasião do encontro da presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) com o Papa Francisco e departamentos de Cúria Romana, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, conversou com o Vatican News sobre assuntos relacionados ao Sínodo para Amazônia, que acontecerá entre 6 e 27 de outubro, no Vaticano.

Primeiro Vice-Presidente do Celam desde maio, Dom Odilo comentou seu recente artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, no dia 14, com o título “Sínodo da Amazônia no fogo das polêmicas”, fazendo referência às queimadas que vêm acontecendo na região amazônica.

ÂNIMOS INFLAMADOS

“As atenções estão voltadas para as questões de mudanças climáticas que estão sempre mais acentuadas e, também, as discussões internacionais sobre a parte de cada um nas responsabilidades em torno dessas mudanças. Entraram vários tipos de interesses e enfoques”, explicou. Nesse sentido, Dom Odilo afirmou que por conta desse contexto, até o Sínodo para a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco em 2017, acabou “na mira dos ânimos mais aquecidos”.

O Arcebispo destacou, ainda, que há um conjunto de fatores que favoreceram tanto o crescimento dos incêndios quanto das polêmicas entorno das questões ambientais no País. Na entrevista, ele apontou como exemplo o fato de o atual Governo Federal ter dado “sinais de afrouxamento das leis de controle ambiental”, desativando ou enfraquecendo organismos voltados para esse fim.

‘CRISTO APONTA PARA A AMAZÔNIA’

No entanto, o Cardeal Scherer enfatizou que a preocupação da Igreja Católica com a destruição da Amazônia e com os problemas ambientais daí decorrentes não se iniciou com o atual governo do Brasil. Para confirmar isso, ele recordou o que afirmaram os participantes do encontro preparatório do Sínodo, realizado em agosto, em Belém (PA), na qual expressaram novamente sua preocupação diante das questões ambientais da Amazônia e das ameaças contra a ação da Igreja naquela região.

“Recordaram que desde 1952 os bispos da área vêm tomando posição diante desses problemas. Em 1972, o Papa Paulo VI fez um forte apelo em favor da Amazônia. ‘Cristo aponta para a Amazônia’, disse ele, indicando que a Igreja devia inserir-se mais e mais naquela realidade”, mencionou o Arcebispo.

O Cardeal Scherer também lembrou o documento "Em defesa da Amazônia", emitido pelos bispos da região em 1990, chamando a atenção para o desastre iminente, “com consequências catastróficas para todo o ecossistema mundial”. De igual modo, os apelos em favor da Amazônia também aparecem nas conclusões da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizada em Aparecida em 2007, quando afirma que: “A natureza deve ser protegida contra toda forma de depredação e destruição irracional. Cabe-nos uma responsabilidade moral diante das ameaças à Amazônia”.

EVENTO ECLESIAL

O Purpurado ressaltou que o Sínodo para Amazônia é um evento da Igreja Católica com o objetivo de “refletir sobre o conjunto da realidade amazônica, envolvendo o homem, o ambiente natural e a missão da própria Igreja na grande Amazônia”.

“O Papa Francisco não é contrário à soberania nacional nem à autodeterminação de nenhum país, nem convoca bispos para tramarem contra os legítimos interesses de cada povo e cada país. Não se justifica a suspeita, levantada no ambiente aquecido das paixões nacionalistas, de que a ação da Igreja Católica na Amazônia sirva a interesses estrangeiros”, enfatizou o Cardeal.

Dom Odilo conclui o artigo reiterando que a soberania brasileira sobre sua parte da Amazônia é inquestionável para a Igreja. E citando novamente o manifesto de Belém: “Entendemos, no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro em relação a esse macrobioma, que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima planetário.”

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Bispos se reúnem em Belém em preparação para o Sínodo

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28 de agosto de 2019

De 28 a 30 de agosto, a Arquidiocese de Belém (PA) realizará o Encontro de Bispos da Amazônia Brasileira. Organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia (CEA), com apoio da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil) e do Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a proposta do Encontro, é o estudo do Documento de Trabalho do Sínodo e a partilha das experiências das escutas e da caminhada do processo sinodal nas dioceses e prelazias da Amazônia.


Coordenado pelo Cardeal Cláudio Hummes, Presidente da CEA e da Repam, e Relator-Geral do Sínodo para a Amazônia, o encontro contará com a participação de todos os bispos titulares e auxiliares das 56 dioceses e prelazias da Amazônia brasileira. Participam, também, leigos e religiosos, lideranças dos seis regionais da CNBB que compõem a região.


Dom David Martinez de Aguirre Guiné, Bispo de Puerto Maldonado, no Peru, e Padre Michael Czerny, Subsecretário da Seção Migrantes e Refugiados para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, nomeados secretários do Sínodo para a Amazônia, estarão presentes.

Além deles, Cristiane Murray, da secretaria do Sínodo e vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé, também participará. Alfredo Ferro, de Letícia (Colômbia), da equipe de assessores da Repam internacional, e assessores da Repam-Brasil auxiliam na realização do Encontro. Essa é a última atividade antes do Sínodo, em outubro, que reunirá todos os bispos da Amazônia.


Fonte: CNBB

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Sínodo para a Amazônia é destaque em simpósio na PUC-SP

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22 de agosto de 2019

“Amazônia: oportunidades e desafios para a Teologia latino-americana” é o tema do V Simpósio Internacional do Programa de Estudos Pós-Graduados em Teologia da PUC-SP, realizado entre os dias 20 e 22, em São Paulo. 
O evento acontece no contexto de preparação da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos, com o tema “Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral”, que acontecerá em outubro, no Vaticano. O objetivo principal do simpósio é a contribuição acadêmica para o aprofundamento das questões que serão abordadas no Sínodo e o compartilhamento de pesquisas e estudos relacionados à temática da Amazônia. 


A programação do simpósio conta com conferências de especialistas, mesas-redondas, comunicações científicas e minicursos sobre temas como “Eclesialidades amazônicas”, “Bíblia e ecologia”, “Tradições sagradas dos povos indígenas” e “Ecoteologia”. 
Uma das convidadas foi Márcia Maria de Oliveira, professora de Ciências Sociais da Universidade Federal de Roraima, membro da comissão preparatória do Sínodo e uma das peritas nomeadas pelo Papa Francisco para participar do Sínodo. Ela proferiu a conferência de abertura, na terça-feira, 20, sobre a sociobiodiversidade na Amazônia. 


Também houve conferências dos professores Germán Roberto Mahecha Clavijo, da Pontifícia Universidade Javeriana de Bogotá, na Colômbia, e Paulo Suess, da PUC-PR. 

BIOMA 
A Professora iniciou sua palestra apresentando o conceito geral de ecossistema, que é um conjunto de comunidades que vivem em um determinado local e interagem entre si e com o meio ambiente, constituindo um sistema estável, equilibrado e autossuficiente. Em seguida, apresentou características do bioma da Amazônia, recordando o tema da Campanha da Fraternidade (CF) de 2017, que tratou dos biomas brasileiros. 


Recordando dados do Texto-Base da CF, Márcia enfatizou que o bioma da Amazônia já teve mais de 16% de sua área de florestas desmatada. Segundo dados de 2016 do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve redução no processo de desmatamento da Amazônia, entre 2010 e 2015. Contudo, a partir de 2016, o número voltou a crescer e, somente no primeiro semestre de 2019, cerca de 700 mil km2 de desmatamento foram identificados.


A Perita ressaltou que esse impacto ambiental afeta toda forma de vida, inclusive a humana. Nesse sentido, Márcia destacou que, para haver ação evangelizadora da Igreja na Amazônia, é preciso preocupar-se com a sobrevivência das pessoas que serão evangelizadas. “Para pensar na ação pastoral, eu tenho de pensar na sobrevivência das pessoas. Elas precisam existir para que exista uma comunidade eclesial”, afirmou a Professora ao O SÃO PAULO. 

PAN-AMAZÔNIA
Márcia também enfatizou que eventos como o simpósio promovido pela PUC-SP ajudam para que a realidade amazônica seja realmente conhecida: “Existem muitos mitos sobre a Amazônia. Uma coisa é você entender uma região na sua dimensão territorial, ecológica etc., outra é entender uma região que abrange nove países”. 


“O objetivo do Sínodo é ampliar um pouco a compreensão da Pan-Amazônia e sobre o que convergimos e sobre o que divergimos. Ou seja, quais são nossas similaridades e quais são nossas diferenças e como conviver com tudo isso. Assim, surge um desafio muito grande da Igreja de pensar em ações pastorais e planejá-las nessa região, além de cuidar da existência desses povos”, completou a Perita. 

IGREJA AMAZÔNICA
Em um dos minicursos ministrados, Padre Reuberson Ferreira, mestre em Teologia e Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração, na Vila Formosa, abordou as eclesiologias amazônicas, a partir de sua experiência missionária de cinco anos em São Gabriel da Cachoeira (AM). 


Ele apresentou características da Igreja na Amazônia e refletiu sobre a relevância do Sínodo para a Igreja na região e em todo o mundo. “Trata-se de uma oportunidade rara de levar àquela seara eclesial propostas que incidam numa pastoral com contornos claros e preocupações que tocam a realidade da Igreja amazônica. De fato, novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral no universo amazônico constituem um ideal simultaneamente audacioso e complexo”, afirmou. 
Segundo o Padre, três aspectos devem ser levados em consideração: a defesa da natureza, a liturgia e ritualidade, e os modelos de ministérios na região amazônica. Nesse sentido, ele recorda um apelo feito pelo Papa Francisco para que a Igreja nessa região tenha um “rosto amazônico”.  
 

(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

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Livro ‘O Sínodo para a Amazônia’ será lançado em São Paulo

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24 de abril de 2019

A Catedral da Sé, no centro da cidade, receberá no próximo sábado, 27, a partir das 10h, o lançamento do livro “O Sínodo para a Amazônia”, escrito pelo Arcebispo Emérito de São Paulo, Cardeal Cláudio Hummes, OFM.

Dom Cláudio é Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) e, por isso, fará parte da comissão dos Bispos que participarão do Sínodo para Amazônia, convocado pelo Papa Francisco para outubro deste ano, em Roma.

No livro, o Arcebispo Emérito busca divulgar ao máximo o sínodo apresentando, detalhadamente, o processo sinodal e sua temática.

O lançamento seguirá até às 11h30, com palestra do autor. Às 12h, Dom Claudio presidirá uma missa na Catedral da Sé. Estão confirmadas as presenças do Padre Claudiano Avelino dos Santos, SSP, e do Padre Luíz Baronto, Cura da Catedral.

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