Papa Francisco: ‘Deixem-se lavar os pés por Jesus’

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09 de abril de 2020

Eucaristia, serviço e unção. O Papa Francisco refletiu sobre essas três palavras em sua pregação da missa desta Quinta-feira Santa, 9, na celebração da Ceia do Senhor, que remete à instituição do sacramento da Eucaristia.

Falando brevemente, e sem um texto preparado, o Pontífice disse que a instituição da Eucaristia é um sinal da vontade de Jesus Cristo de “permanecer conosco”.

Pela comunhão eucarística, viabilizada por meio dos sacerdotes, “levamos o Senhor conosco, ao ponto de que Ele mesmo nos diz: se não comemos do seu corpo e não bebemos do seu sangue, não entraremos no reino dos céus”. Esse é o grande mistério da fé: “o Senhor conosco, em nós, dentro de nós”, afirmou.

Homenagem aos sacerdotes

Mesmo sem a celebração da missa dos Santos Óleos, que também costuma ser celebrada na Quinta-feira Santa, mas que neste ano foi adiada por causa da crise sanitária causada pelo novo coronavírus, o Papa Francisco escolheu dedicar a maior parte de sua fala aos padres. “Estamos unidos para fazer Eucaristia, unidos para servir”, declarou.

O Papa pediu aos padres que sejam “grandes em generosidade no perdão” e “deixem-se lavar os pés por Jesus, pois o Senhor é vosso servo”. Ao reconhecer a necessidade de “serem lavados por Cristo”, de serem perdoados, serão capazes de perdoar na mesma medida, disse o Santo Padre. “Como você perdoar, será perdoado. Não tenham medo de perdoar”, afirmou. “Sejam corajosos em arriscar, em perdoar, em consolar.”

Francisco pensou, ainda, tanto nos padres pecadores, que cometem erros, “que sofrem crises e não sabem o que fazer, estão na escuridão”, como também os caluniados, acusados injustamente por crimes que não cometeram. “Todos somos pecadores”, lembrou, incluindo-se no grupo.

Servidores do povo

O Papa Francisco lembrou também de todos os padres que se dedicam ao serviço na Igreja, fazendo menção especial aos mais de 60 padres que já morreram na Itália, vitimados pela Covid-19. “Não posso deixar passar essa missa sem lembrar dos sacerdotes, que oferecem a vida ao Senhor e que são servidores”, disse ele.

Muitos desses padres morreram ao lado dos profissionais de saúde, cuidando dos doentes nos hospitais. “São os santos da porta do lado, sacerdotes que, servindo, deram a vida”, recordou o Papa.

Ele também citou o caso de um padre que atende as prisões, outros que viajam, em missão, para ir ao encontro do povo. E também mencionou os “padres de interior”, que estão nas áreas rurais e percorrem longas distâncias. Muitos são “sacerdotes anônimos” que dão a vida nos lugares aonde chegam.

 

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Padre indígena: celibato é um dom que pode ser vivido em qualquer cultura

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17 de outubro de 2019

O único sacerdote indígena participante do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, Padre Justino Sarmento Resende, salesiano e membro da tribo Tuyuka, em São Gabriel da Cachoeira (AM), destacou os desafios para a formação de um clero autóctone na região amazônica.

Especialista em espiritualidade indígena e pastoral inculturada, Padre Justino falou os jornalistas na entrevista coletiva desta quinta-feira, 17, na Sala de Imprensa da Santa Sé.

'ROSTO AMAZÔNICO' 

Ordenado há 25 anos, o Sacerdote explicou o que considera como uma Igreja com “rosto amazônico” e indígena, expressão usada pelo Papa Francisco durante o encontro com povos indígenas em Porto Maldonado, no Peru, em janeiro de 2018.

Ele recordou que a Igreja chegou à Amazônia por meio dos missionários, especialmente, europeus e que, hoje a evangelização pode ser feita pelos próprios povos que ali vivem, com suas próprias línguas e identidade cultural. “Quando falamos em uma Igreja com o rosto indígena, nós procuramos concretizar como nós, indígenas, batizados, cristãos e ministros, podemos fazer diferente aquilo que os nossos antigos missionários, com suas limitações linguísticas, sem conhecer bem nossas culturas, fizeram da melhor maneira possível”, disse.

CHAMADO

Padre Justino mencionou sua própria experiência vocacional para reforçar sua reflexão. “Minha vocação surgiu quando eu vi missionários cheios de boa vontade dando catequese aos meus avós, que não tinham passado pelo processo da escolarização e, por isso, não entendiam a língua portuguesa. Foi diante dessa cena, que eu, ainda adolescente, pensei em ser um sacerdote, para poder transmitir a mensagem de Jesus na minha própria língua”, contou.

No entanto o caminho vocacional do Padre indígena não foi fácil. Ele encontrou resistência de muitas pessoas, inclusive de sua tribo, que diziam que o sacerdócio não era algo para indígenas. “Aos poucos, a Igreja foi percebendo que nós, indígenas evangelizados, podíamos nos tornar evangelizadores. Já havia catequistas, mas não sacerdotes”, acrescentou.

FORMAÇÃO

Padre Justino passou pela formação básica para o sacerdócio, com o estudo da Filosofia e Teologia. Depois de ordenado, estudou Missiologia por dois anos e, em seguida, fez mestrado em educação, para trabalhar em oficinas e encontros sobre inculturação e evangelização para indígenas. “Sigo estudando para encontrar respostas para a pergunta: como nós podemos ajudar a construir novas maneiras de evangelizar na Amazônia?”, enfatizou o Sacerdote.

“Não podemos ver a Igreja como algo fora de nós, pois nós mesmos somos Igreja. A mensagem do Evangelho não paira no ar, mas se encarna nas pessoas e, quando chega nas culturas indígenas, faz parte do ser indígena”, afirmou Padre Justino.

CELIBATO

Quando questionado sobre a falta de padres na Amazônia e sobre as afirmações feitas durante o Sínodo de que os indígenas teriam dificuldade para viver o celibato apostólico, Padre Justino respondeu: “É um dom de Deus. Pessoas de qualquer cultura no mundo podem vivê-lo. Deve ser uma decisão livre, não imposta. É difícil para mim como para qualquer outro padre não indígena”.

ATIVIDADES DO SÍNODO

Nesta quinta-feira, continuaram as reuniões dos círculos menores do Sínodo para a Amazônia. Os grupos linguísticos estão elaborando os relatórios de suas discussões, que serão entregues para a comissão de redação do Documento Final do Sínodo, cujo projeto será trabalhado ao longo da próxima semana de Assembleia sinodal, no Vaticano.

 

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Padre Edimilson da Silva festeja 17 anos de sacerdócio

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14 de dezembro de 2018

A Paróquia São Pedro, no Tremembé, Região Episcopal Santana comemorou no dia 7, os 17 anos de ordenação presbiteral do Pároco, Padre Edmilson da Silva. Uma das homenagens oferecidas ao Padre Edmilson foi a entrada e paramentação do sacerdote no momento da missa.

Além da missa, a comunidade paroquial ofereceu um jantar de confraternização em memória da data. O valor arrecadado de 50,00 na compra dos convites serão destinados a manutenção das obras sociais administradas pela Paróquia.

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Papa: um sacerdote sem vida de oração não vai muito longe

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21 de setembro de 2018

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (21/09), na Sala do Consistório, no Vaticano, os sacerdotes e membros da Cúria da Arquidiocese de Valência, na Espanha.

“Valência, terra de santos, este ano celebra o jubileu de um deles, São Vicente Ferrer, que trabalhou e lutou com todas as suas forças pela unidade na comunidade eclesial”, frisou o Pontífice.

Segundo o Papa, este santo propõe aos sacerdotes três meios fundamentais para conservar a amizade e a união com Jesus Cristo: o primeiro é a oração como alimento de todo sacerdote.

 

Rezar é a primeira tarefa do bispo e do sacerdote

“O sacerdote é homem de oração. Um sacerdote sem vida de oração não vai muito longe. O povo fiel tem bom olfato e percebe se seu pastor reza e se relaciona com Deus. Rezar é a primeira tarefa do bispo e do sacerdote. Dessa relação de amizade com Deus se recebe a força e a luz necessária para enfrentar todo apostolado e missão, pois aquele que foi chamado vai se identificando cada vez mais com os sentimentos do Senhor e suas palavras e ações adquirem o sabor puro do amor de Deus”, sublinhou Francisco.

Para o Santo Padre, “a vida interior do sacerdote repercute em toda a Igreja, começando por seus fiéis. Precisamos da graça para seguir no caminho e percorrê-lo com aqueles que nos foram confiados. O sacerdote, assim como o bispo, vai adiante de seu povo, mas também no meio e atrás, onde for necessário, sempre com a oração.”

 

Testemunhas no mundo

O segundo aspecto fundamental para conservar a amizade e a união com Jesus Cristo é a obediência à vocação da pregação do Evangelho a toda criatura.

“O Senhor nos chama ao sacerdócio para ser suas testemunhas no mundo, para transmitir a alegria do Evangelho a todas as pessoas. Esta é a razão do nosso existir. Não somos proprietários da Boa Nova, nem empresários do divino, somos custódios e dispensadores do que Deus nos confia através de sua Igreja. Isto supõe uma grande responsabilidade, pois comporta preparação e atualização do que foi aprendido e assumido. São necessários o estudo e o confronto com outros sacerdotes para enfrentar os momentos que estamos vivendo e as realidades que nos questionam.”

Para Francisco, “a formação permanente é uma realidade que deve ser aprofundada e tomar corpo no presbitério. Sempre digo aos bispos para ouvir e serem acessíveis aos seus sacerdotes, pois eles são seus colaboradores imediatos, e junto com eles os demais membros da Igreja, pois a barca da Igreja não é de um, nem de uns poucos, mas de todos os batizados e precisa também do entusiasmo dos jovens e da sabedoria dos idosos para ir mar afora”.

 

O sacerdote é livre enquanto está unido a Cristo

O terceiro aspecto é a liberdade em Cristo a fim de beber o cálice do Senhor em qualquer circunstância.

“O sacerdote é livre enquanto está unido a Cristo, e dele obtém a força para ir ao encontro dos demais. “Somos chamados a sair e testemunhar a todos a ternura de Deus, também nas atividades e tarefas da cúria, com atitude de saída, ir ao encontro do irmão.”

 

Acolhimento dos migrantes

O Papa agradeceu aos sacerdotes pelo que fazem na Arquidiocese de Valência em favor dos necessitados, e “pela generosidade e grandeza de coração no acolhimento dos migrantes. Eles encontram em vocês uma mão amiga e também proximidade e amor.”

O Papa agradeceu aos sacerdotes pelo exemplo e testemunho que dão, “muitas vezes com escassez de meios e ajuda, mas sempre com o preço mais alto, que não é o reconhecimento dos poderosos nem da opinião pública, mas o sorriso de gratidão no rosto de tantas pessoas às quais” eles “devolveram a esperança”.

“Continuem levando a presença de Deus às pessoas que dela precisam. Este é um dos desafios do sacerdote hoje”, concluiu.

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Padre Luís Gutiérrez: 50 anos de sacerdócio e de testemunho da fé

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19 de setembro de 2018

No sábado, 15, com os fiéis da Paróquia Menino Deus, o Padre Luís Gutiérrez Pardo celebrou 50 anos de sua ordenação presbiteral, com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo.

“Hoje é motivo de a gente agradecer a Deus, louvar a Deus, pelo sacerdócio do Padre Gutiérrez”, disse o Cardeal. “Junto com a ação de graças, queremos pedir novas graças, para ele e para todos os sacerdotes”, rezou Dom Odilo, pedindo orações pelas vocações na Arquidiocese.

Padre Gutiérrez é Pároco da Paróquia Menino Deus há 16 anos, onde há diversas comunidades do Caminho Neocatecumenal, movimento que nasceu no mesmo ano da sua ordenação, em 1968, e na mesma diocese, Madri, na Espanha.

“De uma forma maravilhosa, lenta e progressiva, o Caminho Neocatecumenal vai iluminando a história das pessoas configurando-a com a história da Salvação que Deus permitiu e que é o paradigma da salvação oferecida para todos os povos”, relatou Padre Gutiérrez. “Sei que o Caminho Neocatecumenal dará muitos frutos de vida para a Arquidiocese”, afirmou.

Na homilia de pouco mais de dez minutos – ele brincou ter sido esta a mais curta dos últimos 50 anos - Padre Gutiérrez comentou: “Temos tido pastores admiráveis”, ao recordar os três arcebispos de São Paulo com quem conviveu: os cardeais Arns, Hummes e Scherer. “Onde está o bispo, está a Igreja”, disse.

A equipe responsável formada pelo Caminho Neocatecumenal no Brasil, Padre José Folqué, Raul Viana e Pilar de la Plaza, enviou uma saudação especial ao Padre Gutiérrez, em nome do Caminho. “Mesmo à distância, unimo-nos à comunidade paroquial Menino Deus, em São Paulo, para juntos agradecermos a Deus pelo Padre Luís Gutiérrez e pelo seu sim dado ao serviço Dele”, dizia a carta.

“Eu vivi a realização do Concílio Vaticano II durante os estudos de Filosofia e Teologia. No seminário, o ambiente que me rodeava era de apoio, fervor e entusiasmo por aquele ímpeto do Concílio”, expressou Padre Gutiérrez.

 

BIOGRAFIA

Nascido na Espanha, em 1943, Padre Luís Gutiérrez foi ordenado em 2 de março de 1968, por Dom Casimiro Morcillo, Arcebispo de Madri. Formado na Congregação dos Sagrados Corações, ele veio para o Brasil em 1972. De todos estes anos de vida sacerdotal, 40 foram dedicados à Arquidiocese de São Paulo. Há muitos anos, ele está incardinado no clero arquidiocesano. Trabalhou de 1978 a 1996 na Paróquia Santa Bernadete; de 1996 a 2002, como catequista itinerante em Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Ponta Grossa (PR), Paranaguá (PR), com licença concedida por Dom Paulo Evaristo Arns e confirmada depois por Dom Cláudio Hummes, e há 16 anos atua na Paróquia Menino Deus.

 

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Padre Euclides completa 35 anos de sacerdócio

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29 de agosto de 2018

No sábado, 18, na Paróquia Cristo Jovem da Lapa de Baixo, no Setor Pastoral Lapa, a comunidade paroquial comemorou o aniversario de 35 anos de ordenação sacerdotal do Padre Euclides Eustáquio de Castro. Além de uma missa de ação de graças, a comunidade promoveu um jantar beneficente. 

Padre Euclides agradeceu a toda comunidade e pediu que rezassem por ele, para iluminar o seu caminho na evangelização.

 

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Duas estradas, um só objetivo: servir a Deus por meio da Igreja

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17 de abril de 2018

Até sexta-feira, 20, os bispos do Brasil estão reunidos em Aparecida (SP) para a Assembleia Geral da CNBB, que este ano tem como tema central as “Diretrizes para a Formação dos Presbíteros”. A meta é atualizá-las às novas orientações da Santa Sé contidas na Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis.

Todo ser humano é chamado por Deus a uma vocação, isto é, cada pessoa é convidada a percorrer um caminho de verdade e de liberdade até chegar a sentir-se profundamente realizada na sua humanidade. Dessa forma, uma vez batizado, todo cristão deve dar uma resposta pessoal à Igreja, por meio da vivência de uma vocação específica: vida matrimonial, vida consagrada, vida laical e vida ordenada (esta inclui o ministério diaconal, sacerdotal e episcopal).

Embora haja diversas trajetórias para se concretizar um chamado à vida ordenada, o ministério sacerdotal apresenta dois matizes: o sacerdócio diocesano (ou secular) e o sacerdócio religioso (aquele vinculado a uma ordem ou congregação religiosa).

Para se ter uma ideia dessas duas realidades, o O SÃO PAULO apresenta um breve relato da história vocacional e da opinião de dois jovens a respeito de suas trajetórias: um deles o Padre Rafael Alves Pereira Vicente, da Arquidiocese de São Paulo; o outro diácono e, em breve, padre, Frei Luís André de Lima Correia, da Ordem dos Servos de Maria (OSM), atualmente em atuação no Acre.

Ambos são expressão de um levantamento recente, realizado pela CNBB, acerca do perfil atual dos padres brasileiros, por meio do qual se concluiu que a maioria dos presbíteros é jovem, diocesana e composta de brasileiros natos (houve uma época em que havia a predominância de estrangeiros). 

Pesquisa da CNBB: Perfil predominante de padres brasileiros é de jovens e diocesanos

 

Padre Rafael Alves Pereira Vicente

Padre Rafael é natural de São Paulo (SP), tem 30 anos e foi ordenado em 2016. O despertar vocacional se deu quando tinha em torno de 6 anos de idade, ocasião em que estava na casa dos avós e foi levado a participar de uma missa da Quinta-feira Santa, numa comunidade da Paróquia Santa Rita de Cássia, no Morro Grande, Região Brasilândia. Ali, ao ver o rito do lava-pés, sentiu, pela primeira vez, o chamado para o ministério sacerdotal.

A opção por ter se tornado sacerdote diocesano é considerada natural pelo Padre Rafael. Ao longo de sua infância e adolescência, teve muito contato com os padres diocesanos, sobretudo os da Região Brasilândia. Assim, os padres que passaram pela paróquia em que foi batizado, a mesma que sua avó frequentava, serviram-lhe de exemplo: à medida que ia crescendo, percebia como esses padres trabalhavam e o que era a vida sacerdotal. Tinha, portanto, na sua maneira de ver, os padres diocesanos como a única forma de ser sacerdote.

Ainda assim, quando estava amadurecendo seu discernimento vocacional, tomou conhecimento da vida dos padres religiosos. “No entanto, não me aprofundei muito nela, até mesmo porque percebia que os carismas próprios de cada congregação, de cada comunidade, não me completavam inteiramente, e isso representou uma das decisões mais certas e concretas da minha vida. Pude perceber que minha vocação não seria como padre religioso, que além da vocação sacerdotal propriamente, possui também a vocação ao carisma específico, próprio da sua congregação e de seus fundadores”, esclarece.

“É claro que a vida do sacerdote religioso e a vida do sacerdote diocesano têm suas diferenças. O que nos iguala é o ministério sacerdotal: uma vez padre diocesano, uma vez padre religioso, padre para sempre! Há características importantes na vida diocesana que considero como vantagens e, ao mesmo tempo, desvantagens: o padre diocesano é mais autônomo, mais independente, um padre que consegue exercer o seu ministério sacerdotal sem a companhia próxima dos seus confrades de congregação, como no caso dos padres religiosos. Há também uma questão importante: os cuidados que a congregação tem para com o seu padre religioso, que é diferente dos cuidados que a diocese tem para com o seu padre diocesano”, explicita.  

Padre Rafael acredita que uma congregação ou ordem, de maneira geral, é muito mais próxima de seu padre religioso do que a diocese é do seu padre diocesano. Segundo ele, isso se nota desde a presença no seminário, a presença no exercício do ministério sacerdotal e, o que lhe chama a atenção, sobretudo nos últimos momentos da vida do padre, quando este é idoso ou está doente, percebe-se que os religiosos têm, às vezes – e na maioria delas –, uma maior assistência por parte da congregação ou ordem. Por outro lado, pelo fato de a vida do padre diocesano ser mais autônoma e, por isso, mais sozinha, esses períodos de solidão, de doença, de velhice, às vezes são períodos que pesam muito a tais padres.

Ainda assim, Padre Rafael reafirma: “Quando se parte do princípio de que aquilo que nos sustenta, aquilo que é, de fato, o mais importante na nossa vida cristã e vocacional, o chamado ao ministério sacerdotal e o carisma específico dele, nada pode ser acrescentado ou retirado. Não existem mais vantagens ou desvantagens: uma vez que temos um carisma, uma vez que temos uma vocação, nos sentimos completos com eles”.

 

Frei Luís André de Lima Correia, OSM

Nascido em Feijó, cidade a 363 quilômetros de Rio Branco, no estado do Acre, Frei Luís André tem 33 anos. A percepção de se sentir chamado por Deus começou muito cedo: quando ainda fazia sua graduação em Sistemas de Informação, em tempo integral, além de algumas disciplinas optativas à noite e o estágio, já se dedicava ao máximo às atividades das paróquias nas quais exercia seu apostolado (Santo Antônio, Santa Cruz e São Peregrino), bem como participava ativamente da Renovação Carismática Católica naquela localidade.

“Contudo, não me sentia satisfeito plenamente, não tanto quanto me sentia ao dedicar-me à pastoral aos domingos, o que me despertava cada vez mais o desejo de uma entrega maior”, pondera.

Frei Luís André destaca que a vivência comunitária e os trabalhos em equipe sempre o encantaram e o levaram a pensar que, se acaso fizesse uma opção de vida mais radical, seria num ambiente assim. “Meu bispo na época pensava que eu ingressaria num seminário diocesano, porém nas visitas e discernimentos que fui fazendo entre os anos de 2004 e 2005, optei pela vida dos Frades Servos de Maria e essa escolha transformou tudo para melhor”, afirma.

O Frei Luís André disse que todos os seus esforços, estudos, atividades e trabalhos eram em vista da edificação pessoal, ainda que houvesse o fator pastoral: o falar bem, o conhecer um pouco de várias coisas e muito de poucas – levando-se em consideração a aptidão pessoal –, a dedicação ao trabalho e o cultivo de um amplo círculo de amizade. Com a vida religiosa, ele pôde perceber a anterior motivação egoística do seu estilo de vida e foi passando do fechamento em si à abertura ao outro, o que se refletiu nas prioridades estabelecidas no campo do conhecimento e das relações interpessoais. Essa transformação toda lhe custou reflexões, adesões e rejeições, as quais resultaram na pessoa que ele afirmar ter se tornado hoje: mais madura e mais consciente de quanto o seu projeto de servir a Igreja expandiu-se nas mãos de Jesus.

Para ele, a opção pela vida religiosa está vinculada à convivência fraterna, presente tanto na formação inicial como na permanente, tornando-se uma possibilidade de testemunho e critério de validade da opção feita, o que, para os frades Servos de Maria, é um dos elementos constitutivos do carisma institucional. Além disso, o caráter missionário – representado nos dois outros elementos do carisma dos frades Servos de Maria, o serviço e a inspiração/espiritualidade mariana – também foi o grande motivador de ser frade nessa expressão.

Frei Luís André também menciona que, com a decisão de optar pela vida religiosa, teve que fazer renúncias, ressignificar seus valores e conceitos para abraçar a escolha que fez e ser feliz nela, buscando fazer também a outras pessoas felizes: “Como todo candidato à vida religiosa, deparei-me com as saídas e conflitos próprios da convivência, o que me incentivava todos os dias a oferecer à minha comunidade e província o melhor de mim”, conclui.

Já são 12 anos de caminhada – período de tempo considerável, em localidades cujas realidades social, econômica, cultural e religiosa são bem diferentes umas das outras, o que proporciona, segundo Frei Luís André, um grande enriquecimento àqueles que o vivenciam, característica comum na preparação dos candidatos à vida religiosa – iniciados com o aspirantado (2006 e 2007) em Rio Branco (AC). Em seguida, vieram o postulantado (de 2008 a 2010) e o pré-noviciado (2011) em Curitiba (PR), o noviciado (2012) em Teresópolis (RJ), o professado (de 2013 a 2016) em São Paulo (SP) e o ano pastoral, no primeiro semestre de 2017 no Rio de Janeiro (RJ), e o segundo semestre, até os dias atuais, em Sena Madureira (AC), em uma comunidade de cunho fortemente pastoral e missionário, à espera da ordenação presbiteral que se aproxima.

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‘Formação sacerdotal deve corresponder às necessidades da evangelização hoje’

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12 de março de 2018

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo  Metropolitano,  reuniu-se  com os seminaristas e formadores da Arquidiocese de São Paulo, em 28 de fevereiro. O encontro, realizado no Santuário Nossa Senhora Aparecida, no Ipiranga, marcou o início do ano letivo das casas de formação que compõem o Seminário Arquidiocesano.

A reunião foi a oportunidade de o Arcebispo conversar e celebrar a Eucaristia com os candidatos ao sacerdócio, além de acolher os que ingressaram no Seminário Propedêutico neste ano e saudar os 11 padres e os cinco diáconos ordenados no final de 2017. Também foram apre- sentadas as principais atividades do Se- minário neste ano, com destaque para as missões de férias, que acontecerão entre os dias 30 de junho e 9 de julho.

Na reflexão com os seminaristas, Dom Odilo falou da importância do processo formativo na vida dos sacerdotes e desta- cou alguns aspectos da formação, como a recém-publicada Constituição Apostólica Veritatis  Gaudium,  do  Papa  Francisco, que trata das universidades e faculdades eclesiásticas.  O  Arcebispo  entregou  um exemplar do documento a cada casa de formação, para que seja estudado em vista de uma adequação dos currículos forma- tivos dos candidatos ao sacerdócio. “Que a formação, sacerdotal esteja cada vez mais no ritmo daquilo que é a necessidade da evangelização  hoje,  daquelas  que  são  as grandes urgências. É o que o Papa Fran- cisco deseja e tem manifestado”, afirmou.

O Cardeal Scherer aproveitou a oca- sião para tratar com os futuros padres sobre  o  sínodo  arquidiocesano  de  São Paulo. Segundo ele, o seminário também é uma comunidade da Igreja e, por isso, deve também realizar as reuniões men- sais propostas para este ano de reflexões na base. Os seminaristas também foram orientados  a  participarem  das  ativida- des sinodais das paróquias onde atuam pastoralmente. “O sínodo é um grande momento da vida eclesial. Vocês têm o privilégio de participar desse momento histórico”, salientou.

 

SEMINÁRIO

Fundado há 161 anos, o Seminário Arquidiocesano Imaculada Conceição pas- sou por diversas configurações para cor- responder  às  necessidades  da  formação presbiteral da Igreja em São Paulo. Atu- almente, é constituído do Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção, na Vila Nova Cachoeirinha; do Seminário de Filosofia Santo Cura d’Ars, na Freguesia do Ó; e do Seminário de Teologia Bom Pastor, no Ipiranga. Desde 2011, a Arquidiocese também conta com o Seminário Missionário Arquidiocesano Internacional Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo, no Jaraguá, voltado especificamente para a formação de padres do clero secular pre- parados para serem enviados em missão.

Hoje, o Seminário Arquidiocesano conta com 63 seminaristas, sendo seis no Propedêutico, 16 na Filosofia, 21 na Teo- logia, 15 no Redemptoris Mater, além de cinco diáconos.

 

VOCAÇÕES

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Dom José Roberto Fortes Palau, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga e referencial para a Pastoral Vocacional e o Seminário Arquidiocesano, informou que em 2019 acontecerá o 4º Congresso Vocacional o Brasil, que tem a finalidade de trabalhar uma cultura vocacional no País. “Nós estamos percebendo a redução no número de vocações, tanto ao sacerdócio quanto à vida religiosa consagrada masculina e feminina”, disse, dando como exemplo o núme- ro de vocacionados que ingressaram no Propedêutico este ano.

Dom José Roberto reforçou que Deus continua chamando rapazes e moças para a consagração, mas reconhece os desafios para o despertar vocacional. “Hoje nós vivemos numa cultura marcada por uma secularização acentuada. Nas grandes cidades como São Paulo, os jovens têm muitos outros atrativos que fazem com que Deus seja uma opção entre tantas outras”.

 

ETAPAS

Após o despertar vocacional, há um acompanhamento de, no mínimo, um ano feito pela Pastoral Vocacional. Depois, os candidatos ingressam no Propedêutico, etapa preparatória para a Filosofia e Teologia. Desde dezembro de 2016, com a publicação da nova Ratio Fundamentalis, documento da Congregação para o Clero sobre a formação dos sacerdotes, o propedêutico passou a ser uma exigência. “Esta etapa não simplesmente prepara o seminarista para os estudos  filosóficos. É muito mais ampla. Trabalha, por exemplo, a cultura religiosa do seminarista. Atualmente, muitos jovens chegam ao seminário sem uma boa formação religiosa, até sem uma iniciação à vida cristã sólida. Por isso, é oferecida uma formação religiosa complementar”, destacou Dom José Roberto.

A etapa seguinte acontece no Seminário de Filosofia, em que o seminarista permanece por três anos para os estudos filosóficos feitos no Centro Universitário Assunção (Unifai). “A Filosofia ajuda o seminarista a pensar, a refletir, a ter um senso crítico apurado, além de passar a conhecer o pensamento dos principais filósofos, dentre os quais os cristãos, que muito contribuíram para o pensamento filosófico”, explicou o Bispo Auxiliar.

Em seguida, os seminaristas iniciam os estudos teológicos, por quatro anos, na Faculdade de Teologia da PUC-SP. A Teologia proporciona a formação básica para o exercício do sacerdócio. Segundo Dom Odilo, é a parte mais prazerosa dos estudos dos seminaristas, pois permite ao candidato “saborear o mistério da fé a partir dos estudos daquilo que a Igreja crê, prática, celebra e testemunha”. Ao concluírem a Teologia, os candidatos são ordenados diáconos e passam por um ano exercendo o diaconato em paróquias e conhecendo as diferentes realidades pastorais da Arquidiocese.

 

FORMAÇÃO INTEGRAL

Em seu discurso aos membros do Colégio Espanhol São José, em Roma, em abril de 2017, o Papa Francisco destacou que a formação do sacerdote não pode ser apenas universitária, mas deve se apoiar em quatro colunas: formação universitária, formação espiritual, formação comunitária e formação apostólica. “E devem interagir umas com as outras. Se faltar uma delas, a formação começará a claudicar e o sacerdote acabará por ficar paralítico. Portanto, por favor, as quatro juntas, em interação”, disse.

“O mundo atual exige que o presbítero seja preparado intelectualmente, mas tam- bém tem de ser alguém que tenha intimidade com Deus e uma intensa de oração. O padre precisa, ainda, ser um homem equilibrado, sensato, ponderado, mesmo porque é um líder, está à frente de uma comunidade. Nesse aspecto, a formação pas- toral é igualmente importante, pois dá-se no contato com a pastoral em si e seus métodos, a convivência com os párocos e com os fiéis, nas diferentes realidades da Ar-quidiocese”, disse o Bispo Auxiliar. “Tudo isso é avaliado para que, no final de todo esse processo, o candidato tenha as con- dições mínimas para poder ser um bom sacerdote”, completou Dom José Roberto.

 

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Ex-morador de rua e viciado hoje é sacerdote

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02 de setembro de 2017

Claude Paradis foi morar em Montreal 25 anos atrás. Sozinho e desempregado, ele acabou se deixando levar pelo desespero. Morando nas ruas, Claude se tornou um viciado em álcool e em drogas: primeiro cocaína, depois crack. Em um dado momento, Claude pensou em cometer suicídio. Mas, ao passar por uma velha igreja, movido por algum tipo de instinto, decidiu entrar. Foi quando ele encontrou Deus e percebeu que não queria realmente morrer, mas tornar-se um homem da Igreja.

Desse momento em diante, Claude lutou para vencer seus vícios e decidiu dedicar o resto de sua vida a serviço dos pobres: “Nas ruas é onde quero estar até a minha morte”. Ele fundou uma associação, a Notre Dame de la Rue (Nossa Senhora da Rua), e hoje é sacerdote. Padre Claude não traz apenas ajuda material aos pobres, mas também espiritual. Ele ministra os sacramentos e procura acompanhar os que vivem em situações difíceis. “Nossa missão é especialmente a de encorajar. Diferentemente dos abrigos, nós vamos até as pessoas, como um serviço porta a porta. Nós conversamos com elas e algumas vezes rezamos juntos antes que voltem à dureza das ruas”, explicou.

Fonte: CNA
 

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O detetive particular que se tornou sacerdote

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01 de agosto de 2017

Blas Damián López González tinha um bom emprego e uma namorada. Ele era detetive particular: “O trabalho que eu tinha era um trabalho no qual se descobre a verdade, mas também se descobre o pior lado das pessoas”. De família muito católica, Blas começou a se ques
tionar sobre sua verdadeira vocação. Ele se sentia interpelado pela vida sacerdotal e cheio de admiração pelas vidas dos grandes santos. 

Aos 30 anos, Blas terminou com a namorada, largou o emprego e começou a estudar Teologia. Aos 32 anos, Blas entrou para o seminário. No dia 16, Blas foi finalmente ordenado sacerdote na Diocese de Cartagena. Sua vocação é, segundo ele mesmo diz, “fruto da graça de Deus e da vida doada de seus pais”.

Fonte: ACI 

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