‘Como os apóstolos, nós somos testemunhas da ressurreição’

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16 de abril de 2020

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, deu continuidade à reflexão sobre os testemunhos da ressurreição de Jesus na missa desta quinta-feira da Oitava da Páscoa, 16, na capela de sua residência, transmitida pelas mídias digitais.

O Evangelho do dia (Lc 24,35-48) apresenta o testemunho dos discípulos de Emaús aos apóstolos sobre o encontro que tiveram com o Ressuscitado pelo caminho. De repente, o próprio Jesus se manifestou a todos eles.

VIRAM E CRERAM

Na homilia, Dom Odilo destacou que o medo e o susto tomaram os discípulos ao verem Jesus e explicou que esse sentimento é comum com todos aqueles que se encontram com o divino. Jesus, no entanto, os tranquiliza, dizendo” “Sou eu mesmo”, lhes dá a paz, tira-lhes as dúvidas, mostrando suas mãos e os pés traspassados. “Os apóstolos veem e creem”, afirmou o Cardeal. 

“Dessa forma, Jesus procura acalmar o ânimo de seus apóstolos ainda assustados e diz uma palavra fundamental: “Vós sereis testemunhas de tudo isso”.

O Livro dos Atos dos Apóstolos mostra que os seguidores de Cristo, de fato, deram testemunho do Ressuscitado até a morte. Tanto que a primeira leitura da missa (At 3,11-26), mostra o discurso de Pedro à multidão, reafirmando que em Jesus se cumpriram as escrituras e que nele Deus realizou o que havia prometido aos profetas e patriarcas.

RENOVAR A FÉ

“Nós celebramos a Páscoa para fortalecer e renovar a fé e a alegria de cristãos. Como os apóstolos, nós somos testemunhas da ressurreição”, enfatizou o Cardeal, acrescentanto:

“Que o Senhor ressuscitado fortaleça a todos nós, dando-nos firmeza na fé, tão necessária para esses momento. Dar testemunho da fé segundo o Evangelho é o chamado de todos nós”.

RECOMENDAÇÕES

No fim da missa Dom Odilo novamente orientou os fiéis a seguirem as recomendações das autoridades sanitárias para evitar a disseminação do novo coronavírua e cuidarem das saúde uns dos outros.

Também recomendou que os católicos procurem se manter ligados às suas comunidades paroquiais e grupos eclesiais, por meio das plataformas digitais.

“Isso nos mantém unidos na pequena Igreja domestica, à paroquia e na universalidade da Igreja”, afirmou.

EM COMUNIDADE

“Somos cristãos católicos na comunidade de fé, não sozinhos e isolados” reiterou o Arcebispo, enfatizando que a vida cristã deve ser cultivada na comunidade de fé.

Nesse sentido, o Cardeal pediu que as pessoas continuem a apoiar o trabalho de caridade das comunidades com os mais pobres, doentes e pessoas aflitas elas consequências da pandemia e recomendou, ainda, que continuem a ajudar com a sustento das paróquias, por meio do dízimo e das ofertas, para que elas possam arcar com suas despesas fixas de manutenção e com funcionários, para continuarem realizando sua missão evangelizadora.

Desde o início das medidas de isolamento social para conter o avanço da pandemia de COVID-19 e a suspensão das celebrações religiosas com a presença de fiéis nas igrejas, as missas presididas pelo Cardeal Scherer em sua residência são transmitidas todos os dias, às 7h, pela rádio 9 de Julho e pela página da Arquidiocese no Facebook.

ASSISTA AO VÍDEO DA MISSA DESTA QUINTA-FEIRA:

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Papa Francisco: ‘Nesta noite, conquistamos o direito fundamental à esperança’

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11 de abril de 2020

Cristo Ressuscitado é anúncio da esperança diante das dificuldades, afirmou o Papa Francisco na solene celebração da Vigília Pascal da Ressurreição do Senhor, realizada na noite deste sábado, 11 de abril, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Diferentemente de outros anos, a celebração aconteceu sem a presença de fiéis, seguindo as recomendações das autoridades sanitárias para se evitar a aglomeração de pessoas e a proliferação do novo coronavírus. Mas a missa foi acompanhada ao vivo pela internet, com mais de 10 mil acessos pelo site Vatican News, e também por tevês e rádios de inspiração católica em diferentes partes do mundo. 

Com a Basílica às escuras, o Papa realizou a bênção do fogo novo, e posteriormente foi aceso o Círio Pascal, previamente preparado. Este foi conduzido pelo diácono até o altar da Cátedra, e ele proclamou, por três vezes, “Eis a luz de Cristo, demos graças a Deus”. As luzes se acenderam e houve o anúncio da Páscoa da Ressurreição do Senhor.

A confiança das mulheres que foram ao sepulcro

Após a proclamação de leituras do Antigo e do Novo Testamento, entremeadas por salmos e orações,  houve a proclamação do Evangelho (Mt 28, 1-10). Ao iniciar a homilia, o Papa falou da proximidade dos sentimentos das mulheres que foram ao sepulcro com aqueles vividos pela humanidade atualmente.

“Como nós, elas tinham nos olhos o drama do sofrimento, duma tragédia inesperada, que se verificou demasiado rapidamente. Viram a morte e tinham a morte no coração. À amargura, juntou-se o medo: acabariam, também elas, como o Mestre? E depois os receios pelo futuro, carecido todo ele de ser reconstruído. A memória ferida, a esperança sufocada. Para elas, era a hora mais escura, como o é hoje para nós. Contudo, nesta situação, as mulheres não se deixam paralisar. Não cedem às forças obscuras da lamentação e da lamúria, não se fecham no pessimismo, nem fogem da realidade. Realizam algo simples e extraordinário: nas suas casas, preparam os perfumes para o corpo de Jesus. Não renunciam ao amor: na escuridão do coração, acendem a misericórdia. Nossa Senhora, no sábado – dia que Lhe será dedicado –, reza e espera. No desafio da tristeza, confia no Senhor”, afirmou o Pontífice.

Nasce o direito à esperança

O Pontífice recordou que as mulheres, já ao amanhecer, encontram o anjo que lhes anuncia que o Senhor Ressuscitou. “E depois encontram Jesus, o autor da esperança, que confirma o anúncio dizendo-lhes: ‘Não temais’ (28,10). Não tenhais medo, não temais: eis o anúncio de esperança para nós, hoje. Tais são as palavras que Deus nos repete na noite que estamos a atravessar. Nesta noite, conquistamos um direito fundamental, que não nos será tirado: o direito à esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus. Não é mero otimismo, não é uma palmada nas costas nem um encorajamento de circunstância. É um dom do Céu, que não podíamos obter por nós mesmos. Tudo correrá bem: repetimos com tenacidade nestas semanas, agarrando-nos à beleza da nossa humanidade e fazendo subir do coração palavras de encorajamento”, disse o Papa.

Cristo remove as rochas que fecham o coração

Francisco disse, ainda, que Cristo ressuscitou “para trazer vida onde havia morte, para começar uma história nova”, e que assim como derrubou a pedra da entrada do túmulo, “pode remover as rochas que fecham o coração. Por isso, não cedamos à resignação, não coloquemos uma pedra sobre a esperança. Podemos e devemos esperar, porque Deus é fiel. Não nos deixou sozinhos, visitou-nos: veio a cada uma das nossas situações, no sofrimento, na angústia, na morte”.

Coragem

O Papa enfatizou que “a escuridão e a morte não têm a última palavra”, por isso “Coragem! Com Deus, nada está perdido”. E continuou: “Se te sentes fraco e frágil no caminho, se cais, não tenhas medo; Deus estende-te a mão dizendo: ‘Coragem!’... Basta abrir o coração na oração, basta levantar um pouco aquela pedra colocada à boca do coração, para deixar entrar a luz de Jesus. Basta convidá-Lo: ‘Vinde, Jesus, aos meus medos e dizei também a mim: coragem!’”.

Francisco lembrou, ainda, que seja qual for a tristeza, Deus sempre acompanha a todos nos momentos sombrios. “sois certeza nas nossas incertezas, Palavra nos nossos silêncios e nada poderá jamais roubar-nos o amor que nutris por nós. Eis o anúncio pascal, anúncio de esperança”.

Ide e anunciai o Cristo

O momento da Ressurreição é também aquele em que o Senhor envia seus discípulos para a missão, para o anúncio da Boa Nova, e os acompanha, lembrou o Pontífice.  

“O Senhor precede-nos. É bom saber que caminha diante de nós, que visitou a nossa vida e a nossa morte para nos preceder na Galileia, isto é, no lugar que, para Ele e para os seus discípulos, lembrava a vida diária, a família, o trabalho. Jesus deseja que levemos a esperança lá, à vida de cada dia”, apontou, dizendo que sempre se deve lembrar que todos nasceram e renasceram deste chamado gratuito de amor. “Este é o ponto donde recomeçar sempre, sobretudo nas crises, nos tempos de provação”.

Proclamar a todos a esperança

Francisco disse, ainda, que o anúncio da esperança não deve ficar confinado nos templos, “mas ser levado a todos. Porque todos têm necessidade de ser encorajados e, se não o fizermos nós que tocamos com a mão ‘o Verbo da vida’ (1 Jo 1, 1), quem o fará?”,  afirmou, exaltando os cristãos que “consolam, que carregam os fardos dos outros, que encorajam: anunciadores de vida em tempo de morte!”.

Calar os gritos de morte

Na conclusão da homilia, o Papa exortou os cristãos a “calar os gritos de morte: basta de guerras! Pare a produção e o comércio das armas, porque é de pão que precisamos, não de metralhadoras. Cessem os abortos, que matam a vida inocente. Abram-se os corações daqueles que têm, para encher as mãos vazias de quem não dispõe do necessário”.

 “Hoje nós, peregrinos em busca de esperança, estreitamo-nos a Vós, Jesus ressuscitado. Voltamos as costas à morte e abrimos os corações para Vós, que sois a Vida”, concluiu.

Liturgia Batismal e bênção da água

Depois, houve a liturgia bastimal, apenas com a renovação das promessas do Batismo. Por causa da pandemia do novo coronavírus, não foram realizados batismos, como acontece tradicionalmente nesta celebração no Sábado Santo.

Pela mesma razão, foi suprimido da liturgia da celebração a bênção da água e as aspersão sobre os fiéis. Os demais ritos da liturgia desta celebrações foram seguidos como de costume.

Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor

Amanhã, dia 12, às 6h (no horário de Brasília), o Papa presidirá a missa do Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor, que poderá ser vista pelo site www.vaticannews.va e por algumas tevês e rádios de inspiração católica.

ACESSE A ÍNTEGRA DA HOMILIA DO PAPA

VEJA FOTOS E A ÍNTEGRA DA SOLENE CELEBRAÇÃO

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